ANOS ATRÁSNo dia seguinte quase não consegui encarar Bete e Carlos, mas eles pareciam realmente alheios a qualquer outra coisa que não fossem eles.Os beijos e toques eram com tanta intimidade que eu me perguntava se eles já não tinham ficado antes. Marcos era tão cuidadoso ao me tocar, sempre esperando minha reação antes de continuar, já os nossos amigos pareciam se conhecer há anos, tocando o corpo um do outro com intimidade.— Vocês dois estão planejando se soltar em alguma hora? Preciso levar as meninas pra casa. — Marcos foi o primeiro a falar desde que tínhamos começado a tomar café.— Minha mãe acha que estou na casa da Bete, e os pais dela estão fora da cidade, acho que podemos ficar mais um pouco. — murmurei, me sentando hesitante no colo dele.— Tem certeza? — Seu toque em meu rosto foi tão leve e breve que quase pareceu não existir. — Não quero que se meta em problemas...— Sim, ela tem certeza cavalheiro. — Bete rosnou, interrompendo-o e se sentando finalmente. Até ela ti
Tinha mandado uma mensagem para Bi e pedi para que mandasse Carlos voltar o mais rápido possível a cidade. Claro que essa parte Bete não sabia, ela já tinha problemas de mais para lidar no momento. Nosso combinado foi que eu apenas o procuraria e marcaria um encontro entre os dois, e estaria lá para dar apoio dando certo ou não a conversa.— Espero que ele não demore, se levar mais alguns meses não conseguirei esconder a barriga. — Bete estava distraída sentada na cadeira branca de balanço, aquela cadeira era mais velha do que nós duas.Sua barriga estava dando uma leve volta, quase não se notava, especialmente com as roupas folgadas que ela usava agora.— Não vejo a hora de ser titia. Você e Fernando me dando sobrinhos de uma vez só. — Era muita felicidade, mesmo sabendo que dificilmente eu a veria se ela continuasse morando aqui, e eu torcia para que ela e Carlos se entendessem.— Vamos lá Emily, sua vez de dizer o que te tirou da cama tão cedo. Porque fugiu de casa? — pergunto
ANOS ATRÁSFazia alguns dias que as coisas tinham se acalmado um pouco para Marcos. O final do ano estava chegando e com ele minhas férias, eu queria passar o máximo de tempo com ele antes que tivesse que morar na cidade vizinha para fazer faculdade. Claro que meus pais não estavam felizes com essa decisão, sempre pensaram que seguiria os passos de Fernando e iria para São Paulo, mas entenderam que Marcos era importante demais para simplesmente deixá-lo. Respirei fundo no carro antes de saltar para fora e pegar os lanches que tinha feito com minha mãe.— Ele vai adorar a surpresa. — ela disse me encorajando.Andei hesitante até a entrada da oficina do senhor Silva, onde Marcos trabalhava. Já havia avistado ele de longe, com as calças caindo na cintura e a regata suja de graxa assim como os braços, sua cabeça estava enfiada dentro do capo do carro.— Boa tarde menina! — Silva me cumprimentou, assim que mamãe arrancou com o carro chamando a atenção de todos.— Bom dia, senhor Silva
Minha cabeça latejava, quase como se eu estivesse de ressaca, mas a dor só aumentou quando tentei me levantar, meu corpo todo estava dolorido, mas eu ouvia conversa vindo da cozinha.— Bi? — a chamei, enquanto me obrigava a atravessar o pequeno corredor até a cozinha.Os cochichos que eu tinha escutado quando levantei cessaram assim que eu falei.— Bom dia Emy. Está melhor? — ela surgiu na soleira da porta me pegando de surpresa e perguntou parecendo animada, mas seu rosto não escondeu a preocupação. O que estava acontecendo ali... Não foi difícil descobri, bastou olhar além dela, para ver Marcos no fogão me encarando. Que merda era aquela? — Desculpa, eu não pensei que fosse acordar tão cedo e ele...— Chega disso. — Ele calou Bianca de suas explicações, enquanto marchava em minha direção. — Céus, olhe só... — Marcos murmurou muito perto de mim, em seguida tocou meu rosto. Eu estava paralisada, deveria lhe dar um soco ou xingá-lo, mas só fiquei ali confusa enquanto ele segurava
