(Ella)A noite envolvia a floresta com sua escuridão, eu via as estrelas brilhantes ao céu, quando Liora me guiou em silêncio até a trilha que levava à cachoeira. Meu coração batia acelerado, uma mistura de ansiedade e excitação tomando conta de mim. Eu sabia que essa cerimônia era importante, não apenas para mim e Ethan, mas para toda a alcateia.Os passos de Liora eram leves sobre a terra macia. Eu podia sentir a umidade no ar e o som distante da água caindo. Ethan estaria lá me esperando. Meu peito apertou ao pensar nele. Desde que cheguei aqui, tudo mudou. Eu não era mais apenas uma humana perdida em um mundo desconhecido. Eu estava prestes a me tornar parte dele.Liora parou próximo a uma clareira e se virou para mim com um pequeno sorriso. — Antes de irmos, preciso te lembrar de algumas coisas, Ella.Ela ajeitou sua postura e sua voz ficou mais solene. — O banho de purificação é um ritual muito antigo. Ele prepara o casal para a união completa, não apenas no corpo, mas também na
(Ethan)Assim que saímos da cachoeira, senti o frio da noite tocar minha pele úmida, mas o calor do corpo de Ella ao meu lado bastava para me manter aquecido. Minha mão segurava a dela com firmeza enquanto caminhávamos juntos até a cabana improvisada, construída especialmente para os noivos que passavam pelo banho de purificação.O ancião já nos esperava, sua postura ereta e olhar sábio demonstravam a seriedade daquele momento. Ele indicou para que entrássemos e, assim que fechou a porta atrás de nós, começou a explicar:— A cerimônia de união acontecerá em três dias. A partir de agora, começa o período de separação ritualística.Ella arregalou os olhos, confusa. Eu senti a tensão percorrer seu corpo, e seu aperto em minha mão ficou mais forte.— Separação? — ela perguntou com a voz embargada.O ancião assentiu.— É um costume de nossa alcateia, criança. O noivo deve passar esses dias entre os anciãos e outros guerreiros, fortalecendo sua mente e espírito para o compromisso que está p
(Ella)Fiquei em silêncio por alguns instantes, observando a porta pela qual Ethan acabou de sair. Meu peito ainda estava apertado pela despedida, e meu coração insistia em bater acelerado, como se tentasse me convencer de que eu deveria correr atrás dele. Mas eu não podia. Esse era o costume da alcateia, e eu precisava respeitá-lo.O ancião pigarreou, chamando minha atenção de volta para ele. Seus olhos sábios me estudavam com paciência, como se esperasse que eu me acalmasse antes de continuar. Respirei fundo e o encarei, tentando parecer forte.— Sei que esse momento é difícil para você, criança — ele disse com a voz grave, mas gentil. — Mas essa separação tem um propósito. Ela fortalece o vínculo entre vocês e os prepara para a união definitiva. Você entende isso, não entende?Assenti, mesmo que uma parte de mim ainda se recusasse a aceitar a ideia de ficar longe de Ethan por três dias.— Eu entendo — murmurei. — Só não achei que fosse sentir tanta falta dele tão rápido.O ancião s
(Ella)Eu estava sentada ao lado de Liora, observando a chama bruxuleante das velas que iluminavam suavemente a cabana. O ar dentro do pequeno espaço era acolhedor, carregado com o cheiro de ervas e incenso. Eu ainda me lembrava da imagem do meu Ethan. No banho purificador na cachoeira, do toque frio da água e do calor das mãos e lábios quentes em mim.Liora olhou para mim com um pequeno sorriso e começou a falar me tirando daquele devaneio.— Você vai gostar do chalé onde morará com o alfa — disse ela com gentileza. — Ele foi o primeiro chalé erguido com os fundos conseguidos por nosso alfa, e será o primeiro de muitos que virão.Meu coração se aqueceu com aquela informação. Ethan estava realmente se dedicando a criar um lar para nós. Um lugar seguro, onde poderíamos começar nossa nova vida juntos. A ideia me confortava, mas ao mesmo tempo, fazia meu peito apertar de ansiedade. Tudo estava mudando tão rápido.— E o que Ethan fará nesses dias? — perguntei, a necessidade de saber mais
