Aisha abaixou o olhar, mordendo o lábio, como se tentasse esconder uma tempestade de emoções. Seus olhos brilhavam com dúvidas, enquanto suas mãos tremiam ligeiramente. Era como se ela estivesse presa entre querer confiar em mim e o medo de se machucar novamente.Observei a hesitação dela, compreendendo que minhas palavras haviam mexido profundamente com ela. Me aproximei lentamente, respeitando seu espaço, mas sem deixar de expressar minha determinação.— Eu sei que é muita coisa para absorver, mas vou estar ao seu lado, Aisha, em cada passo. E não tenho a menor dúvida de que você é exatamente o que preciso. Nada mudará o que eu sinto.Aisha ergueu os olhos para encontrar os meus, ainda cautelosa, mas algo dentro dela reconhecia a verdade em minhas palavras.— Eu… eu não sei se consigo… — Disse ela, as palavras saindo como um sussurro carregado de incertezas.Aproximei-me mais dela e a abracei.— Você não precisa temer, meu amor, darei o tempo que você precisar para absorver tudo iss
Quando chegamos ao local, todos olhavam para nós sem saber o que estava acontecendo. Além de meu carro, havia mais dois nos seguindo. Paramos diante da casa que indicaram ser a do alfa, e logo aquele idiota do Martín e seus pais saíram de lá.— O que aconteceu para essa visita tão inesperada, rei Kiron? — Ele perguntou, surpreso.— Queremos falar com Aisha, Martín. — Disse. Ele olhou para seus pais, que o encaravam sem entender o que estava acontecendo.— Aisha não aparece em nossa alcateia faz algum tempo. Ela encontra-se morando no apartamento de uma amiga da faculdade.— Como assim, Martín? O que aconteceu com a garota? — Seu pai perguntou. Apostava que ninguém sabia que ele a havia rejeitado.— Nada, papai. Ela apenas resolveu morar com uma amiga. Como ela é uma loba defeituosa…Meu lycan não aceitou aquilo. Com um simples passo, estava com o pescoço daquele alfa em nossa mão, e meu lycan rosnou para ele.— Nunca mais repita isso dela, você entendeu? — Perguntei calmamente, mas ca
Não esperava por isso. Maximus permanecia ajoelhado no chão, os olhos fixos na pequena pulseira de ouro branco em sua mão. A tensão em seu corpo mostrava o quanto ele estava lutando contra a dor que parecia ressurgir das profundezas. Era como se cada detalhe da pulseira, cada contorno do pingente de lótus, trouxesse à tona memórias enterradas, mas nunca esquecidas.Eu observei a cena em silêncio, sentindo o peso daquele momento como se fosse meu também. A descoberta daquela carta, tão cuidadosamente guardada, trazia consigo um passado que nenhum de nós esperava encontrar.— Eles a salvaram, e eu os matei. — Maximus disse, seu lycan afundado em uma tristeza profunda.— Você não tinha como saber, Maximus. Seu lycan sentiu provavelmente o cheiro dela. O instinto do seu animal era caçar qualquer um que pudesse tê-la levado, e ele o trouxe bem próximo de sua filha.— E mais uma vez eu a perdi.— Vamos encontrá-la, meu amigo. Isso eu posso garantir a você. Nem que para isso precise colocar
AISHAQuando cheguei à universidade e notei um carro com dois lobos que não faziam parte do corpo estudantil, sabia que algo estava errado. Quando eles caminharam em minha direção e na direção de Maitê, sabia que estava encrencada.— Você precisa vir conosco. — Um dos lobos ordenou.— Ela não precisa ir com nenhum de vocês se ela não quiser. — Maitê disse, sem ter noção de quem eram aqueles homens, ou até mesmo sem noção do que eram capazes.— Maitê, não tente me ajudar, apenas se afaste e mantenha-se segura.— O que está acontecendo, Aisha?— Não tenho como explicar agora, só vai, por favor…Quando minha amiga deu os primeiros passos para se afastar, aqueles lobos me cercaram. Sentia seus olhares pesados sobre mim, cada um emanando uma tensão palpável. Um deles se aproximou ainda mais.— Por que preciso ir? O que está acontecendo? — Perguntei, tentando controlar o tremor na voz.— As ordens são para te levar apenas, não para responder seus questionamentos. Você pode caminhar com as p
Estava determinada a escapar do cativeiro sufocante onde estava sendo mantida contra minha vontade. No meio daquela discussão entre Kathy e James, vi a oportunidade perfeita para escapar.Com movimentos rápidos e silenciosos, me desvencilhei das amarras rudimentares que me prendiam. Meus olhos vasculhavam o ambiente em busca de uma saída. O coração batia descompassado em meu peito enquanto tentava manter a calma.Entretanto, antes que pudesse sair definitivamente correndo pela porta, Kathy segurou-me pelos cabelos. Seus olhos faiscavam de raiva enquanto me arrastava de volta para o quarto.— Acha que pode escapar de nós, sua cadela? — Kathy rosnou entre dentes, empurrando-me contra a parede com força suficiente para fazer-me gemer de dor.Tentei me debater, mas o agressivo domínio de Kathy sobre mim era implacável. Ela era mais forte e voltou a me agredir novamente, um golpe duro atingiu o meu rosto, e quando ela fez suas garras surgirem, realmente me assustei.— Kathy, pare com isso!
