Hanna tinha medo de abrir seus olhos e encarar quem tinha lhe salvado e que, consequentemente, seria a "vítima" daquele desafio ousado. Podia ser qualquer pessoa, dado o lugar em que estava. E se fosse Ágatha ou Carlos? Se sim, seria tão constrangedor ter que beijar um de seus amigos. Ela sentia-se receosa, mas aquilo tudo desapareceu quando, quem segurava sua mão, lhe puxou para mais próximo de si.
Hanna tremeu, mas já não podia permanecer alheia à situação. Ainda preocupada sobre quem seria, ela abriu seus olhos com cautela. A princípio, pensou que sua mente estivesse lhe pregando uma peça maravilhosa, mas logo percebeu que não era isso. Não era um engano, um equívoco, muito menos delírio. Em todos os cenários possíveis, aquele com certeza era o melhor.Um sorriso genuíno, que ela não esperava ter naquele momento, apoderou de seus lábios ao ver o indivíduo que a segurava encará-la com intensidade e divertimento. Ainda sorrindo, desviou seus olhos castanhos do delEra uma tarde fria de domingo. Hanna estava deitada no tapete da sala de estar da casa de Mia, ouvindo sua amiga cantarolar uma música qualquer e tentando prestar atenção no que estava escrito no livro didático abaixo de si. Sua mente estava longe, presa aos acontecimentos da manhã anterior.Ainda conseguia sentir o toque de Noah em sua pele, o cheiro dele e, principalmente, suas palavras provocantes. Por mais que tentasse, aquilo não saia de sua cabeça. Não conseguia esquecer que, em dado momento, ele havia lhe "pedido em namoro" e que isso não parecia ser uma mera brincadeira.Hanna lembrava bem de todas as palavras que Noah havia lhe dito naquele dia, recordava-se muito bem que ele queria se divertir somente com ela e de como ele havia lhe protegido perante Sarah e suas amigas malucas. Ao se lembrar, foi inevitável não ficar vermelha, constrangida e apaixonada. Ela suspirou, incapaz de processar tantas informações e lembranças calorosas. No fundo de sua mente, u
— Por que coisas assim sempre acontecem comigo? — Hanna murmurava, enquanto estava sentada na calçada em frente ao shopping mais badalado de Marjorie. Ela acariciava, com sua mão direita, o inchaço recém adquirido em seu pé esquerdo. Não conseguia dar um passo sequer sem perder o equilíbrio ou acabar sentindo uma dor exorbitante na região da contusão. Sentia-se frustrada por estar tão incapacitada, mas não tinha forças para sair sozinha dali, muito menos vontade para pedir ajuda a alguém. Queria resolver tudo sem sentir dor ou qualquer outro desconforto, mesmo sabendo que isso era totalmente impossível, para sua infelicidade, dada a situação inconveniente em que se encontrava.Ela suspirou, curvando sua cabeça para baixo. Sentia os olhares das pessoas que passavam por ali sob si, mas não ligava. Tinha outras coisas para se preocupar.Já era terça-feira. Tudo estava indo bem até aquele momento. Para sua alegria, tinha se dado bem nas primeiras avaliações d
Com qual dos dois ela deveria ir? Essa pergunta ressoava no interior da cabeça de Hanna, enquanto ela encarava os dois rapazes impacientes por uma resposta. Não queria ter que escolher, na verdade preferia dizer qualquer desculpa que lhe proporcionasse uma saída rápida e que não os magoasse. Mas não existia essa possibilidade. Para sua lamentação, só podia ir para direita ou esquerda. O ruivo ou o loiro. Aos seus olhos, um meio termo parecia impossível. Ou, talvez, era?Era só pensar melhor. Talvez, se tivesse que magoar um deles, por que não os dois ao mesmo tempo? Essa opção parecia viável, principalmente deixaria claro que ela não dependia de nenhum deles — mesmo que, naquele momento, ela precisasse urgentemente da ajuda de alguém.Hanna suspirou, olhando ao redor. Balançou sua cabeça, mordeu os lábios e sacudiu seus cabelos desgrenhados com uma de suas mãos. Aquela sequência de movimentos atraiu a atenção dos dois rapazes, fazendo eles cruzarem seus braços e bu
