Ricardo Stefan Isabella ficou um tanto estranha após ter ido ao cemitério, mas é compreensível, já que perdera a única parente viva. Todas as noites ela pede para que eu durma com ela, e, mesmo não achando certo, não tenho como recusar o convite. Porém apenas dormimos, nada mais. Minha consciência pesa, afinal, só se pode dormir na mesma cama se for casado, porém como esse século é modificado, Bella diz que não há problema. Hoje estamos nos despedindo das meninas, que estão partindo para seus lares. Sentirei saudade das três: Elizabeth, com sua estranha e engraçada risada, Sally, por seu vocabulário um tanto peculiar, e a Stefany, que das três é a mais tímida e a que pareceu mais sensata. Bella está se despedindo de suas amigas em um lugar que ela chamou de... “aeromoço” ou um nome semelhante, não lembro. As coisas ainda são confusas para mim. Nesse século tem um transporte que pode cortar os céus. Me sinto um parvo às vezes por não saber de nada disso. Eles não sabem
Isabella Melo Aquele miserável me paga! Como ele pôde fazer isso comigo? Eu confiei cegamente nele! Como você foi burra, Isabella! Pego o meu celular e ligo para Márcio. No segundo toque ele atende, e peço que tome conta da boutique enquanto Ricardo e eu iremos resolver uma questão importante. Desligo sem lhe dar chance de dizer algo e volto a minha atenção para a pista. Sempre tive um pé atrás em relação a Fernando, mas Cadu me dizia para relaxar. Dizia que eu era muito cismada com as coisas, e agora vejo que estava certa. — Posso lhe fazer uma pergunta? — Sinto incerteza em sua voz. — Com toda a certeza. — Tento o encorajar. — O que ocasionou o seu terror noturno? — Olho de soslaio, e ele está me encarando, o que me deixa um pouco desconfortável. Foco minha atenção na pista. — Foi uma série de sonhos estranhos, que resultaram no meu pesadelo. Mas não foi nada demais, não precisa se preocupar. — Por que sinto que essas palavras não são verdadeiras? — Ele co
Ricardo Stefan Isabella está visivelmente abalada e isso parte meu coração, afinal, ela confiou no amigo de Carlos Eduardo e no fim ele acabou sendo um patife — e ainda insinuou que o marido a traiu! Por mais que ela diga não acreditar nas palavras dele, sei que no fundo ela duvida. No meu tempo isso era bem comum: os homens buscavam damas noturnas para se satisfazerem enquanto as esposas ficavam em seu lar bordando, dando ordens aos criados e cuidando dos filhos. Muitas delas eram infelizes, mas naquela época nada se podia fazer. Meu pai era um exemplo de marido fiel, e quando cresci eu sonhava me tornar como ele. E sempre dizia que quando encontrasse o amor, me casaria com ela e seria-lhe fiel, assim como meu pai para com a minha mãe. — Rick, não me olha assim. Estou bem. — Por mais que Isabella queira se fazer de forte, sei que ela está abalada com a recém descoberta. — Se quiser conversar, estarei aqui à disposição. — Ela sorri para mim e volta a atenção para a pista.
