Na manhã de segunda-feira, Nicole ajeitou os cabelos no espelho do elevador e girou os calcanhares assim que a porta se abriu. O sorriso aumentava à medida que retribuía as saudações amistosas dos funcionários.
Alargou os passos e chegou à sala da diretoria em poucos segundos. O ar-condicionado deixava o ambiente fresco e bem arejado. Tirou os óculos e espremeu os olhos para se acostumar com a claridade.
— Bom dia, Annie!
— Bom dia! — A secretária ergueu a cabeça. — Feliz aniversário atrasado!
Annie pegou um pacote bem embrulhado com um laço de fita azul-claro.
— Não precisava se incomodar! — Abraçou-a.
— Imagina, é só uma lembrancinha!
No decorrer dos meses, Nicole estava mais tranquila em relação a Claire e ao seu pai. A mente estava tão ocupada com os preparativos do casamento que depois de uma longa conversa com o esposo, ela decidiu tirar alguns dias de férias. Certo dia, em uma das sessões de terapia, Nicole apareceu de surpresa com as crianças. Todos apoiaram o pai durante o tratamento. — O papai está caminhando — disse Rodolpho. Alexander apoiou as mãos nas barras paralelas e se locomoveu como uma criança que dava os primeiros passos. — Isso! — Nicole bateu palmas. — Continue, meu amor! — Te amo papa! — falou Jullie. A menina largou a bolinha e se aproximou do homem que caminhava com auxílio da fisi
Após o jantar, Nicole foi para o quarto e tomou um banho, vestiu a primeira camisola que pegou no guarda-roupa e se esticou na cama. Tirou o telefone do gancho e notou uma taça de vinho ao lado da cama. Olhou para a luz do banheiro que ainda estava acesa e ligou para Lana. Ambas conversaram sobre a decoração do casamento e trocaram amenidades. Comentaram sobre a repentina viagem de Claire para a Itália. — O meu pai acompanhou ela — disse Nicole. — Parece que o pai da Claire teve um AVC. Nicole olhou para o marido que saiu do banheiro vestindo apenas uma cueca boxer preta de algodão. Ele encostou a bengala ao lado da cama e afundou nos lençóis. Deslizou os lábios pelo pescoço de Nicole. — Acredito que eles voltarão antes do meu casamento — conteve o gemido quando ele puxou a orelha entre os dentes.
No entardecer primaveril, o casório tinha um belo cenário natural. O céu com um tom alaranjado que iluminava a copa das árvores e as belas flores. A decoração do casamento ao ar livre tinha alguns móveis de madeira e gaiolas decorativas. Nicole optou por uma ornamentação mais simples e rústica para a celebração e a festa intimista. Arranjos de girassóis enfeitavam as cadeiras dos convidados que gradualmente se acomodavam para assistir à cerimônia. Cada detalhe simples e delicado deixava o ambiente mais charmoso. Louise caminhou graciosamente em seu luxuoso vestido de seda azul-royal e desfilou ao lado do homem comprido e com uma pele da cor do caramelo. Tinha um certo orgulho do rapaz que aparentava ser mais jovem. — Olá, Ricardo! — Cumprimentou o ex-mari
Um ar leve e fresco batia contra o rosto com o queixo marcado. Alexander estava próximo do juiz de paz, um amigo de longa data que realizou o último enlace matrimonial com Nicole. — Está nervoso? — Thomas sorriu de boca fechada. — Um pouco, Nicky está demorando. Alexander uniu as mãos na frente da cintura estreita, tinha quinze minutos que ele aguardava por Nicole. — Fiquei muito feliz por saber que a família cresceu. Thomas lançou o olhar sobre alguns papéis na mesa rústica de madeira maciça retangular. — Temos quatro filhos! — Vocês superaram muitas coisas juntos, meu amigo! Alexa
Assim que chegaram a Paris, eles se acomodaram em um hotel no centro da cidade cosmopolita. Alexander assinou os papéis do aluguel do carro e pegou as chaves. — Merci beaucoup! — Agradeceu ao funcionário. Nicole achava graça do biquinho que o esposo fazia quando falava francês. — Você fica tão fofo quando fala “merci beaucoup”. — Mais tarde eu vou te ensinar algumas palavras quando estiver dentro de você. — Serei uma boa aluna! — Vamos! — Para onde? — Ajeitou o sobretudo preto sobre o vestido. — Vou te levar à livraria Shakespeare & Company.
Depois que eles se amaram avidamente durante a tarde. Nicole tomou um banho e colocou um vestido de seda vermelho e calçou o salto alto preto. Ajeitou os cabelos que estavam um pouco abaixo dos ombros e notou o olhar do marido que ajeitou o segundo botão do terno slim fit, de uma grife italiana. — Podemos jantar no quarto — sugeriu ele. — Depois voltamos para cama. Que tal? — Não, Alexander. — Ela esfregou os lábios um contra o outro, depois que usou o batom vermelho. — Fizemos amor durante toda a tarde. — Ainda temos a noite! — Você prometeu que me levaria para fotografar a torre Eiffel — Virou o rosto logo que ele tentou beijá-la. Alexander vislumbrou a imagem no espelho, ele ajeitou o topete com as mãos e colocou os óculos. — Está pronta! — Sim! Ele ajudou a esposa a vestir o sobretudo. Pegou as chaves do carro na cômoda ao lado da cama e seguiu Nicole até a porta. Em poucos minutos, o casal se aproximou da Torre Eiffel. Dentro da enorme estrutura de metal, Alexander conduz
França, Setembro de 2010. Ela não presta! O alarme do meu celular tocou pela terceira vez, estiquei o meu braço até a cabeceira ao lado da minha cama e desativei. Naquela manhã de verão, embora não estivesse tão quente como no Brasil, às 7 horas, a temperatura girava em torno de 20 graus. Peguei os óculos e olhei a tela do meu blackberry. Tinha quatro meses que iniciei a residência no Hospital Saint-Mary em Lyon e, até aquele momento, Nicky não respondia às minhas mensagens ou retornava as minhas ligações. Joguei o celular na cama e puxei o cobertor. Meu pau estava duro e latejava, isso acontecia sempre que eu sonhava com ela. Era impossível esquecer de como ela estava apertada e quente na primeira vez em que fizemos amor. Levantei da cama e fui direto para o banheiro, não tive outra alternativa, me aliviei embaixo da água morna que caía sobre as minhas costas. Não conseguia parar de pensar n
No meio da escuridão, um homem emaciado caminhava por um imenso corredor. Os pés descalços batiam contra o piso, os olhos expressivos procuravam uma saída daquele lugar frio e vazio. O ruído de risadas infantis ecoava pelo breu, Alexander girou os calcanhares e correu para o outro lado. Precisava encontrar a família. — Acorda, papai! — A voz infantil ecoou. — Alex! — berrou. — Onde você está? — Estamos esperando você, pai — respondeu Rodolpho. — Je t'aime, papa! — declarou Marcelly. Alexander virou a cabeça para o outro lado. — Onde vocês estão? Um pequeno facho de luz mostrava uma saída, havia alguém em meio a escuridão. A mulh