— Hanna! — uma voz irritada ecoou atrás de Fiore e Noah, assustando-os. Ela estremeceu, reconhecendo aquela voz juvenil e tão alterada.Sem outras opções, afastou-se do rapaz, interrompendo assim seu momento mágico, e virou-se para trás, encarando o garoto que os observava com seus seus olhos castanhos quase arregalados. Viu que era mesmo seu irmão, Anthony, olhando para os dois com indignação.— Thony! Eu… posso explicar.— Explicar? Que merda você tem na cabeça, Hanna? Esse cara é…— Eu sou o que, pestinha? — Noah se pronunciou, irritado. — O filho da mulher que sua mãe odeia? É isso que ia dizer? Se sim, quero que me diga: isso realmente importa?— Claro que sim! — Thony afirmou, convicto. — Você está usando minha irmã para atingir minha mãe, isso está muito óbvio para mim. — O que raios você tem no lugar do seu cérebro? — Noah esbravejou, dando alguns passos em direção ao garoto. — Eu nunca usaria a Hanna. Você deveria saber
Era quinta-feira. Hanna estava lendo um livro de terror — It: A coisa, de Stephen King — no silêncio da biblioteca da Lokelani. No entanto, apesar de estar parcialmente concentrada na leitura, seus pensamentos voavam por diversas coisas. Eram desde seu, até então, primeiro beijo com Bellini a chuva que havia molhado ela e Anthony na tarde de terça após não encontrarem Dominic e Alba no porto da cidade.Se soubessem que eles não estavam ali, jamais teriam ido para aquele lugar ao invés de voltarem para o aconchego de sua casa. No entanto, não adiantava chorar o leite derramado. Eles já tinham ido e estavam sofrendo as consequências disso. Hanna, se não bastasse acabar totalmente ensopada, foi obrigada a ouvir um sermão de Emma e ter que lidar com a culpa de ter deixado Thony resfriado — só mais uma coisa irritante para, também, lhe perturbar.Ela suspirou fundo, levando um de seus dedos à boca. Bufando, fechou o livro que lia e olhou para a hora que brilhava na tela
Hanna tinha aprendido a lição. Nunca mais atenderia seu celular sem antes olhar quem era. Se soubesse que não era Carlos que ligava naquele momento, nunca teria atendido aquela ligação e tido a infelicidade de ouvir a voz de Sarah lhe convidando para a festa de sua irmã. Não que isso fosse totalmente ruim, mas o "recado" que sua mãe havia deixado a cargo da garota para lhe dar não lhe agradou muito."Cuide da padaria em minha ausência."Ela não tinha ordenado para que Hanna cuidasse de Anthony? Isso não fazia sentido, queria até dizer que era obra de Sarah e seu complô maligno, mas, não. Hanna teve o trabalho de ligar para sua mãe e confirmar. Era uma viagem de última hora, assuntos urgentes que Emma tinha que tratar e, a partir disso, Hanna teria que ficar responsável por cuidar da padaria principal dos Fiore até que ela voltasse.— Só pode ser brincadeira!Hanna esbravejou pela décima vez após recolher os utensílios gastos na padaria naquela ter
Era um dia como qualquer outro, ou era isso que Hanna queria afirmar naquele momento. Ela suspirou, vendo o sol brilhar intensamente no céu sem nuvens. Estava quente, um dia perfeito para se divertir na piscina. E era por isso que estava ali, vestida daquela forma, no entanto… como tinha acabado naquela situação? Hanna não sabia. Ela só conseguia olhar para as várias pessoas andando de um lado para o outro — com seus trajes de banho bem justos ao seus corpos — e se perguntar até quando Ágatha continuaria agarrada a si.Não tinha a resposta, novamente, e isso a fez bufar. Indignação reapareceu em seu rosto, fazendo-a olhar mais uma vez para a garota que se escondia envergonhada atrás de si e repensar os acontecimentos anteriores àquele momento.Aquela era uma manhã de sábado, estava finalmente livre de suas responsabilidades na padaria, cansada, mas motivada a encontrar o clube aquático ao qual Noah estava trabalhando — de acordo com a informação que Carlos tinha ad
