Ela ficou em silêncio por um tempo, até que uma garota ruiva apareceu com sua amiga. A ruiva se curvou e, com um sorriso, disse:
— Olá, princesa. É bom revelá-la — indagou com um tom enigmático. A outra garota, visivelmente incomodada com a presença da ruiva, soltou um murmúrio de desgosto, mas logo levou um leve peteleco de sua companheira. — Susan Vernon, sua presença aqui certamente vai tornar as coisas mais interessantes — disse uma voz familiar, carregada de ironia. Susan, surpreendida, quase caiu para trás ao ver a garota diante dela. Só não se desequilibrou completamente porque o cavaleiro ao seu lado a segurou a tempo. — Imperatriz... — sussurrou ela, incrédula. A imperatriz sorriu brevemente, mas logo seu sorriso desapareceu, dando lugar a uma expressão pálida, quase aterrorizada, ao fixar os olhos no rapaz ao lado de Susan. Ela tentou disfarçar o nervosismo, mas não conseguiu evitar olhar por cima do ombro, onde o rapaz estava. Sua figura parecia distorcida, como se ele fosse uma fusão de demônio e vampiro. Susan sabia muito bem o quanto esses seres eram perigosos, capazes de destruir tudo e todos ao seu redor. No entanto, tinha a impressão de que, por enquanto, ele ainda não havia escolhido uma parceira. Depois de um tempo, todos entraram no castelo. O rei já a aguardava na sala do trono. Susan caminhou até lá e entrou sem hesitar. O rei levantou a cabeça, sorrindo, e esperou que ela se curvasse, mas, quando isso não aconteceu, ele riu discretamente. — Susan Vernon, é uma honra revê-la novamente — declarou, ainda sorrindo. Susan notou a presença de três pessoas novas na sala do trono e, mantendo seu rosto neutro, respondeu: — Você não me chamou aqui apenas para me rever. O que realmente aconteceu? — perguntou, encarando-o sem demonstrar emoções. O rei manteve o sorriso e fez um gesto em direção a um rapaz que segurava um bebê nos braços. Susan arqueou uma sobrancelha, intrigada. — Este é meu filho recém-nascido. Você veio aqui para descobrir quem o amaldiçoou, curar a doença terminal do meu outro filho, cuidar de Nery e investigar o que está acontecendo na floresta proibida. Afinal, Crystal está em perfeita saúde, tanto mágica quanto física — afirmou o rei, agora com um tom sério. Susan levantou a sobrancelha mais uma vez e assentiu, ainda com expressão neutra. Quando se virou para sair, o rei a interrompeu: — Mais uma coisa, Susan. Amanhã à noite haverá um baile, e você e sua amiga são meus convidados especiais — disse ele, com um olhar orgulhoso e um sorriso sério. Susan manteve o rosto impassível enquanto observava cada pessoa na sala. Seus olhos se fixaram no bebê, e ela caminhou até o rapaz que o segurava. O homem entregou a criança a Susan, que, em seguida, saiu calmamente, dirigindo-se ao seu quarto temporário. Enquanto estava em seu quarto, com o pequeno bebê nos braços, ela começou a embalá-lo suavemente, sentindo a presença da maldição que pesava sobre ele. Não demorou para perceber a assinatura mágica de quem a havia lançado. De repente, uma batida firme ecoa pela porta. Ao abrir, depara-se com um guarda, que sorri com uma mistura de culpa e constrangimento. — Tenho uma ordem para levar a criança à Rainha — declara, sério. Ela podia sentir que havia magia ao redor dele, mas claramente não era dele. Com um sorriso tranquilo, entregou o bebê após lançar sobre ele feitiços de proteção e bloqueio psíquico. Assim que a porta se fechou, suspirou e foi direto para o banheiro. Depois de uma viagem longa e exaustiva, um banho quente parecia a única coisa capaz de aliviar o cansaço que a envolvia. Susan Vernon ficou por um tempo em silêncio, refletindo sobre tudo que havia acontecido. Sentia a tensão no ar, mesmo que estivesse isolada no quarto temporário que lhe foi designado no castelo. O baile da noite seguinte e as responsabilidades que o rei havia atribuído a ela pesavam em seus pensamentos. A situação era, sem