(Lembrança)
Eu saí com os colegas da faculdade quando finalmente chegamos ao último dia de aula do semestre. Todos estavam comemorando o fim das provas e as possíveis aprovações nas disciplinas, então resolvi me enturmar com eles e fomos todos beber. Precisava mesmo sair com outras pessoas e tentar não pensar no orelhudo metido que não deu as caras depois de eu
Acordei com o som de uma buzina, mas tomei um susto em ver que estava em um local diferente da minha casa quando consegui processar a imagem. Me sentei apressada e analisei rapidamente a cama de casal. Passei as mãos em meus cabelos enquanto observava em volta e tentava lembrar o que tinha acontecido. Eu sabia que tinha bebido, e geralmente não esquecia das coisas. Ah! Quero dizer, ah não! Espera, ele não dormiu comigo? Olhei para o outro lado da cama, vazio e sem rastros de outra pessoa além da minha bagunça. Suspirei sem saber o que sentir. Eu acordei na casa do meu ex-namorado, porque dormi depois do terceiro copo. Bonito, Wendy! Eu e Kevin nunca dormimos juntos, não de deitarmos juntos e acordarmos juntos. Era meu sonho de princesa poder acordar ao lado do meu namorado quando eu era mais nova, mas nunca tínhamos a oportunidade, até porque nossos pais sempre estavam por perto, e eram complicadas as vezes que conseguíamos fazer
— Eu odeio quando você faz isso! — reclamei pressionando minha barriga e tentando parar de rir.Kevin sorriu e deu uma colherada em sua comida como se fosse a pessoa mais inocente do mundo. Ele conseguia ficar vesgo e mover os olhos de forma esquisita, o que eu sempre tive agonia, e o mesmo fazia só para me irritar.O garçom passou nos olhando de forma estranha e Kevin caiu na gargalhada. Eu sorri convencida de
Entramos juntos e eu não queria pensar em controlar meu coração acelerado e nem todas as reações que meu corpo estava emanando.— Você está com fome? — ele perguntou depois de acender as luzes. — Eu posso preparar algo enquanto você toma banho.— Eu posso preparar alguma coisa enquanto você toma banho — cutuquei seu peito com o dedo indicador e recebi uma risad
— Meu Deus, temos que ir! — lutei contra a vontade de rir.Kevin alisou minha barriga desnuda por baixo do lençol quando comecei a reclamar.— Posso te dar uma carona — ele me abraçou e apoiou o queixo sobre meu ombro. — Ainda é cedo.— A padaria abre mais cedo — virei o rosto para trás.Kevin me soltou do seu abraço e fiquei de frente para sua expressão divertida, com olhos de sono e cabelo bagunçado.— Preciso ir! — apertei sua bochecha.— Tão cedo? — esticou seu braço para alcançar o celular, onde checou as horas. — Tá, não é tão cedo.— Estarei atrasada daqui 30 minutos — deslizei para fora da cama, puxando comigo o cobertor.Tomei banho rápido e vesti minhas roupas do dia anterior. Eu estava pouco preocupada com aquele detalhe, porque de
— É você que anda bagunçando minhas coisas, não é pequena Wendy? — Kevin murmurou enquanto vasculhava as gavetas do armário da cozinha.Eu revirei os olhos e nem me movi da minha linda pose de madame. Estava encostada na bancada, com os braços cruzados e a hidratação no cabelo.— Não mexi em nada! — me defendi chamando sua atenção. — O que est&
Kevin dirigiu para a casa dos meus pais em silêncio. Eu me sentia ansiosa, lembrando do tom de voz de mamãe e do quanto papai parecia alterado. O que mais me assustou foi imaginar o por que papai precisaria de um advogado, mas a realidade me chocou fortemente quando avistei a viatura estacionada na frente da casa dos meus pais, e meu pai estava algemado sendo escoltado por três policiais. Eu saí correndo do carro sem esperar o Kevin estacionar direito. — Wendy... — pude ouvi-lo chamar, mas meu racional não estava trabalhando bem e só continuei correndo. Papai arregalou os olhos quando me viu, e eu quis chutar todas as vizinhas velhas que estavam ali para fazer tumulto e contar fofocas mentirosas depois. — Eu sou a advogada dele! — me aproximei vomitando as palavras enquanto tentava recuperar o ar da corrida. — Sou a advogada! — repeti depois de soltar um suspiro. — Vocês tem um mandato? Um dos policiais revirou os olhos e se posicionou em minh
Papai voltou para casa no dia seguinte, o que rendeu o alívio de mamãe, e na cabeça dela tudo estava certo. Mas não estava, na verdade a coisa era mais feia do que eles imaginavam.Ele estava sendo acusado de desvio de dinheiro. Depois de estudar as acusações e os materiais que comprovavam a culpa do meu pai, percebi que ou o culpado estava disposto a inventar qualquer prova para se safar da culpa, ou meu pai era o culpado.O promotor do caso descobriu uma conta bancária, em nome do meu pai, a qual tinha movimentação de altos valores de dinheiro da empresa.— Eu realmente não sei o que aconteceu! — papai disse tomando um café naquela noite.Era bom vê-lo em casa, mas eu não me sentia mais tranquila. Se eu não pudesse provar sua inocência, teria que reviver a mesma cena do dia anterior.— Eu nunca tive acesso a essa conta, nem sab
— Declaro o réu inocente! — o juiz bateu o martelo de madeira, e eu soltei a respiração. ✴✴✴ Três dias antes do julgamento... Encontrei a detetive Laura Campos em seu escritório. Ela estava com profundas olheiras e diversos papéis espalhados pela sua mesa. Fingi não ter notado que seu terninho estava todo amarrotado e que havia um prato com pedaços de pizza no armário ao lado, onde mosquinhas voavam felizes. A detetive Laura era uma mulher que deveria ter a minha faixa de idade, cabelos curtos com uma franja cobrindo sua testa, e feições cansadas como se não dormisse bem há dias. — Vim o quanto antes! — falei e ela fez um gesto para que eu me sentasse. — O que tem a me dizer? — Desculpe ter ligado tão cedo, advogada Wendy! Eu esqueço que as pessoas dormem, sabe? — Tudo bem! Eu disse que poderia me contatar a qualquer momento — respondi achando engraçado seu pensamento. — O que descobriu? Ela remexeu alg