— Desculpas não vão pagar o conserto do meu carro!
— Eu pago, me dá seu telefone e a gente vê um mecânico aqui perto. — ele disse, sendo educado até demais.
— Não, não precisa, quer saber? Só preciso que você me leve para onde eu estava indo, não estou em condições de dirigir.
— Ok, vou estacionar meu carro e te levo com o seu.
Menos de cinco minutos depois ele já estava de volta e andava em direção ao banco do motorista do meu carro.
— Para onde, senhorita? — ele disse assim que bati a porta ao meu lado.
— Segue direto, vou te dando as instruções.
Paramos em frente ao prédio de Roger e acenei para o porteiro, que liberou nossa entrada com o carro. Então eu desci e esperei que ele descesse também para me entregar a chave e fosse embora para que eu pudesse ir em direção ao elevador. Mas ele não só entregou, como foi me acompanhando até a porta.
— O que é? Sei apertar dois botões e chegar onde eu quero.
— Quero me certificar de que não vai arrumar confusão por aí de novo.
Não disse mais nada, estava irritada demais até para discutir com um desconhecido.
O elevador finalmente parou no sexto andar e estava na esperança dele prender a mão na porta quando tentasse sair, mas isso não aconteceu e só percebi sua presença ao meu lado quando Roger abriu a porta e fez cara de espanto.
— Noooooossa, como você descobriu que eu adoro homem de cabelo grande? Ele é meu presente de Natal adiantado? Sabe que eu te amo, né Hope? Muito obrigado! — Roger praticamente gritou essas palavras e o homem, que eu ainda não sabia o nome, o olhava confuso, se afastando.
— Roger, pelo amor de Deus, chega disso! Vem, vamos entrar, preciso de você. — disse, o arrastando para dentro. — E ah, obrigada por me trazer até aqui, tchau! — disse ao cara do lado de fora e fechei a porta atrás de mim.
— Mulher! Onde você encontrou esse deus grego? — Roger gritou assim que eu surgi em seu quarto.
— Ele bateu no meu carro e fez a gentileza de me trazer até aqui.
— E qual o nome dele? Pegou telefone? Quantos anos ele tem?
— Calma aí, não me enche de perguntas. Eu estou bem, obrigada por perguntar. E não, não sei nem o nome daquele cara e também não me interessa saber, provavelmente nunca mais o verei na vida. Mas enfim, vim até aqui por um motivo e estou afim de cumprir. Estou precisando conversar, acabei de terminar com o Mateo.
— O QUE? POR QUÊ? — Roger berrou, totalmente aterrorizado pelo que eu acabei de dizer.
Até Roger dizia que tínhamos sido feitos um para o outro. Mas como meu melhor amigo, ele sempre me apoia em todas as minhas decisões. Eu sabia que quando explicasse como estava me sentindo, ele iria concordar e me apoiar como sempre faz.
A noite foi longa. Passamos a madrugada inteira conversando e depois de quinze chamadas ignoradas de Mateo, eu decidi desligar meu celular e Roger também, já que ele já tinha tentado ligar.
Muita conversa em meio a chocolates e sorvete, bem típico de filmes adolescentes, onde a menina de coração partido se isola e toma todo o estoque de sorvete do estado e mesmo assim continua magra e esbelta. O que infelizmente não era o meu caso. Como não podia exagerar, depois do segundo pote, deixei essa história de lado e fui dormir.
Me deitei ao lado de Roger e onde ele afagou meu cabelo com as mãos até eu pegar no sono, sabendo que não haveria perigo algum.
No dia seguinte, eu acordei exausta e queria muito poder continuar na cama, mas me esforcei para levantar e tomei uma xícara de café forte para aguentar o dia. Por sorte tinha roupas na casa de Roger, então escolhi um vestido soltinho e estampado com uma sapatilha de cor neutra para ir trabalhar. Seria um dia longo e estava determinada a ir em casa e ter uma conversa definitiva com Mateo. Não poderia ficar nesse namoro ioiô para o resto da vida. Nós somos adultos e maduros o suficiente para conversarmos e decidirmos nossa vida juntos.
Depois do trabalho fui para casa e fiquei à espera de Mateo. Quando as meia hora que faltavam para ele chegar, passaram, eu senti o ar sumir dos meus pulmões.
— Oi — murmurou cabisbaixo, assim que entrou pela porta e me viu sentada no sofá.
— Oi. Podemos conversar?
Ele não disse nada, apenas se aproximou e tentou me beijar, mas eu virei o rosto em negação e ele me olhou torto.
— Desculpa, mas eu realmente estou aqui apenas para conversar. Nós somos adultos e não tem como ficar nessa situação. Eu simplesmente saí correndo igual a uma menininha com medo de algum inseto e te deixei plantado lá, e ainda por cima a pé. — disse e ele apenas concorda com a cabeça, sem tentar dizer nada. — Então, olha... sinceramente, eu não sei como te dizer isso de outra maneira, mas eu quero terminar. Definitivamente. — ele me olha com expressão de surpresa e sinto uma ponta de suas lágrimas surgindo em seus olhos castanhos.
