Kevin dirigiu para a casa dos meus pais em silêncio. Eu me sentia ansiosa, lembrando do tom de voz de mamãe e do quanto papai parecia alterado. O que mais me assustou foi imaginar o por que papai precisaria de um advogado, mas a realidade me chocou fortemente quando avistei a viatura estacionada na frente da casa dos meus pais, e meu pai estava algemado sendo escoltado por três policiais.
Eu saí correndo do carro sem esperar o Kevin estacionar direito.
— Wendy... — pude ouvi-lo chamar, mas meu racional não estava trabalhando bem e só continuei correndo.
Papai arregalou os olhos quando me viu, e eu quis chutar todas as vizinhas velhas que estavam ali para fazer tumulto e contar fofocas mentirosas depois.
— Eu sou a advogada dele! — me aproximei vomitando as palavras enquanto tentava recuperar o ar da corrida. — Sou a advogada! — repeti depois de soltar um suspiro. — Vocês tem um mandato?
Um dos policiais revirou os olhos e se posicionou em minh
Papai voltou para casa no dia seguinte, o que rendeu o alívio de mamãe, e na cabeça dela tudo estava certo. Mas não estava, na verdade a coisa era mais feia do que eles imaginavam.Ele estava sendo acusado de desvio de dinheiro. Depois de estudar as acusações e os materiais que comprovavam a culpa do meu pai, percebi que ou o culpado estava disposto a inventar qualquer prova para se safar da culpa, ou meu pai era o culpado.O promotor do caso descobriu uma conta bancária, em nome do meu pai, a qual tinha movimentação de altos valores de dinheiro da empresa.— Eu realmente não sei o que aconteceu! — papai disse tomando um café naquela noite.Era bom vê-lo em casa, mas eu não me sentia mais tranquila. Se eu não pudesse provar sua inocência, teria que reviver a mesma cena do dia anterior.— Eu nunca tive acesso a essa conta, nem sab
— Declaro o réu inocente! — o juiz bateu o martelo de madeira, e eu soltei a respiração. ✴✴✴ Três dias antes do julgamento... Encontrei a detetive Laura Campos em seu escritório. Ela estava com profundas olheiras e diversos papéis espalhados pela sua mesa. Fingi não ter notado que seu terninho estava todo amarrotado e que havia um prato com pedaços de pizza no armário ao lado, onde mosquinhas voavam felizes. A detetive Laura era uma mulher que deveria ter a minha faixa de idade, cabelos curtos com uma franja cobrindo sua testa, e feições cansadas como se não dormisse bem há dias. — Vim o quanto antes! — falei e ela fez um gesto para que eu me sentasse. — O que tem a me dizer? — Desculpe ter ligado tão cedo, advogada Wendy! Eu esqueço que as pessoas dormem, sabe? — Tudo bem! Eu disse que poderia me contatar a qualquer momento — respondi achando engraçado seu pensamento. — O que descobriu? Ela remexeu alg
Kevin estava desconfortável.Fomos a um restaurante que minha mãe gostava muito, de comida italiana, mas tudo parecia estranho. Eu queria saber o que tinha acontecido entre o Kevin e o meu pai. Mamãe fazia questão de deixar claro que não gostava do meu namorado, enquanto papai tentava apaziguar a situação.Kevin não era de ficar calado, mas perto da minha mãe ele não falava a menos que fosse responder alguma pergunta.— Agora vocês conhecem o homem que eu amo — falei durante a sobremesa.Papai sorriu confirmando, enquanto mamãe pressionou forte os lábios. Eu ainda não entendia o problema, por que Kevin era tão desprezível para ela.— Wendy... — Kevin tocou meu braço, parecendo surpreso.— Eu só disse que amo você!— Eu também te amo! — respondeu olhand
Em dois dias eu já estava instalada na casa do meu namorado. Legolas adorou poder ficar permanentemente naquela casa com quintal.E embora estivesse muito feliz, algo me deixou muito curiosa, e por mais que eu não quisesse ser a namorada ciumenta, era impossível não pensar.— Edna está ligando outra vez — falei erguendo o celular para o Kevin, o qual estava na cozinha.Ele ergueu uma sobrancelha e enxugou suas mãos antes de pegar o aparelho. Não torci a boca, mas virei o rosto querendo esconder meu suspiro.Edna ligava muito, e ela sempre estava na clínica quando ele estava. Era muito nítido para mim que ela não o tratava como um simples colega de trabalho, e aquilo começou a me incomodar um pouco.— Vou ver o que tenho sobre isso e envio para seu e-mail — ouvi Kevin falar ao celular.Saí da sala e atravessei a rua querendo encontrar m
Edna ainda era um pesadelo. Grande parte do conflito acontecia na minha cabeça, mas parecia que o destino queria nos colocar cara a cara, e a garota sentia que deveria bater de frente comigo. Sempre que nos encontrávamos ela dizia coisas sobre o Kevin e sua carreira do tempo em que estive fora.— É oficial, eu a odeio! — contei a Sara.— Você é muito boazinha, Wendy! — Sara suspirou alisando a barriga.Minha amiga já havia entrado em licença maternidade e estávamos todos à espera do bebê. Fazíamos de tudo para não deixá-la sozinha, e quando sua mãe finalmente ia embora eu corria para sua casa e conversávamos até ela se sentir muito cansada.— Eu já tinha agarrado o cabelo dela e perguntado qual o problema — Sara disse, o que me fez gargalhar. — É mais do que óbvio que ela quer te
Naquele dia conversamos sobre nosso término. Desde a minha volta eu preferia fingir que a aquela parte da nossa vida havia sido deletada e muitas vezes parecia que minha estadia em Massan nem existia.Mas infelizmente era nosso passado e Kevin sempre tocava no assunto.Não lembramos de jantar e passamos horas deitados na cama conversando sobre aquilo, que outrora era doloroso.— Ver você participar da seleção já havia me deixado intrigado — ele disse me encarando. Sua bochecha estava esmagada no travesseiro. — Eu tinha um pressentimento ruim sobre aquilo.— Achei que não iria passar na seleção, e quis apenas agradar minha mãe.— Você sempre fez tudo muito bem, Wendy! Poderia ter sido a presidente do país se quisesse — sorri com seu comentário, mas terminei com um suspiro. — Eu te apoiaria se viajasse por uma oport
Trabalhei na padaria, mesmo que não tenha dormido na noite anterior. Eu e Kevin voltamos para casa pela madrugada e pegar no sono foi impossível para mim. Várias coisas passaram pela minha cabeça naquele dia.Mamãe ligou infinitas vezes, mas eu estava produzindo minha própria paciência antes de ficar de frente com ela, e quando me senti pronta fui direto para minha antiga casa.— Onde você estava? — ela reclamou assim que me viu, indignada. — Te liguei a manhã inteira!— Onde está o papai? — passei pela porta entre os suspiros do meu cansaço.— Ele ainda não chegou do trabalho.Esperei que ela se acalmasse e me sentei ao seu lado, no sofá, enquanto ela assistia ao episódio de uma novela. Mamãe estava emburrada, e talvez daquela vez ela nunca me perdoasse.— Eu não vou, tá bom? —
Eu fui tomada por um sentimento agradável durante a viagem até Veram. Kevin dirigiu tranquilamente e nossa conversa foi divertida em todo o percurso. Eu ainda não tinha um anel em meu dedo, mas eu me sentia bem, como se aquela formalidade fosse desnecessária entre nós.Veram era uma província rural, então ao longo da viagem pude contemplar as plantações e como a área ficava bonita sobre o sol da manhã.Último capítulo