Nihara Vitti A sala de reunião está preparada, e já estou aqui, imersa no ambiente. Logo antes, ao cruzar o corredor e deparar-me com as minhas colegas, não pude esconder o nervosismo que me tomava. Decidi então fazer uma breve parada na minha própria sala, onde busquei um conjunto de terno feminino do meu armário pessoal, apanhei o meu computador e alguns documentos essenciais. Com tudo em mãos, tracei o meu caminho até o penúltimo andar, onde se encontram as salas de reuniões. Tomei um banho revigorante e, finalmente, encaminhei-me para a sala onde realizo o meu trabalho, buscando um refúgio momentâneo e puder evitar responder a perguntas desconfortáveis. A minha tentativa de contacto com Tobias, ligando para o seu ramal, revelou-se infrutífera, pois ele estava ocupado. Sem outra alternativa, mergulhei profundamente nas tarefas que me aguardavam, desejando afastar pensamentos sobre James, minha irmã, meus pais - tudo parece um turbilhão impossível de controlar. É muita coisa
Tobias Bernstorff — Tobias, por favor, espere, vamos conversar — Nihara, tenta alcançar-me com passos rápidos, seguindo-me enquanto eu ando nervosamente. No entanto, estou tão furioso que prefiro não conversar naquele momento. Não quero ouvir nada do que ela tem a dizer. A minha mente está repleta de raiva pelos dois, e, por mais que eu saiba que posso estar errado, parece que ela gosta de ser cortejada por aquele idiota. Ele tem uma liberdade com ela que me incomoda profundamente. Entro no elevador e, com um gesto brusco, recuso-me a segurar a porta para que ela entre. A decepção estampada no seu rosto é a última imagem que tenho antes das portas se fecharem completamente. Assim que chego à minha sala, ordeno à minha secretária que não deixe ninguém me perturbar, principalmente a Nihara. Ela me olha com confusão, repetindo as instruções para ter certeza de que entendeu corretamente. Ela retira-se, mas não demora muito para que eu veja a senhorita Vitte passar por Caine, sem
Nihara Vitti Saio da sala de Tobias, mais magoada do que propriamente furiosa. Como ele pode duvidar de mim e nem sequer esconder isso? Ele foi tão desrespeitoso e insinuou coisas terríveis. E pensar que bati no James por algo parecido, mas ouvir e ver Bernstorff se mostrando tão controlador e possessivo deixou-me sem forças para continuar a brigar. Abaixo o rosto, escondendo-me dos olhares curiosos, e limpo a lágrima involuntária que se forma nos meus olhos. Respiro fundo, ergo a cabeça e sigo de volta para o estúdio. Tenho um trabalho pendente e não vou permitir-me quebrar agora. Além disso, preciso deixar algumas coisas claras para meu colega de liderança. O elevador se abre no meu andar, e a agitação continua. Funcionários indo e vindo, cada um desempenhando a sua tarefa. — Niah, está tudo bem? Você está pálida! — Natalie se aproxima, preocupada. — Eu e Tobias brigamos, mas não se preocupe, vou ficar bem — comento, ao atravessar a porta do estúdio. Sinto os olhares de
Nihara VittiTobias e Harry estão parados bem diante de mim. O moreno, com o braço firme em volta do amigo, está praticamente segurando Tobias, que mal consegue se equilibrar nos próprios pés. Seu rosto, normalmente com uma expressão saudável, está pálido, cabelo, que costuma ser impecavelmente penteado para trás, está agora desgrenhado, com mechas caindo sobre a sua testa, quase alcançando os seus olhos. No entanto, mesmo nesse estado desarrumado, ele consegue ser ainda mais lindo que o normal. — Ninaaa — Tobias solta o braço do seu amigo e se joga no meu corpo, quase nos derrubando no chão. Harry, nos encara com um olhar surpreso e encolhendo os ombros, como se dissesse: “Bem, aí vamos nós.” — Tobias, você está bêbado — constato o óbvio, enquanto ele balança suavemente, tentando manter o equilíbrio. — Não, estou muito sério, olha para mim — Ele diz com a fala arrastada, suas palavras tropeçando como se estivessem a nadar num mar de álcool. Com o rosto serio e, ao mesmo t
