Narrador
Christofer nunca se deparou com situações assim. Ele estava acostumado com garotas completamente apaixonadas por ele, e seu desafio sempre era lidar com ciúmes e possessividade.
Ele nunca teve que lidar com uma garota que não gostava dele, ou pior, que sofria por outro.
Ele não sabia lidar.
— Luci, não acabou ainda. — Christofer disse, sem orgulho algum. Ele preferia insistir em ser um cupido a vê-la sem esperanças e com a autoestima completamente destruída.
— Você não ouviu as palavras dele? — Ela perguntou. Ela achava que lembrar e se machucar ia ajuda-la a superar.
— Luci…
— Eu já me decidi, Chris… — Ela saiu pela porta do elevador e foi andando até a portaria. Christofer estava frustrado, mas não o bastante para deixá-la ir embora naquela situação.
Ele, definitivamente, preferia bancar o cupido. Suas demonstrações de afeto não foram nem perto do bastante para conquista-la, e aceitar que ela fosse embora era aceitar que não tinha mais motivos para vê-la.
Por que ele queria tanto insistir?
Estava obcecado?
Esse sentimento era uma droga.
Sem entender exatamente por que iria guardar seu orgulho no bolso, Christofer se prontificaria a continuar tentando. Ele disse:
— Luci, eu vou explicar tudo a ele, ok? Não chore! — Ele entrou no caminho dela e o bloqueou, segurando-a pelos ombros. Luciana passou os pulsos nos olhos, secando as lágrimas. Ela já tinha o celular em mãos, estava falando com o chofer, ansiosa para ir embora.
— Ele disse que nunca vai se interessar por mim! — Luciana relembrou, até que alto demais para manter o sigilo da conversa.
— É porque ele nos viu juntos. Eu vou explicar tudo a ele, está bem? Não chore, por Deus. — Christofer tentou, desesperadamente, convencê-la de que conseguiria, de que daria certo. Tudo para ver o mínimo de esperança cruzar os lindos olhos dela novamente.
Os cílios dela eram naturalmente muito lindos e espalhados. Vê-los molhados era uma lástima.
Christofer a amparou em seu peito, garantindo que faria como disse. Ele estava muito preocupado, faria tudo para que ela sorrisse o mais depressa possível.
— Acha que ainda existe esperança? — Luciana indagou, com seus grandes olhos castanhos abertos, expondo toda a sua inocência. Christofer sentiu que todos os sentimentos dela estavam concentrados em sua resposta.
— Sim. — Ele admitiu, a contragosto. Mesmo que não houvesse esperança, ele criaria. Nem que tivesse que ameaçar Otávio. De repente, a felicidade dela se tornou o objetivo mais importante e imediato dele. — Eu vou conversar com ele agora.
— Por favor, Chris… — Ela o abraçou com muita força e intensidade, como nunca fez antes.
Estava tudo bem. Ela estava alegre de novo.
Agora ele tinha que lidar com as pendências de sua promessa.
Ele faria qualquer coisa. Luciana estava feliz de novo, então ela realmente gostava de Otávio. Aquele era o sinal que ele deveria usar para sair correndo, fugir e se esconder.
Mas, não. A maldita teimosia.
Christofer suspirou. Não estava feliz, mas, pelo menos, ela tinha parado de chorar.
Ela segurou o rosto dele com sua pequena mão e depositou um beijo na outra face. Era incrível como, quando se tratava de Otávio, ela explodia em sentimentos.
— Por favor, me diga como foi a conversa. Diga que nunca houve nada entre mim e você, que nunca vai haver. — Ela pediu.
— Ok. — Christofer desviou o olhar. Foi um pedido bem amargo, na verdade.
Na conversa que eles estavam tendo antes, ela já tinha demonstrado indícios de que queria fugir.
Talvez ele devesse desistir.
Não.
Com certeza ele devia desistir.
Devia cumprir o acordo até o fim. E só.
O que o impedia?
Ele acompanhou com os olhos quando ela entrou no carro, o chofer era o mesmo de sempre, então ela estava segura.
Christofer voltou ao apartamento. Estava pensativo e confuso. Ele não sabia o que fazer. Apesar de ter prometido interceder por ela, provavelmente ele sairia ferido nisso.
Ele não sabia se queria dar seguimento a esse plano. Por um momento, pensou em falar toda a verdade para Otávio ou, simplesmente, dizer a Luciana que não conseguiu dissuadir seu irmão.
