Louise— MATTHEW ME CONTOU assim que eu cheguei. Minha mãe ainda está muito abalada. — Ele encara o nada, perdido em pensamentos. — Ela presenciou tudo e não sabia se socorria meu pai ou Teresa.— Quem ligou para Matthew?— Uma das empregadas.— E por que não ligaram para você?— Na verdade, ela ligou para o escritório e, por sorte, para o ramal errado. A ligação caiu para Matthew.Terminamos de tomar o nosso café, Josh e eu devolvemos nossos celulares um para o outro, pois, agora que o dele está com carga, pode devolver o meu.O lembrete do meu celular toca, avisando que hoje tenho uma consulta de rotina, para ver como o nosso bebê está.— O que foi? — Josh pergunta.— Tenho uma consulta hoje — conto. Ele me encara sem jeito. — É de rotina, não me importo de você não ir.— Mas você vai sozinha?— Sim.— Louise...— Josh, é apenas uma consulta de rotina. Se você quiser, eu posso remarcar.— Não. O nosso bebê é mais importante.Seguimos para a sala de espera.— Então já vou indo.— Vei
Alex— Por que ele teve que me desafiar? Não era para as coisas saírem do controle. Merda! Merda! — digo para mim mesmo.Quando eu vi Teresa caída naquele chão, o meu mundo desmoronou, mas eu precisava me manter em pé. Saí de lá às pressas, antes que a polícia chegasse, e em vez de ir à minha casa, eu fui para um hotel barato de beira de estrada. Tenho certeza de que ninguém vai me encontrar.Quando chego aqui, pago para um menino da vila comprar roupas novas para mim. Preciso me livrar daquelas roupas ensanguentadas, e é claro que também preciso de um baseado. Tenho que esquecer tudo o que aconteceu, pelo menos por ora. Não demorou muito e o menino apareceu com algumas peças de roupas. Tomo um banho e depois de me enxugar, acendo o baseado.Agora, sei por que eles me tratavam com tanta indiferença: não sou um legitimo Brown. Mas serei o único, pois Josh terá que renunciar a tudo o que tem, se não quiser que eu mate Louise e seu filhinho.Por que a Teresa tinha que estar no meio daque
LouiseTENTO ABRIR OS OLHOS, mas eles estão pesados. Minha cabeça lateja, parecendo que vai explodir. Respiro fundo e, mais uma vez, forço os meus olhos a se abrirem. O ambiente ao meu redor é estranho e desconhecido. Estou deitada numa cama e, ao tentar me apoiar para me sentar, percebo que minhas mãos estão amarradas. Tento gritar por socorro, mas há algo em minha boca que impede qualquer som.. Droga! O que aconteceu?As lembranças voltam em partes: eu saindo da clínica, o carro preto do outro lado da rua, alguém me agarrando por trás. Essas são as últimas coisas das quais me lembro.O quarto onde estou é pequeno, de cor marrom. Uma televisão ocupa um dos cantos, uma poltrona está próxima à janela, e há uma porta perto da cama. Meu olhar se fixa no criado-mudo ao lado da cama, onde estão meu celular e minha bolsa. Eu preciso ligar para o Josh, mas quando ameaço me levantar, a porta se abre com um rangido.— Louise, achei que ia dormir por mais tempo — Alex fala. — Eu trouxe comida
JoshDEPOIS QUE CONSEGUI a gravação da clínica, vi que o Alex a levou, mas não consegui ver qual carro que ele estava usando, pois a câmera alcançava até a calçada.Então resolvi colocar uma foto do Alex em um dos noticiários mais assistidos de Nova Iorque. Começamos a receber várias ligações, mas nem todas as informações eram verdadeiras.— Alô!— Josh, alguma novidade?— Ainda não. Como a minha mãe está?— Tiveram que sedá-la novamente.— Preciso ficar com ela, mas também preciso encontrar a Louise.— O funeral é amanhã cedo.— Ok!O mundo parece estar desabando de uma vez só. Por que o Universo está conspirando contra mim?Meu pai morre e minha mulher fica desaparecida!— Senhor, temos uma pista. — Estou na delegacia e, quando o delegado me dá essa notícia, fico um pouco mais tranquilo.— O que descobriram? — pergunto.— Recebemos uma ligação de uma mulher e ela disse que ele estava hospedado no hotel do pai dela.— Vamos até lá! — falo, caminhando em direção à saída, e o delgado m
