Isabella Melo Após o episódio da noite passada, fui para a boutique e nem me importei em saber como Ricardo estava. Apenas precisava sair de perto dele e respirar um pouco. Me irritei no trânsito com um babaca que não parava de buzinar para que eu andasse e acabei discutindo com o desgraçado. Sinceramente, fiquei tentada a pegar o bastão que tenho dentro do carro e acabar com ele, mas só pensei mesmo, “Você não é assim, Isabella. Controle-se!” Meu subconsciente ralhou comigo. Na tentativa de me acalmar, acabei ligando o rádio. A música que começou a tocar por algum motivo me fez lembrar de Ricardo, e acabei desligando o aparelho. Chegando à boutique a porta deu uma pequena emperrada, e eu não estava conseguindo abri-la. Isso nunca aconteceu. Tinha que ser logo hoje? Comecei a dar socos na porta, e Márcio veio me ajudar. Ele olhou para mim, e pedi a ele para não dizer uma palavra. Meus brownies queimaram, troquei açúcar pelo sal nos cupcakes, me irritei com Monique, que foi
As árvores continuaram a chacoalhar, e o vento fez com que olhasse mais adiante, e ali vi Claire, neta de dona Rute. Me aproximo dela e vejo a lápide de dona Rute, o que mexeu muito comigo. — Quando aconteceu? — Pergunto lhe abraçando. — No dia em que vocês foram lá em casa saber sobre a história da nossa família. Assim que vocês se foram ela começou a dizer que você era a avó dela. Nós achamos que ela estava começando a caducar, mas ela insistiu que conheceu a verdadeira avó e que agora poderia morrer em paz, e foi o que aconteceu. No dia seguinte, quando fui chamá-la, eu soube que minha avó não estava mais entre nós. Ela deixou uma carta para você. Eu estava procurando por uma jornalista quando vi sua foto em um jornal de culinária. — Ela me entrega o pacote e olha para mim. — Não me diga que minha avó está certa? Você é idêntica à minha bisavó. — Não posso te dar tanta certeza sobre nada agora. Até para mim essas coisas ainda são confusas. — Ela me abraçou apertado.
Um grito de pavor escapou por meu lábios, e as lágrimas inundaram meus olhos. Por que logo agora? Me deitei no chão e fiquei por não sei quanto tempo só deitada e chorando. Um tempo depois sequei minhas lágrimas, levantei do chão e peguei o telefone para ligar para minha amiga. — Oi, Bella, pensei que estivesse se reconciliando com seu homem? — Ela diz sorrindo, e eu permaneci em silêncio. — E… Ele se foi. — Digo apenas. — Calma, Bella. Daqui a pouco ele volta ou talvez nem tenha chegado ainda. — Diz com um sorrisinho, e sei que ela ainda não entendeu. — Luiza, ele se foi literalmente. Em um momento estávamos de mãos dadas, e no outro ele havia sumido. — Amiga, você quer que eu vá te fazer companhia? — Ela me pergunta solícita. — Amiga, não se preocupe comigo. Eu vou ficar bem, só preciso descobrir o que fazer para trazer ele de volta. — Se precisar de mim sabe muito bem onde me encontrar. — Ela diz, e sei que ela gostaria de falar mais coisas, porém não
— Até que fim vocês se acertaram. Sabe quantas vezes eu já tentei juntar vocês? — A velha senhora surge ao nosso lado. — Quer dizer que já passamos por isso? — Pergunto curiosa, e a mulher sorri. — Oitocentos e noventa e nove vezes. Tem um limite para o que posso fazer! Vocês quase perderam a chance, mas que bom que se acertaram. Bom, minhas crianças, agora vamos às opções. — Ela diz, e eu fico curiosa. — Vocês são almas gêmeas, destinados a ficarem juntos. — E o que isso quer dizer? — Pergunto confusa. — Quer dizer que vocês devem ficar juntos, independente de tudo o que aconteça, e é por esse motivo que eu estou aqui. — Então você é uma fada madrinha? — Pergunto, pois Ricardo está pensativo demais para perguntar qualquer coisa. — Não sou fada madrinha, sou uma amiga que luta para que todos encontrem sua felicidade. — Ela sorri, e Rick olha para mim. — Deixa eu continuar. Vocês têm duas opções, por favor, escolham com o coração. Opção um: Vocês poderão voltar
