Um dos lobos se dirigiu para ele, o que me deixou apenas com três. Minha visão estava turva pelo efeito do tranquilizante, mas minha determinação estava intacta. Com um rugido furioso, investi contra os três lobos restantes, meus músculos poderosos e garras afiadas se tornando uma máquina de destruição contra os mercenários que ousaram me impedir de entrar naquela cabana. Quando um deles me atacou, coloquei meu braço para me defender e, com a outra mão, atravessei sua caixa torácica, segurando seu coração na mão e o puxando para fora do corpo. Menos um.Agora seriam dois contra um. Aqueles lobos me analisaram, sabendo que eles não teriam chance. Sua visão foi atraída para a outra briga que acontecia e percebi o lobo de Martín com o pescoço do outro lobo em sua boca, sacudindo-o com violência. Os lobos voltaram a me olhar novamente, mas resolveram se manter vivos e fugiram. Caí com um dos joelhos no chão, o tranquilizante fazendo efeito. Observei Martín se transformar. Se eu fizesse
AISHAEstava sentada no canto da pequena enfermaria, os olhos fixos no Kiron. Meu coração batia descompassado, e a ansiedade me consumia por dentro. Todos ao meu redor insistiam que ele estava bem, que era apenas o efeito do tranquilizante que haviam injetado nele, mas eu não conseguia afastar o medo crescente que me dominava.Estava perdida em seus pensamentos, e não notei o momento exato em que Maximus, um dos lycan que ajudou em meu resgate, entrou. Levantei a cabeça e meus olhos encontraram os dele. Ele me olhava com uma certa admiração, mas eu não entendia o porquê.— Ele vai ficar bem, Aisha. — Disse, sua voz suave, tentando trazer algum conforto. Eu assenti, mas meus olhos denunciavam a incerteza.— É difícil acreditar quando o vejo assim. — Respondi, minha voz trêmula.— Eu sei que parece assustador, mas ele é forte. Quando você menos esperar, ele vai abrir os olhos e ficará feliz em ver que você também está bem.Olhei para Maximus, tentando confortar-me com suas palavras. Hav
KIRONAinda me sentia exausto, mas não podia deixar de sorrir. Vê-la ao meu lado era a única coisa que importava naquele momento. Aproveitei a oportunidade de estar sozinho com ela para saciar a necessidade urgente que meu lycan sentia de confirmar que ela estava realmente bem.Eu a puxei para perto de mim e pressionei meu corpo contra o dela, tomando seus lábios com um beijo fervoroso. Não era um simples beijo. Era uma explosão de emoções que eu reprimia desde o momento em que soube de seu sumiço. Era como se meu animal precisasse marcar seu território, garantindo que Aisha estava segura.Quando finalmente me afastei, percebi a expressão surpresa em seu rosto, mas também vi o brilho de felicidade em seu olhar. Ela sorriu, e aquele sorriso era tudo o que eu precisava para confirmar que ela estava bem. Aquela lycan virou meu mundo de ponta-cabeça.— Eu estive tão preocupado com você. — Murmurei, acariciando seu rosto com ternura. — Não consigo expressar o quanto estou aliviado por ver
Durante séculos, lycans e vampiros viveram em trégua precária, um equilíbrio sempre à beira do colapso. Ragnar, o rei dos lycans, feroz e determinado, não apenas odiava os vampiros, mas acreditava que eles representavam uma ameaça à própria natureza.Por outro lado, Vladmir, um imortal e implacável vampiro, liderava sua raça. Ele tentou uma aproximação com os lycans, mas essa falhou miseravelmente, porque Ragnar acreditava que eles eram seres muito inferiores que deveriam ser extintos.O estopim para a guerra veio em uma noite, quando um grupo de vampiros invadiu a floresta dos lycans em busca de uma vampira, a única filha de Vladmir, acreditando que a mesma havia sido levada como refém.Essa violação ao território dos lobos despertou a ira de Ragnar, que decidiu ser hora de acabar com o domínio dos vampiros de uma vez por todas.A guerra eclodiu brutalmente. Durante meses, os dois lados se destruíram em confrontos sangrentos, florestas se tornaram cinzas e vilas humanas foram reduzid
