Ricardo Stefan Isabella está visivelmente abalada e isso parte meu coração, afinal, ela confiou no amigo de Carlos Eduardo e no fim ele acabou sendo um patife — e ainda insinuou que o marido a traiu! Por mais que ela diga não acreditar nas palavras dele, sei que no fundo ela duvida. No meu tempo isso era bem comum: os homens buscavam damas noturnas para se satisfazerem enquanto as esposas ficavam em seu lar bordando, dando ordens aos criados e cuidando dos filhos. Muitas delas eram infelizes, mas naquela época nada se podia fazer. Meu pai era um exemplo de marido fiel, e quando cresci eu sonhava me tornar como ele. E sempre dizia que quando encontrasse o amor, me casaria com ela e seria-lhe fiel, assim como meu pai para com a minha mãe. — Rick, não me olha assim. Estou bem. — Por mais que Isabella queira se fazer de forte, sei que ela está abalada com a recém descoberta. — Se quiser conversar, estarei aqui à disposição. — Ela sorri para mim e volta a atenção para a pista.
Bernardo Lopes Mal chegamos em casa, e sou interceptado por Luiza, porém já sei o que ela quer saber. — Ricardo te contou alguma coisa? Ele está nos escondendo alguma coisa. — Minha adorável esposa e seu faro de detetive não vão me deixar em paz. — Conversei com o Ricardo, e ele me disse que aconteceram algumas coisas sim, mas ele não me contou. — Lá vem o interrogatório. — E por que você não me disse isso? Se eu soubesse que realmente havia algo errado eu arrancaria a verdade dele nem que fosse a pontapés. — E lá vamos nós tentar acalmar a fera. Às vezes me sinto aquele cara da novela o Cravo e a Rosa, o Petruchio. — Amor, o Ricardo está certo. Temos que dar tempo ao tempo. Assim que ela estiver pronta nos contará a verdade. — Luiza estava debatendo comigo e listando os motivos pelos quais devemos saber o que está acontecendo com Bella, até que meu celular apita. “Ricardo, você foi escalado para ir à São Paulo cobrir o jogo Flamengo x Corinthians.” “Felipe, q
Isabella Melo — Desfaz essa cara, Lu. Você sabe que se o Bê pudesse escolher ele ficaria com você. — Ricardo e eu estamos há um tempo tentando convencer a minha amiga a parar de ser turrona, mas estamos falhando nisso. — Podemos fazer algo divertido quando chegarmos lá. Que tal uma sessão de filmes com várias guloseimas? — Como sei que ela é muito viciada em doces, resolvo tocar seu ponto fraco. — Me convenceu com os doces. Podemos ver um filme de lobisomens sem camisa? — E já sei de que filme ela está falando. — Só se esse filme tiver um certo vampiro que brilha no sol. — Você não se cansa de ser #teamvampiro? — Meu bem, eu se pudesse seria igual à Bella e tiraria uma casquinha dos dois. — Nós duas começamos a rir, e vejo que Rick nos olha com curiosidade. — Eu sei que você está confuso, Rick. Estamos falando de um de nossos filmes favoritos, a saga crepúsculo, que tem vampiros, lobisomens, humanos burros, humanos espertos, híbridos fofos e a Bella, que é bu
Luiza Lopes Estava irritada com Bernardo por ele ter que viajar e me deixar sozinha. E fiquei com mais raiva ainda quando ele sugeriu que eu ficasse com a mãe dele, parece que não sabe que nós não nos damos bem. Depois que cheguei à casa de Bella ele me ligou para agradecer que fiz a mala dele, e acabamos fazendo as pazes. Sei que ando muito irritada por conta do final de gravidez e estou descontando nele, que está aguentando sem reclamar. Estava pronta para assistir ao filme dos lobisomens sem camisa e dos vampiros que brilham no sol, até que Márcio enviou uma mensagem para Bella contando sobre a nossa banda favorita, e faz tempo que não vemos as meninas. Fiquei empolgada, mas minha amiga tem um instinto protetor muito forte e não queria que eu fosse, porém sou mais persistente do que se imagina e consegui fazer com que ela viesse. E aqui estamos nós no HØC, relembrando os velhos tempos e contando algumas histórias para Rick, que ora ri, ora fica sem entender. Esse cara é mei