Christofer, definitivamente, não queria empurrá-la em direção ao seu irmão. E não queria que Otávio soubesse o poder que tinha sobre ela.
Mas, ele tinha que pensar em si primeiro.
Otávio ainda estava lá no apartamento do irmão, sentado no sofá, bebendo um dos uísques caros de Christofer.
— Quer fazer o favor de me explicar o que aconteceu aqui? — Disse o mais velho.
— Já pegou sua chave? Vá embora. — Disse Christofer, apontando para a porta. Não estava com vontade de conversar no momento, precisava pensar. Definitivamente, nunca teve tanta dúvida em relação aos seus sentimentos. Ele sempre soube muito bem o que queria e o que não queria.
— Se entendi bem, essa menina está interessada em mim. — Insistiu Otávio. — O que está fazendo no seu apartamento, para começo de conversa?
— Já disse que somos amigos. — Christofer jogou a chave do apartamento sobre a mesa, desgostoso.
— Amigos que se beijam? — Otávio deu uma risada sarcástica.
— O beijo foi sem querer. — Christofer disse, abaixando o tom de voz. Não sabia mentir.
— Vamos supor que foi mesmo como disse. Como começou essa amizade? — Otávio cruzou os braços, bem curioso com a resposta.
— Não te interessa. — Christofer apontou a porta. Por mais que precisasse conversar com Otávio para resolver a questão de Luciana, não tinha cabeça no momento. Já tinha feito muito ao justificar aquele beijo. — Quer fazer o favor de ir embora? Você já ajudou bastante.
— Gosta dessa garota? — Otávio ergueu uma sobrancelha.
— Eu já mandei você ir embora. — Christofer abaixou as pálpebras e falou com desprezo. Foi até a cozinha pegar algo para beber depois que o irmão fosse embora. Contudo, Otávio o seguiu.
— Ah, maninho… Você nem tenta disfarçar. Está interessado logo na garota que se declarou para mim, você não muda... — Otávio deu de ombros. — Está sempre querendo o que me pertence. Eu sabia que, dado o seu caráter invejoso, isso aconteceria em algum momento em nossa vida. Agora até me despertou um certo interesse.
Destruindo a calmaria com um ruído alto, Christofer empurrou Otávio na geladeira automaticamente. O eletrodoméstico se deslocou de sua posição inicial com um rangido devido ao choque, e Otávio ficou um pouco perplexo com a rapidez daquela reação.
— Não se atreva a brincar com ela. — Os olhos de Christofer estavam frios.
Otávio riu da agressividade do irmão, ainda que um pouco nervoso com o gesto.
— Estressado. Não adianta fazer suas artes marciais, vai continuar irritado e insatisfeito, Chris. — Ele tirou a mão do irmão de seu ombro e balançou a chave do carro. — Diga a ela que aceito. Quero conhecê-la melhor.
Otávio foi embora, deixando para trás o irmão encolerizado e nervoso.
O passar dos anos era irrelevante. Otávio continuava sendo o único a deixar Christofer severamente mal.
***
Alessandra estava em casa lendo uma revista quando ouviu a chave na porta. Seus pais finalmente chegaram da viagem a negócios. Aquela não era como todas as outras, pois uma conversa era esperada.
Se antes Alessandra ignorava o retorno dos pais, agora estava angustiada com isso.
— Alessandra? — Chamou Estefânia, vendo a filha em pé na sala. A mãe de Alessandra era uma linda ruiva com corpo de modelo e elegância natural. O tempo só a deixou mais bonita. Contudo, toda a sua beleza tinha desaparecido naquele rosto assustado. — Minha filha, é verdade aquela mensagem?
Alessandra somente assentiu. A maneira que ela lidava com as situações era peculiar. Não estava mentindo, quem lhe dera.
— Minha filha, como isso foi acontecer? — Estefânia demonstrava dor e decepção. Mas, queria ajudar. Só que não sabia como, não tinha sensibilidade para este tipo de situação. Não sabia como abordar ou ajudar a própria filha.
— Preciso explicar que jovens trepam? — Alessandra indagou, com ojeriza na voz elevada.
— Fale direito com sua mãe! — O pai dela exigiu, jogando a mala no chão. Era um homem de meia-idade, mas alto e elegante. — Não basta o que você fez?
