Cap 3 / Castelo e missão

Ela ficou em silêncio por um tempo, até que uma garota ruiva apareceu com sua amiga. A ruiva se curvou e, com um sorriso, disse:

— Olá, princesa. É bom revelá-la — indagou com um tom enigmático.

A outra garota, visivelmente incomodada com a presença da ruiva, soltou um murmúrio de desgosto, mas logo levou um leve peteleco de sua companheira.

— Susan Vernon, sua presença aqui certamente vai tornar as coisas mais interessantes — disse uma voz familiar, carregada de ironia.

Susan, surpreendida, quase caiu para trás ao ver a garota diante dela. Só não se desequilibrou completamente porque o cavaleiro ao seu lado a segurou a tempo.

— Imperatriz... — sussurrou ela, incrédula.

A imperatriz sorriu brevemente, mas logo seu sorriso desapareceu, dando lugar a uma expressão pálida, quase aterrorizada, ao fixar os olhos no rapaz ao lado de Susan.

Ela tentou disfarçar o nervosismo, mas não conseguiu evitar olhar por cima do ombro, onde o rapaz estava. Sua figura parecia distorcida, como se ele fosse uma fusão de demônio e vampiro.

Susan sabia muito bem o quanto esses seres eram perigosos, capazes de destruir tudo e todos ao seu redor. No entanto, tinha a impressão de que, por enquanto, ele ainda não havia escolhido uma parceira.

Depois de um tempo, todos entraram no castelo. O rei já a aguardava na sala do trono. Susan caminhou até lá e entrou sem hesitar.

O rei levantou a cabeça, sorrindo, e esperou que ela se curvasse, mas, quando isso não aconteceu, ele riu discretamente.

— Susan Vernon, é uma honra revê-la novamente — declarou, ainda sorrindo.

Susan notou a presença de três pessoas novas na sala do trono e, mantendo seu rosto neutro, respondeu:

— Você não me chamou aqui apenas para me rever. O que realmente aconteceu? — perguntou, encarando-o sem demonstrar emoções.

O rei manteve o sorriso e fez um gesto em direção a um rapaz que segurava um bebê nos braços. Susan arqueou uma sobrancelha, intrigada.

— Este é meu filho recém-nascido. Você veio aqui para descobrir quem o amaldiçoou, curar a doença terminal do meu outro filho, cuidar de Nery e investigar o que está acontecendo na floresta proibida. Afinal, Crystal está em perfeita saúde, tanto mágica quanto física — afirmou o rei, agora com um tom sério.

Susan levantou a sobrancelha mais uma vez e assentiu, ainda com expressão neutra. Quando se virou para sair, o rei a interrompeu:

— Mais uma coisa, Susan. Amanhã à noite haverá um baile, e você e sua amiga são meus convidados especiais — disse ele, com um olhar orgulhoso e um sorriso sério.

Susan manteve o rosto impassível enquanto observava cada pessoa na sala. Seus olhos se fixaram no bebê, e ela caminhou até o rapaz que o segurava. O homem entregou a criança a Susan, que, em seguida, saiu calmamente, dirigindo-se ao seu quarto temporário.

Enquanto estava em seu quarto, com o pequeno bebê nos braços, ela começou a embalá-lo suavemente, sentindo a presença da maldição que pesava sobre ele. Não demorou para perceber a assinatura mágica de quem a havia lançado.

De repente, uma batida firme ecoa pela porta. Ao abrir, depara-se com um guarda, que sorri com uma mistura de culpa e constrangimento.

— Tenho uma ordem para levar a criança à Rainha — declara, sério. Ela podia sentir que havia magia ao redor dele, mas claramente não era dele.

Com um sorriso tranquilo, entregou o bebê após lançar sobre ele feitiços de proteção e bloqueio psíquico. Assim que a porta se fechou, suspirou e foi direto para o banheiro. Depois de uma viagem longa e exaustiva, um banho quente parecia a única coisa capaz de aliviar o cansaço que a envolvia.

