Gabriel não se considerava alguém ansioso.
Não até aquele momento.Após o pedido curioso feito por ele à Theodore, imaginara que o mundo seria cruel consigo. O tempo se arrastara de tal maneira, alimentando a ansiedade para ir treinar. Durante as aulas, mexia no celular despreocupadamente até se deparar a foto tirada de Theodore dormindo na biblioteca.Havia fotografado por impulso, pois achava o loiro muito bonito enquanto dormia. Só que não fazia sentido algum manter aquela foto, quem teria a foto do amigo dormindo em seu celular? Entretanto não queria apagar, queria mantê-la ali para admirar secretamente.Espiando pelo canto dos olhos, via Theodore usar fones de ouvido enquanto estudava. Parecia calmo e concentrado como sempre. Não ficava ansioso assim como ele? Bem, não era ele quem estava curioso sobre como era beijar outros garotos...Esgueirando-se pela escola, encontrara o lugar dito no bilhete. Afastado da bagunça dos atletas no portão da escola, silencioso e fora do alcance das câmeras de segurança. Gabriel olhara em volta questionando o motivo de Theodore conhecer aquele lugar.Havia combinado com Theodore que se veriam depois do treino, e como ele não fora ao ginásio provavelmente não saberia que Gabriel saíra mais cedo. Encostando-se na parede, o alfa suspirava olhando para o céu sentindo o coração batendo acelerado.Quando o visse, como agiria? Começaria conversando para quebrar o gelo? Ou já deveria ir direto ao que interessa? Não, isso faria o ômega pensar que estava ansioso para fazê-lo.Bagunçando os próp
Theodore foi beijado por Gabriel.E foi, em meras palavras, inesquecível.Mesmo deitado em sua cama prestes a dormir, vira o sono ser varrido pelas doces lembranças do que havia ocorrido naquela tarde. O toque quente do alfa, a forma como o seu cheiro o envolvera, o beijo que intensificava cada vez mais. O que teria feito caso a sua mãe não tivesse ligado?Teria tido coragem para encarar Gabriel? Sem deixar transparecer os seus sentimentos? Bem, se isso parecia um mero problema imaginário, se tornaria bem real quando o visse na escola da próxima vez.Pontos positivos, Theodore não precisaria se preocupar tanto já que o alfa deveria focar nas partidas das eliminatórias que começariam no domingo. Entre prioridades, certamente o ômega não seria uma delas. Era a chance ideal para que ele mesmo acalmasse os seus sentimentos e encontrasse alguma maneira de manter a neutralidade p
— Então... Uma garota está vindo aqui pra te arrumar? Os céus atenderam as minhas preces.— Ei! Não é pra tanto, mãe.— Estou surpreso que tenha concordado com isso. Não me parece se importar com concursos — Lembrava Pete enquanto penteava os cabelos da pequena Lisa.Theodore suspirava enquanto ajeitava os lanches dos jogadores na bolsa térmica.— E não me importo, sei lá. Não achei uma má ideia mudar um pouco. Ano que vem é o último ano da escola, e eu queria fazer algo diferente pra me lembrar...— Ou está fazendo isso por causa do garoto novo que me disse?— Não sei do que está falando.Prestes ser interrogado pela mãe, foram salvos pela batida na porta da frente. Aline abandonara os lanches que empacotava pra ir atender a porta, deixando Theodore suspirar aliviado p
Seria possível alguém morrer de puro nervosismo?De onde ele havia tirado toda aquela calmaria quando sentira Gabriel segurar seus pulsos e conversar consigo? Pelos céus, havia desenvolvido novas habilidades por acaso?O coração batia desenfreado dentro do peito de Theodore. Lilian havia lhe aconselhado a ser indiferente com o alfa, agir como se nada tivesse acontecido. Dentro da cabeça do ômega aquilo seria apenas uma provocação para extrair uma reação esperada. Queria saber como Gabriel reagiria ao vê-lo tão diferente.— Você tem que admitir que ele ficou babando quando te viu.Lilian era a mais empolgada, mesmo que os dois estivessem enchendo as garrafas no bebedouro com água gelada. O lugar era afastado da bagunça entre os participantes do campeonato, dando vista para o time que usava o uniforme preto e dourado.— Seu plano d