Após revirar os olhos, Alessandra jogou a revista na mesa.
— Se querem me expulsar de casa, façam logo isso. Eu já estou muito feliz com a novidade, então...
— Filha… — Estefânia viu Alessandra caminhando até a porta. Ela tinha um apego forte com a filha, afinal era sua versão jovem. Estefânia sentia-se culpada por uma vida dedicada ao trabalho, toda a distância entre ambas se refletia na frieza de Alessandra e em toda essa situação atual. Faltou conversa. — Você tem certeza que quer ter esse bebê?
— Como disse? — Alessandra arregalou os olhos amendoados, que ficaram marejados instantaneamente, perdendo a luta contra uma torrente de emoções.
— Seu pai e eu conversamos durante a viagem. — Disse Estefânia. Não sabia lidar com aquele tipo de situação, então era difícil para ela demonstrar corretamente o quanto amava a filha. — Nós vamos apoiá-la caso não queira a criança. Vamos te dar todo o suporte.
— Tem certeza? Ou vai ter que atender mais uma ligação no celular quando o maldito médico estiver enfiando um espeto dentro de mim? — Alessandra indagou, cuspindo as palavras.
— Filha… — Estefânia tentou falar, mas ficou a sós com o marido naquele apartamento grande depois que a mais nova grávida bateu a porta fortemente atrás de si.
— Não adianta. Ela é rebelde. — Murmurou seu esposo. Com ele era oito ou oitenta. Ou estava com eles ou contra eles; Mas, Estefânia não era assim tão rígida, apesar de raramente demonstrar seu amor de mãe.
— Ela não fez esse filho sozinha, então se quer culpar alguém, a lista é grande, Alessandro!
Alessandro ficou quieto. Eles iam ter que esperar Alessandra acalmar os ânimos e retornar para ter uma conversa mais civilizada e menos emocionada.
A filha única deles sempre falava o que queria e ia embora. Não aceitava contrapontos.
***
Christofer ligou para Luciana de novo. Chamou até cair na caixa de mensagens. Ela não estava atendendo, devia estar bem triste.
Ele não conseguia deixar de se preocupar. Tendo em vista os acontecimentos na noite da festa somados ao que ela ouviu de Otávio no dia posterior, Luciana não devia estar psicologicamente bem.
Christofer tinha medo do que poderia acontecer, portanto foi visitá-la.
Durante todo o caminho, ele pensou no que fazer. Luciana queria Otávio mais do que tudo. Ele sabia que Otávio tinha sinalizado interesse, então estava tudo perfeito? Não.
Primeiro: tinha 99,9% de chances de Otávio estar brincando com Luciana, e somente para irritar Christofer.
Segundo: Christofer não queria uni-los. E essa era a questão mais importante.
Mas, se não usasse Otávio, com qual motivo Christofer ia continuar vendo Luciana?
Era isto. Se ele se recusasse a bancar o cupido, então estava tudo acabado.
Ainda indeciso, Christofer tocou a campainha de Luciana.
Ela não atendeu a porta, provavelmente não estava em casa. Mas, ele ficou ali esperando por um bom tempo, não ia desistir. Mais de meia hora se passou e ele esperou pacientemente até ouvir o elevador parando naquele andar.
Ela chegou.
— Chris… O que está fazendo aqui? — Luciana indagou, surpresa com a visita. Ela estava bonita, com seus cabelos compridos e lisos soltos. Usava um vestidinho amarelo florido que apertava na cintura.
Encantadora.
— Eu vim te ver. Você não atendia minhas ligações. — Christofer admitiu, e depois arriscou uma pergunta que não tinha intimidade para fazer, mas que ia fazer mesmo assim. — Onde estava?
Não foi uma grande questão para ela.
— Almoçando com minha mãe. Ela sempre me obriga a almoçar com algum velho rico. Já viu aqueles filmes de casamentos modernos arranjados? Então… — Luciana admitiu, indo abrir a porta do apartamento. Christofer notou que aquele era mais um obstáculo que ele nem tinha considerado ainda: a mãe de Luciana. — O que o trouxe aqui?
— Eu me preocupo com você, Luci… — Ele disse ao entrar.
— Você conversou com Otávio? — Ela parou de andar, mas não se virou para obter resposta. Esperava o pior resultado.
— Sim. — Ele disse, imediatamente roubando a atenção total dela.