— Você tem outro? É isso? — ele questionou, em tom baixo.
Esse era mais um motivo pelo qual eu não aguentava mais. Ele nunca quebrava as regras, ele é sempre assim, do mesmo jeito. Tem medo de demonstrar sua opinião e se fecha com seus pensamentos. E ainda quando consegue pôr pra fora, fala de uma maneira branda e ainda com o tom de medo exalando em sua voz.
— Não, não tem outro. — falei, irritada e ele me olha triste. — É só que... — hesito por um instante — nosso namoro se desgastou, caiu na rotina e é sempre a mesma coisa, todos os dias. E isso vem me cansando, sabe. Você é sempre o mesmo, e eu acabo sendo sempre a mesma também. Não quero ser aquele tipo de mulher que constrói um casamento baseado em suas histórias de adolescência, quando ainda tinham que se esconder para darem um mísero selinho. Nossas aventuras sempre foram divertidas, mas com o tempo, tudo se tornou igual e monótono e eu anseio por coisas novas, ares novos.
— Que tipos de coisas?
— Eu não sei, sinceramente, mas quero e pretendo descobrir. Sei que você é um ótimo homem e vai encontrar alguém que te queira tanto quanto você me quer nesse momento. Não quero te magoar e é por isso que eu estou terminando tudo agora. — disse por fim.
Ele assentiu e não disse mais nada, apenas se levantou e foi para o quarto enquanto eu juntava alguns dos meus pertences que estavam espalhados pela sala.
Saí pela porta e entrei em meu carro, ligando o rádio antes mesmo de ligar o carro. E então começou a tocar uma de nossas músicas e deixei algumas lágrimas rolarem por meu rosto e se encaminharem até meus lábios para que eu pudesse sentir o gosto salgado que é a perda de algo ou alguém.
[...]
Ainda era cedo, Roger não estava em casa ainda, mas chegaria logo. E como eu tenho a chave, entrei e me apoderei do seu sofá de couro escuro e macio. Procurei algo na TV mas não encontrei nada que prestasse. Então conectei meu celular ao rádio e aumentei bem o volume. Ao som de Problem eu cantarolava.
'I got one less problem without ya'
Imaginava o quanto essa música me caía bem nesse momento e consegui deixar a tristeza de lado e me jogar na minha vida nova a partir de agora.
Estava no meio da batida do rap da Iggy, quando Roger entra exaltado em casa, batendo as portas e já abaixando o volume da música.
— Que foi? — o repreendi, consciente de que a casa é dele.
— Que foi nada! Estou com dor de cabeça. Vamos sair? Preciso espairecer.
— Aaah não, pensei em ficar em casa e curtir um filminho na Netflix agarrada com meu amor. — digo e o abraço, carente.
— Ih, sai garota, gosto de pau! — ele grita e se solta do meu abraço, indo direto para o quarto.
Aumento novamente o som e dessa vez está tocando 23, da Miley Cyrus com uns rappers e essa música sempre me deixou com vontade de transar loucamente. Mas como no momento isso não é possível, me contento em dançar no ritmo da música e me deixar levar pela batida contagiante cantando loucamente, quando Roger surge do nada gritando.
— Já que está tão animadinha, vamos para uma balada! Está decidido. Vem, vamos escolher uma roupa.
Roger saiu me arrastando e como não tinha nada que prestasse meu, na casa dele e eu não estava afim de ir em casa buscar, demos uma volta no shopping para escolher o look perfeito.
Rodamos igual barata tonta, passei por todos os tipos de lojas de departamento, olhei desde calças de tecidos e jeans até os vestidos mais sociais e caros. Não conseguia encontrar nada para mim, então arrastei Roger até uma loja de roupas masculinas com umas peças incríveis que deixa qualquer homem totalmente lindo e arrumado.
Optamos por uma calça jeans escura acompanhada por uma blusa de botões florida, bem gay, no estilo que ele gostava e que ficou maravilhosa nele. Um tênis de cano médio e preto com detalhes dos lados completavam o look e deixou tudo casado e lindo. E quando não teve mais jeito, o foco voltou a mim e procurando em todas as lojas que víamos pela frente, entramos em tudo que é tipo, mas por fim encontramos um vestido incrível, inteiro preto, de tecido leve e mangas compridas, mas com um decote em V nas costas, levemente rodado da cintura pra baixo. Simples e elegante. Discreto e sexy.