(Ethan)Caçar sempre foi algo instintivo para mim. A sensação da terra sob meus pés, o cheiro fresco da floresta e a adrenalina da perseguição eram partes essenciais de quem eu era. Mas hoje, enquanto espreitava minha presa, minha mente estava longe dali. Pensava em Ella, na forma como ela ficou olhando para mim quando nos separamos na cabana. O brilho nos olhos dela carregava uma súplica silenciosa, uma promessa de que aquilo era apenas temporário.Meus músculos se retesaram quando avistei um grande cervo entre as árvores. Silencioso como uma sombra, avancei na direção dele. Em um movimento ágil e preciso, desfiro o golpe fatal. O animal cai e eu abaixo a cabeça, honrando sua vida, um costume que me ensinaram desde pequeno. Esse cervo faria parte da cerimônia, um presente para a alcateia e uma oferenda aos ancestrais.Carreguei a caça de volta para os anciões, deixando-a no local de preparação para a festa que aconteceria na noite da cerimônia. Os anciões me observavam com olhares sá
A noite estava pesada, carregada de um silêncio incomum para a floresta. Ethan sentia o ar denso ao seu redor, o cheiro de folhas úmidas e terra misturando-se com algo que ele não identificava, mas que lhe causava um incômodo profundo. Ele avançava devagar, seus sentidos alertas, cada passo ressoando no vazio do bosque como uma ameaça latente.Por mais que tivesse tentado se afastar dos corredores e rituais do conselho, a convocação daquela noite foi estranha e urgente. E Lucian, seu irmão, nunca se mostrou tão interessado nos costumes da alcatéia antes... Até agora. Mesmo assim, Ethan não poderia ignorar o chamado. Ele era o filho do alfa, o próximo líder, e sua ausência seria notada.Ao atravessar a clareira, ele encontrou o círculo reunido em silêncio absoluto. Lucian estava à frente, a expressão sombria e os olhos fixos em algo que os demais tentavam evitar olhar diretamente: o corpo de um dos anciões, caído e imóvel no centro do círculo, como uma sentença pronunciada antes mesmo
(Ethan)Aquelas palavras ressoavam em minha cabeça mais do que poderia imaginar. Eu me sentia tão confuso com tudo a minha volta, sentindo-me tão vulnerável, é como se meu animal interior tivesse medo, algo no qual jamais idealizei imaginar. Papai morreu a tanto pouco tempo, o ritual era na próxima lua vermelha. Como primogénito eu andei ao seu lado, preparando-me para me transformar no próximo alfa.Alcancei uma bagagem de mão e soquei violentamente um montante de dólares dentro dela. Eu não tinha muito tempo, o conselho já havia se decidido sobre meu exílio e até aquele momento eu não entendia como tudo aconteceu tão rápido.Passos se faziam presentes junto há um aroma inconfundível de frescor. Eu já sabia que se tratava de Dália. Ela entrou rapidamente e fechou a porta atrás de si. O olhar dela é de espanto e eu pude ouvir seus batimentos acelerados.— Amor eu não consegui chegar na reunião a tempo. O que seu irmão disse é verdade? — Ela choramingou e abraçou-me apertado.— Sim, Dá
(Ella)Eu sentia um frio horrendo e acordo assustada. Ainda está escuro lá fora e me lembrei que ainda estava no trailer do Jared. Ele tinha puxado a coberta toda para ele e estava deitado de costas para mim e o seu ronco não me deixava nem ao menos pensar direito.Rolei na cama e tentei puxar um pedaço da coberta para me aquecer, mas foi em vão, ele puxa novamente para si e resmunga algo aleatório. Me levanto e apanho uma blusa de frio, visto-a e me deito para tentar descansar um pouco.Não são nem seis horas e meu alarme desperta me fazendo dar um sobressalto da cama. Jared se levanta enraivecido e me fuzila com olhos ameaçadores.— Desliga essa merda, Ella. Toda vez que vem pra cá, essa porra me acorda antes da hora. — Ele se deita novamente e me encara.— Se quiser eu não venho mais. Foi você que me pediu para passar a noite com você. — Tiro a sua blusa de frio e começo a trocar minhas roupas.— Não foi isso que eu quis dizer. — Ele se aproxima e olha fixamente para meu corpo some