ChiaraEu estava à beira do desespero. Perdi totalmente a noção do tempo no horrível lugar em que Laura e eu estávamos, mas tinha certeza de que se passaram muitas e muitas horas desde que fomos trancadas e presas ali. Sentia-me profundamente responsável por Laura, e a ideia de algo acontecer com ela por minha causa era avassaladora. Não me perdoaria se algo de ruim acontecesse a ela por ter sido arrastada para essa situação toda.— Você não tem culpa de nada, Chiara — Laura disse, como se lesse meus pensamentos — Você não escolheu ser filha de um mafioso e não quis estar envolvida nessa terrível disputa.— Mas eu aceitei ficar em Palermo! Aceitei! E você não teria sido sequestrada por Theodoro se não fosse por minha causa!Naquele momento, a porta se abriu e meu coração acelerou em uma mistura de esperança e apreensão. O medo pela vida de Laura me consumia, especialmente após as palavras cruéis de Genevieve, reforçando que Laura não passava de uma peça descartável nos planos sádicos
VittorioApós estabilizar a situação de Theodoro, decidi que precisava localizar Domenico, que ainda aguardando a chegada de Domenico, senti a ansiedade corroer minha paciência. Ao ligar para ele, a voz do meu filho trouxe um alívio momentâneo.— Estamos ao lado de Don Antonio. Petrov perdeu o controle do carro, capotou várias vezes e não resistiu aos ferimentos. Algumas pessoas que se aproximaram para ajudar chamaram uma ambulância, mas ela não chegou a tempo. Um inimigo a menos.O impacto da notícia reverberou em mim, misturando-se a um turbilhão de emoções. Domenico prosseguiu:— Estamos a caminho do galpão. Perdemos o paradeiro dos outros russos.Ao repassar as informações para Laura e Chiara, percebi a delicadeza necessária, especialmente porque Theodoro estava desacordado devido à anestesia.— Eu detesto isso — Laura murmurou, horrorizada, seus olhos refletindo a carga emocional que ela carregava — Quero apenas voltar para casa e esquecer tudo o que aconteceu.A frieza em meu ol
ChiaraO último ano foi um verdadeiro teste para nós, mas, contra todas as probabilidades, emergimos mais fortes. A decisão de enfrentar tudo um pelo outro revelou-se algo especial e sólido para o nosso amor. Consigo ver com clareza que nunca amei realmente o Rafael e o fato dele ter sido usado por Petrov para se aproximar de mim não foi o motivo para o nosso afastamento. Rafael era apenas um bode expiatório, que não tinha a menor noção de onde estava se metendo. Um mulherengo irresponsável, que desejava se dar bem ao lado de alguma herdeira. Theodoro descobriu isso através das escutas instaladas no apartamento e no celular de Rafael. E eu realmente não senti nada ao tomar conhecimento dos fatos. Eu nunca o amei.Felizmente, Vittorio mergulhou mais fundo nos negócios legítimos dos Castellani, afastando-se gradualmente da máfia. A busca por um equilíbrio entre a responsabilidade mafiosa e a segurança para nós dois tornou-se sua prioridade. Enquanto isso, eu me entregava a causas socia
Vittorio CastellaniA montanha de responsabilidades e tarefas a serem resolvidas parecia interminável sobre a mesa do meu elegante escritório, localizado na bela Sicília. Os dias eram tensos e exigentes, e o tempo fluía rapidamente, como grãos de areia em um relógio implacável.Estava atento na leitura de documentos importantes, fui surpreendido pelo som suave de batidas na porta, indicando a chegada de minha secretária, Julieta. Ela entrou com cautela, ciente do peso das obrigações que eu carregava. Senti que ela observou-me por um instante, e eu estava certo de que refletia se deveria ou não interromper-me naquele momento delicado.Pareceu-me que ela estava pensando se deveria mesmo me interromper. Ela suspirou e finalmente tomou coragem para falar:— Desculpe incomodá-lo, Sr. Castellani — murmurou ela, transmitindo que sua intenção não era banal —, mas há um assunto urgente que precisa de sua atenção.Meu olhar ergueu-se dos papéis e encontrou o dela, carregado de impaciência e des