dúvidas, mais complicada do que aparentava. A presença do demônio-vampiro a incomodava, assim como a percepção de que a floresta proibida guardava segredos obscuros. Mas antes que pudesse se aprofundar nesses pensamentos, a garota ruiva que encontrara mais cedo retornou inesperadamente. Ela entrou no quarto sem sequer bater, como se já tivesse permissão para estar ali. Susan levantou a cabeça e encarou a ruiva. — Não esperava vê-la tão cedo, Susan — disse a ruiva, com o mesmo sorriso enigmático de antes. — E o que a trouxe aqui novamente? — perguntou Susan, mantendo a voz fria. A ruiva, cujo nome era Nyssa, aproximou-se lentamente, os olhos brilhando com malícia. — Eu sei sobre o bebê — disse Nyssa. — Sei que você detectou a maldição e que está pensando em como removê-la. Mas talvez seja tarde demais. Ou, quem sabe, há segredos que você ainda não compreendeu. Susan ficou em silêncio por um momento, considerando o que Nyssa havia dito. Embora sentisse a urgência de agir, sabia que não podia se precipitar. O rei havia lhe dado uma tarefa complexa e envolver-se diretamente com Nyssa naquele momento não era o mais prudente. — O que você sabe sobre a maldição? — indagou Susan, mantendo a expressão serena, mas atenta. Nyssa se aproximou ainda mais, agora perto o suficiente para sussurrar: — Há mais envolvidos nisso do que você imagina. A rainha, por exemplo, tem seus próprios planos para o reino. Talvez ela não seja a vítima que todos pensam que é. Talvez ela seja a responsável por muito do que está acontecendo. Antes que Susan pudesse responder, Nyssa riu de forma misteriosa e virou-se para sair do quarto, como se tivesse plantado a semente de dúvida que desejava. Susan fechou a porta atrás de si e respirou fundo, tentando se recompor. As palavras de Nyssa ecoavam em sua mente, mas ela sabia que não poderia confiar inteiramente na ruiva. As intenções de Nyssa nunca eram claras, e Susan estava ciente de que ela jogava seu próprio jogo perigoso. Afastando momentaneamente essas preocupações, ela decidiu focar-se em sua próxima tarefa: investigar o que estava acontecendo na floresta proibida. O dia seguinte trouxe consigo o brilho ensolarado da manhã, mas Susan não se sentia menos pesada com as revelações recentes. Após uma breve refeição, ela reuniu-se com sua amiga, Mara, para discutirem os próximos passos. Mara, sempre prática e direta, olhou para Susan com preocupação. — Não confio nessa ruiva — disse Mara. — Ela claramente tem suas próprias motivações, e não podemos nos deixar enganar por seus jogos. Susan concordou com um aceno de cabeça. — Sei disso, mas o que ela disse sobre a rainha me deixou desconfiada. Algo está errado nesse castelo, e todos parecem estar jogando um jogo político perigoso. Temos que ser cuidadosas. — O que faremos agora? — perguntou Mara. — A floresta proibida — respondeu Susan, com determinação. — Há algo lá que precisamos entender. Se os segredos que ela guarda estão conectados à maldição sobre o bebê, então precisamos desvendá-los antes que seja tarde demais. As duas partiram em direção à floresta, passando pelos grandes portões do castelo e seguindo por uma trilha sombria que conduzia ao interior da mata. À medida que se aproximavam, o ar ficava cada vez mais denso e carregado de uma energia mágica opressiva. As árvores, altas e retorcidas, pareciam vigiar cada movimento que faziam. — Você sente isso? — perguntou Mara, com um arrepio na espinha. — Sim — respondeu Susan, com os olhos fixos na trilha à frente. — A magia aqui é antiga, e não é amigável. Conforme avançavam, começaram a ouvir sussurros entre as árvores, como se a floresta estivesse viva e sussurrando segredos de eras passadas. Mara parou abruptamente e segurou o braço de Susan. — Tem alguém nos observando — sussurrou Mara. Susan já havia sentido isso. Olhou ao redor, tentando identificar a origem daquela presença. Então, no meio das sombras, uma