Ricardo Stefan Estamos em um show de rock. Ao que parece, a tal banda é a preferida deles. Tento me esforçar ao máximo para me... como eles dizem, “me misturar com a galera”, mas estou encontrando dificuldades. Isabella, mesmo preocupada com a senhora Luzia, está animada. Agora ambas estão cantando e dançando uma música que, pelo o que entendi, se chama “malandragem”. De onde venho, ser um malandro não é apropriado, mas nesse tempo parece não haver problemas. As pessoas desse tempo agem de forma diferente do meu tempo, às vezes até leviana. Sei que estou dando trabalho para Isabella e espero um dia poder retribuir todo o apoio que ela me oferta. — O que foi, Rick? — Bella se aproxima de mim, e só Deus sabe o esforço que faço para não beijá-la. — Não é nada. Apenas estou pensando em algumas questões que são conflitantes para mim. — Quer que eu te ajude com algo? Se tiver alguma dúvida não hesite em perguntar. — Como pode a minha Isabella atravessar os anos e continu
Isabella Melo Após o show fomos para casa, e Rick rapidamente sobe para o quarto, deixando Luiza e eu sozinhas. Fomos para a cozinha, e minha amiga, como de costume, começa a devorar os cupcakes. — Luiza, assim não vai sobrar nada para amanhã. — Reclamo, e ela apenas dá de ombros. — Para de ser chata e me deixa comer só mais um, não vai nem fazer falta. — Ela me olha com carinha pidona, e acabo deixando-a comer. — Amiga, me responde uma coisa, por que Ricardo é tão estranho? E o que há entre vocês? Solto um suspiro e penso em como vou explicar o que ele me disse e o que eu vi há uns dias atrás. Estava me preparando para responder quando ouço o grito de Rick e corro para seu auxílio. — Rick, abre a porta! Está tudo bem aí? — Pergunto preocupada, pois ele deu um grito tão estridente que quase me fez pular da cadeira. — Sim, Isabella. Aconteceu um pequeno incidente aqui, mas não precisa se preocupar. — Suas palavras não me transmitem segurança, e fico um pouco m
Luiza Lopes Acordo sentindo algumas dores, mas como estão suportáveis, creio que seja normal, e outra: se eu contar para Bella é capaz dela querer me arrastar para o hospital, e não quero ter que cancelar meu chá de bebê. Me disseram que era loucura fazer ele prestes a dar a luz, porém o meu horóscopo disse que essa data seria perfeita para eventuais festas. Sinto mais uma leve pontada e ponho a mão na barriga. — Está tudo bem, Lu? — Minha amiga pergunta, e rapidamente disfarço. — Claro que está. Estou irritada com essa demora para chegar ao cemitério. — Em partes é verdade. Sou uma pessoa muito curiosa, e essa história de Bella é digna de um livro. — Calma, apressadinha! — Ela sorri e continua a dirigir como uma lesma. Chegando ao cemitério, antes de tudo fomos fazer uma oração para dona Hilda, e assim que trocamos as flores, fomos direto para o túmulo, onde constato que o Bella me contou era verídico. Vejo os túmulos de Rick, de Bella e Abgail. Olho para minha am
Isabella Melo O chá de bebê de Théo foi uma loucura. Luiza já estava terrivelmente estressada e, para que ela não tivesse um colapso nervoso, tomei a frente para ajudá-la. Me pergunto quem em sã consciência faz um chá de fraldas no final da gestação, mas essa é a minha amiga, ela deixa tudo para o último minuto. Estava terminando de limpar a bagunça da cozinha quando meu celular toca e vejo o nome do meu amigo no visor. — Fala, chato! — Ele dá uma gargalhada do outro lado. — Bella, como está a Luísa? — Ele sempre foi preocupado com a esposa, e agora, no final da gestação, sua preocupação aumentou. — Ela está bem, apesar de estar com um pouco de dor. — Ele solta um suspiro pesaroso. — Me deixe adivinhar: ela não contou para você que estava sentindo dor? — Você conhece a sua esposa, mas fique tranquilo que estou de olho nela. Vai voltar amanhã mesmo? — Ele ouve a minha pergunta, e ouço outro suspiro. — A intenção era voltar pela manhã, mas mudaram meus pl