Vittorio— Sente-se— A minha voz soou firme e séria e Chiara logo atendeu ao comando — Eu vim até aqui para falar sobre o seu casamento, Chiara. Chiara pareceu vacilar por um momento, mas logo seu olhar se tornou desafiador.— Não entendo o que há para discutir, Senhor Castellani. É a minha vida, e eu decido o que fazer.Não me deixei abalar pelas palavras, sabia que precisava manter-me calmo para conduzir a conversa da melhor forma possível, mesmo que estivesse me sentindo estranhamente desconcertado naquele momento.— Você é minha tutelada, Chiara, e ainda tem muito a aprender sobre a vida e sobre as consequências de suas escolhas. Esse casamento pode ter implicações que você nem imagina — disse com firmeza.Chiara revirou os olhos, parecendo irritada com a insistência.— Eu não preciso do seu consentimento para me casar, Vittorio. Eu tenho idade suficiente para tomar minhas próprias decisões.Olhei nos olhos de Chiara e respondi com determinação:— Eu não posso impedi-la de se ca
ChiaraHoje, percebo o quanto fui ingênua e negligente durante todos esses anos, desfrutando das benesses sem sequer considerar de onde vinham ou por quê. Agora, as respostas que eu nunca busquei estão sendo jogadas na minha cara, e eu me sinto completamente perdida.Meu celular tocou, exibindo o número de Rafael. Se fosse em qualquer outra circunstância, eu teria atendido a ligação ansiosamente. Porém, agora, eu apenas assisti a chamada se transformar em caixa postal. Eu não sabia o que dizer a ele.Seguir em frente com meu desejo de me casar com Rafael significaria abrir mão de minha estabilidade financeira. Poderia fazer isso, mas tínhamos planos de construir um negócio juntos. Apenas pensar nisso apertava meu peito, uma dor profunda.Rafael, meu amor. Ele era lindo, gentil e carinhoso, tudo o que eu sempre sonhei. Após anos de solidão, apenas com Henriqueta ao meu lado, ele preencheu os vazios em minha vida.A raiva tomou conta de mim novamente. Vittorio Castellani, o homem que eu
ChiaraPressionei a campainha do apartamento de Rafael, sentindo um nervosismo inquietante. Embora estivéssemos noivos, nunca compartilhamos a mesma cama. O fato de eu estar ali com uma mala indicava que esse cenário estava prestes a mudar, e a simples ideia me deixava com um frio na barriga.— Meu amor! — Rafael exclamou com entusiasmo enquanto abria a porta e me envolvia num abraço forte — Entra!Me afastei dos seus braços e apontei para a mala ao meu lado.— Você pode pegar isso para mim? — pedi, seguindo em direção ao interior do pequeno apartamento — Estou exausta. Tive que carregar essa mala até aqui.Escolhi uma mala grande, pois, honestamente, não tenho ideia do que o futuro me reserva. A única certeza que eu tenho é de que não podia mais ficar em um lugar onde estavam tentando controlar meus desejos. Sou adulta e tenho o direito de fazer minhas próprias escolhas. Vittorio está muito enganado se pensa que pode ditar minha vida.— O que está acontecendo? — Rafael indagou, deixa
VittorioEu cerrei meus punhos, lutando para conter a raiva que subia dentro de mim. Aquela teimosa estava desafiando minha autoridade novamente. Encarei Henriqueta e pude ver em seu olhar uma mistura de preocupação e descontentamento. — Senhor Castellani, deve tentar entender Chiara. Ela está apaixonada, vivendo o seu primeiro amor. É natural que ela queira um pouco de independência.Eu lancei um olhar duro para Henriqueta, testando a sua lealdade. No entanto, eu sabia que havia um ponto de verdade nas palavras dela. Mas eu estava apenas tentando mantê-la segura, mesmo que isso significasse restringir sua liberdade.— Eu compreendo o que você está dizendo, Henriqueta. Mas não posso simplesmente permitir que ela faça o que quiser. O mundo lá fora é perigoso, e ela não tem ideia do que pode enfrentar.Enquanto falava, peguei meu celular e disquei um número familiar. Do outro lado da linha, uma voz grave respondeu:— Castellani, o que posso fazer por você? — Chiara saiu de casa contra