Susan Vernon ficou por um tempo em silêncio, refletindo sobre tudo que havia acontecido. Sentia a tensão no ar, mesmo que estivesse isolada no quarto temporário que lhe foi designado no castelo. O baile da noite seguinte e as responsabilidades que o rei havia atribuído a ela pesavam em seus pensamentos. A situação era, sem dúvidas, mais complicada do que aparentava. A presença do demônio-vampiro a incomodava, assim como a percepção de que a floresta proibida guardava segredos obscuros.

Mas antes que pudesse se aprofundar nesses pensamentos, a garota ruiva que encontrara mais cedo retornou inesperadamente. Ela entrou no quarto sem sequer bater, como se já tivesse permissão para estar ali. Susan levantou a cabeça e encarou a ruiva.

— Não esperava vê-la tão cedo, Susan — disse a ruiva, com o mesmo sorriso enigmático de antes.

— E o que a trouxe aqui novamente? — perguntou Susan, mantendo a voz fria.

A ruiva, cujo nome era Nyssa, aproximou-se lentamente, os olhos brilhando com malícia.

— Eu sei sobre o bebê — disse Nyssa. — Sei que você detectou a maldição e que está pensando em como removê-la. Mas talvez seja tarde demais. Ou, quem sabe, há segredos que você ainda não compreendeu.

Susan ficou em silêncio por um momento, considerando o que Nyssa havia dito. Embora sentisse a urgência de agir, sabia que não podia se precipitar. O rei havia lhe dado uma tarefa complexa e envolver-se diretamente com Nyssa naquele momento não era o mais prudente.

— O que você sabe sobre a maldição? — indagou Susan, mantendo a expressão serena, mas atenta.

Nyssa se aproximou ainda mais, agora perto o suficiente para sussurrar:

— Há mais envolvidos nisso do que você imagina. A rainha, por exemplo, tem seus próprios planos para o reino. Talvez ela não seja a vítima que todos pensam que é. Talvez ela seja a responsável por muito do que está acontecendo.

Antes que Susan pudesse responder, Nyssa riu de forma misteriosa e virou-se para sair do quarto, como se tivesse plantado a semente de dúvida que desejava.

Susan fechou a porta atrás de si e respirou fundo, tentando se recompor. As palavras de Nyssa ecoavam em sua mente, mas ela sabia que não poderia confiar inteiramente na ruiva. As intenções de Nyssa nunca eram claras, e Susan estava ciente de que ela jogava seu próprio jogo perigoso. Afastando momentaneamente essas preocupações, ela decidiu focar-se em sua próxima tarefa: investigar o que estava acontecendo na floresta proibida.

O dia seguinte trouxe consigo o brilho ensolarado da manhã, mas Susan não se sentia menos pesada com as revelações recentes. Após uma breve refeição, ela reuniu-se com sua amiga, Mara, para discutirem os próximos passos. Mara, sempre prática e direta, olhou para Susan com preocupação.

— Não confio nessa ruiva — disse Mara. — Ela claramente tem suas próprias motivações, e não podemos nos deixar enganar por seus jogos.

Susan concordou com um aceno de cabeça.

— Sei disso, mas o que ela disse sobre a rainha me deixou desconfiada. Algo está errado nesse castelo, e todos parecem estar jogando um jogo político perigoso. Temos que ser cuidadosas.

— O que faremos agora? — perguntou Mara.

— A floresta proibida — respondeu Susan, com determinação. — Há algo lá que precisamos entender. Se os segredos que ela guarda estão conectados à maldição sobre o bebê, então precisamos desvendá-los antes que seja tarde demais.

As duas partiram em direção à floresta, passando pelos grandes portões do castelo e seguindo por uma trilha sombria que conduzia ao interior da mata. À medida que se aproximavam, o ar ficava cada vez mais denso e carregado de uma energia mágica opressiva. As árvores, altas e retorcidas, pareciam vigiar cada movimento que faziam.

— Você sente isso? — perguntou Mara, com um arrepio na espinha.

— Sim — respondeu Susan, com os olhos fixos na trilha à frente. — A magia aqui é antiga, e não é amigável.

Conforme avançavam, começaram a ouvir sussurros entre as árvores, como se a floresta estivesse viva e sussurrando segredos de eras passadas. Mara parou abruptamente e segurou o braço de Susan.