KIRONAlfa Martín entrou em contato com os dois lobos que faziam parte de seu grupo. Inclusive, naquele momento, fiquei sabendo que o tal James era seu beta. Maravilhoso! Aquela alcateia não precisava de muito para chegar ao fundo do poço, já que seus líderes não passavam de dois idiotas.Decidimos aguardar ambos os lobos no escritório de Martín. Peguei a pulseira que Maximus encontrou e a carta que o pai de Aisha deixou para que eu mesmo pudesse entregar esses itens a ela.Sei que Maximus gostaria de fazer isso ele mesmo, mas depois de tudo que aconteceu e após minha conversa com Aisha, não acreditava que essa seria a melhor opção.O pai de Martín, Joseph, nos acompanhou, enquanto sua esposa, Callie, providenciava café para todos. O clima naquela sala era palpável. E o único que parecia relaxado ali era Petrus, que apenas se envolveria para dar ordens aos nossos guerreiros.— Rei Kiron, posso perguntar por qual motivo se deve a sua visita tão inesperada a esta alcateia, e por que est
Durante séculos, lycans e vampiros viveram em trégua precária, um equilíbrio sempre à beira do colapso. Ragnar, o rei dos lycans, feroz e determinado, não apenas odiava os vampiros, mas acreditava que eles representavam uma ameaça à própria natureza.Por outro lado, Vladmir, um imortal e implacável vampiro, liderava sua raça. Ele tentou uma aproximação com os lycans, mas essa falhou miseravelmente, porque Ragnar acreditava que eles eram seres muito inferiores que deveriam ser extintos.O estopim para a guerra veio em uma noite, quando um grupo de vampiros invadiu a floresta dos lycans em busca de uma vampira, a única filha de Vladmir, acreditando que a mesma havia sido levada como refém.Essa violação ao território dos lobos despertou a ira de Ragnar, que decidiu ser hora de acabar com o domínio dos vampiros de uma vez por todas.A guerra eclodiu brutalmente. Durante meses, os dois lados se destruíram em confrontos sangrentos, florestas se tornaram cinzas e vilas humanas foram reduzid
AISHA DOIS ANOS ANTESNo dia que deveria ser o mais importante da minha vida, acordei sem a menor ideia de que tudo mudaria para sempre. Hoje era o dia que todo jovem membro da matilha ansiava que chegasse: o dia do seu décimo sexto aniversário, o dia da transformação.Como lobos, somos ensinados desde muito novos que este seria o dia mais especial de nossas vidas após o nascimento. Era o dia em que nosso lobo se revelaria em sua forma natural. Nosso corpo passaria pela tão esperada transformação. Nossa primeira transformação. Alguns conseguem sentir o seu lobo muito antes disso acontecer, mas eu não tive essa sorte.Meu pai me explicava constantemente que nosso animal habitaria nossa mente. Seriam dois seres, dividindo o mesmo corpo e compartilhando a mesma mente, e ambos viveriam em harmonia. Eu conseguiria sentir seus sentimentos, assim como minha loba também sentiria os meus.O dia que deveria ser o mais especial na minha vida se tornou meu tormento. Toda a alcateia estava reunid