Hanna tinha medo de abrir seus olhos e encarar quem tinha lhe salvado e que, consequentemente, seria a "vítima" daquele desafio ousado. Podia ser qualquer pessoa, dado o lugar em que estava. E se fosse Ágatha ou Carlos? Se sim, seria tão constrangedor ter que beijar um de seus amigos. Ela sentia-se receosa, mas aquilo tudo desapareceu quando, quem segurava sua mão, lhe puxou para mais próximo de si.Hanna tremeu, mas já não podia permanecer alheia à situação. Ainda preocupada sobre quem seria, ela abriu seus olhos com cautela. A princípio, pensou que sua mente estivesse lhe pregando uma peça maravilhosa, mas logo percebeu que não era isso. Não era um engano, um equívoco, muito menos delírio. Em todos os cenários possíveis, aquele com certeza era o melhor.Um sorriso genuíno, que ela não esperava ter naquele momento, apoderou de seus lábios ao ver o indivíduo que a segurava encará-la com intensidade e divertimento. Ainda sorrindo, desviou seus olhos castanhos do del
Era uma tarde fria de domingo. Hanna estava deitada no tapete da sala de estar da casa de Mia, ouvindo sua amiga cantarolar uma música qualquer e tentando prestar atenção no que estava escrito no livro didático abaixo de si. Sua mente estava longe, presa aos acontecimentos da manhã anterior.Ainda conseguia sentir o toque de Noah em sua pele, o cheiro dele e, principalmente, suas palavras provocantes. Por mais que tentasse, aquilo não saia de sua cabeça. Não conseguia esquecer que, em dado momento, ele havia lhe "pedido em namoro" e que isso não parecia ser uma mera brincadeira.Hanna lembrava bem de todas as palavras que Noah havia lhe dito naquele dia, recordava-se muito bem que ele queria se divertir somente com ela e de como ele havia lhe protegido perante Sarah e suas amigas malucas. Ao se lembrar, foi inevitável não ficar vermelha, constrangida e apaixonada. Ela suspirou, incapaz de processar tantas informações e lembranças calorosas. No fundo de sua mente, u
— Por que coisas assim sempre acontecem comigo? — Hanna murmurava, enquanto estava sentada na calçada em frente ao shopping mais badalado de Marjorie. Ela acariciava, com sua mão direita, o inchaço recém adquirido em seu pé esquerdo. Não conseguia dar um passo sequer sem perder o equilíbrio ou acabar sentindo uma dor exorbitante na região da contusão. Sentia-se frustrada por estar tão incapacitada, mas não tinha forças para sair sozinha dali, muito menos vontade para pedir ajuda a alguém. Queria resolver tudo sem sentir dor ou qualquer outro desconforto, mesmo sabendo que isso era totalmente impossível, para sua infelicidade, dada a situação inconveniente em que se encontrava.Ela suspirou, curvando sua cabeça para baixo. Sentia os olhares das pessoas que passavam por ali sob si, mas não ligava. Tinha outras coisas para se preocupar.Já era terça-feira. Tudo estava indo bem até aquele momento. Para sua alegria, tinha se dado bem nas primeiras avaliações d
Com qual dos dois ela deveria ir? Essa pergunta ressoava no interior da cabeça de Hanna, enquanto ela encarava os dois rapazes impacientes por uma resposta. Não queria ter que escolher, na verdade preferia dizer qualquer desculpa que lhe proporcionasse uma saída rápida e que não os magoasse. Mas não existia essa possibilidade. Para sua lamentação, só podia ir para direita ou esquerda. O ruivo ou o loiro. Aos seus olhos, um meio termo parecia impossível. Ou, talvez, era?Era só pensar melhor. Talvez, se tivesse que magoar um deles, por que não os dois ao mesmo tempo? Essa opção parecia viável, principalmente deixaria claro que ela não dependia de nenhum deles — mesmo que, naquele momento, ela precisasse urgentemente da ajuda de alguém.Hanna suspirou, olhando ao redor. Balançou sua cabeça, mordeu os lábios e sacudiu seus cabelos desgrenhados com uma de suas mãos. Aquela sequência de movimentos atraiu a atenção dos dois rapazes, fazendo eles cruzarem seus braços e bu