Noah mantinha suas mãos presas aos pulsos de Hanna com firmeza. Seus olhos negros não ousavam desviar dos dela, deixando-a ainda mais desconcertada. Fiore suspirou, incapaz de fazer qualquer movimento brusco. Aos poucos, via o rapaz inclinando-se em sua direção, sem ao menos piscar. Ela fez de tudo para não tremer, para não soltar uma piada sem graça naquele momento e estragar com todo aquele clima que os envolvia.
Mas… Por Deus!Como era difícil se manter sã em tal situação.Não conseguia pensar direito, muito menos avaliar as consequências daquela provocação. Odiava admitir que seu coração só conseguia querer que aquele momento durasse para sempre — mesmo com os contras. No entanto, lá no fundo, ela também sabia que aquilo era só mais um jogo. Só mais um que não significava nada para Noah — o completo oposto do que era, e significava, para ela.Seja lá o que Bellini queria fazer, o que queria provocar nela, era algo íntimo demais. Ele havia term— Eu realmente tenho que parar de fazer isso? — Hanna perguntou para Carlos, enquanto olhava para o teto do apartamento do rapaz. Carlos suspirou pesadamente, colocando dois copos de suco sobre a mesinha à frente dela.— Se quiser tentar aparentar mais madura, sim, você tem — ele confirmou, sentando-se ao seu lado.— Mas eu amo bater meus pés. Além de ser algo inconsciente, é relaxante.— Eu sei disso, Hanna. — Ele a encarou, de forma avaliativa, enquanto ela desencostava-se do sofá. — Mas você tem que admitir que isso é muito infantil.— Você não é o primeiro que me diz isso — resmungou, descontente.— E não serei o último, não é?— Infelizmente?Hanna bufou, curvando seu corpo para frente. Já fazia três dias desde a conversa com Noemi, três dias onde ela havia pensado em mil e um meios de conseguir conquistar Noah sem mudar o seu jeito e, infelizmente, nada lhe veio à mente além de bancar a responsá
O som da chuva tocando com agressividade o telhado daquela casa trazia paz para os indivíduos presentes em sua sala e, ao mesmo tempo, receio. Ventos fortes açoitavam as janelas e produziam som duvidosos, deixando os menos corajosos apreensivos. Hanna riu, vendo sua irmã pular com o som de um raio atravessando o céu lá fora. Alba fuzilou-a com os olhos, ajeitando-se no sofá presente ali e tentando não olhar para Filippo que ria escandalosamente das expressões dos dois filhos mais novos dos Fiore. Dominic mantinha-se sentado na poltrona, lendo um livro tranquilamente. Emma, por sua vez, permanecia em seu quarto, fazendo algo que Hanna, ou qualquer outro, não conseguia sequer imaginar. Por que sons estranhos ecoavam de lá? Anthony resmungou a falta de espaço ao ver sua irmã, Alba, deitando-se para tentar esconder sua cabeça e não ver os clarões que iluminavam a casa. Ele parecia com medo, como ela, mas não ousava dizer isso em voz alta. Não era
A semana após a aposta com Emma se passou rapidamente. Mesmo que a mente de Hanna estivesse muito cansada, tanto pela pressão de sua escolha quanto pelas provas, ela tentava ao máximo olhar para o lado positivo de tudo aquilo.Se vencesse, poderia seguir com seu sonho mais rápido do que imaginava. E, se por desventura acabasse perdendo, ainda teria a liberdade para escolher seu parceiro sem a interferência de sua mãe. Depois disso, valia ainda mais a pena lutar para conquistar Noah — mesmo que, a partir daquele momento, ela pudesse considerá-lo um verdadeiro rival.Hanna parou diante da lanchonete de Ana, com uma expressão apreensiva.Bellini seria realmente seu rival? Inevitavelmente, sua mente começou a pensar que, talvez, Noah não iria mais participar da competição por ter sido expulso de sua casa. Se esse fosse o caso, ela teria que enfrentar Noemi? Ou pior, Leona?Um desespero alcançou os olhos da garota e ela hesitou em entrar naquele estabelecimento. Não queria acreditar que,
— Hanna! — uma voz irritada ecoou atrás de Fiore e Noah, assustando-os. Ela estremeceu, reconhecendo aquela voz juvenil e tão alterada.Sem outras opções, afastou-se do rapaz, interrompendo assim seu momento mágico, e virou-se para trás, encarando o garoto que os observava com seus seus olhos castanhos quase arregalados. Viu que era mesmo seu irmão, Anthony, olhando para os dois com indignação.— Thony! Eu… posso explicar.— Explicar? Que merda você tem na cabeça, Hanna? Esse cara é…— Eu sou o que, pestinha? — Noah se pronunciou, irritado. — O filho da mulher que sua mãe odeia? É isso que ia dizer? Se sim, quero que me diga: isso realmente importa?— Claro que sim! — Thony afirmou, convicto. — Você está usando minha irmã para atingir minha mãe, isso está muito óbvio para mim. — O que raios você tem no lugar do seu cérebro? — Noah esbravejou, dando alguns passos em direção ao garoto. — Eu nunca usaria a Hanna. Você deveria saber