— E aí? — Luciana segurou os antebraços dele, aflita. — O que ele disse? Você explicou que nós dois não temos nada?
— Expliquei. — Christofer admitiu, um pouco angustiado.
— E o que ele disse?
— Ele entendeu. — Christofer disse. Ele tinha planejado tudo e agora não tinha forças para executar.
— E o que mais? — Ela estava cravando as unhas na pele dele, nervosa.
— Ele é assim tão importante para você? — Christofer suspirou. — Tem muitos caras legais por aí, Luci.
— Quem?
— Eu.
Luciana revirou os olhos. Aquelas brincadeiras estavam ficando chatas, e justamente no momento mais importante. Ela simplesmente não conseguia levar a sério nada do que ele dizia. Contudo, pela piadinha, ela tinha entendido que a conversa com Otávio foi uma grande desgraça e ficou triste.
Não passou por sua cabeça que ele pudesse estar tentando mesmo declarar suas intenções.
— Você é um cara legal, mesmo. Eu sinto isso. — Ela disse, colocando sua bolsinha de tiracolo sobre o balcão da cozinha. Luciana pegou uma garrafa de vinho na geladeira e engargantou-a como se estivesse bebendo suco de uva.
— E então? Por que continua atrás desse cara? — Christofer insistiu, assustado com a capacidade dela de ingerir tanto álcool de uma vez só.
Ela suspirou. Precisava levar os assuntos de Christofer a sério se queria saber da conversa com Otávio. Ela afagaria o ego de Christofer por Otávio.
— Ah, Chris, você é perfeito. Infelizmente, eu… eu sempre gostei de homens mais velhos, sabe… Você é um fofo, mesmo… Sei que está fazendo o possível para que eu me sinta bem, mas… Não dá.
Christofer engoliu seco. Então ela finalmente revelou que ele não tinha chances.
Hora de desistir.
— Não estou tentando fazer isso. — Ele disse. Entendeu que ela estava interpretando tudo o que ele dizia como um galanteio motivador, mas não era verdade. Ele não estava tentando animá-la.
Ela não conseguia leva-lo a sério.
Por quê? Por causa da sua idade? Por causa das garotas que o cercavam? Era isso?
— Acho que eu me apaixonei pelo irmão errado. — Ela confessou e riu tristemente, tomando mais um gole de vinho. De fato, Christofer sabia dizer coisas mais bonitas de ouvir, ela pensou. Otávio dizia a dura e cruel verdade sem pena.
— Você pode deixar de gostar dele. — Christofer tirou a garrafa da mão dela.
— Não é fácil deixar de gostar de alguém, Chris... Mas, obrigada por tentar me animar, você é um bom amigo.
Amigo.
Ela não o via como homem.
Christofer suspirou tristemente. Ele não era páreo para o irmão.
Já passou da hora de desistir.
— Ele me odeia, não é? — Ela falou, quebrando o silêncio.
— Não. — Christofer respondeu ao notar que os olhos dela estavam marejados. Em vez de correr e tentar recuperar o que restava do orgulho, de aceitar que perdeu e que tinha se metido com a pessoa errada, ele ainda tentava animá-la.
— Você não me conta a conversa inteira! Eu tenho que ficar perguntando. — Luciana se irritou.
— Ele quer te conhecer. — Christofer admitiu, a contragosto.
Por quê?
Por que insistir?
— O quê?! — Luciana ficou de pé num instante. Cobriu a boca com as mãos, incrédula. — Está brincando comigo!
— Não estou. — Christofer revirou os olhos. Ele não esperava, mas ela pulou em seu colo. Agarrou o pescoço dele como aquelas mulheres quando os maridos retornam da guerra.
— Obrigada! Obrigada! Obrigada! — Ela repetiu uma dúzia de vezes antes de conseguir falar outra palavra.
Christofer segurou-a em seu colo, meio incerto do que sentir em relação a isso. Ele estava detestando essa situação, mas nunca viu os olhos de Luciana tão brilhantes. Nunca a viu tão feliz.
E ela beijou o rosto dele repetidamente. Foi gostoso.
— O que eu faço agora? — Ela se desvencilhou dele. Christofer ajeitou uma mecha de cabelo dela que tinha ficado bagunçada naquele ato, e ficou pensativo.
— Eu não sei. — Respondeu. — Fico aliviado por vê-la feliz, Luci.