Bernardo Lopes Mal chegamos em casa, e sou interceptado por Luiza, porém já sei o que ela quer saber. — Ricardo te contou alguma coisa? Ele está nos escondendo alguma coisa. — Minha adorável esposa e seu faro de detetive não vão me deixar em paz. — Conversei com o Ricardo, e ele me disse que aconteceram algumas coisas sim, mas ele não me contou. — Lá vem o interrogatório. — E por que você não me disse isso? Se eu soubesse que realmente havia algo errado eu arrancaria a verdade dele nem que fosse a pontapés. — E lá vamos nós tentar acalmar a fera. Às vezes me sinto aquele cara da novela o Cravo e a Rosa, o Petruchio. — Amor, o Ricardo está certo. Temos que dar tempo ao tempo. Assim que ela estiver pronta nos contará a verdade. — Luiza estava debatendo comigo e listando os motivos pelos quais devemos saber o que está acontecendo com Bella, até que meu celular apita. “Ricardo, você foi escalado para ir à São Paulo cobrir o jogo Flamengo x Corinthians.” “Felipe, q
Isabella Melo — Desfaz essa cara, Lu. Você sabe que se o Bê pudesse escolher ele ficaria com você. — Ricardo e eu estamos há um tempo tentando convencer a minha amiga a parar de ser turrona, mas estamos falhando nisso. — Podemos fazer algo divertido quando chegarmos lá. Que tal uma sessão de filmes com várias guloseimas? — Como sei que ela é muito viciada em doces, resolvo tocar seu ponto fraco. — Me convenceu com os doces. Podemos ver um filme de lobisomens sem camisa? — E já sei de que filme ela está falando. — Só se esse filme tiver um certo vampiro que brilha no sol. — Você não se cansa de ser #teamvampiro? — Meu bem, eu se pudesse seria igual à Bella e tiraria uma casquinha dos dois. — Nós duas começamos a rir, e vejo que Rick nos olha com curiosidade. — Eu sei que você está confuso, Rick. Estamos falando de um de nossos filmes favoritos, a saga crepúsculo, que tem vampiros, lobisomens, humanos burros, humanos espertos, híbridos fofos e a Bella, que é bu
Luiza Lopes Estava irritada com Bernardo por ele ter que viajar e me deixar sozinha. E fiquei com mais raiva ainda quando ele sugeriu que eu ficasse com a mãe dele, parece que não sabe que nós não nos damos bem. Depois que cheguei à casa de Bella ele me ligou para agradecer que fiz a mala dele, e acabamos fazendo as pazes. Sei que ando muito irritada por conta do final de gravidez e estou descontando nele, que está aguentando sem reclamar. Estava pronta para assistir ao filme dos lobisomens sem camisa e dos vampiros que brilham no sol, até que Márcio enviou uma mensagem para Bella contando sobre a nossa banda favorita, e faz tempo que não vemos as meninas. Fiquei empolgada, mas minha amiga tem um instinto protetor muito forte e não queria que eu fosse, porém sou mais persistente do que se imagina e consegui fazer com que ela viesse. E aqui estamos nós no HØC, relembrando os velhos tempos e contando algumas histórias para Rick, que ora ri, ora fica sem entender. Esse cara é mei
Ricardo Stefan Estamos em um show de rock. Ao que parece, a tal banda é a preferida deles. Tento me esforçar ao máximo para me... como eles dizem, “me misturar com a galera”, mas estou encontrando dificuldades. Isabella, mesmo preocupada com a senhora Luzia, está animada. Agora ambas estão cantando e dançando uma música que, pelo o que entendi, se chama “malandragem”. De onde venho, ser um malandro não é apropriado, mas nesse tempo parece não haver problemas. As pessoas desse tempo agem de forma diferente do meu tempo, às vezes até leviana. Sei que estou dando trabalho para Isabella e espero um dia poder retribuir todo o apoio que ela me oferta. — O que foi, Rick? — Bella se aproxima de mim, e só Deus sabe o esforço que faço para não beijá-la. — Não é nada. Apenas estou pensando em algumas questões que são conflitantes para mim. — Quer que eu te ajude com algo? Se tiver alguma dúvida não hesite em perguntar. — Como pode a minha Isabella atravessar os anos e continu
Isabella Melo Após o show fomos para casa, e Rick rapidamente sobe para o quarto, deixando Luiza e eu sozinhas. Fomos para a cozinha, e minha amiga, como de costume, começa a devorar os cupcakes. — Luiza, assim não vai sobrar nada para amanhã. — Reclamo, e ela apenas dá de ombros. — Para de ser chata e me deixa comer só mais um, não vai nem fazer falta. — Ela me olha com carinha pidona, e acabo deixando-a comer. — Amiga, me responde uma coisa, por que Ricardo é tão estranho? E o que há entre vocês? Solto um suspiro e penso em como vou explicar o que ele me disse e o que eu vi há uns dias atrás. Estava me preparando para responder quando ouço o grito de Rick e corro para seu auxílio. — Rick, abre a porta! Está tudo bem aí? — Pergunto preocupada, pois ele deu um grito tão estridente que quase me fez pular da cadeira. — Sim, Isabella. Aconteceu um pequeno incidente aqui, mas não precisa se preocupar. — Suas palavras não me transmitem segurança, e fico um pouco m