Maximus Silver
– Você não deveria ter me subestimado – murmuro puxando todo o dinheiro que há em cima da mesa na direção do meu colo. Há quatro homens na mesa, dois desistiram do jogo e um apostou tudo que tinha na esperança de me vencer. Coitado, perdeu tudo.
– Você é mesmo muito implacável. Poderia ter perdido para mim uma vez na vida, não é? Acho que não custaria nada já que somos amigos – Andrew O’Connor murmura insatisfeito e eu me concentro em contar o dinheiro e sorrir.
– Amigos, amigos, negócios a parte – respondo simplesmente. O cheiro do dinheiro me faz muito bem.
– Deveria ter aceitado a derrota assim como nós dois, você teria se saído muito melhor – Alexander North diz apontando para o irmão, Liam.
– Senhor, ela está aqui – O segurança diz pelo ponto eletrônico e paro de contar o dinheiro imediatamente, prestando atenção no que o segurança acabou de dizer.
Estou no andar de cima, em uma das salas VIPs de aposta. Apenas as pessoas mais ricas têm acesso e eu apareço aqui as vezes quando não quero ficar sozinho no meu escritório.
– Com licença, preciso resolver alguns assuntos – digo subitamente e me levanto.
– Onde você vai? Preciso de uma chance para recuperar meu dinheiro – Andrew protesta.
– Não posso agora. Vamos deixar para outro dia – não dou nem chance dele protestar e saio andando para fora da sala. No corredor, sozinho, me comunico com o segurança. – Ela? Ela quem?
– Sua noiva.
– O QUÊ? O que diabos você quer dizer com isso? Como assim ela está aqui? O que poderia fazer numa casa de apostas? – Grito andando para o meu escritório a passos largos, digito a senha necessária para entrar na minha sala e assim que entro, vou direto para o meu painel de controle. Nele, consigo ver tudo lá embaixo, inclusive as pessoas e rapidamente consigo localizá-la parada no bar, está quase irreconhecível por causa das roupas e maquiagem, mas eu reconheceria aquele cabelo e aquela boca em qualquer lugar.
O que ela está fazendo aqui? Essa pequena…
Xingo baixinho e ouço a senha do meu escritório sendo digitado.
– Como ela entrou aqui e você não viu? – Pergunto me virando para John, o chefe da segurança, assim que ele está dentro do meu escritório.
– Pelos fundos.
– Então me explique como ela entrou pelos fundos! – me jogo na cadeira e fecho os olhos tentando controlar a minha raiva.
– Ela está servindo as mesas.
Essa declaração me abrir os olhos, levantar e chutar a mesa mais próxima. Me aproximo da enorme janela de vidro que me permite ver todo o cassino lá embaixo. Foi friamente planejada para isso.
– Onde? – rosno para John e ele se aproxima, apontando para uma pequena mulher que anda entre a multidão distribuindo taças. Como não prestei atenção nisso antes? Ela não estava no bar degustando uma bebida, estava esperando a sua vez no rodízio.
Porra, vermelho é a cor dela. A cor fica ótima no corpo magro dela. Amélia cresceu muito bem. Fico hipnotizado observando-a andar com naturalidade entre as mesas e não me sinto bem ao ver os homens olhando para ela com curiosidade estampada.
– Traga-a. Não quero vê-la mais um segundo no meio dos abutres – Liam assente e sai fechando a porta enquanto eu me jogo na cadeira e observo o salão.
Ela não está mais lá. Para onde foi? Meus olhos ávidos procuram por Amélia no meio da multidão mas é inútil. Tirei os olhos por apenas um minuto e a perdi de vista. Me viro para o painel de controle e não consigo vê-la pelas câmeras também.
Será que foi embora?
Não pode ir embora. Não vai escapar tão fácil assim.
Tenho passado um ano monitorando todos os passos dela para descobrir que ela está a poucos metros de distância de mim. Sou uma piada.
Espero alguns minutos e apenas o clique do meu sapato no chão pode ser ouvido no ambiente.
