Lili À medida que adentro o prédio de escritórios uma avalanche de olhares curiosos nos acompanha em cada passo que damos, mas estou irritada demais para pensar nisso. Mais uma vez Dante Travel tornou-se uma pedra no meu sapato e agora ele me deve mais uma. Dentro do largo corredor do vigésimo andar não é muito diferente. De rabo de olho vejo alguns funcionários nos olham com curiosidade e alguns até cochicham entre si. Me pergunto se eles não o que fazer para ficar vigiando a vida alheia? — Bom dia, Senho... — Ignoro completamente a cordialidade da moça bem-vestida e praticamente invado o elegante escritório do presidente da Travel. — Lilian? — Dante fala exibindo um sorriso grande e satisfeito, saindo de trás de sua mesa. Como sempre, Alice larga a minha mão para correr para os braços do homem que se agacha para recebê-la com um carinho que ainda não estou acostumada a assistir. Contudo, inevitavelmente os meus olhos percorrem o corpo alto e forte, vestido em um conjunto de terno
Lili — Nada importante. Eu... eu volto depois. — Escuto a porta se fechar em seguida. Ele se vira para mim e os nossos olhos se encontram. Os dele completamente receosos e os meus... bom, eu queria esconder a minha cara em qualquer buraco escuro. — Eu vou pedir para a minha secretária preparar a papelada. — Ele diz como se nada tivesse acontecido entre nós e eu dou graças aos céus por isso. — Você pode começar amanhã? — Amanhã? Claro! — Faço um gesto de desdém e ele acena uma sim para mim. — Ótimo! — Ele sorri e eu forço um sorriso. — Ótimo! — repito. Nossa, isso é ridículo, parecemos dois idiotas! *** Logo mais à noite... — Mamãe, já são sete, de que horas o papai vem? — Alice pergunta sentando-se em minha cama. Ela está linda usando um vestido azul estampado de alcinhas e um diadema com laços da mesma cor. Sorrio amarrando o cinto de tecido do lado na minha cintura e abro os braços para minha filha. — Como estou? — pergunto mostrando-lhe a calça Capri cor de telha, uma blusa
Dante Esse jogo de gato e rato está mexendo comigo de um jeito que chego a sonhar com momentos quentes entre nós dois. Talvez o fato de Lilian me enfrentar me deixe assim, mas sério, isso já está ficando cansativo e já não sei o que fazer para baixar a sua guarda. O lance da garotinha até que serviu para algo se insinuar entre nós dois. No entanto, descobrir que sou realmente o seu pai me fez sentir útil de verdade pela primeira vez. Quer dizer, eu tenho uma mega responsabilidade com as empresas da família e a minha mãe depende de mim para ter tudo o que sempre teve, mas uma filha? Isso é diferente em todos os sentidos. É um ser que realmente depende de mim, que eu posso moldar ao meu modo, amar de um jeito nunca amei ninguém e cuidar, essa se tornou a melhor parte de conhecê-la. E porra, o que eu sinto por aquela menina hoje é inexplicável. Com um suspiro relaxo no encosto do estofado do banco traseiro do carro e encaro a lua redonda, abafada por algumas nuvens grossas, no entanto, e
Dante — Olha isso, está indo para o Havaí em pleno horário de trabalho, Senhor megaempresário? — Max me recebe com o seu bom humor de sempre, porém, ignoro seu tom brincalhão e vou direto ao ponto. — Trouxe o contrato que te pedi? — Nossa, que mal humor! — Ele rosna, largando um envelope em cima da mesa. — Aqui está e ela tem razão. — Como assim, ela tem razão? — O malandro do Stuart acrescentou uma cláusula que não percebemos e que ele fez questão de não citar em nossa reunião. — Um detalhe que você não percebeu! — O acuso puto da vida. — O que diz a porra da cláusula? — Que ambos não podem ter um relacionamento enquanto o contrato estiver em vigor. A quebra dessa cláusula implicará a aceitar as condições de um dos lados ou a perda de tudo. — Puta merda! — Xingo esfregando o rosto exasperado. — Acredito que esteja referindo-se a uma traição, Dante. — Rio descaradamente. — Que porra de condição é essa? — Ele dá de ombros. — Relaxa, cara! Você não está se envolvendo com ningu
