Luciana
Estranhamente, depois daquela conversa que tivemos na noite anterior, Christofer tomou a decisão de me deixar completamente sozinha para pensar sobre o que ele me disse.
Ele sabia que estava insistindo muito em um momento em que eu deveria estar dividida. Mas, a verdade é que eu não estava. Eu tomei a decisão de esquecer Otávio completamente depois do que ouvi.
Cada vez que as frases dele ressoavam em minha mente eu sentia mais raiva. Uma vida inteira de rejeições me fez ter a vontade de fugir de todos ao menor sinal de toxicidade, e isso foi acontecendo comigo.
Eu comecei a sentir um amargo na boca ao pensar em Otávio, e pincelei com mancha as memórias que eu tinha dele, pois não eram reais.
Meu defeito ia me salvar de novo.
“Eu sei que está ferida.” Christofer voltou à minha mente.
“Não
Luciana— Do que está falando? — Parei de andar no mesmo momento e virei de frente para ela.— Não se faça de sonsa. — Ela riu. — O cara que você finge que é seu namorado estava na festa do Renan, não sabia? Dando em cima de várias garotas. Ele até pediu para ficar comigo, mas eu recusei.Paralisei. Eu só queria que ela parasse de falar, mas me atingiu como um soco essa informação.Senti meus olhos ardendo, aquele assunto me abalava cruelmente. De novo a fidelidade de Christofer em cheque.
NarradorA banda ia ensaiar uma música nova. Com os instrumentos consertados, puderam largar os velhos e fazer um ensaio digno. Christofer deu um último gole no milkshake, deu mais uma olhada no visor do celular e o guardou no bolso. Daí posicionou sua guitarra e aguardou seus colegas iniciarem o ensaio.A voz dele era linda. Parecia um anjo infernal em seus agudos. Ouviram aplausos da equipe técnica quando a música acabou, e fizeram uma pausa.Enquanto isso, Christofer olhou no celular de novo. Nenhuma notificação. Mexia no celular o tempo todo ultimamente, mas de ontem para hoje estava batendo todos os recordes. Luciana tinha mandado uma mensagem confessando saudades, e ele perguntou que horas ela sairia da faculdade, sem obter resposta. Na verdade, desde o dia anterior ela estava sem respondê-lo.Ela ia pensar sobre o pedido que ele fez e sumiu? Não era nada bom.Talvez
LucianaSuspirei de angústia e tristeza todo o resto do tempo.— Eu quero você. — Esclareci, caso ele não tenha percebido.— Tem que querer só eu. — Ele fez uma expressão zangada. Talvez, só de lembrar que meus sentimentos não eram exclusivamente seus, tenha se chateado.— Chris, eu… — Não completei a frase. Ele estava certo, estava sempre certo. — Eu só quero você.Sua condição era legítima. Mesmo assim, como ele planejava ficar assim tão perto como estava propondo e não fazer nada?Não fazia sentido para mim. Ele exigia que eu esquecesse Otávio... Mas, seria muito mais fácil se nossa relação desse um passo adiante.— Eu vou te conquistar com meu amor, não com meu corpo. — Ele declarou. Fim de conversa.Eu ache
LucianaVirei o rosto, ruborizada e sem palavras. A sala dele era diferente daquele ângulo. Como não falei nada, ele fechou a mão em meu queixo e me fez olhá-lo. Ele estava bem sério, e disse:— Eu juro que estou tentando te respeitar de todas as formas possíveis, então me ajude.Eu não queria que ele me respeitasse. Eu queria que ele continuasse me mostrando sensações novas e que me tocasse, que fizesse comigo qualquer coisa safada que ele quisesse fazer. Que azar ser justamente a pessoa de quem ele resolve gostar.Então, Christofer se afastou. Eu sei que ele estava fazendo realmente o que disse. Pelo que já aconteceu algumas vezes, ele tinha certa facilidade em ficar “empolgado”, digamos assim.Ele passou alguns minutos no quarto, fazendo algumas arrumações. Eu fui atrás dele um tempo depois para
Luciana— Não sei mais o que fazer para você parar de pensar isso... — Ele suspirou, bem chateado.— Você se incomoda que eu pense isso? — Indaguei.— É claro. Você nunca vai me levar a sério enquanto pensar isso de mim.— Ah, Chris… — Mordi o lábio inferior, preocupada com os pensamentos dele. — Eu levo você a sério, sim. Por isso estamos namorando.Christofer suspirou.— Tem um motivo pelo qual você sonhou tanto com Otávio. De alguma forma, ele pode te oferecer um amor mais maduro. — Christofer falava com o coração agora. — Eu pensei muito nisso. Você precisa de segurança e proteção. Eu sempre sofro algum tipo de assédio aonde quer que eu vá, e sei que isso te incomoda e te afasta de mim.— Eu
LucianaSe ele dormisse antes de mim, não haveria problema. A grande questão era de 3 às 6 horas da manhã, o horário que Alessandra já comentou que eu falava durante o sono.Comi meus pães de queijo e vi que, após muitas indagações internas, Christofer assentiu, derrotado.Eu passei a manhã toda colocando gelo no tornozelo. Estava desinchando tão depressa que Christofer já me achava capaz de ir para a faculdade por mais que eu negasse e dissesse que ia morrer com a perna doendo.Ele passava muito tempo rabiscando papéis e usava um óculos que o deixava super fofo. Eu deixava a porta fechada para não atrapalhá-lo e ficava assistindo Casos de família pelo Youtube na Smart TV do quarto dele. Insisti para ficar reclusa dessa vez, assim garantindo que ia atrapalhá-lo o mínimo possível.<
NarradorLuciana continuou sua aula normalmente. Suspirava, sem querer, enquanto ouvia algumas coisas a seu respeito.— Ela tem um namorado, mesmo.— Como ela conseguiu aquele cara tão bonito?— Ele é um tesão.— A Estela mentiu?— Ele não era acompanhante dela?Apesar de gostar do que ouviu, Luciana preferia ser invisível. Principalmente porque Alessandra não estava ali.Estela, de fato, não gostou nada da situação exposta e de passar por mentirosa. No intervalo, às 10 horas, ela pegou o celular e foi nervosamente trocar mensagens com o aluno fantasma: Renan.Ele não respondeu a nenhuma das mensagens dela, então ela teve que ligar. Com uma voz de sono, já que ainda faltavam 2h para ele acordar em seu horário habitual, Renan atendeu e disse:— O que vo
Luciana— V-V-Vo-Você me ama? — Perguntei, tão nervosa que meus joelhos tremulavam. Por que ele disse aquilo? Ele está apenas acalorado pelo momento.Amor é algo muito forte. Muito, muito sério.Eu pensava nesse sentimento como algo que se adquire após anos de casado.— Sim. — Ele disse, ruborizado, com os lábios já muito perto e se aproximando cada vez mais. Seus dedos insistentemente percorriam meus cabelos. — Eu te amo e nada vai apagar o que sinto.Pensei em ter um desmaio. Senti minha pressão descendo, meus antebraços se eriçando. Cada poro doeu agudamente.Eu nunca imaginei que poderia provocar o amor de alguém.Eu não sabia como reagir a uma declaração dessas, e não sabia como corresponder, mas quando fui ver era tarde demais. Os lábio