ALBERT
— O que foi tudo aquilo, pai? -digo, me referindo ao discurso na frente de todos.
— Eu te disse. Se quiser assumir esta empresa e cuidar de tudo, me apresente sua mulher, namorada, o que for. Ou simplesmente desista. Sei que é difícil seguir em frente depois de tudo.
Isso soa com um soco no estômago.
— Desculpe senhores. Vou deixá-los a sós. -a voz de Helena aparece entre as palavras de meu pai. Nem percebi sua presença na sala.
Tenha uma ideia no momento que a vejo. Pode ser um tiro no pé, mas é a única coisa que me passou na mente.
— Espere Helena!! Venha aqui por favor.
Ela se aproxima e eu seguro sua mão.
— Pai. Achávamos cedo demais para falarmos tudo para vocês. Mas por conta da sua atitude a pouco, então…
Helena tenta a todo custo soltar minha mão em forma de negativa ao que disse.
Seguro com força contra meu peito impedindo-a.
— O que você quer dizer Albert?
— Pensei que fosse óbvio pai. Pode parecer estranho..... eu e Helena estamos em um relacionamento.
Helena me olha assustada sem entender.
— Isso é sério, Helena? -ele pergunta.
Olho para ela mostrando meu desespero.
— É… é...... -a suplico com meus olhos. — Sim, senhor presidente, é verdade. Estamos juntos.
— Meu Deus!!! Que maravilha... Vocês não sabem o quanto eu fico feliz com essa notícia.
Ele realmente parece feliz. Vem nos abraçar.
Não imaginei que uma notícia simples como um namoro o deixasse tão bem.
— Mas pai, por favor, você não pode falar para ninguém. Você sabe... Helena é funcionária e não seria legal.
— Filho, você sabe que eu não me importo com o que as pessoas pensam. Se fosse assim está empresa não existiria. O que me importa é que meu filho irá se casar! Eu estou muito feliz.
Neithan entra.
— O que acabei de ouvir? Albert vai se casar..... e com ninguém menos que Helena?
— Calma Neithan, não é bem assim... -me esforço para sufocar essa notícia.
— Parabéns cunhadinha!! É uma pena que você se case com um cara tão sem sal como meu irmão. Saiba que tem coisas bem melhores por aí. -ele diz abraçando-a.
— Desculpe senhores, eu tenho que me retirar. -assustada Helena sai.
— Ta vendo o que você causa seu idiota? - digo para Neithan e sigo helena.
***
— Helena, por favor espera? -digo correndo atrás dela.
— Que merda foi essa que aconteceu?
Com vários olhos ao nosso redor pego por seu braço e arrasto-a até minha sala.
— Vamos conversar em particular.
Andreia, minha secretária nos observa.
***
Sozinhos...
— Agora o senhor pode por favor me explicar o que aconteceu.
— Helena, é que… meu... Meu pai está me forçando a me casar caso eu queira assumir a empresa. Ou então ficará para o idiota do Neithan.
— E o que eu tenho a ver com isso?
— É que você estava ali na sala, eu estava me sentindo pressionado, não pude evitar, foi isso...
— Eu não quero saber, acho bom esse assunto acabar, você é doido...
Ela segura a porta para sair. Penso rápido.
— Já sei… Se você fizer isso eu anulo a dívida da sua mãe! Pense… É uma boa oferta.
— Não preciso aceitar isso apenas para pagar a dívida da minha mãe com sua empresa. Trabalhando eu consigo fazer qualquer coisa.
Ela abre a porta.
— Espera Helena! -estou desesperado. Fecho a porta, pois Andreia está atenta a nós. — Três meses, só isso. Finja namorar comigo por três meses e a dívida da sua mãe some. Pode ser? É pouco tempo e não vai precisar se casar nem nada do tipo. Eu prometo.
— Para você é simples, mas para mim, envolve muita coisa. Primeiro, você não faz nem um pouco meu tipo. Segundo a empresa toda ficará sabendo que a secretária está namorando o dono, e isso por si só já é um boato horrível… e outra. -ela para. — Você já foi casado, tem três filhos, não é correto com sua falecida.
— Você tem um bom ponto Helena. Eu também de forma alguma estaria com alguém como você, não pelo fato de você ser secretária nem nada, mas porque eu amo e sempre amarei Raquel, nenhuma mulher chegará aos pés dela. Prometi em seu tumulo que jamais teria ninguém além dela. Então pode ter certeza que se estou fazendo isso é porque fiquei acuado pelo momento e preciso sair disso. Pense bem, seria uma boa para você e sua mãe essa divida quitada, você poderá continuar a sua faculdade tranquilamente e procurar algo em sua área.
Ela para e pensa. Acho que atingi em um lugar que ela não tinha pensado.
— Não me responda agora, vá e pense com cuidado e quando você tiver certeza do que você quer me avise.
Helena sai e sua expressão é de confusão. Não é para menos depois da proposta que fiz. Do nada fingir estar namorando o chefe que é viúvo e pai de três crianças.