Era quinta à noite. Hanna estava sentada, de forma inquieta, no banco do ponto de ônibus mais perto de sua casa. Seu coração estava acelerado, suas mãos suavam e uma ansiedade cada vez maior a consumia por dentro. Não sabia direito o que fazer em relação a tudo que sentia, muito menos como seria aquela festa. Tinha medo de estragar tudo e não conseguir seguir o plano sugerido por Mia e Eros. Será que daria certo?Um forte vento agitou os fios soltos do seu cabelo castanho curto, amarrados com uma pequena trança lateral atrás de sua cabeça. Ela sorriu, olhando para o contorno preto que calçava. Se perguntou se Noah a acharia bonita naquela roupa, em seu vestido da Akatsuki, batom negro e sobretudo da mesma cor. Seu visual gótico, em um todo. Esperava que sim, afinal tinha lhe dado trabalho pensar em algo distinto do que ela havia usado naquela boate — na noite de todos aqueles acontecimentos inesperados que foram responsáveis por mudar o rumo de tudo.Um s
Já fazia vinte minutos que estava ali, escorada em um balcão perto da cozinha. Seus olhos castanhos vagavam por todos os presentes, reconhecendo um e outro. Hanna acenou, vendo Mia e Eros a distância. O homem negro estava vestido com uma calça azul escura e com uma camiseta cor-de-leite, meia manga social, destacando seu corpo forte e as tatuagens em seu dois braços. Seu dread estava solto, até o meio de suas costas, e ele mantinha um sorriso ligeiro em seus lábios carnudos.Foi inevitável para a jovem Fiore não estranhar o fato de Guerra não estar vestindo seu habitual colete. Ela já tinha se acostumado a vê-lo usando-o, tanto que ele parecia até outra pessoa quando estava sem. No entanto, vestido ou não, sua beleza era notável. Tanto por ela, quanto por todos ao seu redor. Isso ninguém podia negar.Enquanto Eros mantinha sua atenção nas pessoas que passavam à sua volta, Mia olhava fixamente para algo atrás de Hanna. Por isso, a jovem conseguiu ver muito bem a maq
Como as coisas acabaram naquele estado? Hanna não sabia, apenas girava um copo de vodka entre seus dedos e encarava o líquido dentro dele com suas bochechas enrubescidas. Ele era convidativo, igual aos outros três que ela havia consumido depois de presenciar aquela cena. Como Noah pôde fazer isso com ela depois de lhe dar aquele anel presente em seu dedo? Claro, ela não tinha certeza de nada e, infelizmente, não podia cobrar nada. Uma realidade lamentável, odiava ter que admitir isso, mas era.Se ele tivesse esperado só mais um pouco… Ah! Seu plano teria dado certo e, agora, ela teria sua "verdade idealizada" ressoando em seus ouvidos. Mas, não, ele não esperou. Ou foi ela que não o fez ao presumir as coisas sem antes averiguar totalmente a situação?Tanto fazia, já não importava a resposta. Ou era isso que ela tentava impor a si mesma? Perguntas sem respostas, e vários "e se" sem um pensamento final. Nada além disso.Hanna balançou a cabeça, vir
Era meio-dia, de sexta. Hanna estava deitada no sofá da sala de sua casa, olhando para o teto. Uma enxaqueca forte atormentava sua mente cansada, proveniente da bebedeira da noite anterior, lhe proibindo de fechar seus olhos e cair em um sono tão necessitado. Ela suspirou fundo, tentando mais uma vez recordar dos acontecimentos depois de ver Noah e Jéssica juntos.Não conseguiu se lembrar de muito — e a maioria do que se lembrava eram apenas borrões e conversas ininteligíveis. Nada parecia fazer sentido, além de, claro, o que ela tinha visto antes de cair na bebedeira. Pensando bem, isso também não era muito esclarecedor. Aquela aproximação podia ser qualquer coisa, e não algo tão íntimo como imaginava.Se fosse, talvez estivesse julgando Noah mal? Era mais que provável, principalmente quando — alguns de seus borrões mais "claros" — eram ele ao seu lado na piscina da festa e em outro lugar à beira mar. Se ele estava com ela, mesmo que não se recordasse do conteúdo
O vento chicoteava com maestria as copas das árvores ao pé da colina. O cheiro da maresia adentrava suas narinas à medida que ela se aproximava de seu topo. Sem fôlego, Hanna parou um pouco para descansar. Logo olhou para o céu colorido, buscando algo que não sabia se iria achar. O dia já estava em seu final e tudo indicava que logo a noite iria cair sobre eles. Apesar disso, ainda restavam alguns resquícios de luz brilhando em meio às nuvens em tom lilás. Mesmo estando muito bem agasalhada, Hanna ainda era capaz de sentir o frio penetrando lentamente em sua pele por baixo do tecido grosso.Ela esfregou suas mãos e olhou para frente. Noah andava lentamente em direção à colina, sem se preocupar se ela estava ou não o seguindo. Ela suspirou. Já era domingo, o dia que faria a tal pergunta a Bellini e tentaria entender todos os mistérios que Jéssica, propositalmente, havia colocado em sua cabeça. Ir até ali não foi uma decisão fácil. Por mais que quisesse re