– Eles estão demorando – murmuro. Quando faço menção de ir atrás dela eu mesmo, ouço o barulho da porta sendo desbloqueada e volto a me sentar. John não entra, apenas Amélia.
Observo enquanto ela anda até mim como um cordeiro assustado e observo o quanto ela ficou bem de saltos. Bem melhor do que as sapatilhas que ela usa no dia a dia, se bem que eu presumo que ela não tenha outro par de sapatos. Amélia olha tudo com muita curiosidade e espanto e retorce as mãos com desespero.
– Você está bonita – Digo olhando nos olhos dela, que me observa com crescente curiosidade e medo.
Estou acostumado a ser olhado com desejo e raiva, mas curiosidade e medo é a primeira vez. Normalmente as mulheres só tem curiosidade de descobrir o que tem dentro da minha carteira e o que tem embaixo da minha roupa.
– Desculpe? – Eu não tinha ouvido a voz dela de perto ainda. É bonita, assim como ela.
– Eu disse que você está bonita. Sente-se – digo indicando a cadeira a minha frente, mas ela apenas me olha com mais medo.
– Desculpe, eu fiz algo errado? Eu não entendo porque fui chamada – Olho para ela sem dizer nada. – Seja o que for, desculpe, é o meu primeiro dia. Prometo que vou me empenhar muito nesse emprego.
– Infelizmente hoje é seu primeiro e último dia – Digo sem remorso e ela tem desespero em seus olhos. O prazo acabou. É hora de falar a verdade.
– Não pode me dar mais uma chance? Prometo que vou ser a melhor funcionária que você já teve.
– Poder? Claro, eu posso tudo. Querer? Não quero – Respondo presunçoso.
– Mas por que? – Vejo uma ponta de irritação nos olhos dela e isso me faz sorrir.
É bom ver que ela é mais que um cordeiro assustado.
– Minha noiva não trabalha servindo mesas – ela olha para mim e levanta as sobrancelhas
– Eu não entendo, o que você diz parece grego para mim. O que a sua noiva tem a ver comigo?
– Você. Você é minha noiva.
– Está bêbado? Eu nem mesmo te conheço.
– Mas eu te conheço, Amélia.
– Como sabe meu nome?
– Eu te disse, estamos noivos – Ela olha para mim como se houvesse uma terceira cabeça saindo dos meus ombros.
– Pirado do caralho – Amélia murmura depois de um tempo e isso me faz rir. Se outra pessoa dissesse isso, certamente não viveria para contar a história.
– Não acredita em mim? Eu tenho um documento que prova que somos noivos.
Vejo as mãos delas se fecharem em punhos e os olhos dela se encherem de ódio. Amélia vai de uma emoção a outra em segundos e isso me diverte mais do que deveria.
– Ei, seu maluco! Será que pode parar de repetir isso feito um disco arranhado? Está maluco se acha que vou acreditar nesse tipo de coisa. Agora sou eu que não quero ficar nesse emprego, não vou trabalhar pra você. Passe bem, ok?
Ela vira os calcanhares e está prestes a sair, mas eu a impeço. Alcanço-a rapidamente e fecho a porta, escorando-a na parede para que não fuja.
Hmm, ela cheira a morangos. Tão docinho.
– Ei, o que acha que está fazendo? Me deixe sair – Ela parece incomodada com a aproximação e eu sorrio.
– Não terminamos de conversar ainda.
– Eu já disse tudo que tenho pra dizer. Não sou sua noiva e também não trabalho mais para você, então não tenho a obrigação de te obedecer então me deixe passar.
Pelo visto terei que dizer a verdade completa.
– Eu sei que é difícil para você aceitar, mas é a verdade. Seu pai sabia disso – Isso a faz parar e olhar para mim com atenção.
– O que meu pai tem com relação a isso?
– Ele tem toda relação. Ele te vendeu pra mim.
