Maximus Silver
Cruzo as pernas e fico olhando para a porta pela qual Amélia acabou de passar. A personalidade dela me intriga mais a cada segundo.
– Você deixou ela ir embora? Devo ir atrás e trazê-la? – John questiona entrando na sala e eu nego.
– Não precisa, apenas deixei ela ir embora.
– Mas, Sr. agora ela sabe de tudo. Você não tem medo que ela fuja?
– Nem um pouco – digo balançando a minha perna. Estou me sentindo muito confortável.
– Perdoe-me dizer, mas desse jeito, como planeja conquistá-la? Do jeito que a vi sair, é certo que não virá até você em hipótese alguma – olho para John e ele parece mesmo convencido do que está dizendo, então eu lhe dirijo um sorriso.
– Eu vou dar um jeito dela precisar de mim, não se preocupe – respondo calmamente.
– Que tipo de jeito? – ele pergunta interessado.
– Você vai ver.
Amélia Alder
– Ué, cade a água? – franzo a testa e abro a água, mas nem uma gota desce. Tento novamente e o resultado é o mesmo. Uma irritação começa a crescer dentro de mim até o momento que eu não aguento mais, então eu grito com força o mais alto que posso para tentar expulsar o estresse e a raiva que estão dentro de mim, mas não funciona muito e eu ainda estou com raiva. – Primeiro a energia, agora a água? O que eu fiz para merecer isso tudo?
Resmungando e xingando a companhia de água e a companhia de luz, eu volto para o quarto sem tomar banho e me contento em vestir apenas uma roupa limpa. Sem água, sem banho.
Está começando a anoitecer, então eu acendo as últimas velas que eu tenho pela casa e procuro algo para comer. Fico preocupada ao encontrar apenas três macarrões instantâneos e mais nada em todo o armário, isso significa que tudo que eu tenho só vai me alimentar até amanhã.
– Parece que todas as coisas ruins estão acontecendo ao mesmo tempo, mas, pelo menos, eu tenho onde morar – murmuro para mim mesma enquanto esquento água para preparar meu macarrão e fico feliz por conseguir. Pelas minhas contas, o gás está perto de acabar também.
Me sento no sofá velho da sala e como o macarrão apenas olhando para a parede vazia a minha frente e sinto um vazio enorme no peito ao perceber que ainda estou com fome quando término de comer. Inconscientemente, isso me lembra o dono do cassino. Faz três dias desde que eu descobri ser noiva dele, mas parece que foi um mês devido a tantos acontecimentos.
– O que estou pensando? Não sou noiva dele – digo para mim mesma e coloco a tigela na mesa de centro gasta a minha frente, bem ao lado das contas atrasadas.
Tenho saído todos os dias atrás de emprego, mas não tenho conseguido nada. Saio otimista e volto todos os dias como se tivesse levado um tiro, tamanho o meu desânimo. Espalho as cartas e puxo o envelope preto e fico olhando para ele com muita atenção, uma enorme vontade de abri-lo. Um dia após o incidente do cassino, esse envelope apareceu por baixo da minha porta e havia uma pequena mensagem com ele que dizia:
“Pelo seu trabalho. Use com sabedoria”
Ainda não o abri, mas me sinto muito tentada a fazer isso. Sei que qualquer quantia vai me ajudar muito, então num impulso, abro o envelope rapidamente e fico chocada ao encontrar três notas novas de 100 dólares.
Eu recebi 300 dólares por uma hora trabalhada. Uma hora. Isso é humanamente impossível.
Fico olhando, hipnotizada por aquele dinheiro e só consigo pensar no tanto de comida que eu poderia comprar. Ou talvez pagar a conta de luz, ou a de água…
– Não, não vou usar esse dinheiro – digo num rompante e o coloco de volta no envelope. – Vou devolvê-lo. Não pretendo aceitar nada que seja dele.
Largo o envelope lá, coloco a tigela na pia e apago todas as velas no caminho até o meu quarto, onde me jogo na cama e me enrolo. Tenho passado metade do meu dia pensando no dono do cassino e a outra metade eu passo tentando não pensar nele, mas é uma causa perdida, quando eu menos vejo estou pensando nele, ou no cabelo dele, ou no cheiro dele, ou na altura dele.
Fico deitada por aproximadamente 30 minutos tentando dormir até ouvir batidas na minha porta. Com cuidado, eu ando até a porta, um taco de beisebol na mão.
– Quem é? – pergunto ao pé da porta.
– O dono do prédio – fico aliviada ao ouvir a voz do dono do prédio e vê-lo ao abrir a porta.
– Olá, Sr. – cumprimento. Tenho certeza que ele não está me despejando, o aluguel foi a única coisa que eu consegui pagar.
– Você está sem luz? – ele questiona olhando para dentro e eu dou uma risada nervosa.
– Não, eu só gosto muito do escuro. A que devo a sua visita? – mudo de assunto rapidamente.
– Eu vendi o prédio e achei que os inquilinos deveriam saber.
– Como assim vendeu o prédio? – questiono em alerta.
