Nos primeiros dias da reabilitação, Alexander se esforçava nos treinos. Após o alongamento dos membros superiores, ele moveu a musculatura do tronco com o auxílio da fisioterapeuta. Algumas vezes, sentiu dores no início dos exercícios de decúbito, rolava e movimentava o corpo para cima e para baixo. A parte mais complicada era a transferência do peso do corpo; entretanto, ele se esforçava nas atividades sempre que Nicole estava presente.
— Você consegue! — Encorajou a voz mansa.
No fundo, o coração dela estava aflito. Por um instante, Nicole se mexeu, pensou em correr para ajudá-lo, mas Claire fez que não com a cabeça.
— Continue, amor! — Incentivou com um sorriso. — Logo você vai dirigir o seu carro.
Ele segurou o metal frio da cadeira e elevou o torso enquanto supo
À noite, Nicole levou as filhas para outro andar da casa e deixou que Alex e Rodolpho subissem com o pai pelo elevador adaptado para cadeirante. Depois de colocar as filhas para dormir, ela espiou pela porta do quarto dos gêmeos. O pai dedicado contava mais uma história dos super-heróis favoritos dos filhos. Eram quase onze horas da noite e Nicole já estava deitada de barriga para cima, olhava para o teto e pensava sobre como conversaria com Alexander sobre Marcelly. Não podia tapear a filha como fazia nos primeiros meses em que a menina sentiu falta da mãe biológica. Levantou a cabeça logo que a porta se abriu e afundou no travesseiro, em seguida. Imersa em seus pensamentos, vasculhou um jeito de convencer o esposo a deixar Marcelly visitar a mãe. Alexander p
Durante a festa, o homem com o cabelo grisalho chegou em companhia de uma bela morena que alargou o sorriso logo que avistou Alexander. Henry acenou para a Nicole e cumprimentou Ricardo com uma mesura. Encaminhou-se até o canto da sala onde a filha estava sentada próxima ao genro. — Oi! — Nicole pôs-se de pé. — Onde está a madame Heloísa? — Ela teve uma crise e precisou ser medicada — respondeu Henry. — Heloísa ainda estava dormindo quando eu saí. Então, eu convidei a Dra. Werneck para me acompanhar, espero que não se importe. Nicole olhou para Claire que conversava com Ricardo e forçou-se a sorrir para esconder a raiva. — E como você está, Alexander? — Henry fitou a carranca do genro. — A doutora Werneck comentou que vo
Todos os convidados cantaram parabéns a você em volta da menina com cachos dourados. Marcelly parecia ter esquecido a falta que sentia da mãe biológica. Nicole beijou as bochechas avermelhadas da filha que estava em seu colo. — Agora apague as velinhas e faça um pedido! A menina fechou os olhos e soprou, mas a vela não apagou. Fez o pedido novamente, desta vez, soprou um pouco mais forte do que antes e apagou a chama. — Eu pedi para ver a maman — disse o sotaque infantil. Alexander e Nicole trocaram olhares. Ela colocou a menina no chão e cortou o bolo em fatias enquanto Lana distribuía nos pratinhos descartáveis de cor rosa. Meia hora depois, Nicole pediu para que a governa
Nicole ficou estirada na cama, encostou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos. Enquanto o corpo repousava, a mente continuava em tumulto, não entendia porque Claire tinha que se insinuar a todo momento. Qual seria a relação dela com Henry? Alexander percebeu um certo aborrecimento na fisionomia de cansaço da esposa. Deitou-se de lado na cama. — Eu sei que você deu o seu melhor e fez todo o possível pelo projeto — comentou Alexander. — Sério? Pensei que você estava feliz com a substituição do doutor Kim — disse ela, com uma raiva contida no tom de voz. Mesmo que não suportasse a proximidade de Nicole com David, ele tentou conservar a calma para apoiar a esposa. — Para ser sincero, não estou feliz com a decisão do seu
Nicole entrou no escritório e fechou a porta. A claridade iluminou os cantos da sala assim que abriu as persianas. Os últimos dias foram extremamente exaustivos, já que Nicole passou mais tempo com Claire e explicou tudo sobre o projeto "Médicos do Bem". Naquela manhã quente de quarta-feira, o ar-condicionado estava no máximo. Por alguns minutos, Nicole sentiu-se aliviada por estar sozinha, mas o seu precioso momento de paz foi quebrado pelo ruído das batidas. — Entre! — Elevou a cabeça ao olhar para a porta. — Bom dia, Nicole! Está ocupada? — indagou Claire, com uma voz mansa. — Bom dia, doutora Werneck! — Nicole esboçou um sorriso contido. — Sente-se! — Fez um gesto com a mão para a cadeira. Claire ajeitou a saia
Isabella ficou boquiaberta logo que observou o homem adelgaçado na cadeira de rodas. O tecido do paletó preto estava um pouco frouxo nos ombros encurvados. Alexander mal lembrava o jovem robusto por quem ela se apaixonou. As linhas de expressões no rosto quadrado davam os primeiros sinais do envelhecimento prematuro. — O que você quer, Isabella? — indagou ele, friamente. — Eu só vim para conversar com a Nicole e aproveitei para pedir desculpas. — Colocou-se de pé e ajeitou a bolsa branca, de uma grife italiana, nos ombros. Aquele homem não a atraía como antes. — Sinto muito pelo que houve com você — balbuciou. — Não preciso de sua piedade e nem mesmo que alguém sinta pena de mim — replicou em tom grosseiro. Alexander enlaçou a cintura da esposa. — Minha família me dá força e me ajuda a compreender que o amor dele
O edifício do hospital psiquiátrico Viva Well tinha uma fachada verde e era cercado por alguns painéis brancos que traziam uma certa estabilidade para os pacientes e uma vaga lembrança da sensação de estar em casa. Durante o tratamento, Josephiné ficou presa no hospital onde recebeu atendimentos diários. Além da terapia com psiquiatras e psicólogos, também recebia todos os cuidados na alimentação e medicação. Pela manhã, a maioria dos pacientes participava das diversas recreações e atividades ao ar livre nos jardins. O sol iluminava as copas frondosas da vegetação que embelezava o pátio do prédio. Fazia algum tempo que Josephiné não tinha contato com outras pessoas. Os olhos de safira examinavam a paisagem através do vidro. Uma das enfermeiras abriu a porta e avistou a silhueta fina das costas da mulher comprida
Nicole estava sentada no sofá com um estofado verde-escuro. Ajeitou os cachos dourados de Marcelly. A menina parecia mais feliz do que nos últimos dias. O ringtone do BlackBerry tocou algumas vezes, porém Nicole decidiu não atender, se Alexander soubesse onde ela estava, ele surtaria. — Senhora Bittencourt! — O médico entrou na sala. A boca larga esboçou um sorriso branquíssimo logo que avistou Nicole. — Bom dia, doutor Becker! Ela afastou-se assim que cumprimentou o médico com um aperto de mão. — E quem é essa princesa? Doutor Becker se abaixou na altura de Marcelly. A menina deu um sorriso tímido e abraçou a cintura da mãe.