Após uma hora, lá estávamos nós aproveitando a praia. Rafaela usava um biquíni que deixava pouco para a imaginação, Beatriz estava no mesmo estilo, e eu optei por um maiô sexy. Assim que chegamos, algumas mulheres nos encararam com cara de poucos amigos, mas nem nos importamos. Sentamos em três espreguiçadeiras e levantamos a mão chamando um garçom. As meninas pediram drinks, e eu preferi iniciar com uma água tônica. Como dizia minha mãe: "Vamos limpar o fígado para estragá-lo novamente." Nunca soube se isso era verdade, mas como foi mamis que disse, acreditei sem nem pesquisar.— Amiga, esse drink de maracujá está uma delícia. — Rafa estendeu o copo na minha direção para que eu experimentasse.— O de morango está dos deuses. — Beatriz me passou o dela.— Estão realmente uma delícia, mas eu vou pedir esse tropical. Deve ser divino.Chamei o garçom e ele se aproximou rapidamente, com aquele sorriso de fazer molhar a calcinha. Pedi meu drink e um aperitivo de camarão, o que fez as menin
O sol já começava a se inclinar, pintando o céu de um laranja quente e estonteante quando notei que o moreno do futevôlei finalmente estava vindo em nossa direção. Ele passou a mão pelos cabelos molhados e ajeitou a sunga como quem sabia exatamente o que estava fazendo e queria ser notado por isso.— Olha o galã vindo aí — Rafaela comentou em um sussurro divertido, sem disfarçar o sorriso malicioso. — Alerta de problema — Beatriz murmurou, tomando o último gole do seu drink.O cara parou bem na nossa frente, com aquele sorriso de quem se acha irresistível e cruzou os braços, destacando os músculos definidos e brilhantes de protetor solar.— Boa tarde, meninas. Vocês três chamaram tanta atenção que o jogo até perdeu a graça.Pela forma de falar já percebi que é um idiota, revirei os olhos por dentro, mas sorri de forma educada.— Boa tarde. Estávamos justamente comentando como o jogo estava interessante. — respondi, mantendo a diplomacia.Ele se aproximou ainda mais, deixando o ego
Enzo Albuquerque O dia começou estranho. Eu não estava com a menor vontade de trabalhar, mas, como sou o novo chefe, preciso mostrar a eles que o trabalho vem em primeiro lugar.Resolvi levantar e tomar um café. Passei pela sala de Ana Beatriz e encontrei Richard conversando com a assistente dela. Nós dois acabamos trocando farpas, e faltou pouco para trocarmos alguns socos. Entrei na minha sala e me servi de uma dose generosa de uísque. Estava tentando relaxar quando minha irmã me ligou.— Fiquei sabendo o que aconteceu aí. Quer conversar? — Ela perguntou, e eu respirei fundo.— Não quero conversar nada. Estou apenas relaxando.Minha irmã ficou muda por algum tempo.— Ana Luiza está rebolando igual uma dançarina da Carreta Furacão. — Rafa estava rindo, e eu sem entender.— O que é isso?— Deixa pra lá.— Vou trabalhar agora. Boa viagem e se cuida.— Pode deixar, irmãozinho.Desliguei a chamada com Rafa ainda sem entender o que significava “rebolando igual dançarina da Carreta Furacã
Um tempo depois, minha mãe percebeu o meu incômodo e me chamou para que conversássemos e, assim que nos afastamos, já despejei tudo que estava sentindo. — Mãe, você não pode simplesmente decidir com quem eu devo sair. Eu não pedi isso. — Enzo, é só um jantar. Ninguém está te obrigando a casar com ela — respondeu baixinho, ainda mantendo o sorriso de “boa anfitriã”. — Mesmo assim, você sabe o que está fazendo. E isso me irrita — falei entre dentes. Ela se aproximou e sussurrou no meu ouvido, com aquele tom que me dava nos nervos: — Já está feito, meu amor. Tarde demais pra surtar agora. E, por favor, não seja rude com a moça. Ela é de boa família, bem-educada, tem classe... Exatamente o tipo de mulher que você precisa ao seu lado. Engoli em seco. Lá vinha aquele velho discurso da "classe social", como se amor e sentimentos tivessem pedigree. — Mãe, pare de se meter na minha vida. Sério. — Só estou tentando ajudar — ela sorriu e voltou para onde Bianca estava, mudando de