figura encapuzada apareceu, caminhando lentamente em sua direção. O capuz escuro escondia seu rosto, mas Susan podia sentir a poderosa aura mágica que emanava dele. — Quem é você? — perguntou Susan, colocando-se em posição defensiva. A figura não respondeu de imediato. Em vez disso, ergueu uma das mãos, e um brilho sutil de energia mágica rodeou os dedos. Mara imediatamente preparou-se para atacar, mas Susan levantou a mão para impedi-la. — Espere — disse ela. — Vamos ver o que ele quer. Finalmente, a figura falou, com uma voz rouca e carregada de sabedoria. — Vocês estão se aventurando onde não deveriam. A floresta guarda segredos que não podem ser revelados a qualquer um. — Estamos aqui para descobrir o que está acontecendo com o reino e como a maldição do bebê está conectada a isso — disse Susan, com firmeza. — Não somos qualquer um. A figura encapuzada riu baixinho, um som que ecoou pelas árvores ao redor. — Vocês são corajosas, mas isso não é o suficiente. A maldição do bebê é apenas uma peça do quebra-cabeça. O reino está à beira do colapso, e forças antigas estão se movendo para reclamar o que é delas por direito. Vocês estão prestes a se envolver em uma guerra que transcende qualquer coisa que já tenham visto. Susan e Mara se entreolharam, compreendendo que estavam prestes a enfrentar algo muito maior do que haviam imaginado. — O que devemos fazer? — perguntou Mara, com seriedade. — Se realmente querem salvar o bebê e o reino, devem buscar a verdade por trás da maldição nas profundezas desta floresta. Mas saibam que o caminho será perigoso, e muitos não retornam. Com essas palavras, a figura encapuzada desapareceu nas sombras, deixando-as sozinhas na floresta, agora ainda mais conscientes do perigo que as cercava. Susan respirou fundo e olhou para Mara. — Temos que continuar. Não temos escolha. Mara assentiu, e as duas avançaram mais profundamente na floresta proibida, determinadas a descobrir os segredos que poderiam salvar o reino — ou condená-lo para sempre. --- As horas passaram lentamente enquanto Susan e Mara avançavam pela floresta. A escuridão ao redor delas parecia ganhar vida, criando ilusões que as desorientavam e sussurros que as deixavam tensas. A cada passo, a magia antiga tornava-se mais palpável, como se a própria terra estivesse saturada de um poder esquecido há muito tempo. Finalmente, elas chegaram a uma clareira no coração da floresta. No centro dela, um altar de pedra antigo, coberto de runas arcaicas, repousava sob a luz fraca que conseguia atravessar a densa copa das árvores. — Esse deve ser o lugar — disse Susan, aproximando-se cautelosamente do altar. Mara observou as runas, tentando decifrá-las, mas não conseguiu identificar o significado exato. No entanto, Susan sentiu uma familiaridade estranha com aqueles símbolos, como se já os tivesse visto antes em algum lugar. — Isso foi feito por uma magia antiga — disse Susan. — Talvez até mais antiga que o próprio reino. De repente, o ar ao redor delas mudou, e uma energia poderosa começou a emanar do altar. Antes que pudessem reagir, uma sombra colossal surgiu do chão, tomando a forma de uma criatura indescritível, composta de escuridão pura e malícia. — Vocês não deveriam estar aqui — disse a criatura, com uma voz gutural que reverberava em seus ossos. Mara se preparou para lutar, mas Susan sabia que enfrentar diretamente aquela entidade seria suicídio. Havia outra maneira, e ela precisava descobrir qual. Então, num lampejo de compreensão, Susan lembrou-se de algo que lera em um antigo tomo de feitiçaria. A criatura diante delas era um guardião — um espírito que protegia o segredo da floresta. Se quisessem sobreviver e desvendar o mistério da maldição, teriam que provar que eram dignas de conhecer a verdade.Susan e Mara agora estavam diante de um desafio mais perigoso do que imaginavam. A criatura, feita de pura escuridão, era um guardião, protetor de