Dante Horas mais tarde... A sensação mais incrível que já senti na minha vida. Segurar Alce nos meus braços, enquanto a ensino a nadar, brincar com ela na água e ouvir as suas histórias, e aventuras enquanto comemos me fez lamentar não a ter visto nascer e crescer. Eu tive um pai e mesmo não sendo tão presente ele me ensinou muita coisa, e fez de mim quem eu sou agora. E tirando o meu lado cafajeste, até que eu sou um cara bem legal! Ao longo do dia Lilian fez questão de ir para a cozinha fazer um maravilhoso almoço e a tarde ela se jogou no confortável sofá da sala para ler um livro. Talvez apenas quisesse nos deixar a vontade para curtirmos esses momentos pai e filha, e de verdade, eu gostei da sua atitude. A noite o frio de inverno chegou com a sua intensidade e dessa vez as deixei sozinhas por alguns minutos para acender a lareira na sala de vídeo, preparei três xícaras com chocolate quente e assistimos a um filme. — A mamãe dormiu. — Alice sussurrou horas depois com uma cumplic
Lili O som alto da sua risada é contagiante e de alguma forma faz um estrago dentro de mim. E por mais que eu custe a acreditar, estamos bem à vontade nessa enorme sala de visitas, bebendo e conversando como grandes amigos, enquanto Alice dorme em um dos quartos de hóspedes para seguirmos viagem em algumas horas. Sem armaduras, sem armas e sem reservas, apenas uma conversa animada e descontraída entre amigos sobre a única pessoa que nos mantém realmente ligados. — Hum, teve uma vez quando Alice tinha três anos e ela já queria ser independente. Eu a estava preparando para um banho quando ela disse que queria fazer isso sozinha... — Interrompo a frase para dar mais uma risada. Não sei, talvez seja o efeito da bebida, mas o fato é que eu não consigo me segurar. — Aí, ela ligou o chuveiro e a encanação fez um barulho estranho. Tadinha, a minha filha saiu correndo desesperada para dentro do quarto, completamente nua e com os seus olhinhos assustados, mas eu não conseguia entender nada do
Lili — Por favor, segurem esse elevador! — gritei assim que adentrei o hall da Travel Lawyers e para o meu alívio uma mão masculina segurou uma das portas. É segunda-feira e é o meu primeiro dia aqui na empresa, e por mais que isso me chateia, estou com um atraso de quase meia hora. E tudo isso porque tive dificuldade para encontrar uma babá para Alice. Com o salário que a TL está me oferecendo deixou tudo bem mais prático para mim. Poderei colocá-la em uma escola melhor, pagar uma babá que se encaixe no nosso perfil e ainda financiar um carro. Adeus aluguel! — Obrigada! — digo assim que entro na caixa aperta e as portas se fecham. Olho para o relógio em meu pulso e me amaldiçoou por deixar isso acontecer justamente no meu primeiro dia. — Eu te conheço de algum lugar. — O homem alto e elegante diz me despertando. Então olho com mais atenção para o desconhecido. Cabelos cheios e cacheados, pele morena, mas de um tom claro e um rosto quadrado livre de pelos. Não, definitivamente eu não
Dante — Bom dia, querido! — Mamãe disse assim que pus os meus pés na sala de jantar e me servi de uma xícara de café. — Não vai se sentar para comer? — Não, estou com pressa. — E não vai dar um beijo na sua mãe? — Claro! Bom dia, mamãe! — falo rapidamente e saio apressado. Sabem que dia é hoje, né? É segunda-feira e é o primeiro dia de Lilian na TL também. E para tentar consertar as coisas entre nós, eu tenho um plano... primeiro comprar um buquê de rosas vermelhas, escrever um bilhete com um sincero de pedido de desculpas e quem sabe conseguimos almoçar juntos para recuperar o entrosamento que tivemos nesse final de semana. A final, dizemos coisas bem fortes e desagradáveis um para o outro. Não demora para eu adentrar o meu escritório e colocar as flores com o cartão em um ponto estratégico da minha sala e apenas aguardei a sua chegada. — Já está tudo pronto, Dante. — Samantha avisa adentrando a meu escritório e no mesmo instante os seus olhos curiosos param em cima do buquê atr