Entramos em umas cinco lojas de sapatos e por mais que eu insistisse em experimentar sapatos pretos ou cores neutras, Roger sempre pedia os mais coloridos e chamativos. Por fim, me apaixonei por um vermelho altíssimo, que eu tinha pavor de andar, mas logo me acostumaria.Voltamos para casa e eu estava terminando de me arrumar, mas Roger já estava pronto há meia hora e continuava a me apressar. Fiz uma maquiagem escura, com bastante sombra preta e marrom esfumada nos cantos dos olhos, dando ênfase ao azul profundo que eles contêm, e passei uma quantidade razoável de rímel. E como sou adepta da frase 'olho tudo, boca nada', passei um batom marrom fraquinho e deixei a atenção toda nos olhos. Coloquei um brin
Assinei alguns contratos e estava tudo negociado. O aluguel não era caro e conseguiria arcar com as despesas da casa de acordo com meu pequeno salário mais o dinheiro que recebo dos meus pais.Passei no banco e consultei a possibilidade de um empréstimo. Pouca coisa, apenas para comprar alguns móveis necessários e decorar meu novo apartamento de acordo com meu gosto. Consegui dez mil de crédito e estava mais do que suficiente. Dava até mesmo para pagar o conserto do meu carro, que por sorte, não ficou tão caro quanto eu esperava.
Acordo em mais um dia frio e chuvoso em Londres. Reviro os olhos, mesmo que eles ainda estejam fechados e me levanto a caminho do banheiro.Acordar todos os dias às sete da manhã, era algo que eu definitivamente não gostava de fazer. Mas não tenho a vida ganha e preciso trabalhar se quiser sobreviver.Tomo meu café da manhã, nada mais que uma tigela de cereal com leite, já que não sinto fome de manhã. Visto uma saia lápis preta, uma blusa de cetim branca, pego minha bolsa e sobretudo, saindo rapidamente para o trabalho. Minha chefe já havia me ligado e pediu para eu me apre
No andar de cima, tudo continuava muito sofisticado, mantendo o padrão de beleza e cores com o cinza e prata, mas com algumas coisas em branco e um cinza mais claro, um ou outro ícone de decoração com cores diferentes. Enquanto ainda conversávamos, ele me encaminhou até uma sala ao fundo e encontrei duas mesas brancas, com coisas de escritório em cima. Havia um homem em um lado e uma mulher do outro.O loiro me olhou intensamente e pude perceber seus olhos incrivelmente azuis e profundos. Já a garota, se levantou e sorriu, assim que me viu.— Hope, te apresento, Amélia. A parte Saw
— Ah, sem essa! Olha pra só para você! — disse enquanto me arrastava até a frente de um espelho — Pernas definidas, cabelos loiros e lisos, olhos azuis, barriga chapada, quer mais o que? Uma Ferrari e uma casa em Paris? Você está feita na vida, garota. Se joga!Sorri ao ouvir a resposta dele. É incrível, ele sempre tem algo motivador e alegre a dizer. Por isso eu pus um sorriso no rosto e virei novamente pra ele.— É isso aí! — falei — Agora vem, vamos escolher uma roupa! — disse e o arrastei até o quarto, levando minha mala junto.Joguei todas as roupas de uma vez, sem cuidado nenhum, na cama e olhei para Roger com cara de confusão. Ele riu e começou a analisar todas as peças com olhos de quem entende de moda. Eu só o observava calada enquanto ele separava algumas e fazia cara feia para outras.Por fim, eram duas mudas
Depois de quase não conseguir dormir, mal acordei e já me pegava tocando meus lábios. Roger não me deixou quieta um minuto ontem e eu precisei contar a ele sobre o breve beijo que ocorreu. Depois de seus muitos berros em meu ouvido, fui tentar dormir, satisfeita pela impressão que acho que passei, mas ainda assim encantada e pensativa sobre o ocorrido.Não sabia quais seriam os próximos passos, mas ainda assim espero uma ligação dele e não paro de olhar meu celular, um minuto sequer. Me sinto como uma adolescente afim de algum garoto da escola, na espera de uma solicitação de amizade ou um simples 'oi' capaz de causar loucuras.
Roger me olhava paralisado, tentando entender o que acabei de fazer, mas eu só sabia rir, pelo nervoso que estava sentindo. Harry cismou que eu estava bêbada.Meu telefone estava tocando há uns vinte minutos e eu só sabia rejeitar as ligações. Mateo insistia em me ligar e não sabia a hora de parar. Ele é insistente e teimoso, isso sempre me irritou nele.Já passava das duas da manhã e decidimos ir embora. Como Harry foi o único a não beber, deixou Roger e eu em casa e eu iria buscar meu carro no estacionamento do nosso prédio no dia seguinte, já que j&aa
— Relaxa, só estou brincando. Você por acaso teria vinho aí? — revirou os olhos.— Não, muito mal tenho água. — respondi e olhei em volta.— Então eu já volto. Tinto ou branco? — disse já na porta.— Tinto suave. — respondi e ele bateu à porta em seguida.Aproveitei os momentos em que ele estava fora para resp