KIRONAlfa Martín entrou em contato com os dois lobos que faziam parte de seu grupo. Inclusive, naquele momento, fiquei sabendo que o tal James era seu beta. Maravilhoso! Aquela alcateia não precisava de muito para chegar ao fundo do poço, já que seus líderes não passavam de dois idiotas.Decidimos aguardar ambos os lobos no escritório de Martín. Peguei a pulseira que Maximus encontrou e a carta que o pai de Aisha deixou para que eu mesmo pudesse entregar esses itens a ela.Sei que Maximus gostaria de fazer isso ele mesmo, mas depois de tudo que aconteceu e após minha conversa com Aisha, não acreditava que essa seria a melhor opção.O pai de Martín, Joseph, nos acompanhou, enquanto sua esposa, Callie, providenciava café para todos. O clima naquela sala era palpável. E o único que parecia relaxado ali era Petrus, que apenas se envolveria para dar ordens aos nossos guerreiros.— Rei Kiron, posso perguntar por qual motivo se deve a sua visita tão inesperada a esta alcateia, e por que est
Durante séculos, lycans e vampiros viveram em trégua precária, um equilíbrio sempre à beira do colapso. Ragnar, o rei dos lycans, feroz e determinado, não apenas odiava os vampiros, mas acreditava que eles representavam uma ameaça à própria natureza.Por outro lado, Vladmir, um imortal e implacável vampiro, liderava sua raça. Ele tentou uma aproximação com os lycans, mas essa falhou miseravelmente, porque Ragnar acreditava que eles eram seres muito inferiores que deveriam ser extintos.O estopim para a guerra veio em uma noite, quando um grupo de vampiros invadiu a floresta dos lycans em busca de uma vampira, a única filha de Vladmir, acreditando que a mesma havia sido levada como refém.Essa violação ao território dos lobos despertou a ira de Ragnar, que decidiu ser hora de acabar com o domínio dos vampiros de uma vez por todas.A guerra eclodiu brutalmente. Durante meses, os dois lados se destruíram em confrontos sangrentos, florestas se tornaram cinzas e vilas humanas foram reduzid
AISHA DOIS ANOS ANTESNo dia que deveria ser o mais importante da minha vida, acordei sem a menor ideia de que tudo mudaria para sempre. Hoje era o dia que todo jovem membro da matilha ansiava que chegasse: o dia do seu décimo sexto aniversário, o dia da transformação.Como lobos, somos ensinados desde muito novos que este seria o dia mais especial de nossas vidas após o nascimento. Era o dia em que nosso lobo se revelaria em sua forma natural. Nosso corpo passaria pela tão esperada transformação. Nossa primeira transformação. Alguns conseguem sentir o seu lobo muito antes disso acontecer, mas eu não tive essa sorte.Meu pai me explicava constantemente que nosso animal habitaria nossa mente. Seriam dois seres, dividindo o mesmo corpo e compartilhando a mesma mente, e ambos viveriam em harmonia. Eu conseguiria sentir seus sentimentos, assim como minha loba também sentiria os meus.O dia que deveria ser o mais especial na minha vida se tornou meu tormento. Toda a alcateia estava reunid
DIAS ATUAISCom o coração apertado, eu contava os dias para o momento em que minha loba finalmente apareceria e me levaria ao meu companheiro, aquele destinado pela Deusa. Mas dois anos de espera e silêncio me fizeram duvidar.Coincidentemente, a coroação do novo alfa seria no mesmo dia em que eu completaria aniversário. Meu décimo oitavo aniversário. A idade em que normalmente nosso lobo ouviria o chamado de nosso companheiro. Aquele destinado pela Deusa da Lua a completar nossa alma. No entanto, todos afirmavam que para isso acontecer, eu precisava ter uma loba, afinal, o evento era exatamente uma caçada pelo seu companheiro, com todos transformados em seus lobos. Se seu companheiro pertencesse àquela alcateia, algo que não possuía garantias, seu lobo levaria você até ele, através da linha invisível que existia entre vocês, e dessa forma ambos se conectariam.Desde aquele fatídico dia, dois anos atrás, a dúvida me corroía. E se eu nunca encontrasse meu companheiro? E se minha loba
