- Mães... - mordi os lábios e dei de ombros
Caminhei até a lixeira ao seu lado e apaguei o cigarro na borda. Ele me seguiu com o olhar em total silêncio. Joguei a bituca apagada no lixo, alcancei uma caixa de chicletes e um frasquinho de álcool em gel com cheiro no bolso da minha calça. Sou fumante mas não preciso feder a cigarro. Higienizei as mãos e abri a caixa. Tirei uma fita fina de chiclete de tutifruti e o abri com calma. Ouvi a respiração pesada de Harvey sobre minhas costas e me virei em sua direção.
- Aceita? - lhe estendi a caixinha e ele apanhou um mesmo que um pouco hesitante
- Você não devia fumar... - finalmente abriu a boca
- É, eu sei. A coisa toda com a saúde e tal... Mas é difícil largar.
- Já falou sobre isso na terapia? - questionou despercebido
- Sobre parar de fumar? Não. - arqueei a sobrancelha
- Fui invasivo de novo. - deu uma
Harvey" - Eu amo seu sorriso... - os dedos de Lívia tocavam meus lábios delicadamente - essas covinhas dão um charme irresistível. - aproximou o rosto do meuEu já não conseguia controlar meus pensamentos. Ansiava por seu toque, seus lábios. É uma necessidade quase física provar seu gosto. Ter seu corpo. Nunca me senti assim antes. Tão desesperado por alguém.- Eu te quero tanto que dói...- sussurra em meu ouvido e arranha minha nucaSeus lábios macios roçaram os meus. Sua pele quente em atrito com a minha. Entrelacei os dedos em seus cabelos e a puxei para junto de mim como se quisesse fundir nossos corpos. Invadi sua boca em um beijo sedento..."Acordei assustado com o som estridente do despertador. Prince estava deitado em seu tapete e me encarava com um olhar de julgamento. Era a terceira vez na semana que sonhava com ela. Não nos encontramos mais depois daquela noite no bar. De
- Felpudo? - torci para que o gato tivesse saído ou se escondido em algum lugar seguro. O que àquela altura eu achava difícil - Gatinho? Cadê você? A Agnes ta preocupada.Vasculhei os cômodos e móveis e não o encontrei. A fumaça e o calor já estavam insuportáveis. Ninguém sobreviveria por muito tempo. Cheguei com custo até a cozinha. Procurei nos armários e toda parte. Me aproximei de um canto próximo a área de serviço e o vi encolhido num canto. Seu pelo branco estava cinza. Me ajoelhei e constatei que era tarde. O pequeno se encolheu o máximo que pode para se proteger, mas acabou morrendo asfixiado. Com medo e sozinho. Seu corpinho já estava endurecido.O abracei e suspirei deixando as lagrimas rolarem em meu rosto. A imagem decepcionada da menininha lá em baixo invadiu minha mente. Senti novamente aquele aperto no coração, um desespero e sensação de impotência. O que eu iria dizer a Agnes? Como entregaria a ela seu bichinho nesse estado
Chegamos ao bar e estava mais cheio do que da última vez. O local estava decorado com balões dourados e brancos. As mesas seguiam o mesmo tom, assim como o balcão. Um DJ tocava músicas animadas. Lívia já estava ali, conversando em um grupo de pessoas empolgadas. Hora ou outra alguém chegava para cumprimenta-la. Estava deslumbrante. Cabelos longos soltos, lábios vermelhos. Sua felicidade era visível. Mantinha o lindo sorriso no rosto. O tal Erick não saía de seu lado. A abraçava, apoiava a mão em suas costas, envolvia o braço em seus ombros. E ela correspondia a tudo com muita satisfação. Eu sabia. Tinha certeza que era uma péssima ideia ter saído de casa.- Boa noite! - Erick subiu no palco e começou a falar - Vocês sabem porque estamos aqui hoje, certo? Nossa rouxinol está completando mais uma primavera. E claro que o presente é nosso por termos o previlégio de tê-la em nossas vidas. Eu não sou ela... - deu de ombros e pegou uma guitarra que estava escorada em um
