_______________________________________________JILEAN— Tire as mãos do bolso. — Falei rispidamente o encarando.— Ok. — Ele tirou e levantou as duas mãos. — Eu preciso te lembrar que sou o pai dela? Que tenho direito de vê-la? Quer mesmo ir por este caminho? Quer iniciar uma queda de braço comigo? Novamente? — Ele abriu um sorriso cínico que me deu vontade de vomitar.— Está me ameaçando? — Eu estreitei os olhos para ele. — Saia. — Falei decidida. — Você terá todo o direito de ver a sua filha quando ligar para o número que foi lhe dado e marcar um horário.— Ok. Tudo bem. Posso dar um abraço nela, pelo menos? — Ele disse cerrando o maxilar.Eu hesitei, novamente o medo, o pavor, a angustia tomou conta de mim. Ver a minha filha nos braços daquele homem despertava em mim, sentimentos e lembranças que eu queria apagar.— Jil... — Rick sussurrou se virando para mim. — Um único abraço e ele vai embora. Ela vai voltar pra você, segura.Baixei o olhar tentando segurar as lagrimas que surgir
____________________________________________________RICK Há um ditado que diz que os olhos são o espelho da alma... Por isso evitamos tanto olhar nos olhos dos outros... Talvez seja medo de enxergar o quão vazio aquela pessoa estar, ou, talvez, seja medo de que o outro enxergue o quão vazio nós estamos. Quando olhei em seus olhos, foi tudo que consegui enxergar, um vazio, seu olhar me dilacerou por completo e por um segundo eu não queria fazer nada além de matar o homem que foi capaz de causar tanta dor a uma mulher tão incrível quanto a Jilean. — Vai ficar tudo bem... — Sussurrei enquanto a ouvia soluçar de encontro ao meu peito. —Não vai... — Ela sussurrou de volta. — Como vou voltar pra casa? Como vou dormir sabendo que ele sabe onde moro? — Ela levantou a cabeça e me encarou, eu pude sentir o pânico que a rodeava. Desespero. — Você não precisa. — Balancei a cabeça e de repente eu tinha completa certeza do que estava fazendo. — Volte para casa comigo. — Estou com medo. — Ela m
________________________________________________RICKQuando chegamos ao seu apartamento a Agnes já estava adormecida em meus braços.— Coloca ela em minha cama, por favor. — Jilean disse.Eu coloquei a Agnes na cama, colocando algumas almofadas na ponta para que ela não caísse e a encarei. Jill pegou uma mala grande e começou a catar algumas coisas.— Você tem certeza? — Ela me encarou por alguns segundos.— Absoluta. — Respondi cruzando os braços, tranqüilo da minha decisão.Ela assentiu e continuou pegando algumas roupas e acessórios. A assisti caminhar pela casa colocando coisas em uma mala completamente perdida em seus pensamentos. Alguns momentos ela parava e respirava fundo, cerrava o maxilar, encarava o ambiente ao seu redor, como se estivesse discutindo consigo mesma internamente. Quando terminou de pegar algumas coisas em seu quarto, foi até o quarto da Agnes. Eu a acompanhei e me apoiei na porta novamente a assistindo. Jilean começou a pegar algumas roupas da menina e coloca
________________________________________________RICK— Ele fez novamente? — Perguntei, minha voz saiu rouca e baixa.— Por dois meses ele foi um príncipe. — Ele falou encarando nossas mãos entrelaçadas. — Até eu começar a ter enjôos, insônia, a inchar por conta da gravidez e ele começar a me humilhar, me envergonhar. Os hormônios nos deixam sensíveis, nos tornamos uma explosão de emoções e ele se aproveitou disso para me subjugar. No quinto mês ele me empurrou novamente e eu disse que iria até a policia, então ele me ameaçou. Me fez se passar como louca e ele foi tão convincente que até eu duvidei que tivesse sido real. No final eu não sabia dizer se havia sido mesmo intencional, se foi de fato agressão. No sexto o empurrão foi mais forte e eu levei um tombo e fui parar no hospital. Minha mãe me perguntou se ele havia me agredido e eu disse que não. — Ela falou com as lágrimas agora rolando sobre seu rosto.— Por quê? — Perguntei, eu não conseguia entender.