Tobias Bernstorff— Sim, ele é. Ele se mudou para o apartamento ao lado há alguns meses. — Ela assente, e sinto um calafrio percorrer a minha espinha. Pareço um pouco atordoado com essa informação. — Isso explica muita coisa. Não sabia que vocês eram vizinhos. Não que isso justifique o meu comportamento, mas… — Paro de falar, sem saber o que mais dizer.Nihara suspira, e vejo a preocupação no seu rosto. — Sei que a situação é complicada, Tobias. Mas precisamos resolver isso de uma maneira que não prejudique o nosso relacionamento e o nosso trabalho. Já estabelece uma barreira firme com Harrison para evitar futuros problemas.Concordo com ela, embora ainda me sinta frustrado com a situação. — Você está certa, não devemos deixar que isto afete mais o nosso relacionamento. Novamente, sento-me, encarando os seus olhos lindos, coloco uma mecha de cabelo por trás da orelha e tento beijá-la, mas ela esquiva-se e se levanta. — O que vamos fazer com a Sophie? Vamos lev
Nihara Vitti — Nihara, a senhora Nancy está aqui para buscar a Sophie — Natie anuncia ao entrar na sala. Com alguma dificuldade devido à saia justa e saltos altos, eu levanto-me do chão onde estava brincava com a bebê. Com agilidade, vou até o armário, retiro a bolsa dela e organizo as coisas. — Por favor, peça para ela entrar — solicito, já com tudo pronto em mãos. Volto a abaixar-me para pegar a menina no colo. — Minha borboleta linda, foi maravilhoso passar o dia com você, mas agora é hora de ir para casa. — Ni… Nina — ela balbucia. Meus olhos fixam-se nela com ternura. Beijo a sua bochecha e respondo: — Ah, meu bem, seu pai também me chama assim, mas só quando está bêbado. Sorrio para a criança e desvio o olhar para a porta, onde Nancy observa a cena com um sorriso que fala por si só. — É tão lindo vê-las juntas. — Oi, Nancy, como vai? Entre, por favor. Gostaria de beber algo? — Não, querida, precisamos ir agora. A senhora Emily espera-me. Esta
Tobias BernstorffMeu coração quase sai pela boca, quando meus olhos enxergam Meyer vindo na minha direção. Examino sua expressão e imediatamente sinto que algo está errado, desvio o olhar para além dele procurando por Nihara, mas não a vejo. Meu Deus, o que deve ter acontecido, por que ela não está vindo com ele? O homem, entra no espaço privado onde me encontro, com o semblante incomodado, como se relutasse em dar voz à notícia que carrega. — Diz-me que ela foi ao banheiro, por favor — suplico, encarando-o com um nó na garganta, a mágoa pulsando em meu peito. — Sinto muito, senhor. Mas parece que surgiu uma situação de última hora e, me pareceu ser grave, senhor — ele informa com pesar. Fecho os olhos tentando controlar minhas emoções e sentimentos agora, e respiro pesado. Sei que ela não me deixaria pendurado se não fosse nada realmente grave. — Ela não disse o que era? — Não, senhor, ela só disse que ligaria. — Será que tem algo a ver com Leandra? Ela teria m
Nihara VitteTobias examina-me dos pés a cabeça, a sua expressão de repúdio, a toalha amarrada de modo frouxo, denunciando que um movimento brusco ela cairá ao chão. Nossos olhares fixos um no outro, posso imaginar o que ele deve estar pensando, pelo jeito que me olha em silêncio, os seus olhos faiscando de raiva. Os gemidos de Harrison, preenchendo o ambiente, inóspito. Desvio o olhar para mim e depois para o homem sentado na beira da minha cama, ajeito a toalha e peço: — Harrison pode nos deixar a sós? — com os braços cruzados, sustento o olhar ríspido de Tobias, que permanece imóvel no meio do quarto. O homem tenta se levanta, mas o rosnado que ele solta, faz-me desviar o olhar na sua direção e socorrê-lo com urgência. — Não acredito que estou presenciando isso — ele diz por fim, com uma expressão de repulsa nos olhos. O encaro e inspiro pesado, segurando o braço do Harrison e ajeitá-lo. — Por favor, deixa-me levá-lo ao hospital, não sabemos o que está acontecendo por dentro