Acordei mais cedo do que o costume, o que já era um feito e tanto para um sábado. Depois da noite anterior, tudo que eu queria era ficar na cama, esquecer do mundo e do fiasco que foi o jantar forçado com Bianca. Mas hoje era aniversário do Juninho, meu afilhado, e se tem algo que me faz esquecer dos problemas, é aquele moleque.Me arrumei no automático, joguei uma camisa qualquer, jeans, e peguei os presentes que tinha embrulhado na noite anterior. Três no total. Um exagero, talvez, mas o sorriso do Juninho valia qualquer gasto. Joguei tudo no banco de trás do carro, liguei o motor e segui para o outro lado da cidade, onde Tatiana e Fábio resolveram se enfiar.— Quem é que escolhe morar no fim do mundo, meu Deus? — murmurei para mim mesmo, encarando o GPS e suas infinitas curvas. Demorei uma eternidade para chegar, e quando finalmente estacionei em frente à casa deles, respirei fundo, tentando esconder o cansaço que me consumia por dentro.Assim que desci do carro, Tatiana apareceu n
Festa de criança é insana. Várias crianças corriam de um lado a outro vestidas de super-heróis, gritando, enquanto os pais bebiam sem se importar se o filho ia quebrar uma perna ou um braço, e as mães ficavam desesperadas. Eu apenas observava tudo horrorizado. Acho que não estou preparado para esse papel de pai.Finalmente a festa encerrou e a paz voltou à casa. Fábio Júnior dormiu, e meus amigos se juntaram a mim. Abrimos uma cerveja e ficamos conversando sobre assuntos aleatórios.— Como vocês aguentam? — perguntei enquanto abria outra cerveja.— Aguentam o quê? — minha amiga perguntou.— Um bando de crianças gritando de um lado a outro, fazendo a maior bagunça.— Isso faz parte da missão de ser pais — Fábio disse, sorrindo, e Tati concordou.— Isso não é pra mim.— Você diz isso porque ainda não tem o seu.Continuamos bebendo, e Fábio levantou e voltou com uísque, gelo de coco, Coca-Cola e energético.— Vamos relembrar os velhos tempos?— Isso aí, Fabão! — sorri animado.— Enzo, ma
Ana Luiza MartinelliAssim que desliguei a ligação, voltei para o quarto e minhas amigas me encararam.— Aposto que estava falando com o falecido que resolveu ressuscitar — Bea disse, e Rafa a olhou de cara feia.— Ei! Não fala do meu irmão.— Desculpa, Rafa, mas o seu irmão está parecendo uma mosca de padaria, *aff*! Ele acha que vai chegar, contar uma lorota qualquer e a minha amiga vai se render aos pés dele novamente. Duvido! A Ana está muito esperta e não vai cair em qualquer papinho.Bea e Rafa iniciaram uma pequena discussão, e eu apenas deixei as duas pra lá e resolvi escolher uma roupa para sair mais tarde.As duas pararam de discutir e me encararam.— Por que está tão quieta? — Rafa perguntou, e Bea me encarou.— Só estou escolhendo um look para a baladinha.— Amiga, eu amo sair, mas você já viu a hora?— Já, Rafa, não sou cega. Preciso de uma festa pra curtir, me jogar na pista, dançar até sentir que minhas pernas vão cair. Quero viver naquele ditado: “Mente vazia, copo che
(Anos Atrás)Ana Luiza Martinelli A chuva castigava a cidade naquela noite, mas nada poderia se comparar à tempestade dentro de mim. O barulho das gotas contra o vidro da sala ecoava, abafando o som dos meus próprios pensamentos, mas não era o suficiente para silenciar a dor que se espalhava pelo meu peito.Meus dedos tremiam enquanto seguravam o celular, meus olhos fixos na tela, como se, a qualquer momento, aquela imagem fosse desaparecer. Como se, de alguma forma, eu pudesse acordar desse pesadelo.Mas a foto continuava ali. Ele continuava ali.Enzo.O homem que eu amava. O homem em quem confiei sem hesitar. O homem que, agora, estava estampado na tela do meu celular... com outra mulher.Ela sorria para a câmera, uma expressão de pura satisfação, e ele estava ao lado dela. Perto o suficiente para que qualquer desculpa fosse inútil. Seus braços envolviam sua cintura de um jeito íntimo demais para ser um mal-entendido.Meu coração batia forte, não por amor, mas por raiva, por incred