— Vergonha. Medo. Minha mãe
________________________________________________RICK— Câncer. — Ela sussurrou. — Foram apenas seis meses. Estava em estado muito avançado. Depois arrumando suas coisas eu vi o papel do diagnostico médico, ela descobriu no mesmo dia em que o Ravi tentou me matar. Ela me respondera que eu precisava dela, que precisava me reconstruir, que ela já havia vivido tudo que tinha pra viver. Que eu precisava voar, porque um dia ela havia me dito que estaria aqui para me ajudar a sarar as feridas, que ela estivera, mas que como também havia dito, não estaria aqui para me proteger pra sempre. — Suas lágrimas voltaram a descer. — Pouco tempo depois que ela faleceu, descobri que o Ravi não cumpriria os dez anos, que eu teria apenas a medida protetiva, mas que ele iria sair por bom comportamento e que iria poder ver a filha desde que fosse em lugar movimentado e que estaria sempre a dez passos de distancia.— Como ele se livrou dos dez anos tendo feito tudo que fez? — Perguntei.— A família dele tem
_______________________________________________JILEAN— Você pode redecorar se quiser. — Rick falou colocando as mãos no bolso e seguindo até a porta de vidro. — Aqui fica a varanda compartilhada.Eu o segui enquanto Agnes se jogava na cama. Na varanda um sofá preto tomava toda a parede entre nossas portas juntamente com um nicho na parte de cima contendo alguns livros e um telescópio no canto. A varanda dele dava uma vista perfeita para o céu estrelado o que deixava a altura apenas um detalhe. Toda a varanda era coberta por um vidro.— Este vidro é blindado e fumê, ou seja, nada de fora pode nos ver ou nos atingir. — Ele disse tocando no vidro e observando o condomínio abaixo, embora essa parte da varanda ficasse virada para um local onde não tinha prédios, apenas ruas ao longe.— Entendi. — Falei observando o céu acima de nós.Rick seguiu para o lado de dentro e eu o segui. Saímos do quarto.— Aqui é o banheiro. — Ele abriu a porta de frente para a nossa. O banheiro era bem espaçoso
________________________________________________RICKEstávamos sentados no sofá comendo pizza e assistindo a segunda seqüência de Meu Malvado Favorito, eu as observava discretamente e perguntava para mim mesmo como havíamos chegado aquilo...Quando de repente meu apartamento virou algo familiar e meu coração passou a ansiar ter uma família? Automaticamente meus lábios formaram um sorriso quando a Agnes irrompeu em risadas por algo aleatório que eu sequer prestara atenção no desenho e a Jill sorriu ao encarar a menina. Era aquilo, aquela sensação que eu tive tanto medo de ter na vida, que eu achei não ser possível, que eu acreditei estar fora de cogitação... E então elas estavam ali, ao meu lado, de uma forma completamente inusitada e eu não queria mais estar em outro lugar numa sexta á noite.— Querido, cheguei! — A voz de Jack me tirou dos meus devaneios. — Perdi alguma coisa? — Ele parou no meio da sala com uma expressão surpresa ao nos encarar.— Tio Jack!!! — Agnes pulou do sofá i
________________________________________________RICKNos acomodamos os três no sofá encarando o céu e bebendo um bom vinho.— Bom, como sou um incrível fofoqueiro. Quero entender melhor essa tuor. — Jack falou.— Tem certeza? — Jill perguntou ainda encarando o céu.— Absoluta, não vou conseguir dormir criando fanfics e mais fanfics se você não me contar! — Jack riu.— Você pode começar com um psicopata e uma mocinha. — Ela suspirou.— A mocinha é você. E o psicopata? Não é o Rick... Ele é pervertido, mas psicopata não. — Jack falou. Nós três rimos.— O psicopata é o meu ex. — Ela falou respirando fundo.— E qual o enredo da fanfic? — Jack perguntou sendo cuidadoso com as palavras.Senti Jilean ajeitar o corpo e então me acomodei no braço do sofá ficando de frente para Jack e deixando que ela apoiasse suas costas em meu peito e as pernas no colo dele. Quando vi meus braços já estavam ao redor de seu corpo, uma mão segurava a taça e a outra estava traçando linhas invisíveis na palma de