Pensei em interromper mas Lívia tocou meu braço e fez menção para que os deixasse conversar. Os acompanhei com o olhar a medida que ela me puxava delicadamente para o balcão.
- Relaxa. O Erick tem essa pose de provocador mas é um cara legal. Vai cuidar bem da sua amiga.
- Eu não sei, ela bebeu demais...
- Eu dou a minha palavra a você que o Erick vai respeitar sua amiga.
- Eu não conheço você. Nem ele. Quer que eu confie minha amiga bêbada a um perfeito estranho? Só por que você diz pra confiar?
Lívia arqueou a sobrancelha e me olhou espantada. Abriu os braços em rendição e se apoiou no balcão.
- Me desculpa...
- Não. Você está certo. Ele é um estranho e ela é sua amiga. - se virou novamente para mim - Ela tem sorte em ter você. - sorriu sincera - Se quiser, mas só se quiser, eu levo ela em casa.
- Não pr
LíviaEu nunca gostei muito de aniversários. Na verdade eu os detestava. Minha mãe nunca se importou em comemorar e sequer se lembrava. Até os nove anos minhas comemorações eram feitas na escola, por professores sensibilizados com a falta de interesse de Mônica em celebrar a data. Ela sempre foi convidada mas nunca compareceu a nenhuma. Quando Walter se casou com ela, até tentou fazer algo. Foram três anos de tentativas frustadas. No primeiro ano, Mônica se esqueceu da data e foi fazer compras no shopping. Voltou três horas depois e eles discutiram a noite toda. No segundo ano ela compareceu, mas expulsou as pessoas com meia hora de festa alegando que se sentia mal. Na terceira ela simplesmente não quis participar e se trancou no quarto.Quando completei treze anos, Devon e Sabrina já haviam se mudado para a casa ao lado, nos tornamos amigos e começamos uma tradição. Todos o
Senti sua excitação a ponto de explodir e eu não estava diferente. Ele também sentiu. No entanto sua reação não foi exatamente a desejada. Nem por mim, e aparentemente, nem por ele. O que me deixou ainda mais confusa. Ele nos afastou lentamente e com um pesar quase doloroso. Se encolheu no banco e notei que me queria o mais distante possível. Voltei ao meu banco e arrumei minhas roupas amassadas. O olhei e ele encarava a estrada. Tenso, suas mãos apertavam as pernas com firmeza.- É melhor eu... Sair... Está tarde e... - começou a se embaralhar com as palavras- Aconteceu algo? Eu fiz algo errado? - o questionei inconformada- Não! - virou-se para mim e parecia transtornado - Eu fiz...- O que? Você tem namorada? É isso? Claro. Perfeito demais pra ser verdade...- Não! Não. Não, eu não tenho. É só que... Eu não devia ter feito isso.- Me beijado? - eu entendia cada vez menos o que estava acontecendo- Me aproveitado
Terminamos a organização por volta das cinco da tarde. Decidi fechar e sair para comermos alguma coisa. Havia um foodtruck com comidas típicas brasileiras na praça ali perto. A única coisa boa que Mônica me apresentou foi a culinária e a comida do seu país. Eu nasci no Brasil, mas não vivi nem dois anos da minha vida por lá. Mônica e meu pai biológico se mudaram para cá meses antes dela ser abandonada por ele.Pedimos cachorro quente completo e dividimos refrigerantes. Conversamos um pouco sobre as novas apresentações e sobre gravar um vídeo clipe. Devon deu ótimas ideias de roteiro e cenários. Sabrina sugeriu uma coreografia. Adorei todas as ideias e prometi leva-las a Erick. Ele era como uma espécie de empresário e eu sempre levava sua opinião em consideração. Nos despedimos ali mesmo. Pedi um lanche para a viagem, seria meu café da manhã.Desci a ladeira até a loja tranquilamente. Respondi algumas mensagens no celular e o guardei no b