Amélia AlderFico olhando para o homem a minha frente e espero ele dar risada do que acabou de dizer, mas a risada nunca vem, então eu mesmo dou risada.– É uma piada, não é? – digo ainda rindo e ele apenas continua olhando atentamente para mim.– Não é uma piada.– Tem que ser. Meu pai não faria algo tão desumano assim. O meu pai, ele me amava demais para fazer algo assim, por isso não acredito em você nem por um minuto.– Ah, você acha? – ele pergunta sarcástico antes de se afastar. Ele anda tranquilamente pelo lugar e volta a se sentar na enorme poltrona atrás da mesa de escritório. Eu não sei o nome dele, mas ele é bem presunçoso e se acha o centro das atenções.– Eu acho, ele não tinha motivos para fazer isso – ergo meu queixo e faço questão de ser firme nas minhas palavras, mas ele continua a me olhar da mesma forma sarcástica.– Bem, você diz que ele não tinha motivos e isso não me importa. O que importa aqui é que ele fez isso e esse documento prova o que estou dizendo – ele a
Maximus SilverCruzo as pernas e fico olhando para a porta pela qual Amélia acabou de passar. A personalidade dela me intriga mais a cada segundo.– Você deixou ela ir embora? Devo ir atrás e trazê-la? – John questiona entrando na sala e eu nego.– Não precisa, apenas deixei ela ir embora.– Mas, Sr. agora ela sabe de tudo. Você não tem medo que ela fuja?– Nem um pouco – digo balançando a minha perna. Estou me sentindo muito confortável.– Perdoe-me dizer, mas desse jeito, como planeja conquistá-la? Do jeito que a vi sair, é certo que não virá até você em hipótese alguma – olho para John e ele parece mesmo convencido do que está dizendo, então eu lhe dirijo um sorriso.– Eu vou dar um jeito dela precisar de mim, não se preocupe – respondo calmamente.– Que tipo de jeito? – ele pergunta interessado.– Você vai ver.Amélia Alder– Ué, cade a água? – franzo a testa e abro a água, mas nem uma gota desce. Tento novamente e o resultado é o mesmo. Uma irritação começa a crescer dentro de mi
Amélia Alder– Você é o novo dono do prédio? POR QUE? – grito e me arrependo imediatamente. Eu nunca fui uma mulher desequilibrada e raramente me sentia inquieta com algo, agora até estou gritando com as pessoas como se não tivesse modos.– Certamente você não vai querer conversar sobre isso aqui no corredor, não é? – ele diz e passa por mim para dentro do meu apartamento sem permissão alguma.– Não temos nada para conversar e além disso, não cabe todas essas pessoas aqui dentro. O espaço é muito pequeno – digo apontando para os homens do lado de fora.– Não se preocupe, vamos conversar só nós dois, então feche a porta – ele diz se sentando no sofá velho como se fosse dono do lugar. Fico tão chocada ao vê-lo cruzar as pernas confortavelmente que eu apenas faço o que ele pede e fecho a porta.Apenas um olhar denuncia que ele não pertence a esse ambiente, suas roupas caras e sapatos de marca não combinam em nada com os móveis velhos e a residência humilde. – Você não vai se sentar? – e
Maximus SilverEstou acostumado a conquistar grandes coisas desde pequeno, foi assim que eu cresci, mas devo confessar que ver Amélia entrando no meu carro e aceitando minhas condições foi como comprar um iate novo. Eu estava convicto de que ela aceitaria os meus termos, afinal eu fiz tudo para que ela não tivesse saída alguma. Acabei com todas as chances de emprego dela em toda a Las Vegas, cortei sua água e sua luz e eu sabia que ela não tinha dinheiro algum além do dinheiro que mandei para ela, que por acaso ela não usou por puro orgulho, ou seja, tudo que eu precisava era esperar o momento propício para ir atrás dela e esse momento chegou tão rapidamente como eu planejei. Agora, estamos indo para a minha mansão em Henderson e Amélia não disse uma palavra desde que entrou no carro, ela apenas está se resignando em olhar pela janela.– Eu posso ler o contrato que meu pai assinou? – ela pergunta subitamente se virando para mim. Sua expressão dura não combina nada com a sua voz fofa.