segredos antigos, e atacá-la de frente seria fatal. Susan sabia que precisavam provar que eram dignas de descobrir o que a floresta escondia, e a solução não estava em força, mas em sabedoria. Lembrando-se de um antigo feitiço de comunicação, Susan começou a recitar palavras em uma língua há muito esquecida. A entidade hesitou por um momento, sua forma oscilando como sombras ao vento. O tom gutural de sua voz retornou: — Por que deveriam vocês, seres de carne e osso, ter acesso aos segredos que protejo? Apenas os corajosos de espírito podem avançar. Mara, aflita, perguntou em um sussurro: — O que fazemos agora? Susan manteve a calma. A floresta reagia a magia antiga, e elas precisavam se conectar a esse poder. Sabendo disso, Susan recitou um verso sobre coragem e verdade. A escuridão ao redor pareceu absorver suas palavras, enquanto a
Susan e Mara seguiram em silêncio, a escuridão da floresta densa envolvendo-as como um manto. As palavras do espírito da floresta ainda ecoavam em suas mentes, pesando sobre cada passo que davam. A atmosfera ao redor tornava-se cada vez mais opressiva, como se a própria floresta soubesse que o fim estava próximo. Elas não apenas carregavam o fardo de salvar uma vida, mas também o peso de desfazer um pacto antigo, manchado por traição.— Temos que achar o local do juramento — disse Susan, quebrando o silêncio. — Foi ali que tudo começou e é ali que podemos acabar com isso.Mara hesitou. O medo e a incerteza visíveis em seu olhar a deixavam vulnerável, mas Susan percebeu que, apesar disso, sua amiga continuaria. Elas não tinham outra escolha.Enquanto avançavam, o terreno tornou-se acidentado, como se a floresta estivesse tentando impedi-las de chegar ao seu destino. O ar ficou denso, cheio de uma névoa estranha que dançava em torno delas, quase viva. De repente, o vento trouxe sussurro
Mara ainda estava ajoelhada na clareira, seus soluços ecoando na vastidão da floresta que agora parecia adormecer ao redor dela. A sensação de perda era avassaladora, e o vazio deixado pela partida de Susan pesava em seu peito como um ferimento aberto. Por um momento, ela ficou ali, sem saber o que fazer. A clareira antes sombria agora estava iluminada por um brilho pálido e suave, como se a floresta finalmente estivesse em paz, mas o preço era alto demais. Ela sentiu uma brisa leve passar por seus cabelos, trazendo consigo um sussurro familiar. Era a voz de Susan, suave e distante, como se viesse de um lugar entre os mundos. — Você precisa continuar, Mara. O reino ainda precisa de você. Levantando-se com dificuldade, Mara enxugou as lágrimas e olhou para a clareira, onde agora apenas uma marca cintilante na pedra negra lembrava do sacrifício de sua amiga. Ela sabia que a missão ainda não havia acabado. O pacto estava desfeito, mas a maldição não desapareceria tão facilmente. O esp
Mara, agora aclamada como a heroína do vilarejo, passou os dias seguintes coordenando a reconstrução das casas e cuidando dos feridos. Apesar da dor pela perda de Susan, ela se manteve firme, utilizando a memória de sua amiga como combustível para seguir adiante. A presença dela parecia estar em cada ato de bondade, em cada sorriso que ela via nos rostos daqueles que ela ajudava. Uma noite, enquanto descansava em sua pequena tenda nos limites do vilarejo, Mara sentiu uma inquietação no ar. O vento carregava consigo um sussurro familiar, como se as folhas das árvores estivessem cantando. Ela se levantou, seguindo o som até a borda da floresta, onde a luz da lua iluminava o caminho. Era como se a floresta a estivesse chamando. Ao se aproximar das primeiras árvores, a névoa reapareceu, mas, desta vez, era mais sutil, menos ameaçadora. Ela fechou os olhos e escutou o que parecia ser a voz de Susan, distante, mas clara. — Não tenha medo, Mara. O caminho ainda não terminou. A voz er