Elizabeth Stefan. Desde que vim para o futuro estou achando tudo muito estranho. Meu irmão já está bem habituado, já eu estou no processo. O pior para mim foi ter que abandonar minhas vestimentas. Amava meus belos vestidos armados, mas Isabella me explicou que nesse novo tempo as mulheres não usam vestidos armados, então precisei me adaptar. — Lisa, quer ir comigo e com Abby para boutique? — Minha cunhada entra em meus aposentos. — Gostaria muito. Se não for incomodar, é claro. — Digo a ela, que olha-me enfezada. — Você nunca atrapalha. Saiba que esses seis meses com vocês aqui estão sendo fantásticos. — Levanto-me e a abraço. — Vou arrumar-me e já descerei. Ela me manda um beijo, e Abby repete o gesto de sua mãe. Minha sobrinha é a criança mais amada do mundo, e isso ninguém pode negar. Seus pais lhe dão todo o amor e carinho que podem. Arrumei-me rapidamente e, logo que desço, já vejo Isabella brincando com Abby. Assim que me vê ela se levanta. Depois da c
Isabella Melo Stefan Nem acredito que um ano já se passou. Não posso reclamar da minha vida, pois ela está perfeita. Ricardo está abrindo o seu próprio escritório de contabilidade. A ampliação da minha boutique deu super certo, e já estou conversando com os empresários na França para levar Viollet’s Coffee para lá. Vai ser a realização de um sonho. Nossa pequena Abby é a coisa mais fofa do mundo! Ela já está falando muitas coisas e faz fofocas também, Ontem mesmo ela reclamou com Rick, dizendo que eu não coloquei o vestido preferido dela. Na escolinha também só dá ela. A professora fala que ela é sensação do maternal. — Mamãe, cadê bolo? — Ela veio correndo perguntar com sua amiguinha ao lado. — Ainda não está na hora, mas podem comer um docinho cada uma. — Vou até a mesa e entrego a elas. Hoje é a festinha dela de dois anos, e decidimos fazer uma festa com os amiguinhos dela. Meus amigos estão aqui, e os funcionários mais antigos da boutique também estão presentes. Má
Por Isabella MeloDepois de um dia cansativo na minha boutique, avisei a Marcio que estava indo para o hospital ver minha avó e ele disse que segurava as pontas e me pediu para dar um beijo na minha avó, agradeci a ele pela a ajuda e fui para o hospital onde minha avózinha está internada, durante o trajeto por que não sei comecei a lembrar de um livro da Carina Rissi que amo muito. Cheguei ao hospital, fantasiando novamente sobre viagens no tempo e imaginei como seria fazer uma viagem dessas. Resolvi deixar essas coisas de lado e entrei no hospital Vanessa, assim que me avista, me cumprimenta e, como sou presença assídua no hospital, ela já deixa o meu crachá preparado. — Dona Hilda estava contando para as enfermeiras que finalmente a netinha dela a visitará hoje. — Nossa! Ela fala como se eu não estivesse aqui todos os dias. Vanessa ri, e eu sigo o meu caminho para o quarto 509, e lá está a minha avó, que se tornou meu tudo. Dói ver aquela mulher ativa nesse estado. Apro
Por Ricardo Stefan Mais um dia sem minha adorável e valente esposa. Pergunto-me porque o bom Deus não me levou em seu lugar. Ela estava feliz e conseguindo mudar a mente de nossa atrasada sociedade. Como sinto falta de sua maravilhosa pele amendoada. Travamos grandes batalhas por nosso amor e não há nada do que eu me arrependa, nem mesmo de ter aberto mão de meu título de nobreza por Isabella. O choro de nossa filha tira-me de meus devaneios. Pego a pequena Abgail em meus braços, e ela se aninha em meu peito e logo seu choro cessa, dando lugar a pequenos soluços. Nossa pequena “Abby”, como dizia Isabella, herdou os traços de sua mãe e a cor da pele também. Já seus olhos são expressivos e verdes como esmeraldas, iguais aos meus, e seus cabelos pretos me lembram ondas do mar. Abro o relicário de minha falecida esposa e lá está retratada a nossa família antes dela ser retirada de nós. Olho para Abby e prometo a mim mesmo que cuidarei dela com afinco. Ouço leves batidas na porta