— Eu estou realmente feliz! — Ela buscou uma almofada para abraçar. Estava rindo à toa. — Isso merece uma comemoração. Vou ligar para Alessandra imediatamente.
Christofer suspirou e sentiu que precisava ficar sozinho. Ele fez um gesto mostrando a porta, indicando que estava indo embora. Luciana tirou o telefone do ouvido e não entendeu a pressa dele.
— Já vai? — Ela perguntou.
— Sim, eu… Eu tenho algumas coisas para resolver. Só vim ver se estava bem. — Ele disse, desmotivado.
— Que pena. — Luciana colocou o celular no bolso e beijou o rosto dele docemente. Christofer queria muito virar-se e negar aquele beijo, mas não conseguiu. Ela percebeu um pouco o desconforto dele, afinal ele enrijeceu com o toque dos lábios dela, mas Luciana não agiu em relação a isso. — Não podemos terminar nossas aulas. Agora é que preciso me dedicar 100%.
— Luci, eu… — Ele hesitou. Não conseguiu dizer que não sabia se queria continuar com as aulas. Ele tinha medo de dizer algo e se arrepender.
O loiro somente assentiu e foi embora.
Luciana não conseguiu falar com Alessandra para comemorar o grande avanço em relação a Otávio. Depois, ela pensou se deveria abordar a amiga para oferecer aquela notícia. Alessandra estava fazendo o melhor possível para lidar com seus problemas, talvez Luciana não devesse incomodá-la com seus assuntos.
Luciana pediu alguns donuts e os comeu sozinha. Tinha o bastante para a semana toda.
***
Christofer não foi para sua casa imediatamente. Ele parou na praia para ficar pensando um pouco, sentado no banco do calçadão. A espuma da água na areia parecia tão confusa quanto seus pensamentos e sentimentos.
Não. Não quero mais fazer isso, pensou ele.
O acordo estava acabado.
NarradorChristofer demorou a dormir, e acordou muito cedo. Ele estava sofrendo de insônia ultimamente e isso estava se refletindo em sua paciência.No treino, ficou um pouco desligado. Só notou o quanto estava absorto quando Lucas, seu amigo e colega de treino, acabou lhe acertando um chute no braço em vez de acertar o alvo.— Desculpe! — Lucas exclamou, abaixando a perna e observando enquanto Christofer massageava a região atingida. — Você não segurou o alvo direito.— É, foi minha culpa. Estou desligado hoje. — Christofer suspirou e foi beber um pouco de água, sentado no tatame. Ele realmente não estava bem.— Vai para casa. — Lucas sugeriu.— Não quero. — Christofer respondeu, desinteressado no conselho. Ir para casa significaria ficar sozinho com seus pensamentos. Mas, inconscient
NarradorO silêncio foi o único recurso possível para assimilar essa declaração dele.— O quê?! — Os olhos dela quase caíram no chão, de tão arregalados. Luciana ficou nervosa e furiosa. — Como assim? Não pode fazer isso comigo agora, Chris… É quando mais preciso de você!— Você já tem o que queria: Otávio está interessado em você. Não precisa mais da minha ajuda. — Ele disse, pacificamente. — Você aprendeu a beijar. Muito bem, inclusive.— Não pode fazer isso comigo. — Luciana fez um beicinho e se humilhou, escondendo o rosto nos joelhos dele. — Não diga uma coisas dessas! Tem outras coisas que você precisa me ensinar.— O quê? — Ele perguntou, curioso.— Sexo.Christofer erg
Narrador— Gosto. — Ele respondeu, derrotado. Não parecia nem um pouco feliz com aquela confissão.Mas, gostar é algo bem genérico. Ela percebeu que deveria ter sido mais objetiva na pergunta."Gosta", ela pensou."Gosta como? Como amigos? Em caso positivo, também gosto dele.""Em caso negativo, caso ele goste de mim como mulher... Ele gosta de mim e de mais quantas?"Ela suspirou. Adiantava perguntar? Adiantava insistir?Christofer era como aquele amigo incrivelmente lindo que, por mais que fosse íntimo, nada podia remover o abismo entre ambos.Ele é outro nível, ela pensou, e suspirou.Melhor nem criar expectativas.Como ela não disse mais nada, ele caminhou em direção à porta. Talvez devesse deixá-la remoer aquelas pal
LucianaEu estava deitada na minha cama, nua. Meu corpo ardia como se eu sentisse a pior febre da minha vida. Senti uma mão deslizando pelo meu corpo, deslizando pela minha pele, aquecendo-a mais ainda com o contato delicioso. Os dedos percorreram minhas costelas. E era muito bom! Gemi. Olhei para baixo e vi um rosto entre minhas pernas. Era Christofer. Ele me massageava com a língua, como se eu fosse um manancial no deserto, e eu tive uma sensação surreal.Era muito gostoso. Quanto mais ele me estimulava, mais molhada eu ficava e mais ainda ele chupava. Era um ciclo vicioso perfeito, e eu não queria que ele parasse. Depois de me alegrar, ele subiu até meu rosto e o beijou. Ele tinha um negócio na mão, um negócio duro, e o massageou, direcionando-o a mim.Acordei.Foi um sonho.Quando eu finalmente ia saber como é a sensação! Droga.