— Senhor aconteceu algo? Vi Helena saindo desconcertada daqui e como o senhor a puxou para dentro. Ela deve ter feito algo para te deixar com raiva, certo?
— Não, Andreia, não a aconteceu nada pode voltar para sua mesa.
— Sério…
— Sim. Volte aos seus afazeres por favor.
— Sim. Volte aos seus afazeres por favor. Antes disso me chame Smitt por favor.
***
Mandou me chamar senhor? -Smitt o advogado da empresa.
— Sim Smitt. Preciso que verifique tudo sobre Helena, a secretária do meu pai. Descubra tudo. Principalmente se ela deve alguma coisa… Dividas preciso saber se ela tem dividas. Isso. E preciso para ontem.
— Ok senhor. O mais rápido possível o senhor terá tudo em suas mãos.
Smitt é rápido e em pouquíssimo tempo tenho em minhas mãos tudo relacionado a Helena. Como já dei meu primeiro passo, não posso mais retornar e nem desistir. Vou até o fim para não deixar a empresa que meu pai tanto lutou cair nas mãos de Neithan.
Helena sai da sala de Albert transtornada com o que acabara de acontecer, não acredita que seu chefe poderia fazer tal proposta. — Está tudo bem Helena? -Andreia pergunta curiosa. — Eu espero que sim. -esse é o máximo de resposta que ela pode dar no momento."Meu Deus. Ele só pode estar ficando louco." Helena chega a sua mesa e o presidente a está esperando. — Me acompanhe por favor Helena."Sabia! Ele falou que estava tudo bem 'namorar' uma empregada, mas, no fundo, não é o que ele quer. E o que eu tenho a ver com isso?"— Bem Helena... Eu... fico muito contente com esse relacionamento do meu filho. -ele se senta ao lado dela. — Você já deve imaginar o tanto que ele sofreu quando Raquel se foi. E dar um passo assim é uma coisa muito grande. -ele segura suas mãos. — Espero que você possa fazê-lo feliz e vice-versa. Você sempre foi uma moça que admirei demais. De boa índole. Helena fica sem reação.— Tenho uma ideia. Vou você e Andreia de lugar. Assim vocês ficam mais perto um d
Helena sai da sala e liga para sua mãe, ela está determinada. — Mãe eu não posso mais trabalhar neste lugar. Tenho certeza que vamos conseguir outra forma de pagar nossas dívidas. -do outro lado do telefone sua mãe está chorando. — Mãe?! O que aconteceu mãe?— Filha. Compraram a casa. O novo dono aumentou o aluguel. Se não pagarmos o dobro do que já pagamos, ele falou que temos três dias para sairmos. O que vamos fazer? Não temos dinheiro para um aluguel mais caro... e nem para onde ir."Merda! Que grande bosta está minha vida!" MENSAGEM PARA SOPHIEAMIGA... ESTOU SEM SAÍDA. ME AJUDA.MENSAGEM DE SOPHIEHELENA… JÁ DISSE QUAL É A MINHA OPINIÃO. VOCÊ NÃO TEM NADA A PERDER. SÓ A GANHAR. ABRA MÃO DO SEU ORGULHO E FAÇA O QUE TEM QUE SER FEITO. ACEITA E VÁ SER FELIZ UM POUCO. SE PERMITA. "Sophie tem razão. Me sinto mal por enganar tanta gente. Mas nesse momento preciso pensar em mim e na minha mãe."Ela volta para a sala de Albert. — Nossa!!! Você voltou mais rápido do que eu imaginava.