Sabia que eu não tinha como ajudá-los, pois não possuía uma loba. Então, naquele momento, algo despertou em minha mente e fiz exatamente o que me orientaram a fazer. Corri como se minha vida dependesse disso e pediria ajuda assim que chegasse na alcateia.Sentia os músculos das pernas chegando ao seu limite, mas não diminuí meu ritmo. Graças ao bullying que sofria de um grupo restrito de lobos, havia desenvolvido uma resistência maior para correr. Meu desespero era pensar que talvez fosse tarde demais para minha família, mas eu não desistiria de tentar.Sentia raiva por não ter uma loba. Tinha certeza de que, se a tivesse, conseguiria chegar mais rápido até nossos guerreiros.Assim que entrei em nossos limites, comecei a gritar. Rapidamente, alguns guerreiros se aproximaram para verificar o que estava acontecendo. Ainda recuperando o fôlego, tentei explicar rapidamente o que houve. Eles soaram o alerta e saíram em disparada para o local que indiquei.Eu estava tremendo devido a todo o
Os dias que se seguiram foram um borrão de dor e silêncio. Eu não comia, não falava... apenas sobrevivia. As risadas e o barulho da alcateia ao redor pareciam de outro mundo, um mundo que eu não conseguia mais alcançar. Não havia mais nada em mim. Apenas o vazio.Nesses dois últimos anos, desde os meus dezesseis, havia sido a piada para a grande maioria de minha matilha. No começo, eu me incomodava com os comentários e me sentia envergonhada. Depois, quando eles perceberam que eu não ligava mais, começaram a fazer maldades, e quando percebi, era humilhada constantemente.Me perguntava o que aconteceria agora, após enterrar as únicas pessoas que realmente se preocupavam comigo. No entanto, não tinha resposta para isso.Imaginei que, após toda a tragédia que aconteceu com minha família, a caçada e a festa em celebração ao novo alfa, que estava programada para o dia de meu aniversário, pelo menos iria ser adiada. Ninguém sabia ao certo o que matou meus pais e meu irmão.Se comentava que
Mais um mês se passou sem que eu sequer cruzasse com Martín. Se já não bastasse perder minha família, agora também perdi o companheiro que Selene me enviou. A dor só não era mais profunda pelo fato de não possuir uma loba, mas a raiva que sentia pela insensibilidade dele era maior que a dor.Martín nunca fez nada diretamente contra mim, mas sempre estava ao lado dos amigos nas vezes que me maltrataram, me amedrontaram e me fizeram correr desesperada pela floresta. Ele não proferia uma única palavra diante do bullying que seu grupo fazia comigo.E por ele ser conivente com os amigos, eu acreditava que ele era tão culpado quanto os outros. Tantos lobos na face da Terra e a Deusa tinha que entrelaçar meu destino justo com esse? Eu não podia acreditar nisso. Durante esse tempo, nenhuma explicação me foi dada sobre o que havia matado minha família. Parecia que, para todos, nada tinha acontecido. Após o enterro, era como se minha família não tivesse existido, e a única pessoa que ainda sen
Assim que cheguei lá, Maitê já me esperava ansiosa em frente à boate. Peguei um band-aid em minha bolsa e coloquei naqueles dois ferimentos em meu braço. Quando minha amiga me viu descer do carro, correu para me abraçar e, mesmo eu tentando disfarçar, ela percebeu que eu havia chorado.— Não fica assim, amiga. Tenho certeza de que o maior desejo da sua família era que você fosse feliz. Eles não gostariam de te ver triste. — Ela disse, consolando-me, acreditando que eu estava assim devido à minha família.— Sei disso, Maitê.Não podia contar a verdade a ela sem ter que explicar o que significava o laço de companheiros, sem mencionar o que eu era, mesmo sendo uma loba defeituosa. Então, apenas a deixei acreditar no que ela pensava ser o motivo. Adentrei a boate com determinação, disfarçando a tristeza que ainda pesava no peito.A música alta e pulsante, as luzes coloridas dançando ao ritmo da batida, tudo isso me surpreendeu pelo fato de nunca ter estado em uma boate antes e acabou me e