LucianaChristofer gemeu, sentindo prazer com o que apertava. Se ele tinha algum questionamento, alguma chateação em relação a fatos anteriores, estava tudo imediatamente perdoado e esquecido.— Calma aí, você quer pegar dengue? — Tentei tirar as mãos dele da minha bunda, mas não consegui. O miserável cravou os dedos como se agora seu corpo fosse uma extensão do meu.— Quem transmite a dengue é o mosquito, Luci. — Ele beijou meu pescoço e eu senti o molhado de sua língua. Seus lábios eram irresistíveis e cheios de vontade. Eu nem sei realmente se eu queria que ele me soltasse, mas meu inconsciente me pedia para me afastar. Eu estava andando por um caminho tortuoso de perdição, muito fora da minha zona de conforto. Pena que meu corpo e minha mente queriam tomar direções opostas.<
LucianaUm desavergonhado.Engoli seco.O silêncio me permitiu ouvir uma buzina de carro numa rua ao longeEle estava me convidando a transar?Eu senti vontade de morrer de tão ruborizada.Se eu pensasse no quanto já nos envolvemos e no estado que ele me deixava, não posso negar que meu corpo o queria muito. É verdade que eu estava morrendo de medo, eu estava vivendo um conflito interno muito grande.Por mais que parecesse uma ideia absurda fazermos algo mais intenso, era exatamente para aprender que eu estava lhe pagando. Eu sei que fiquei um pouco medrosa nas vezes em que nossos carinhos se intensificaram, mas eu andei pensando melhor. Eu sonhei com ele.Eu jamais pediria a ele que fizesse comigo o que aconteceu no sonho, mas... pelo menos o básico ele poderia me mostrar.A verdade é que a visão do rosto dele entre as minhas pernas fi
LucianaPensei que ele ia me ralhar por oferecer uma coisa dessas depois de ter insinuado que ele era um galinha. Ou, que ia me chamar de cachorra no cio ou algo assim. Ou, no mínimo, fazer aquela cara de safado. Mas, não. Christofer estava tranquilamente ruborizado.Eis a resposta: ele assentiu.Será que ele era assim tão bonzinho mesmo?Parecia que tínhamos bebido um litro de álcool puro, pois estávamos ruborizados, evitando contato visual. Ele retornou, um pouco hesitante. Seria uma boa ideia?Ele estava fazendo isso por causa do acordo?Afastei os pensamentos.Christofer estava inebriado quando se sentou de volta no sofá. Ficamos nos entreolhando por um tempo.— Pode abrir. — Ele gemeu, finalmente. Referia-se a sua calça;Eu congelei. Eu abrir? Não tenho autonomia para fazer isso.Agora senti um pou
Luciana— Não é isso... — Mordi o lábio. Por que ele estava perguntando isso? Estamos tomando um rumo que não estou gostando, todos os meus alertas internos estão ligando. — Por que acha que vamos nos envolver?— Porque eu não vou desistir de você até te conquistar, Luciana. — Ele me olhou desafiadoramente.— Eu sou um desafio para você. — Concluí, sem toda a força que queria. Por algum motivo, eu queria que ele dissesse que não.— Não…Droga, por que ele disse isso? E se eu admitisse que Christofer gosta 1% de mim? Isso ia mudar alguma coisa para mim?Não existe essa hipótese. Ele está com orgulho ferido.— Você só quer mostrar que é melhor que o Otávio. — Falei e espremi os lábios. Não er