Cap 3

Cecília

Já na frente do delegado, um cara que de alguma forma tinha conseguido chamar a atenção de Deus antes de vir dar o ar da graça aqui no planeta Terra, gostoso ao extremo, eu não tive reação, eu simplesmente o olhava de cima a baixo com a porra da mente enfiada na casa do caráleo porque nem conseguia me concentrar no que eu estava fazendo ali

Mesmo na minha insegurança, com as minhas memórias à flor da pele, porque mesmo eu tentando tacar tudo aquilo pro fundo da minha mente, eu ainda conseguia lembrar do Marco e dos amigos deles, as vezes achava até que conseguia sentir os toques dos únicos meninos que realmente me causaram asco

Só que com ele era diferente, pode ser até que seja por causa da fama dele, pelo o que ele representa ali naquela delegacia, eu sentia segurança, me capaz de esquecer um pouco dos meus problemas e me perder dentro da minha imaginação e ali bebê, eu não tentava me segurar, era meu jeito de extravasar

Incrível não é? Quando a gente se vê numa situação desconfortável, mesmo sem perceber, a primeira reação do nosso cérebro é esquecer as boas maneiras e meter palavrão a torto e a direito, pelo menos dentro do nosso ser, no nosso mundo

Foi só aí que eu me toquei o que eu estava fazendo dentro de uma delegacia, toda trajada na elegância, com certeza, de uma forma que eu nunca escolheria se fosse por vontade minha, e disposta a cumprir uma jornada de trabalho exaustivo de 8 horas e depois ainda, sair de lá, na correria, para entrar na minha faculdade e assistir ao professores explicar aquelas teorias e mais teorias que eu só presto atenção porque sei que para tudo existe um fim

O pior de tudo é que eu tinha impressão de que o delegado nem me queria ali, que ele tinha me aceitado como estagiária só para fazer um agrado para alguém importante, provavelmente uma que considerava pra caramba para ceder a este pedido, já que estava mais do que na cara que qualquer uma daquelas modelos que eu trombei no caminho pra sala do doutor Thierry, faria qualquer coisa só para ter um olhar diferente vindo daquele homem, e nada mais

Aquilo era muito frustrante, principalmente porque eu estava disposta a dar tudo de mim para ser a melhor, nem que fosse a porra de uma estagiária levando um papel de um cômodo a outro daquele lugar em menos tempo que qualquer um

Delegado – A senhorita entendeu perfeitamente o que eu expliquei?

Lógico que não, primeiro eu estava reparando no seu corpo perfeito, tesudo, que com certeza é capaz de me fazer gozar só com uma roçada gostosa entre as minhas pernas e depois, na sua falta de educação de nem me olhar nos olhos para poder me falar direito sobre o que eu tenho que fazer aqui cacete

É obvio que isso só ficou no meu pensamento mesmo, eu que não ia bater de frente com o meu chefe justo no primeiro dia de serviço, eu, uma reles estagiária que posso ser mandada embora e perder a oportunidade da minha vida só com o estalar de dedos do brutamontes parado na minha frente

Cecília – Sim, tudinho

Delegado – Ótimo, então já pode ir pra sua sala, eu te chamo quando precisar

Cecília – Hummm, minha sala é...

Foi sem perceber, eu disse aquilo apontando o dedo de um lado a outros sem saber pra direção eu devia ir pra chegar na minha sala

Delegado – A que está bem na sua frente, com a porta de madeira escura, metade da parede de vidro pra eu poder te vigiar, com uma cadeira não muito confortável e que provavelmente dá dor nas costas, aquela que eu te expliquei quando você estava no mundo da lua

Cecília – Ah claro, me lembrei, tá ok, se precisar eu venho que nem um foguete

Delegado – Sei...

Eu sabia que a principal característica daquele delegado era sua cara fechada, o fato de ele ser um homem de poucas palavras e não gostar nem um pouco de ficar explicando uma coisa que eu deveria pegar de primeira

É lógico que eu sabia, eu não era a menina retardada que não tinha pelo menos pesquisado quem seria o meu chefe, como provavelmente ele seria e o que ia agradar...não ia fazer nada que fugisse do meu alcance, lógico, mas pesquisei bebê, as outras coisas, que não vem bem ao caso, iam ficar guardadinhas e em segurança bem dentro da minha mente e também do banheiro, minha principal testemunha

Primeiro ponto pra ele bebê

Eu tive que me forçar voltar para a realidade, pelo menos pra fingir direito que a minha atenção estava toda no assunto que ele tinha acabado de falar

Talvez fosse a minha preocupação em ter realmente que ficar nesse estágio, talvez fosse a minha falta de vontade de voltar para casa e escutar minha mãe reclamando o dia inteiro sobre as coisas que estão acontecendo, talvez fosse a minha vontade de esquecer minha vida que tinha me puxado para outro mundo justamente quando ele estava falando, mas não importa mais, agora era hora de dar tudo de mim e mostrar que não consegui esse lugar só por ter uma carinha bonita

Eu fui para a sala que ele tinha apontado e até que não era um cafofo esquecido por Deus não, era um ligar apresentável, não tão espaçoso, mas confortável, com janelas grandes, encapados com aqueles insulfilm sabe, nem sei se é assim que se fala, só sei que, por ser uma salinha para uma reles estagiária ficar, estava pra lá de boa

A mesa era de madeira, aquelas típicas de escritório, com uma cadeira giratória para compor o cenário e muitos, muitos processos em cima dela, fora isso, tinha algumas canetas em um porta treco e um computador, de resto, só uns armários tipo arquivo morto, mesmo assim, era um ótimo lugar para se trabalhar

Eita, era uma coisa de louco, assim que recebi essa proposta, que coloquei meus pés nessa delegacia, que andei na direção daquele delegado, eu tinha a certeza de que seria a melhor, daria meu melhor, por mim e somente por mim porque pelos outros eu já tinha feito muita coisa, só que agora, dentro dessa sala, a única coisa que ficava na minha cabeça era: como eu ia conseguir fazer tudo isso sabendo que um dos caras que eu mais tive medo de conhecer estava numa sala bem na minha frente, era indescritivelmente gostoso e a porra da minha sala era rodeada de vidros me impedindo que eu simplesmente me esconda para não ter um orgasmo nítido só de olhar para a cara dele?

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