Nove

Depois de quase não conseguir dormir, mal acordei e já me pegava tocando meus lábios. Roger não me deixou quieta um minuto ontem e eu precisei contar a ele sobre o breve beijo que ocorreu. Depois de seus muitos berros em meu ouvido, fui tentar dormir, satisfeita pela impressão que acho que passei, mas ainda assim encantada e pensativa sobre o ocorrido.

Não sabia quais seriam os próximos passos, mas ainda assim espero uma ligação dele e não paro de olhar meu celular, um minuto sequer. Me sinto como uma adolescente afim de algum garoto da escola, na espera de uma solicitação de amizade ou um simples 'oi' capaz de causar loucuras.

Enquanto tomava um banho para tentar tirar suas palavras e seu beijo da minha cabeça, fui interrompida pelo toque distante de meu celular. Corri pela casa, molhada e totalmente nua e peguei meu celular a tempo de olhar pro visor e ver o nome de Harry. Atendi, tentando parecer o mais normal possível.

— Oi, te atrapalhei em algo? — pergunta, com sua voz mais sedutora do outro lado da linha.

— Não, estou de bobeira. Afinal é domingo, né. — ri, tentando parecer despreocupada, quando na verdade olhava pra baixo enquanto caminhava de volta ao banheiro.

— Parece ofegante, tem certeza que não atrapalhei em nada? — insistiu.

— Sim, tenho! — revirei os olhos.

— Então, hoje é meu aniversário e... — gelei por um instante. — gostaria de saber se você quer vir até meu apartamento para a comemoração que estou organizando. Não é nada demais e você pode trazer seu amigo, se quiser.

— Ah... — fiquei sem ter o que dizer. — Pode ser, vou falar com ele. Que horas?

— Às oito, podemos estender a noite em alguma boate, o que acha?

— Gostei, estarei aí.

— Ok então.

— Ok. Até mais!

Desliguei, sem perceber que sorria involuntariamente. Deixei o celular na bancada, voltando para meu banho. Precisava relaxar mais do que nunca.

Fiquei mais uns vinte minutos embaixo do chuveiro, só imaginando que roupa usaria mais tarde e qual seria a reação de Roger ao descobrir que fomos convidados para essa festa, que possivelmente acabaria sendo estendida numa boate.

[...]

— Rooooo? — gritei, assim que vesti uma roupa e saí em busca dele.

— O que é?

— Boas notícias! — levantei os braços em redenção e sorri.

Ele retribuiu o sorriso.

— Fomos convidados para uma festa de aniversário com extensão em uma boate, está afim?

— Não precisa nem insistir, vamos escolher uma roupa!

Ele me arrastou para o quarto, sem me deixar falar mais nada.

— Não vai nem perguntar de quem é? — murmurei.

— Não importa, festa é festa! Mas fala aí, de quem é?

— Do Harry. — dei de ombros e ele me segurou bruscamente enquanto me olhava surpreso.

— Por que não disse antes, mulher? Meu Deus, você precisa estar maravilhosa!

Reviramos os armários em busca da roupa perfeita e encontramos um vestido parecido com o que eu fui pra boate naquela noite, só que sem mangas e fechado nas costas. Bem marcado na cintura e bunda. Já sabia exatamente que sapato usar, e ainda os acessórios.

Roger foi escolher uma roupa pra ele enquanto eu separava tudo para a hora de vestir. Ele logo voltou com uma camisa de botões preta e uma calça jeans mais clara que combinava super bem.

Passamos o resto do dia conversando e imaginando como seria essa noite. Em meio as risadas, percebemos que estava ficando tarde e precisávamos começar a nos arrumar se quiséssemos chegar a tempo.

Coloquei meu vestido e coloquei um sapato de salto na cor goiaba. Passei babyliss nas pontas dos cabelos e os deixei soltos mesmo. Peguei um conjunto de pulseiras de pérolas brancas e rosas e finalizei a maquiagem com um batom vermelho opaco bem escuro, junto com o delineado fino marcando em meus olhos azuis profundos.

A noite chegou e finalmente deu a hora de sairmos. Não me aguentava mais de tanta ansiedade. Peguei minhas chaves, mas então Roger já estava no carro, bem abusado por sinal. Por um momento esqueci que iria morar naquele mesmo prédio e ignorei meus pensamentos sobre aquele dia.

Pegamos o elevador e eu apertei o botão do andar. A cada andar que subia, meu estômago se revirava cada vez mais. Estava me sentindo bem, mas com um leve frio na barriga.

Fomos até a porta de seu apartamento e eu apertei o botão da campainha com timidez. Ouvi passos por trás da porta e observei a maçaneta girar lentamente até eu levantar o olhar e perceber Harry me encarando paralisado.

— Oi, Hope! Que bom que veio. — disse assim que se aproximou e me abraçou. — Oi...

— Roger. — completei.

— Oi Roger, prazer, Harry!

— A propósito, meus parabéns! — eu disse, percebendo que ainda não o havia desejado feliz aniversário.

— O prazer é meu. Meus parabéns! — disse Roger, saidinho demais pro lado de Harry.

