Jane e Rita se arrumavam para dormir quando ouviram batidas fortes na porta do quarto. — Quem será?— Jane indagou ajeitando a alça da camisola. — Eu vou ver!— Rita disse levantando-se apressada. A porta se abriu e os dois seguranças estavam ofegantes. — Ele mandou Jane subir e está impaciente ainda! — um dos rapazes disse esticando o pescoço para dentro do quarto. Rita virou-se para a colega e disse aborrecida: — Vai logo de uma vez! Essa brincadeira não vai acabar quando você quiser, mas quando ele enjoar de você! Jane vestiu um penhoar rapidamente por sobre a camisola curta, transparente e passou pela colega ainda ouvindo o seu desabafo: — E se prepare para ouvir aquelas palavras delicadas, hoje ele está inspirado! Jane parou de andar, já ao pé da escada, ajeitou a gola do penhoar e acabou de amarrar a fita delicada que o fechava, mas decidiu não dizer nada e começou a subir as escadas. — É, o patrão tá viciado na garota aí!— o seguran
Jane conversava logo cedo com Rita. — Eu preciso tomar uma atitude com relação a Octávio, Rita! Ele voltou a falar aquelas coisas! — Agora, você vai tomar uma atitude, agora! — Rita ironizou. — Por que? Nunca é tarde, amiga!— Jane rebateu andando em direção aos armários para pegar as porcelanas que servem a mesa. Rita meneou a cabeça e cruzou os braços se dirigindo a colega enquanto dizia: — Você não se tocou ainda que não menstruou nesses últimos dois meses? Jane abriu a boca surpresa e quase derrubou a louça que segurava nas mãos. Enquanto isso, Nina acordou e viu Valentim dormindo do seu lado, numa poltrona confortável. Ele estava virado para ela, mas estava coberto e dormia como um anjo. Uma enfermeira entrou e sorriu dizendo: — Ele não quis sair de perto da senhora, por isso eu o cobri. Nina olhou com carinho para o seu amado e suspirou pensativa. O pensamento vinha angustiante:" Será que ele tem tanto amor para entender que
Alguns meses se passaram, mais exatamente cinco, Valentim insistia em se casar. Com o apoio de Gioconda e Giulia, ele já decidiu que se mudaria definitivamente para a mansão depois do casamento e deixaria Francesca, sua mãe, no seu apartamento. Francesca também não saia mais da mansão. Vivia para paparicar a neta. Nina estava aflita. Deixou que Valentim marcasse o casamento que aconteceria em dois meses, mas não abria mão de tocar os negócios do pai que estavam em andamento. Luca se queixava muito, mas não deixava de acompanhá-la, por receio de que algo lhe acontecesse. Era mais um daqueles encontros perigosos em que Nina usava uma máscara para esconder a sua identidade. Os mafiosos pensavam se tratar de uma prostituta. Uma das tantas que Salvatore costumava sustentar. O fato de Nina saber tudo sobre os negócios do pai os deixava curiosos, pois suspeitar dela, jamais. Para eles a filha do grande Salvatore não passava de uma garota mimada, ingênua e doce. Mas aí é onde deixava a
Alguns dias depois, Nina foi ainda mais ousada, aceitando um encontro com Octávio num pequeno depósito. — Io acho desnecessário esse encontro com o sócio de tuo padre! Além de tudo foi tuo marido opressor! — Luca se queixava do lado da mesa. Nesse momento, Octávio entrou seguido por alguns seguranças afobados que tentavam contê-lo. — Pode deixá-lo! — Luca disse seco erguendo uma mão. Os homens acalmaram os ânimos e Octávio foi direto na direção de Nina dizendo: — Para mim você não precisa usar essa máscara! Eu nunca achei que fosse uma simples garota mimada, pois até tentou armar uma emboscada para mim que culminou com a… — Chega!— Nina gritou interrompendo Octávio. Houve um silêncio onde só se ouvia as respirações ofegantes. — Tu non precisa disso Nina! Não faz negócio com esse rato!— Luca disse vendo que a filha tirava a máscara num gesto brusco. Octávio riu sarcástico e disse apoiando as duas mãos na mesa, com o corpo inclinado para