AISHA DOIS ANOS ANTESNo dia que deveria ser o mais importante da minha vida, acordei sem a menor ideia de que tudo mudaria para sempre. Hoje era o dia que todo jovem membro da matilha ansiava que chegasse: o dia do seu décimo sexto aniversário, o dia da transformação.Como lobos, somos ensinados desde muito novos que este seria o dia mais especial de nossas vidas após o nascimento. Era o dia em que nosso lobo se revelaria em sua forma natural. Nosso corpo passaria pela tão esperada transformação. Nossa primeira transformação. Alguns conseguem sentir o seu lobo muito antes disso acontecer, mas eu não tive essa sorte.Meu pai me explicava constantemente que nosso animal habitaria nossa mente. Seriam dois seres, dividindo o mesmo corpo e compartilhando a mesma mente, e ambos viveriam em harmonia. Eu conseguiria sentir seus sentimentos, assim como minha loba também sentiria os meus.O dia que deveria ser o mais especial na minha vida se tornou meu tormento. Toda a alcateia estava reunid
DIAS ATUAISCom o coração apertado, eu contava os dias para o momento em que minha loba finalmente apareceria e me levaria ao meu companheiro, aquele destinado pela Deusa. Mas dois anos de espera e silêncio me fizeram duvidar.Coincidentemente, a coroação do novo alfa seria no mesmo dia em que eu completaria aniversário. Meu décimo oitavo aniversário. A idade em que normalmente nosso lobo ouviria o chamado de nosso companheiro. Aquele destinado pela Deusa da Lua a completar nossa alma. No entanto, todos afirmavam que para isso acontecer, eu precisava ter uma loba, afinal, o evento era exatamente uma caçada pelo seu companheiro, com todos transformados em seus lobos. Se seu companheiro pertencesse àquela alcateia, algo que não possuía garantias, seu lobo levaria você até ele, através da linha invisível que existia entre vocês, e dessa forma ambos se conectariam.Desde aquele fatídico dia, dois anos atrás, a dúvida me corroía. E se eu nunca encontrasse meu companheiro? E se minha loba
Sabia que eu não tinha como ajudá-los, pois não possuía uma loba. Então, naquele momento, algo despertou em minha mente e fiz exatamente o que me orientaram a fazer. Corri como se minha vida dependesse disso e pediria ajuda assim que chegasse na alcateia.Sentia os músculos das pernas chegando ao seu limite, mas não diminuí meu ritmo. Graças ao bullying que sofria de um grupo restrito de lobos, havia desenvolvido uma resistência maior para correr. Meu desespero era pensar que talvez fosse tarde demais para minha família, mas eu não desistiria de tentar.Sentia raiva por não ter uma loba. Tinha certeza de que, se a tivesse, conseguiria chegar mais rápido até nossos guerreiros.Assim que entrei em nossos limites, comecei a gritar. Rapidamente, alguns guerreiros se aproximaram para verificar o que estava acontecendo. Ainda recuperando o fôlego, tentei explicar rapidamente o que houve. Eles soaram o alerta e saíram em disparada para o local que indiquei.Eu estava tremendo devido a todo o
Os dias que se seguiram foram um borrão de dor e silêncio. Eu não comia, não falava... apenas sobrevivia. As risadas e o barulho da alcateia ao redor pareciam de outro mundo, um mundo que eu não conseguia mais alcançar. Não havia mais nada em mim. Apenas o vazio.Nesses dois últimos anos, desde os meus dezesseis, havia sido a piada para a grande maioria de minha matilha. No começo, eu me incomodava com os comentários e me sentia envergonhada. Depois, quando eles perceberam que eu não ligava mais, começaram a fazer maldades, e quando percebi, era humilhada constantemente.Me perguntava o que aconteceria agora, após enterrar as únicas pessoas que realmente se preocupavam comigo. No entanto, não tinha resposta para isso.Imaginei que, após toda a tragédia que aconteceu com minha família, a caçada e a festa em celebração ao novo alfa, que estava programada para o dia de meu aniversário, pelo menos iria ser adiada. Ninguém sabia ao certo o que matou meus pais e meu irmão.Se comentava que