Amélia Alder Entrar naquela casa enorme foi surreal, mas não tanto quanto ouvir que eu terei que dividir a cama com Maximus. – Não podemos dormir na mesma cama – anuncio tentando ser firme, mas tudo que Maximus faz é me olhar com a sobrancelha arqueada e caminhar pelo quarto livremente como se fosse o dono do lugar. Ah, ele realmente é dono do lugar. – Suponho que a seguir você vai me dizer um motivo muito bom para o seu argumento, estou certo? – ele diz passando por uma porta e eu o sigo. – Sim, você está certo. Não podemos dormir juntos porque não somos casados. – Esse é o único motivo que você tem? Porque eu posso resolvê-lo rapidinho e podemos nos casar amanha se você quiser. – De jeito nenhum! Não foi isso que eu quis dizer – digo balançando os braços e ele para no meio do cômodo e põe as mãos na cintura, o que o deixa estranhamente sexy. Espere, sexy? Quando foi que comecei a achá-lo sexy? Ele não pode ser nada mais que uma criatura odiosa que preciso aturar. – Então o q
Amélia Alder Estou perdida e tenho quase certeza que não vou encontrar a saída tão cedo. Já andei por tantos corredores e não me recordo como faço para chegar ao andar de baixo. A casa de Maximus além de bonita, é bem diferente das outras de um modo bem imprevisível e tenho certeza que foi planejada especialmente para ele, de toda forma, ela me lembra muito o Casino. Estou olhando um dos inúmeros quadros ali quando ouço passos. – Senhorita, eu estava te procurando – me viro e dou de cara com a governanta, Grace. Eu estava muito chocada com o ambiente para cumprimentá-la quando cheguei a casa. Ela se aproxima rapidamente de mim e sorri. – Em contrapartida, você está linda. As roupas serviram muito bem em você. Venha, é por aqui, o Sr. Silver está esperando. – Desculpe, eu me perdi tentando chegar ao andar de baixo, mas por algum motivo não conseguia encontrar as escadas e fiquei admirando alguns quadros e esculturas e… esqueça. Eu me perdi – murmuro envergonhada andando lado a lado
Maximus Silver A sensação que Maximus sentiu ao acordar foi que a cama estava mais quente do que o normal, o que o fez abrir os olhos imediatamente, mas ele suspirou aliviado ao perceber que tudo aquilo se devia a Amélia, que estava dormindo profundamente muito próxima a ele. Observá-la dormir se mostrou um passatempo muito agradável para ele, já que ela estava dormindo não havia como reclamar ou perguntar os motivos dele olhar para ela atentamente. Maximus sabia que Amélia era uma mulher difícil de lidar e que faria muitas perguntas quando tivesse a oportunidade, o que ele não sabia era que ela começaria a fazê-las no primeiro dia em sua nova casa, o que o aborreceu além da conta. A última coisa que Maximus desejava era que Amélia soubesse sobre o seu passado, por isso seus planos para hoje consistem em ir para a empresa e fingir que nada aconteceu, até que ela esqueça. Em silêncio, Maximus decide se levantar e ir para a empresa mais cedo. Não se sente pronto para encarar os olhos
Maximus SilverIr até a empresa foi fácil, difícil foi trabalhar. Maximus não conseguiu se concentrar totalmente em nada que tentou fazer e acabou indo conferir outros empreendimentos além do Casino para não se sentir inútil e voltar para casa, é claro que andar tanto acabou fazendo com que as suas costas doessem. Na adolescência, quando ele se divertia em festas e não perdia nenhum evento, entre uma aventura e outra ele acabou escorregando numa lata que estava no chão, o que o levou diretamente ao ar e ele caiu de costas. As costas de Maximus nunca mais foram as mesmas depois desse dia, qualquer dia mais puxado de trabalho é suficiente para ele sentir dor a noite inteira, o que normalmente lhe deixa muito rabugento, afinal ninguém gosta de sentir dor.– Esse é o último? – Maximus pergunta olhando para o prédio em pedaços pela janela assim que o carro para.– Sim senhor, depois desse pode encerrar e ir para casa – John diz abrindo a porta para ele. Maximus sai do carro e abotoa o palet