— Obrigado, e você está linda, Hope. — murmurou.

Eu não sabia o que era, mas algo em seu tom de voz quando pronuncia meu nome me deixa agitada e nervosa.

— Você está bem? — Roger sussurrou, enquanto pegava em meu braço e praticamente me arrastava até o outro lado, adentrando a sala.

Balancei a cabeça em afirmação e o tranquilizei.

Enquanto Harry me apresentava a cada amigo seu, eu me sentia cada vez mais envergonhada, mas ainda assim confortável com essa situação.

— Então, ainda vai querer ir a alguma boate? — Harry sussurrou, enquanto me puxava para me distanciar dos outros convidados.

— Ah, pode ser! Tem alguma coisa em mente?

— Sim, na verdade tenho a boate perfeita! Vamos?

— Vamos, deixa só eu... — não terminei de falar, quando Roger apareceu e me puxou pelo braço, determinado a ir a essa boate.

[...]

— Onde fica? — Roger murmurou do banco traseiro do carro de Harry.

— Não muito longe daqui, já estamos chegando. — Harry deu de ombros.

Estava cada vez mais aflita e ansiosa a cada quilômetro que andávamos. Aquele tempo que ficamos dentro do carro, por pequeno que fosse, me deixava nervosa e suando frio.

Paramos em frente a uma grande boate a descemos do carro. Observei Harry entregando a chave para o manobrista e fiquei à espera.

Não consegui ler o nome do lugar, mas não era tão escura como as que eu já frequentei. Entramos e sentamos em frente ao bar. Observava mesas com casais por todos os lados. Alguns conversavam e riam alegremente e outros apenas se curtiam e deixavam a música embalá-los, outros dançavam na pista que havia ali e eu apenas bebia junto de meu melhor amigo e meu talvez futuro ficante.

Continuamos sentados e Roger conversava aos risinhos com Harry, enquanto eu apenas continuava observando. Alguns amigos de Harry também estavam sentados à mesa conosco e outros nas mesas ao lado. Observei um homem chegando em uma outra mesa e conversando com um casal e logo depois os três saindo em direção a um corredor no fundo da boate, dividido por uma porta de correr inteiramente preta.

Senti meu rosto queimar e agradeci por estarmos no escuro, mas ouvi Roger chamar meu nome e me separei de meus pensamentos e virei para olhá-lo.

— O que foi? — murmurei.

— Você está bem? Parece distante.

— Estou bem, só pensando.

Harry deu um leve sorriso ao ouvir minha resposta e eu gostaria muito de saber o porquê. Enquanto isso voltei minha atenção àquela mesma porta preta de correr e observei duas mulheres saírem seguidas por um único homem. E então voltei a olhar as mesas e vi que um dos homens tocava sua mulher ao lado como se não estivesse ninguém vendo. Então uma segunda mulher se aproximou dos dois, sussurrou algo no ouvido do homem e eles se levantaram e foram juntos a mesma porta preta de correr.

Por momento de muita curiosidade, me levantei, alegando precisar ir ao banheiro e mudei meu destino no meio do caminho. Então fui até a porta e a abri. Encontrei um corredor escuro, com luz néon, com várias portas e janelas. Em algumas havia a placa com o dizer STOP, e em outras não.

Não ouvia absolutamente nada, mas conseguia ver um feixe de luz separado pela cortina externa das janelas. Minha curiosidade foi mais forte que a minha ética, então me deixei deliciar por uma visão jamais vista por mim. Duas mulheres completamente nuas, se beijando e se tocando ao mesmo tempo. Alguma parte em mim se acendeu por essa visão. Nunca tinha visto algo assim, tão explícito, pelo menos não ao vivo.

Fui à outra janela e dessa vez havia a placa com STOP e tinha cortina. A janela era completamente escura, sem chances de visão para o lado interior.

Saí de lá completamente excitada e tomada por essa onda de novas experiências. Não sei onde estou me metendo, mas sei que estou amando a sensação.

Voltei para a mesa completamente tomada pela sensação de perigo e proibido e observei Harry de perfil. Sua boca estava completamente sexy naquela luz mais fraca, acompanhada da onda do álcool em meu sangue e eu nem conseguia pensar direito, quando o cutuquei, levantei e o puxei pela gola da camisa de botões, o beijando com voracidade.

Ele não interrompeu o beijo, muito pelo contrário, só intensificou, quando levou suas ágeis e grandes mãos a meus cabelos e os puxou devagar, fazendo minha cabeça se curvar para trás e dar uma visão ampla e completa de meu pescoço. Não saciado em beijar meus lábios, ele atacou meu pescoço enquanto brincava com meus cabelos entre seus dedos e me deixava completamente arrepiada.

Voltou a meus lábios e uma de suas mãos desceu da minha nuca até minha cintura e a apertou, me puxando para si, me apertando contra seu corpo, e por alguns momentos pude sentir seu membro ereto em minha coxa.

Recuperei os sentidos e me separei dele, completamente extasiada pela sensação de poder, e tomada de prazer pelas cenas que presenciei. Seu beijo era lento e seus lábios tornavam tudo mais gostoso.

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