Acordara de seus devaneios quando o grito das arquibancadas fora alto o suficiente. O grupo de garotas que costumavam torcer por Milles não faltaram ao compromisso e celebravam o primeiro ponto feito pelo time.Quando Theodore prestara atenção no que realmente acontecia em quadra, engolira em seco. As três figuras que tornavam o time forte pareciam cobertas por chamas escaldantes. Seria esperado de Nicolas, afinal ele ainda estaria bravo pelo o que ocorrera anteriormente, mas aqueles dois alfas? Era muito estranho.O mais estranho ainda eram os olhares daqueles três sobre si. Mais uma vez esperaria isso de Nicolas, e até mesmo de Gabriel, mas de Milles? Oh céus, o que havia acontecido com o mundo?Virando a cabeça disfarçadamente, Theodore buscara pela amiga na primeira fila das arquibancadas, arregalando os olhos claros em um pedido de ajuda. A pobre garota parecia surpresa quando ba
Como seria possível diferenciar o sonho da realidade?Para Theodore, era impossível.Mesmo que piscasse diversas vezes, ou então que repousasse suas mãos nos ombros de Gabriel para empurrá-lo, tudo parecia surreal demais para ser realidade. Tinha que ser um sonho. Por que não havia motivos para Gabriel beijá-lo.Permanecendo parado sem ser capaz de corresponder e nem de fugir, Theodore mantivera os olhos abertos catatônicos no alfa à sua frente. Quando o beijo fora findado e vira os cílios escuros e compridos se moverem em um piscar, o ômega perdera as palavras em sua cabeça a não ser por uma.— Gabriel...Sussurrando rouco aquele nome, notara um movimento em seus olhos como se recuperasse a sanidade outrora perdida. O alfa umedecera os lábios com a ponta da língua parecendo nervoso, no entanto não se distanciou do ômega loiro,
Quando se experimenta o desejo ele fica marcado na pessoa como uma tatuagem. Sempre visível para lembrar as sensações, sem opções de fugir do que poderia acontecer. Apenas para te mostrar que há algo a ser sanado.Quando havia sido beijado por um baixinho marrento, Milles havia se perdido completamente no misto de emoções. O primeiro pensamento era de um beta querendo arrumar briga consigo usando métodos sujos. Porém, o cheiro que sentira e as sensações que tivera quando Nicolas brincara com seus lábios para humilhá-lo apontavam para outros caminhos.Conexão.Se sentira conectado à Nicolas de uma maneira inexplicável.Muitas perguntas surgiam em sua cabeça o deixando na beira da loucura. Desde aquele maldito dia passara a procurar pelo seu capitão por onde quer que passasse. Imaginara que seria para evitar outra briga, ou go
— Que merda é essa? Tente não gamar? Quem raios ele pensa que é pra me fazer de trouxa desse jeito?Theodore assistia seu melhor amigo andar de um lado para outro resmungando e xingando aos quatro ventos sem parar. Mesmo com um hambúrguer em suas mãos, mordendo grandiosos pedaços, o baixinho não deixava de falar.— Eu te disse que aquele beijo iria trazer problemas, mas você não me ouviu.— Joga na cara! Sabe muito bem o motivo de eu ter feito aquilo, e é assim que me agradece.— Nico, sabemos muito bem que você fez aquilo mais pra irritar Milles do que pra me proteger. Além disso, Gabriel estava lá...— Gabriel, Gabriel, Gabriel. Toda vez que tu abres a boca é pra falar daquele filho da puta. — Repentinamente Nicolas parara de andar, virando-se furiosamente para o amigo lhe apontando o in