— Tem alguém nos observando — sussurrou Mara.

Susan já havia sentido isso. Olhou ao redor, tentando identificar a origem daquela presença. Então, no meio das sombras, uma figura encapuzada apareceu, caminhando lentamente em sua direção. O capuz escuro escondia seu rosto, mas Susan podia sentir a poderosa aura mágica que emanava dele.

— Quem é você? — perguntou Susan, colocando-se em posição defensiva.

A figura não respondeu de imediato. Em vez disso, ergueu uma das mãos, e um brilho sutil de energia mágica rodeou os dedos. Mara imediatamente preparou-se para atacar, mas Susan levantou a mão para impedi-la.

— Espere — disse ela. — Vamos ver o que ele quer.

Finalmente, a figura falou, com uma voz rouca e carregada de sabedoria.

— Vocês estão se aventurando onde não deveriam. A floresta guarda segredos que não podem ser revelados a qualquer um.

— Estamos aqui para descobrir o que está acontecendo com o reino e como a maldição do bebê está conectada a isso — disse Susan, com firmeza. — Não somos qualquer um.

A figura encapuzada riu baixinho, um som que ecoou pelas árvores ao redor.

— Vocês são corajosas, mas isso não é o suficiente. A maldição do bebê é apenas uma peça do quebra-cabeça. O reino está à beira do colapso, e forças antigas estão se movendo para reclamar o que é delas por direito. Vocês estão prestes a se envolver em uma guerra que transcende qualquer coisa que já tenham visto.

Susan e Mara se entreolharam, compreendendo que estavam prestes a enfrentar algo muito maior do que haviam imaginado.

— O que devemos fazer? — perguntou Mara, com seriedade.

— Se realmente querem salvar o bebê e o reino, devem buscar a verdade por trás da maldição nas profundezas desta floresta. Mas saibam que o caminho será perigoso, e muitos não retornam.

Com essas palavras, a figura encapuzada desapareceu nas sombras, deixando-as sozinhas na floresta, agora ainda mais conscientes do perigo que as cercava.

Susan respirou fundo e olhou para Mara.

— Temos que continuar. Não temos escolha.

Mara assentiu, e as duas avançaram mais profundamente na floresta proibida, determinadas a descobrir os segredos que poderiam salvar o reino — ou condená-lo para sempre.

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As horas passaram lentamente enquanto Susan e Mara avançavam pela floresta. A escuridão ao redor delas parecia ganhar vida, criando ilusões que as desorientavam e sussurros que as deixavam tensas. A cada passo, a magia antiga tornava-se mais palpável, como se a própria terra estivesse saturada de um poder esquecido há muito tempo.

Finalmente, elas chegaram a uma clareira no coração da floresta. No centro dela, um altar de pedra antigo, coberto de runas arcaicas, repousava sob a luz fraca que conseguia atravessar a densa copa das árvores.

— Esse deve ser o lugar — disse Susan, aproximando-se cautelosamente do altar.

Mara observou as runas, tentando decifrá-las, mas não conseguiu identificar o significado exato. No entanto, Susan sentiu uma familiaridade estranha com aqueles símbolos, como se já os tivesse visto antes em algum lugar.

— Isso foi feito por uma magia antiga — disse Susan. — Talvez até mais antiga que o próprio reino.

De repente, o ar ao redor delas mudou, e uma energia poderosa começou a emanar do altar. Antes que pudessem reagir, uma sombra colossal surgiu do chão, tomando a forma de uma criatura indescritível, composta de escuridão pura e malícia.

— Vocês não deveriam estar aqui — disse a criatura, com uma voz gutural que reverberava em seus ossos.

Mara se preparou para lutar, mas Susan sabia que enfrentar diretamente aquela entidade seria suicídio. Havia outra maneira, e ela precisava descobrir qual.

Então, num lampejo de compreensão, Susan lembrou-se de algo que lera em um antigo tomo de feitiçaria. A criatura diante delas era um guardião — um espírito que protegia o segredo da floresta. Se quisessem sobreviver e desvendar o mistério da maldição, teriam que provar que eram dignas de conhecer a verdade.

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