- Eu acho melhor ir pra casa. - alertei a Donna que se balançava no ritmo da música- Não senhor. Você vai entregar esse colar pra ela. - ordenou firme- Eu não estou me sentindo bem, Donna. E ela já tem a atenção que precisa. - apontei para Erick que correu em sua direção quando a apresentação acabou- E a culpa é de quem? Quem saiu correndo feito um cãozinho assustado na última noite?- Eu já expliquei...- Bobagem. Você está com medo de arriscar. E eu não vou deixar você bancar o covarde e se arrepender depois... - segurou minha mãoEla alertou Romeo e Zac da minha possível fuga. Confiscou meu celular e o desligou caso Sylvia decidisse ligar. Algo que não aconteceria. Ela estava me dando um gelo desde a nossa última discussão. Ela faz isso sempre que tento me impor, para que me arrependa e peça desculpas. Mas estava decidido a ser firme dessa vez. Não iria ceder. Lívi
Pensei em interromper mas Lívia tocou meu braço e fez menção para que os deixasse conversar. Os acompanhei com o olhar a medida que ela me puxava delicadamente para o balcão.- Relaxa. O Erick tem essa pose de provocador mas é um cara legal. Vai cuidar bem da sua amiga.- Eu não sei, ela bebeu demais...- Eu dou a minha palavra a você que o Erick vai respeitar sua amiga.- Eu não conheço você. Nem ele. Quer que eu confie minha amiga bêbada a um perfeito estranho? Só por que você diz pra confiar?Lívia arqueou a sobrancelha e me olhou espantada. Abriu os braços em rendição e se apoiou no balcão.- Me desculpa...- Não. Você está certo. Ele é um estranho e ela é sua amiga. - se virou novamente para mim - Ela tem sorte em ter você. - sorriu sincera - Se quiser, mas só se quiser, eu levo ela em casa.- Não pr
LíviaEu nunca gostei muito de aniversários. Na verdade eu os detestava. Minha mãe nunca se importou em comemorar e sequer se lembrava. Até os nove anos minhas comemorações eram feitas na escola, por professores sensibilizados com a falta de interesse de Mônica em celebrar a data. Ela sempre foi convidada mas nunca compareceu a nenhuma. Quando Walter se casou com ela, até tentou fazer algo. Foram três anos de tentativas frustadas. No primeiro ano, Mônica se esqueceu da data e foi fazer compras no shopping. Voltou três horas depois e eles discutiram a noite toda. No segundo ano ela compareceu, mas expulsou as pessoas com meia hora de festa alegando que se sentia mal. Na terceira ela simplesmente não quis participar e se trancou no quarto.Quando completei treze anos, Devon e Sabrina já haviam se mudado para a casa ao lado, nos tornamos amigos e começamos uma tradição. Todos o
Senti sua excitação a ponto de explodir e eu não estava diferente. Ele também sentiu. No entanto sua reação não foi exatamente a desejada. Nem por mim, e aparentemente, nem por ele. O que me deixou ainda mais confusa. Ele nos afastou lentamente e com um pesar quase doloroso. Se encolheu no banco e notei que me queria o mais distante possível. Voltei ao meu banco e arrumei minhas roupas amassadas. O olhei e ele encarava a estrada. Tenso, suas mãos apertavam as pernas com firmeza.- É melhor eu... Sair... Está tarde e... - começou a se embaralhar com as palavras- Aconteceu algo? Eu fiz algo errado? - o questionei inconformada- Não! - virou-se para mim e parecia transtornado - Eu fiz...- O que? Você tem namorada? É isso? Claro. Perfeito demais pra ser verdade...- Não! Não. Não, eu não tenho. É só que... Eu não devia ter feito isso.- Me beijado? - eu entendia cada vez menos o que estava acontecendo- Me aproveitado
Terminamos a organização por volta das cinco da tarde. Decidi fechar e sair para comermos alguma coisa. Havia um foodtruck com comidas típicas brasileiras na praça ali perto. A única coisa boa que Mônica me apresentou foi a culinária e a comida do seu país. Eu nasci no Brasil, mas não vivi nem dois anos da minha vida por lá. Mônica e meu pai biológico se mudaram para cá meses antes dela ser abandonada por ele.Pedimos cachorro quente completo e dividimos refrigerantes. Conversamos um pouco sobre as novas apresentações e sobre gravar um vídeo clipe. Devon deu ótimas ideias de roteiro e cenários. Sabrina sugeriu uma coreografia. Adorei todas as ideias e prometi leva-las a Erick. Ele era como uma espécie de empresário e eu sempre levava sua opinião em consideração. Nos despedimos ali mesmo. Pedi um lanche para a viagem, seria meu café da manhã.Desci a ladeira até a loja tranquilamente. Respondi algumas mensagens no celular e o guardei no b