Depois de descansarem no templo purificado, o grupo se preparou para seguir em frente. As sombras pareciam mais leves e a floresta, menos opressiva. Mas todos sabiam que, com cada fragmento destruído, os desafios se tornariam mais complexos. A própria essência da maldição tentaria impedi-los de alcançar o sucesso final. Elara, estudando o mapa antigo que trouxera, mapeou o próximo destino: as Ruínas de Norr, uma cidade antiga e esquecida, agora um ponto de concentração da energia sombria. Era ali que, segundo os textos, o próximo fragmento estava escondido. As ruínas estavam localizadas ao norte, além de um desfiladeiro que cortava a terra como uma cicatriz. — As Ruínas de Norr são um lugar de memória e perda — explicou Elara, enquanto o grupo se preparava. — Dizem que antes da maldição, era uma cidade próspera, mas as traições que ocorreram ali a tornaram um túmulo para almas inquietas. Precisamos estar prontos para enfrentar essas memórias. O grupo partiu, caminhando por trilh
A manhã trouxe com ela uma neblina espessa e um frio cortante que se espalhava pelo vilarejo. Mara se preparava para partir em sua nova jornada, acompanhada por um grupo de quatro pessoas que haviam se voluntariado para ajudá-la. Havia Rael, o caçador, cuja habilidade com o arco era conhecida por todos; Lena, uma curandeira jovem e promissora; Dorin, um ferreiro de coração nobre; e Elara, uma estudiosa das antigas magias, cujos conhecimentos seriam cruciais para decifrar as pistas que encontrariam. O grupo se reuniu na clareira central, com as expressões carregadas de determinação e incerteza. Mara olhou para eles com gratidão e força. Sabia que não poderia enfrentar essa jornada sozinha, e ver que tantos estavam dispostos a lutar ao seu lado renovava sua coragem. — Obrigada por estarem aqui — disse Mara. — Esta jornada será perigosa, e as sombras que enfrentaremos não são apenas criaturas da floresta. As marcas da maldição ainda estão enraizadas no coração do reino, e só unidos s
Enquanto avançavam pela floresta, o grupo se tornava mais unido, cada um desempenhando seu papel com precisão e coragem. As sombras ao redor pareciam mais intensas, e a sensação de serem observados aumentava a cada passo. Mara sabia que os fragmentos restantes se tornariam mais difíceis de encontrar, e que os guardiões que os protegiam seriam ainda mais perigosos. Em uma clareira aberta, o grupo decidiu fazer uma pausa. Lena preparava ervas para curar as feridas que Dorin havia sofrido na última batalha, e Rael observava atentamente os arredores, sempre em alerta. Elara estava sentada no chão, de olhos fechados, tentando sentir a energia mágica que emanava da floresta. Mara se aproximou dela. — Elara, está tudo bem? — perguntou, percebendo a expressão de preocupação no rosto da amiga. — Sinto algo estranho — respondeu Elara, sua voz baixa. — Os espíritos estão mais agitados, e há um fragmento próximo, mas é diferente dos outros. Parece mais poderoso, mais antigo. Mara franziu
A minha última lembrança antes de morrer foi o som da chuva, do carro derrapando na pista, da batida no caminhão de gasolina e a explosão. Depois de fechar os olhos, só lembro de abrir novamente e estar viva em outro lugar. Era um campo de grama, flores e a árvore em que eu estava apoiada, vestindo um vestido de época e com um livro de romance no colo, enquanto o vento soprava meu cabelo trançado que ia até a cintura. Ao longe, uma moça se aproximava com um lindo sorriso e uma cesta de flores, o vestido verde musgo combinando com o corpete preto que ela usava. ─ Ah, finalmente achei as flores certas para a coroa de flores do casamento da minha irmã ─ disse ela, suspirando com o rosto iluminado por uma beleza incrível. Inclinei a cabeça para a cesta, vendo as flores que ela colhera, e meu sorriso surgiu meio inclinado. ─ São lindas, bela escolha ─ mencionei, com os olhos brilhando de felicidade. Em seguida, por um breve momento, fechei os olhos e suspirei com a leve brisa que