Desci a ladeira até a loja tranquilamente. Respondi algumas mensagens no celular e o guardei no bolso. Ouvi um cantar de pneus e pessoas gritando. Quando me virei um carro em alta velocidade vinha em minha direção. Invadiu a calçada e por pouco não me atingiu. Senti o impacto de um corpo contra o meu. Não vi os movimentos seguintes até atingir o chão, ou quase. Caí sobre alguém que me segurava com firmeza. Abri os olhos e encontrei o azul cintilantes de Harvey me olhando preocupado. Levei alguns segundos para processar o que havia acontecido e enfim me levantar. Pessoas que passavam correram até nos e nos ajudaram a nos reerguer. A essa altura o carro já havia desaparecido. - Você está bem? - Harvey questionou atencioso, segurou meu braço e senti aquela bendita corrente elétrica nos envolver. Ele também sentiu, pois se afastou subitamente - Estou... - abaixei a cabeça frustada - Você é que não está. - analisei as esc
Harvey Abri os olhos e analisei o lugar estranho aos meus sentidos. Na noite anterior não pude observar direito o quarto de Lívia. Com sol invadindo por uma fresta pela cortina os tons de lavanda da decoração se tornaram evidentes. Era algo minimalista e aconchegante. Havia uma penteadeira no canto com um grande espelho no estilo vintage. Uma estante com livros e uns vasos de plantas. Ao lado da estante uma poltrona confortável e um abajur. A janela entreaberta revelava a vista para o mar do outro lado da rua. Não sei porque eu imaginava algo mais extravagante. Mas tudo combina perfeitamente com ela. Segurei seus dedos depositados em meu peito e analisei seu rosto tranquilo. Dormia como um anjo. Ajeitei os fios de cabelo espalhados por seu rosto com cuidado para não acorda-la. Ela suspirou e se ajeitou em meu ombro. As lembranças da noite anterior ainda estavam frescas na minha mente. Como foi bom tê-la em meus braços. Tocar sua pe
Cheguei ao quartel por volta das nove e quarenta da manhã. Cecile arregalou os olhos ao me ver. Sempre fui extremamente pontual, nunca faltei ou me atrasei. Balancei a cabeça informando que estava bem, em resposta ao seu olhar preocupado. Atravessei rapidamente o corredor em direção a garagem. Tentei ser o mais discreto possível mas as coisas não correram como o planejado.- Prescott... - Tenente Willard, meu superior me chamou antes que eu chegasse ao meu destino- Senhor... - me virei preparado para a bronca- Aconteceu algo? Você chegou com quase três horas de atraso. - me analisou por completo- Eu sinto muito senhor, eu perdi a hora. Isso não vai se repetir...- Acredito que não... Mas até tudo bem? Tem algo que eu possa ajudar?- Não senhor. Foi só, um problema com
Ao chegar notamos que o rio havia transbordado devido ao grande volume de chuvas na região. A cidade era pequena e não havia corpo de bombeiros próprio. Logo de princípio resgatamos um garoto e sua avó que subiram no telhado da casa. O garoto conseguiu erguer a senhora de cerca de noventa anos até o alto da varanda movido pelo desespero. Alocamos ela em uma maca e a subimos com cuidado e desci para buscar o garoto. Estava com algumas escoriações mas nada grave. Havia pessoas presas em árvores, carros e nos topos das casas. Houveram desmoronamentos e pessoas ficaram presas nos escombros. Dentre elas uma garotinha de quatro anos que por milagre não sofreu ferimentos sérios.Levamos cerca de quatro horas para resgatarmos todas as pessoas e animais. Por sorte não houveram vítimas fatais. Embora algumas pessoas tenham sido resgatadas em estado grave. Interditamos a área
Sorri com a lembrança de vê-la brincar com o cordão enquanto atendia meus amigos. Subi as pressas e corri para a cozinha. Onde eu estava com a cabeça de convida-la sem tempo para me preparar? Não sabia se tinha algo para servir, se a casa estava limpa o suficiente. O que eu iria vestir? Eu tinha um vinho descente na adega? Eu não bebo, mas ela bebe. Abri todos os armários em busca de algo que fosse rápido e sofisticado. Por sorte havia feito compras a poucos dias. Optei por uma salada tropical e macarrão ao molho pesto. Deixei tudo adiantado e corri para o banho. Enquanto me ensaboava de recordei que não havia combinado o horário com Lívia.- Merda! - abri o box e tateei a pia em busca do meu celular disquei o número e coloquei no viva voz, ela atendeu ao terceiro toque - Lívia? É o Harvey. - informei um pouco alto demais- Eu sei. Reconhe