Rita e Jane paralisaram. Nina aproximou-se das duas, só então se dando conta da situação. — Jane, você está grávida!— ela Exclamou surpresa. No momento em que Nina virou-se para Octávio, ele baixou a cabeça sem jeito. Ela se alterou. — Por que fez isso com a moça, Octávio? Você é pequeno! — Esse filho não é meu!— ele disse com voz firme. Nina se descontrolou e começou a falar sem parar: — E é de quem? Do espírito santo! Você é ridículo! Nunca percebeu o quanto essa garota te ama! Você é tão cego que não vê o quanto é amado! Esse filho é seu, eu posso garantir! — Ela disse que não é meu!— Octávio se defendeu. Nina olhou para Jane que ficou sem jeito e indagou: — Isso é verdade? Jane assentiu com a cabeça, mas permaneceu cabisbaixa. Nina olhou para Octávio e estava ainda mais indignada quando quis saber: — Ameaçou tirar o filho dela? — Não!— Octávio gritou desesperado. — Por que fez isso, Jane? Por que mentiu?— Nina insistiu olhando para a criada. — Eu não menti!— J
Nina chorou o seu pranto trancada no seu quarto, enquanto Valentim foi para o seu apartamento onde encontrou o ombro amigo da mãe. Francesca estava desolada com a descoberta do filho. Amava a neta e temia que Nina fosse embora do país com a pequenina. No dia seguinte, Jane acordou cedo para preparar o desjejum com Rita e pôs-se a desabafar: — Octávio falou para eu passar a dormir no seu quarto, como sua amante, claro! — E está se queixando de que? Vai ser madame, ao menos na cama!— Rita ironizou. Jane estava inquieta e ignorava as brincadeiras da colega. — Ele disse que não vai me tocar para não machucar o bebê! Rita desatou a rir. Octávio desceu um tempo depois e franziu a testa ao ver Jane lhe servindo. Ele fechou o semblante e apontou uma cadeira do seu lado enquanto dizia: — Sente-se aqui do meu lado, Jane! Deixei claro que você não é mais empregada desta casa! Jane ficou sem jeito e obedeceu. — Rita, arrume outra
Algum tempo se passou e Gabriel era a alegria da casa de Octávio que vivia mais presente e recusava alguns negócios escusos. Aparentemente, ele se afastava gradativamente dos caminhos tortos. — Parece que Octávio está tentando deixar a vida do crime! — Luizão comentava na mesa de jantar. — A mim parece um milagre! — Susan disse não muito convencida. Sophia suspirou pensativa. — Ele está mudando pelo seu filho, tentando diminuir as dores do seu passado. — Calma mãe! Vai chegar a sua hora! — Luizão disse carinhoso, tocando as mãos de Sophia. Susan levantou-se e foi pegar o filho Frederico dos braços da babá, deixando mãe e filho mais à vontade. — Ele nunca vai me perdoar, não é Luiz Henrique?— Sophia disse tristonha. Luizão olhou penalizado para a mãe e falou com voz embargada: — Estarei sempre aqui mãe! Eu sei que não lhe basto. Tem um vazio no seu coração que pertence ao meu irmão. Sophia baixou a cabeça e desabafou: — Eu perdi a i
Jane obedeceu e passou pela copa correndo. Rita riu achando graça. — Sei não, viu! Eu bem que avisei! Jane voltou um tempo depois, ajeitando o vestido e Octávio a olhou de rabo de olho. — O que lhe falta? Não a faço feliz?— ele quis saber. Jane se ajeitou na cadeira e não respondeu. Octávio respirou fundo e soltou os talheres calmamente antes de falar: — Sei que não pode se aborrecer, pois a Rita já me falou que o seu leite pode secar! Rita olhou na direção da cozinha ao ouvir o nome da colega. Rita tem sido um anjo. Devia a ela os paparicos de Octávio. — Eu faço o que quiser, é só pedir! — Octávio insistiu. Jane começou a comer em silêncio. Na verdade, nem sabia porque estava tão insatisfeita. Sempre soube que Octávio nunca se casaria com ela. Sempre pensou em ficar do seu lado evitando que ele se casasse com outra, mas no dia em que ele trouxe Nina, há um tempo atrás, lhe deixou insegura. E se ele quisesse criar o seu filho com outra m