A televisão estava em cima da cômoda de Kate. Paloma havia pedido que Colton a colocasse lá antes dele sair, hesitante, para a noite com os amigos. Ela preparou uma xícara de chá de limão e gengibre para Kate e se aproximou dela na cama, passando sem rumo pelos canais até encontrar uma comédia mais recente. Um silêncio confortável caiu sobre a sala. Kate torceu o nariz depois de cada gole da bebida picante, enquanto Paloma bufava de tanto rir das piadas sem graça do filme.Quando Kate desistiu do chá, pousando-o na mesa de cabeceira, Paloma fez uma careta. Ela soltou uma respiração profunda e gemida, batendo as palmas das mãos com impaciência contra as coxas: "Então... quando vamos fazer um teste de gravidez?""Hã?" Kate se virou violentamente na direção da amiga sorridente, com os olhos cor de chocolate arregalados. “Eu não estou grávida, sua idiota. Não seja ridícula”.“Você já menstruou?”"Ainda não", retrucou Kate. “Mas eu tenho tido cólicas, então está chegando”.“Eu achei qu
A náusea não havia diminuído quando Kate acordou na manhã seguinte. Ela estava deitada de bruços, com o peso da cabeça e dos braços de Colton esparramados desajeitadamente em suas costas, prendendo-a debaixo dele. Roncos monstruosos irrompiam do peito dele, e as vibrações ecoavam contra o corpo de Kate, e ela soltou uma risada suave. Ela levantou de leve o tronco dele, e Colton escorregou só o suficiente para ela escapar de seu peso.Ela entrou no banheiro e jogou água fria no rosto. Seus dedos apertaram a porcelana fria da pia, e seus olhos se fecharam enquanto seu estômago se revirava. Não tinha como ela manter aquele segredo de Colton. A suspeita em seu rosto na noite anterior era clara, e ela não tinha dúvidas de que ele faria um milhão de perguntas se ela vomitasse o dia todo.Ele dormiria por um bom tempo, pensou; tempo suficiente para ela planejar exatamente o que dizer, talvez cozinhar alguma coisa para aplacar sua ressaca, antes de sobrecarregá-lo com a irresponsabilidade do
O apartamento estava impecável. Kate tinha até esvaziado os armários da cozinha, esfregando e reorganizando tudo no meio da náusea que ameaçava atrasá-la. Suas unhas estavam roídas até o toco, o interior de sua bochecha mordido tão fervorosamente que sangrava, e ainda assim Colton ainda não tinha voltado para casa. O sol estava começando a ir embora, e listras laranja e rosa dançavam no céu. Kate tomou um gole de água, com a cabeça apoiada na palma da mão enquanto olhava fixamente pela janela. As lágrimas haviam secado há horas, os canais lacrimais completamente drenados, mas a tristeza ainda a envolvia como um cobertor grosso e quente em um dia escaldante.Um rangido soou atrás dela, a maçaneta girou como se estivesse em câmera lenta, e Kate pulou do banco, passando o olhar sobre o corpo exausto de Colton. Seus ombros caíram para frente desanimados, as bochechas estavam manchadas de lágrimas avermelhadas, e seu cabelo ainda uma bagunça completa. Kate hesitou por um momento, mas perce
A vasta sala de espera do consultório do médico parecia sufocante. Kate tentou diminuir sua náusea, inalando profundamente. Colton sentiu seu desconforto, acariciando a coxa dela de forma tranquilizadora antes de passar o braço ao redor de seus pequenos ombros, puxando-a para seu peito, onde seu coração batia rapidamente. Aquele ritmo era calmante para Kate; o ritmo acelerado a acalmando, para sua surpresa.Um casal de idosos estava sentado em frente a eles, com as mãos envelhecidas entrelaçadas no colo do cavalheiro enquanto assistiam à reportagem médica na televisão. A mulher olhou para Kate, e um sorriso enrugou os lados de sua boca. Kate sorriu de volta e teve que conter a risada que vibrou em seu peito quando os olhos azuis nebulosos da mulher se arregalaram, passando pela pele tatuada de Colton. Ela foi facilmente conquistada quando Colton lhe deu um sorriso de parar o coração, e suas bochechas se tingiram de vermelho.A respiração de Colton pareceu melosa quando ele se inclino