ANOS ATRÁSO ano finalmente havia acabado, eu estava terminando o ensino médio e no ano que vem estaria indo para a faculdade da cidade vizinha. Não ia conseguir ver Marcos todos os dias, mas em poucos meses ele se mudaria para lá e moraríamos junto.Claro que minha mãe quase surtou, eu era nova demais para isso, precisava repensar tudo, ter uma vida, antes de decidir construir uma vida com ele. Mas, o que eu podia fazer quando o amor da minha vida chegou mais rápido que o dela?Hoje não queria pensar nisso, só queria me divertir e me entregar a Marcos. Eu não aguentava mais de vontade depois de todos aqueles meses de amassos quentes, beijos e gozar através das roupas. Eu precisava de mais.— Tem certeza disso querida? — minha mãe me questionou, quando me viu pegando uma muda de roupa extra e colocando na bolsa.O combinado era que iríamos para a casa da Bete depois da formatura, mas é claro que ela já deveria ter entendido tudo.— Tenho. Sei que é a hora mamãe! — afirmei, com a
— Eles não vão desistir enquanto as coisas não parecerem resolvidas entre nós. — Marcos começou a falar, tentando puxar assunto. Mas ignorei a sua voz, ou ao menos tentei ignorar apertando os olhos como se isso fosse fazê-lo sumir. — Eu sei que você não quer conversar e eu entendo, realmente entendo, mas se puder pelo menos me escutar. Fechei minhas mãos em punho e apertei até que às unhas machucassem a pele, então respirei fundo e finalmente o olhei. Os olhos claros e expressivos me faziam querer chorar e perguntar porque ele tinha me enganado, mas tudo o que fiz foi manter nossos olhares cravados. — Eu me lembro da última vez que te vi antes da nossa briga. Naquela noite eu te deixei em casa depois que saímos da cabana, quando eu cheguei a minha casa foi o começo do meu pesadelo. — Ele entrelaçou os dedos e os encarou, era assim que reagia quando ficava sem jeito, mas esse Marcos na minha frente era outra pessoa. — Peguei meu pai agarrando Bianca, ele estava bêbado demais para ter
ANOS ATRÁSEu estava estupidamente feliz. Em algumas semanas estaria me mudando para cidade vizinha para começar a faculdade. Mesmo que isso significasse ficar mais tempo sem Bete, Bianca e Marcos eu estava eufórica com a ideia de ser mais independente e começar o próximo capítulo da minha vida.Marcos faria suas viagens nos fins de semana para me ver, enquanto não se mudasse de vez para lá. Era o último ano de Bianca, então ele ainda precisava estar por perto e ficar de olho, já que o pai bêbado não servia para nada, no ano seguinte ela conseguiria uma bolsa, para qualquer faculdade que quisesse, já que era uma verdadeira gênia, e então ele estaria livre para se mudar comigo.Quanto mais tempo passávamos juntos planejando nosso futuro, mais real ele parecia.— Nós deveríamos ir até esse show na cidade vizinha. — Bete entrou no meu quarto com o celular na mão digitando freneticamente. — Pronto. Já convenci Carlos, só falta você convencer Marcos.Ela e Carlos não tinham se desgrud
Encarei o prato de ovos e café na minha frente, mais uma de minhas lembranças daquela cidade.Ainda estava tentando assimilar tudo o que Marcos tinha me dito, ele fez o melhor que achou no momento, se soubesse em tudo que resultaria talvez tivesse feito diferente.Mas eu precisava ver o presente com as opções que tínhamos agora, nossas vidas haviam mudado muito. Marcos tinha uma família e estava finalmente feliz, ele seguiu em frente e eu precisava fazer o mesmo, precisava deixá-lo para trás, especialmente agora que tínhamos esclarecido tudo o que realmente aconteceu.Sara estava certa, precisava começar a lutar pelo o que eu queria e ajudar meu pai deveria ser meu foco agora.Engoli a comida enquanto maquinava o que faria, meu pai precisava de ajuda e eu sabia que não aceitaria a minha por livre e espontânea vontade, mas havia uma pessoa que ele ouviria.— Pastor Lucas. — murmurei chamando o senhorzinho barrigudo com os doces olhos castanhos.Ele se virou com um olhar surpreso