Capítulo 4
Não me mantive firme o suficiente, por isso a porta se abriu sob meu peso.

Os olhos de Marcus brilharam com pânico.

— Sarah, o que você está fazendo aqui?

— Não pense demais… — Ele se apressou em explicar. — A Rachel é a guardiã do abrigo de órfãos da nossa alcateia, cuidando de todos os filhotes. Ela só está aqui hoje para discutir a adoção do Oliver...

Rachel se levantou, segurando Oliver perto de si, e me acenou casualmente.

— Sarah, quanto tempo.

De onde estava, perto da porta, forcei um sorriso, engolindo minha dor enquanto minhas queimaduras latejavam.

— Está tudo bem. Eu só passei para dar uma olhada. Como você está ocupado, não vou atrapalhar. Vou esperar no carro.

Me virei para sair, mas minhas pernas ainda estavam instáveis devido à prata percorrendo minhas veias.

Marcus achou que eu estava irritada e me seguiu, com as explicações saindo de sua boca sem parar.

— Por favor, não me entenda mal. Ela está sempre aqui como a guardiã do abrigo. Todos os filhotes a chamam de mamãe... Mas é só um título. Quando a adoção for concluída, vou explicar tudo ao Oliver.

Ao vê-lo se preocupar com meu suposto ciúme, senti uma vontade histérica de rir.

Todo esse esquema elaborado, apenas para trazer seu filhote secreto para a alcateia de forma legítima.

Ele não hesitou em orquestrar o incêndio que me desfigurou.

Nem piscou ao ordenar a injeção de prata que destruiu a minha loba.

E agora ele tinha tudo o que queria, mas ainda jogava o papel de companheiro preocupado.

— Não se preocupe. — Disse suavemente. — Não sou irracional. Cuide da papelada. Eu vou esperar no carro, como qualquer boa Ômega faria.

O alívio tomou conta do seu rosto ao me ver caminhar para longe.

Cada membro da alcateia que cruzei me olhou com um desprezo quase impossível de disfarçar.

E seus sussurros me acompanharam:

— Coitadinha, ela nem percebe...

— Pelo menos as queimaduras vão dar a ela uma desculpa para se esconder...

— O Alfa está sendo realmente gentil, aceitando uma Ômega...

Ignorei todos eles, puxando o celular para começar o processo de me remover do registro da alcateia.

Meus dedos tremiam enquanto eu digitava, mas não por fraqueza.

Através da janela, pude ver Marcus e Rachel curvados sobre a papelada, com Oliver brincando feliz aos pés deles.

A cena perfeita de uma família.

Construída sobre a minha destruição.

Para comemorar a adoção de Oliver, Marcus reservou um navio de cruzeiro inteiro para um jantar beneficente.

Eu me escondi no convés superior, longe das festividades do andar debaixo.

Mesmo ali, eu podia ouvir os sussurros e risadas dos anciãos da alcateia, com suas zombarias sendo levadas pela brisa do mar.

De onde estava, perto da grade, observei a cena da família perfeita se desenrolar abaixo.

Marcus estava de pé, orgulhoso, entregando a Oliver o símbolo de Alfa da alcateia: um medalhão de prata que era passado de geração em geração.

Rachel tocou o braço dele de forma brincalhona.

— Ele é tão jovem... Você tem certeza de que ele vai conseguir lidar com tanta responsabilidade quando crescer?

Marcus apenas sorriu, bagunçando os cabelos de Oliver.

— Meu filhote será o Alfa mais poderoso que esta alcateia já viu.

A amargura que eu guardava no peito não pôde mais ser contida e transbordou.

Puxei todas as cartas que Marcus me escrevera ao longo de cinco anos, observando-as se transformarem em cinzas em minhas mãos.

De repente, Rachel apareceu atrás de mim, com sua forma se transformando fluidamente em sua forma de loba.

Suas garras pressionaram minhas cicatrizes de queimadura enquanto ela me imobilizava.

— Dói ser uma Ômega? — Zombou ela. — Você não passa de cinzas agora: um resto inútil que ele mal consegue olhar sem sentir repulsa.

As garras dela se aprofundaram, reabrindo minhas feridas mal cicatrizadas.

— Como se sente, vendo-o dar o símbolo de Alfa para o meu filhote? Vendo-o construir o futuro que você achou que seria seu?

Antes que eu pudesse responder, ela de repente saltou para trás.

Com um grito dramático, ela tropeçou e caiu sobre a grade.

Eu nem sequer me movi, mas seu grito ecoou pela água:

— Ela me empurrou!

Marcus reagiu instantaneamente, saltando nas ondas escuras atrás dela.

Momentos depois, ele emergiu com Rachel segurada com segurança em seus braços.

Seus olhos encontraram os meus, ardendo de fúria enquanto ele a carregava de volta para o convés.

— Em que diabos você estava pensando, Sarah? Perdeu completamente a cabeça?

— A Rachel veio gentilmente te convidar a se juntar a nós, e você a atacou? É assim que uma Ômega retribui nossa generosidade?
Sigue leyendo en Buenovela
Escanea el código para descargar la APP

Capítulos relacionados

Último capítulo

Escanea el código para leer en la APP