A cobertura de plástico da mesa de exame rangeu quando Kate prendeu o lençol sobre as pernas nuas, esperando pacientemente que o ultrassonografista voltasse. Os últimos dias tinham sido torturantes, na melhor das hipóteses, e ela se sentia mais doente a cada passo. Colton tentou o seu melhor para tranquilizá-la; as promessas de que o ultrassom encontraria o bebê na posição certa foram recitadas com tanta frequência que Kate achou ser apenas uma resposta automática para ele.A Dra. Bharathi havia confirmado a gravidez através do exame de sangue de Kate, afirmando que ela estava grávida de 5 a 6 semanas e, embora houvesse uma pequena chance de Kate não ver muita coisa, o ultrassonografista saberia exatamente o que procurar.Quando o ultrassonografista voltou, dando início ao exame, os lampejos cinzas do útero de Kate brilharam na pequena tela. Sua respiração travou em sua garganta, e as batidas de seu coração pararam quando seus olhos se estreitaram na imagem. Ela havia estudado os ult
O silêncio encheu a sala.Um silêncio entorpecente, opressivo, desanimador.As paredes estavam se fechando, avançando cada vez para mais perto como um maldito pesadelo. A voz da Dra. Bharathi atravessou o vazio de dormência entre os ouvidos de Kate: “Olhando aqui para os seus exames de sangue, seus níveis de hCG parecem estar caindo por conta própria. Acho que devemos manter o monitoramento ativo. A gravidez parece estar se dissolvendo por conta própria. Se seu nível hormonal aumentar, precisaremos procurar outros tratamentos, mas, no momento, acho que seu corpo está fazendo o trabalho duro por nós”.A voz da médica sumiu, e os batimentos cardíacos de Kate soaram alto em seus ouvidos. Ela não se importava com os efeitos colaterais da rejeição de seu corpo ou o fato de que precisaria fazer exames de sangue a cada dois dias para garantir que seus níveis hormonais estivessem caindo. Ela não se importava com suas chances futuras de uma gravidez próspera ou com o fato de seu DIU ter sido
A porta se abriu, e o rosto cheio de tristeza de Paloma cumprimentou Kate com um abraço caloroso. “Dylan se ofereceu pra levar a Floss pra passar a noite. Somos só você e eu, bebê. Comprei chocolate, sorvete e pipoca de caramelo, que você gosta, e um monte de Tylenol e pastilhas. Eu não sabia do que você ia precisar, então comprei tudo o que pude pensar”.Kate forçou um sorriso e sentiu a rigidez de suas bochechas por causa das lágrimas secas. Ela não tinha pensado em nenhuma de suas necessidades e sentia-se muito grata pelo bom senso de Paloma, já que parecia que o seu próprio havia desaparecido. “Obrigada, P”.“Você fez o mesmo por mim”, Paloma sorriu, esfregando suavemente os braços de Kate enquanto a conduzia para dentro. “Vá e coloque seu moletom. Vou pegar uma bolsa de água quente e podemos sair e ver algum filme”.Paloma desapareceu de vista, e Kate serpenteou pelo corredor, parando na entrada do quarto de hóspedes e respirando fundo. Por mais que ela amasse sua melhor amiga,
Colton agarrou-se ao corrimão e ofegou, tentando desesperadamente recuperar o fôlego. Correr nunca tinha sido sua praia, e ele não fazia a menor ideia de porquê ter achado que aquilo seria uma boa ideia. Kate sempre dizia que 'limpava a cabeça', mas ele estava ainda mais nebuloso. Tinha certeza de que os cigarros haviam destruído sua capacidade pulmonar.Depois de ouvir a doce voz de Kate pelo telefone naquela manhã, seu corpo implorou por uma liberação. Não poder abraçá-la para dormir, não poder fodê-la ou beijá-la ou cheirá-la ou saboreá-la, não a ter ao lado dele em cada momento, tudo isso estava o deixando louco. Mas a corrida tinha sido uma ideia idiota e agora ele sentia ainda mais a falta dela.Um barulho suave soou do andar de cima, e Colton gemeu. Ele rezou para que fosse o novo casal que tinha acabado de se mudar e não a velha cadela que havia ameaçado despejá-lo. Ele achava que não seria capaz de não a empurrar acidentalmente pela porra da escada.As pantufas cor-de-rosa