Era quinta-feira. Hanna estava lendo um livro de terror — It: A coisa, de Stephen King — no silêncio da biblioteca da Lokelani. No entanto, apesar de estar parcialmente concentrada na leitura, seus pensamentos voavam por diversas coisas. Eram desde seu, até então, primeiro beijo com Bellini a chuva que havia molhado ela e Anthony na tarde de terça após não encontrarem Dominic e Alba no porto da cidade.Se soubessem que eles não estavam ali, jamais teriam ido para aquele lugar ao invés de voltarem para o aconchego de sua casa. No entanto, não adiantava chorar o leite derramado. Eles já tinham ido e estavam sofrendo as consequências disso. Hanna, se não bastasse acabar totalmente ensopada, foi obrigada a ouvir um sermão de Emma e ter que lidar com a culpa de ter deixado Thony resfriado — só mais uma coisa irritante para, também, lhe perturbar.Ela suspirou fundo, levando um de seus dedos à boca. Bufando, fechou o livro que lia e olhou para a hora que brilhava na tela
Hanna tinha aprendido a lição. Nunca mais atenderia seu celular sem antes olhar quem era. Se soubesse que não era Carlos que ligava naquele momento, nunca teria atendido aquela ligação e tido a infelicidade de ouvir a voz de Sarah lhe convidando para a festa de sua irmã. Não que isso fosse totalmente ruim, mas o "recado" que sua mãe havia deixado a cargo da garota para lhe dar não lhe agradou muito."Cuide da padaria em minha ausência."Ela não tinha ordenado para que Hanna cuidasse de Anthony? Isso não fazia sentido, queria até dizer que era obra de Sarah e seu complô maligno, mas, não. Hanna teve o trabalho de ligar para sua mãe e confirmar. Era uma viagem de última hora, assuntos urgentes que Emma tinha que tratar e, a partir disso, Hanna teria que ficar responsável por cuidar da padaria principal dos Fiore até que ela voltasse.— Só pode ser brincadeira!Hanna esbravejou pela décima vez após recolher os utensílios gastos na padaria naquela ter
Era um dia como qualquer outro, ou era isso que Hanna queria afirmar naquele momento. Ela suspirou, vendo o sol brilhar intensamente no céu sem nuvens. Estava quente, um dia perfeito para se divertir na piscina. E era por isso que estava ali, vestida daquela forma, no entanto… como tinha acabado naquela situação? Hanna não sabia. Ela só conseguia olhar para as várias pessoas andando de um lado para o outro — com seus trajes de banho bem justos ao seus corpos — e se perguntar até quando Ágatha continuaria agarrada a si.Não tinha a resposta, novamente, e isso a fez bufar. Indignação reapareceu em seu rosto, fazendo-a olhar mais uma vez para a garota que se escondia envergonhada atrás de si e repensar os acontecimentos anteriores àquele momento.Aquela era uma manhã de sábado, estava finalmente livre de suas responsabilidades na padaria, cansada, mas motivada a encontrar o clube aquático ao qual Noah estava trabalhando — de acordo com a informação que Carlos tinha ad
Hanna tinha medo de abrir seus olhos e encarar quem tinha lhe salvado e que, consequentemente, seria a "vítima" daquele desafio ousado. Podia ser qualquer pessoa, dado o lugar em que estava. E se fosse Ágatha ou Carlos? Se sim, seria tão constrangedor ter que beijar um de seus amigos. Ela sentia-se receosa, mas aquilo tudo desapareceu quando, quem segurava sua mão, lhe puxou para mais próximo de si.Hanna tremeu, mas já não podia permanecer alheia à situação. Ainda preocupada sobre quem seria, ela abriu seus olhos com cautela. A princípio, pensou que sua mente estivesse lhe pregando uma peça maravilhosa, mas logo percebeu que não era isso. Não era um engano, um equívoco, muito menos delírio. Em todos os cenários possíveis, aquele com certeza era o melhor.Um sorriso genuíno, que ela não esperava ter naquele momento, apoderou de seus lábios ao ver o indivíduo que a segurava encará-la com intensidade e divertimento. Ainda sorrindo, desviou seus olhos castanhos do del