Capítulo 04
A última vez que desapareci foi durante o acampamento com os amigos de Mark.

Emma sugeriu que fôssemos juntas colher frutas silvestres, só nós duas. — Vamos criar laços. — Ela disse com aquele sorriso doce dela.

Quando estávamos sozinhas no meio da floresta, longe das outras pessoas, ela de repente me empurrou em direção ao rio.

Eu não sabia nadar e ela sabia disso. Mark mencionou isso no jantar uma vez, e eu vi o brilho em olhos dela.

A água estava congelante e tudo escuro. Eu me debati desesperadamente, com meus pulmões queimando.

De alguma forma, consegui me arrastar até a praia, meu tornozelo torcido na luta.

Eu manquei de volta para o acampamento, encharcada e tremendo, e descobri que todos tinham ido embora.

Eles fizeram as malas e foram embora sem mim.

Quando finalmente cheguei em casa horas depois, Mark estava esperando visivelmente irritado.

— Onde você estava? — Ele exigiu. — Emma disse que você saiu furiosa sozinha. Sempre causando problemas, sempre fazendo cenas!

Não consegui me defender. Só consegui assistir ao sorriso secreto e triunfante de Emma.

Sarah me ajudou a tratar meu tornozelo machucado mais tarde naquela noite. Suas mãos, suaves e gentis, eram o oposto das palavras duras de Mark.

— Ele te ama. — Ela disse suavemente, aplicando pomada em meus hematomas. — Ele só… ele só fica cego quando se envolve nos assuntos sobre Emma.

Mas eu sabia a verdade. Perante a inteligente e linda Emma, Mark nunca teria a preferência de mim.

A balança do amor sempre pendia para quem ele realmente se importava.

E essa pessoa nunca seria eu.

Se eu ainda estivesse viva, estaria fazendo sua sopa favorita para tratar seu estômago fraco e estaria na delegacia durante seus longos turnos, te esperando.

Mas dessa vez, eu não poderia aparecer com desculpas como ele esperava.

Afinal, eu era apenas um cadáver agora.

Os resultados da perícia chegaram rapidamente. O papel no meu estômago era um formulário de registro.

O assassino me enfiou goela abaixo com desprezo: — Aulas de culinária para seu marido? Ele provavelmente vai comer a comida da Emma de qualquer jeito.

— Que lugar é esse? — Mark franziu a testa para o endereço.

O perito forense verificou suas anotações. — É uma escola de culinária, especializada em culinária terapêutica e saúde alimentar.

Quando Mark e os outros policiais visitaram a escola, a instrutora ficou surpresa com seus distintivos.

Ela examinou o formulário danificado, verificando o número de registro em seus livros.

— Uma jovem se registrou há alguns dias. — Explicou. — Disse que o marido tinha problemas crônicos de estômago. Ela queria aprender a cozinhar melhor e ajudar ele a se curar.

— Mas ela nunca apareceu para a aula, nem atendeu nossas ligações de confirmação.

A instrutora pegou um folheto do curso. — Ela se inscreveu no nosso programa “Cozinha Terapêutica” que se concentra na saúde digestiva e no cuidado do estômago.

Mark pegou o folheto, com uma expressão estranha cruzando seu rosto. — Você tem imagens de segurança daquele dia?

A instrutora assentiu. — Uma menina doce. Passou horas fazendo perguntas sobre refluxo ácido e tratamentos para gastrite. Causou uma boa impressão.

Mas quando a filmagem começou, todos na sala ficaram em silêncio.

Mark engoliu seco, olhando para a tela. — Ela… ela parece Alice.

A instrutora se animou. — Sim, Alice! Esse era o nome dela no formulário.
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