— Posso ir embora se não quiser continuar, não tem problema algum. -Helena diz.— Claro que não! Já estamos aqui, não temos como voltar.Helena desanima. Ele não desistiria daquilo.— Não faça essa cara de descontente só porque você não conseguiu o que queria. Coloque um sorriso em seu rosto. -Albert diz.A entrada deles enche a sala fazendo todos os olhos se voltarem para eles. Anne e Max se recusaram a participar do que eles chamam de “bobagem”. Bem é o que não entendia de nada que estava acontecendo ao redor, tirava um belo cochilo em seu quarto agarrado com seu bichinho de pelúcia.— Meu Deus! Meu Deus!! -Neithan diz de boca aberta. — Agora eu entendo ainda mais o porquê de você escolhê-la meu grande irmão. Ela é perfeita! Não é muito seu estilo não é?— Deixa de ser inconveniente Neithan e respeite sua cunhada. -sua mãe diz dando um tapa em seu ombro.— Sim mãe, eu super respeito minha cunhada. E como respeito. -Neithan sempre é claro e direto com seus desejos. E no momento ele e
Helena fica passando frio aguardando a resposta de Albert do lado de fora do hotel. A esperada resposta não vem!"O que eu vou fazer? Não dá para ficar aqui esperando nesse tempo gelado!"— Helena? É você? -a voz que soa em suas costas é familiar para ela. Seus ouvidos reconheceriam de longe. “O quê?”— Eduard? -ela se vira surpresa.— Não acredito que você esteja aqui. Meu Deus! Quanto tempo faz? -um tanto quanto surpreso ele responde.— É... -ela gagueja.— Como o tempo foi generoso com você, está ainda mais linda. Que saudade. -ele enlaça seus braços em torno dela, correndo discretamente seus dedos por suas curvas. — Faz muito tempo mesmo. O que está fazendo aqui? -ela pergunta sorrindo e tirando aquelas mãos rápidas.— Você conhece minha mãe né?! Evento beneficente, essas baboseiras todas. Ela sempre quer estar no meio de pessoas com grana. Infelizmente sou obrigado a estar junto. E você, o que está fazendo aqui?— Vim acompanhando uma pessoa também, mas acho que ele não consegu
Helena olha para Albert pensando na resposta ideal para aquele momento.-Sim. -ela diz sem graça.-Desculpa por atrapalhar vocês... aproveitem hoje.Albert sai levando Helena com ele, eles se entreolham. -O que achou? Falei bem? Te defendi a altura?Helena não fala nada.-Ei? Fiz algo de errado? -ele se vira para ela.-Não. Você foi ótimo! Obrigada por me ajudar e me defender de alguma forma.“Não me lembro de um homem me defendendo assim.”-Tudo bem. Eu não gosto de pessoas que se acham melhores por terem mais dinheiro. Isto não é o certo.Eles seguem até a mesa. Durante as apresentações a mãe de Albert pega o microfone do anfitrião para dar uma notícia que a estava deixando muito feliz.-Queridos, ótima noite para vocês. Estou contente com este evento e com a presença de todos. Vocês devem estar se perguntando o porquê de estar aqui na frente de todos. Estava cumprimentando alguns familiares e passando por entre as mesas e casou de ouvir uma coisa que fez meu coração explodir. Não
-Você e seus joguinhos de novo. Com isso, olha onde você nos enfiou com toda essa bagunça. Vamos acabar logo com isso vai.-Um ano Helena. -ele se aproxima dela. -Vamos ficar casados por um ano e acabamos com tudo. Eu te prometo.-Casar? Sabia que era louco, mas já está passando dos limites.-Se você aceitar este um ano casada, a casa que você e sua mãe vivem poderá ser de vocês.Ela não entende o que Albert fala.-Bem.... você entenderá. -ele se senta perto dela. -Quando aquela minha ideia de namoro surgiu, eu vi você relutante. Com isso pedi para o Smitt procurar tudo relacionado a você e a todos a sua volta. Surpresa!!! Sua casa estava a venda, eu comprei!!! Se você quiser ter aquela casa para sua querida mãezinha, e ainda por cima não ser despejada, só ficar casada comigo por um ano. Podemos colocar mais coisas no contrato se você quiser. Mais dinheiro? Eu acrescento. Vai Helena, será coisa rápida e é uma proposta única. Quando conseguiria comprar uma casa como aquela? Iria demora
Albert vai até a casa de Helena buscá-la para aproveitarem o dia que ela passou bons tempos preparando para aproximar-se das crianças. Ela sai e parece andar em câmera lenta, com um vestido florido que destaca ainda mais sua beleza. O olhar que Albert tem dela é de uma bagunça que dominava a todos ao seu redor, como se fosse engolido por uma loucura que ela não tem controle. Era o oposto com Raquel, a calmaria era tanta, ele sentia saudade disso, daquela paz que sentia quando apenas olhava para Raquel. Helena para Albert era como se estivesse com o próprio Neithan, tão caótica quanto, quando Neithan nasceu, naquele momento acabou a calmaria na vida dele. Sempre dera muito trabalho para Albert, carregar a paz de sua casa o tempo todo era muito cansativo."Agora ter duas pessoas caóticas ao meu lado me deixa completamente confuso, não consigo nem pensar direito."No carro, Max e Anne estão com seus colegas, e Bem, que de tão ansioso não dormiu nada na noite passada. Albert finge que n
— Há muito tempo não via meus filhos tão felizes assim, Helena. Acho que se divertiram mesmo. Muito obrigado por pensar com carinho neles, por mais que eu e você não tenhamos um relacionamento de verdade e uma relação amigável. -Albert diz enquanto vai deixar Helena em casa. — Brincaram tanto que capotaram de tão cansados. Foi muito legal. -ele quer continuar falando, mas sua voz fica embargada. — Eu… eu te agradeço de verdade, do fundo do meu coração, pelo que tem feito a minha família."Observo Albert falar me olhando com aqueles seus olhos verdes brilhantes. E só me dou conta agora do quão deve ter sido sofrido sua vida após a morte de sua mulher. Ser deixado para trás com três crianças não deve ter sido nada fácil. Encarar seus pequenos rostos todos os dias, rostos esses que são um pedaço de Raquel pela casa." Por um instante, Helena se coloca no lugar de Albert e seu coração se entristece. "Eu não saberia lidar com este tipo de situação." — Você não precisa agradecer por nada