LouiseALEX JÁ ESTAVA ficando maluco. É difícil de aceitar que a ambição e o ciúme podem fazer com que uma pessoa chegue a esse nível.Meu mundo voltou ao normal quando vi meu Josh aparecer para me salvar, como ele sempre fazia na época da escola.Fiz alguns exames quando estava no hospital e a nossa menina está bem. Ainda não tive a oportunidade de contar para o Josh que vamos ter uma menina, pois saímos do hospital e fomos direto para casa. Apenas tomamos um banho e fomos ao funeral do seu pai. Sua mãe estava arrasada, assim como o Josh, mas conseguimos fazer o funeral do Anthony e do Alex juntos.Alguns dias depois, Teresa saiu do hospital. Ela e a sua menina estão bem, uma linda menininha que se chama Agatha.Depois, ela nos contou o plano do Alex. Conseguimos entender por que ele fez o que fez. A polícia conseguiu chegar até um homem, chamado Eduardo, que foi preso, pois era ele quem ajudava o Alex, fornecendo tudo o que ele precisava.A mãe do Josh está passando algum tempo com
LouiseEU E SCARLETT, minha irmã, estamos na cozinha, sentadas à mesa com o aroma do café fresco pairando no ar. Era mais um de nossos momentos tranquilos, antes da agitação do dia começar.— Vamos, Louise.Respiro fundo.— Tá bom, Scar. Eu vou — respondo, dando um gole no café ainda quente.— Sabe que eu te amo, né?! — Ela me abraça com carinho.— Eu também te amo. — Um sorriso involuntário surge em meu rosto.— Posso saber aonde vocês vão? — meu pai pergunta, assim que entra na cozinha.— Em um dos jantares da família do Adam — Scar explica a ele e se vira para mim no mesmo instante, parecendo se dar conta de algo apenas agora. — Ah, você precisa de um vestido.— Não posso ir de moletom?— Não, né – responde e revira os olhos.Ela já me falou muitas vezes sobre a empresa, mas acabei nunca prestando a devida atenção. Tento disfarçar ao tomar mais um pouco do café e, por sorte, o assunto foi para o trabalho.— E quando que é a sua entrevista?— Hoje, após o almoço — falo, sem muitas e
LouiseDECIDO USAR UMA SAIA preta lápis, com uma fenda em um dos lados, camiseta social vermelha e um blazer preto por cima. Faço um rabo de cavalo para ajeitar o cabelo.Me olho no espelho, gostando do que vejo, pois até que fiquei bem vestida desse jeito. Esse tipo de roupa costuma me apavorar, gosto mais de peças básicas e sociais. O lado bom de trabalhar com os meus pais era poder usar moletom e não ouvir reclamações, a não ser da minha mãe, mas eu escolhia ignorá-la.Caso eu consiga a vaga, terei que usar roupas assim todos os dias, o que me lembra de que terei que renovar o meu guarda-roupa.Quando começo a fazer uma maquiagem bem básica, ouço uma buzina e nem preciso olhar pela janela para saber que é a Claire.— A porta está aberta — grito da janela e volto a me maquiar.Claire é minha amiga desde o primeiro ano do ensino médio. Nossa amizade dura há quase dez anos. Temos muito carinho uma pela outra e passamos por muita coisa juntas.O fato de ela sempre ter sido popular e ar
LouiseDEPOIS DE UM LONGO TEMPO de constrangimento, tanto meu quanto dele, enfim consigo colocar a cabeça no lugar para dar continuidade à conversa.— Obrigada — agradeço, meio sem jeito.— Só um momento. — Ele aperta um dos botões do telefone que está na sua mesa. — Anna, pode vir aqui, por favor?— É claro que sim, Josh — ela fala e então desliga.— Como vai seu relacionamento com o Alex?Sou pega de surpresa, pois estranho a sua pergunta. Não é muito comum que conversemos sobre meu namoro.— Bem, eu acho. — Você acha? — pergunta, todo risonho.— Era pra termos almoçado hoje, mas ele não foi. — Josh arqueia uma das suas sobrancelhas e, quando ele ameaça a dizer algo, a Anna entra.— Estou aqui. — Ela segura alguns papéis em uma das mãos, a outra está apoiada em suas costas, como se doessem. — Parabéns, Louise.— Obrigada, eu acho.— Não ligue quando ele ficar nervoso e começar a gritar — ela brinca. — Eu não grito — ele afirma.— Isso é verdade — digo, sem perceber, e ganho a aten