Narrador
Nu.
Aquele estranho com um rosto bastante familiar estava nu.
O grito que ela deu acordou os pacatos vizinhos.
— Q-Quem é você? — Ela perguntou, paralisada de terror, cobrindo o rosto. — Cadê o Chris?
— Eu sei lá! — Ben respondeu, abandonando de vez a letargia para ficar agitado. Ele se cobriu com um lençol e, rapidamente, recobrou a consciência da noite anterior e da conversa com seu primo. — Acho que sei quem é você. Não fale! Luiza? Laura? Lúcia!
— Luciana! — Ela catou sua bolsa em cima da cama, com o rosto mais vermelho que uma pimenta dedo de moça. — O que está fazendo na cama dele?
— Bem, eu estava dormindo. — Ben coçou a cabeça. Ele não achava que tinha cometido um crime tão grande assim por sair do chão e deit
LucianaOs outros dias eu passei com medo. Ficava sentada em frente à janela, pensando no que fazer. Tinha um homem de terno que passava de lá para cá na rua, e às vezes, era outro. Eles se dividiam em turnos.Eu estava atenta a tudo.Eu estava sendo observada de perto.Nada de malas.Lucrécia assistia TV até minutos atrás, agora estava na cozinha.Eu precisava avisar a ela o que ia acontecer. Ela já estava sabendo da minha situação, mas não imaginava que eu ia fugir. Ela parecia confortável na minha casa, como se tivesse morado ali a vida toda. Rapidamente memorizou onde guardo todos os talhes, copos. Como funciona o chuveiro. Os turnos da máquina de lavar. Era como se a casa fosse mais dela do que minha agora.— Luci, você não comeu nada. — Lucrécia me estendeu um balde de pi
NarradorEla segurava um teste de gravidez de farmácia e um exame laboratorial na outra. Christofer andou até ela e pegou ambos para olhar, e não conseguia ler as palavras na sua frente. Ele apelou para o irmão, que, pela expressão de desconsolo, já tinha avaliado e dado o veredito: era verdade.— Que grande notícia, meu filho. — Arthur segurou no ombro de Christofer, orgulhoso. — Você nos dará nosso primeiro neto, antes mesmo do Otávio. Isso merece ser comemorado!Christofer nunca viu um olhar tão orgulhoso no rosto de seu pai. Otávio espalmava a própria testa ao ver isso. Yoko estava feliz, e sua avó recolhia uma lágrima a cada poucos segundos, emocionada. Quando olhou para Suzana de novo, Christofer sentiu um ódio tão ful
NarradorEla acreditou quando Maurício disse que não estava feliz com aquela situação. Quem ia querer passar por aquilo?Ele suspirou de decepção todo o caminho.Será que tinha expectativas em relação ao casamento? Porque ela não tinha nenhuma.Se ele, realmente, não tinha planejado aquilo, então alguma coisa tinha acontecido a Christofer. Se nem ele e nem Otávio respondiam, o que poderia ter acontecido? Luciana não tinha mais ninguém a contatar para descobrir o que aconteceu.Cedo ou tarde ela descobriria quem a traiu.Mas, o fato é que Maurício ter chegado lá durante sua fuga não mudou muita coisa, o que mudou tudo foi o sumiço de Christofer.Quando chegaram ao apartamento de Maurício, ela sentiu um arrepio de ojeriza. Queria morrer.Na noite passada
NarradorNada.Maurício ficou preocupado. Ela estava tentando se matar? Poderia ter acontecido alguma desgraça, então ele não viu outra escolha. Com três chutes incisivos, e sob o olhar preocupado das empregadas, conseguiu a brecha que precisava para ter acesso ao quarto.Quando, finalmente, entrou, viu que Luciana estava deitada na cama. Ela estava bem, estava acordada, abraçada ao celular. Contudo, seu aspecto era letárgico.— O que pensa que está fazendo? — Maurício indagou, nervoso.Ainda assim, ela nem olhou para ele.— Você quer se matar, Luciana?! Pretende ficar aqui sem se alimentar, sem existir?Ela olhou para ele, sem vontade de discutir, de conversar ou de justificar. Nada tin
NarradorEu entrei no carro, pensando nas horas que ainda faltavam para eu conseguir me afastar daquele cara e correr para os braços de Christofer. Não importava que eu perdesse meu dinheiro, ou que as pessoas estivessem em polvorosa porque ele ia ser pai. Não importava que Suzana estivesse recebendo um prestígio que deveria ser meu por parte da família dele.Lembrei-me do bebê que perdi, e fiquei tão triste.Christofer e eu tivemos relação sem camisinha depois daquele evento, mas não seria simples assim eu estar grávida de novo.Seria?Aquela bruxa iria pagar pelo que fez a ele. Eu ia esperar essa criança nascer e ia meter essa mulher na cadeia. Uma criminosa.Como ousou machucar meu Christofer?Primeiro de tudo, antes de pensar em fazer justiça ao Chris, eu precisava assinar os papéis do divórcio.
NarradorHoras se passaram. Mauro estranhou a demora e estava inquieto quando viu o filho retornando com as mãos vazias. Ficou preocupado.— Resolveu o que tinha pendente? — Mauro perguntou.— Espero que sim. — Maurício respondeu, inexpressivo. Ele se aproximou e apoiou as costas à parede, junto ao pai. Ele estava cismado.— O que aconteceu com meu celular? — Mauro indagou, também tinha assuntos a resolver.— Eu vou perguntar somente uma vez. — Maurício falou, desconfiado, olhando fixo para o pai. Já sabia a resposta da inquirição que faria. — Teve algo a ver com o acidente da Luciana?Maurício foi objetivo, e saberia identificar a culpa no pai caso ele ficasse inventando rodeios.— Como pode pensar uma coisa dessas? — Mauro ficou nervoso. Tinha intenção de tirar
LucianaSuspirei.— Droga, eu não quero que ele goste de mim. — Murmurei. Isso ia dificultar tudo. Agora ele tinha mais motivos para me afastar de Christofer. Motivos que iam além de proteger sua imagem pública.— A propósito, a minha tia também vai ser presa assim que receber alta do hospital. — Acrescentou Diego.Quase congelei diante daquela informação. Minha mãe seria presa?Era angustiante. Mesmo Amélia tendo me colocado naquela maca, me força
Luciana— Isso é ridículo. A gente nem se beijou, pare de mentiras. — Implorei que ele estivesse mentindo, brincando, zombando de mim.Maurício encolheu os ombros. Acho que não fazia diferença para ele o que eu pensava disso.— Estranho seria se eu não amasse a pessoa com quem me casei. — Ele disse. De novo essa história de levar a sério o casamento.— Eu vou ter que desenhar que foi uma farsa? — Zombei, mas eu estava em pedaços. —Quer que eu escreva na parede?— Você não vai invalidar nosso casamento, Luciana, porque ele será consumado. — Garantiu Maurício.Eu engoli minha saliva dolorosamente. O que esse imbecil quis dizer?— Só se você colocar uma arma na minha cabeça. — Declarei.— Não. Vou conquistá-