– Está velho e precisa de reformas, eu não tenho como custeá-las e achei melhor vender. O novo dono pretende demolir e construir outro do zero, mas não se preocupe, vai ficar tudo bem com você. Agora eu preciso ir, ainda faltam muitos inquilinos com quem preciso falar – ele diz já se afastando e eu faço menção de falar mais alguma coisa, mas não tenho a oportunidade, já que ele se vai.
Fecho a porta e me sento no sofá em choque. Para onde eu vou?
Ainda estou no sofá em choque quando batidas soam na minha porta novamente.
– Será que ele esqueceu de dizer alguma coisa? – pergunto para mim mesma enquanto abro a porta, mas me arrependo assim que vejo quem está de pé a minha frente.
– Sentiu saudade, querida? – o dono do cassino está na minha frente, um sorriso muito branco para mim e há uma roda de seguranças atrás de si.
– Você – rosno sem conseguir esconder a minha insatisfação.
– Você não deveria rosnar para o novo dono do prédio. É muito deselegante.
Não sei se devo rir ou chorar.
Amélia Alder– Você é o novo dono do prédio? POR QUE? – grito e me arrependo imediatamente. Eu nunca fui uma mulher desequilibrada e raramente me sentia inquieta com algo, agora até estou gritando com as pessoas como se não tivesse modos.– Certamente você não vai querer conversar sobre isso aqui no corredor, não é? – ele diz e passa por mim para dentro do meu apartamento sem permissão alguma.– Não temos nada para conversar e além disso, não cabe todas essas pessoas aqui dentro. O espaço é muito pequeno – digo apontando para os homens do lado de fora.– Não se preocupe, vamos conversar só nós dois, então feche a porta – ele diz se sentando no sofá velho como se fosse dono do lugar. Fico tão chocada ao vê-lo cruzar as pernas confortavelmente que eu apenas faço o que ele pede e fecho a porta.Apenas um olhar denuncia que ele não pertence a esse ambiente, suas roupas caras e sapatos de marca não combinam em nada com os móveis velhos e a residência humilde. – Você não vai se sentar? – e
Maximus SilverEstou acostumado a conquistar grandes coisas desde pequeno, foi assim que eu cresci, mas devo confessar que ver Amélia entrando no meu carro e aceitando minhas condições foi como comprar um iate novo. Eu estava convicto de que ela aceitaria os meus termos, afinal eu fiz tudo para que ela não tivesse saída alguma. Acabei com todas as chances de emprego dela em toda a Las Vegas, cortei sua água e sua luz e eu sabia que ela não tinha dinheiro algum além do dinheiro que mandei para ela, que por acaso ela não usou por puro orgulho, ou seja, tudo que eu precisava era esperar o momento propício para ir atrás dela e esse momento chegou tão rapidamente como eu planejei. Agora, estamos indo para a minha mansão em Henderson e Amélia não disse uma palavra desde que entrou no carro, ela apenas está se resignando em olhar pela janela.– Eu posso ler o contrato que meu pai assinou? – ela pergunta subitamente se virando para mim. Sua expressão dura não combina nada com a sua voz fofa.
Amélia Alder Entrar naquela casa enorme foi surreal, mas não tanto quanto ouvir que eu terei que dividir a cama com Maximus. – Não podemos dormir na mesma cama – anuncio tentando ser firme, mas tudo que Maximus faz é me olhar com a sobrancelha arqueada e caminhar pelo quarto livremente como se fosse o dono do lugar. Ah, ele realmente é dono do lugar. – Suponho que a seguir você vai me dizer um motivo muito bom para o seu argumento, estou certo? – ele diz passando por uma porta e eu o sigo. – Sim, você está certo. Não podemos dormir juntos porque não somos casados. – Esse é o único motivo que você tem? Porque eu posso resolvê-lo rapidinho e podemos nos casar amanha se você quiser. – De jeito nenhum! Não foi isso que eu quis dizer – digo balançando os braços e ele para no meio do cômodo e põe as mãos na cintura, o que o deixa estranhamente sexy. Espere, sexy? Quando foi que comecei a achá-lo sexy? Ele não pode ser nada mais que uma criatura odiosa que preciso aturar. – Então o q
Amélia Alder Estou perdida e tenho quase certeza que não vou encontrar a saída tão cedo. Já andei por tantos corredores e não me recordo como faço para chegar ao andar de baixo. A casa de Maximus além de bonita, é bem diferente das outras de um modo bem imprevisível e tenho certeza que foi planejada especialmente para ele, de toda forma, ela me lembra muito o Casino. Estou olhando um dos inúmeros quadros ali quando ouço passos. – Senhorita, eu estava te procurando – me viro e dou de cara com a governanta, Grace. Eu estava muito chocada com o ambiente para cumprimentá-la quando cheguei a casa. Ela se aproxima rapidamente de mim e sorri. – Em contrapartida, você está linda. As roupas serviram muito bem em você. Venha, é por aqui, o Sr. Silver está esperando. – Desculpe, eu me perdi tentando chegar ao andar de baixo, mas por algum motivo não conseguia encontrar as escadas e fiquei admirando alguns quadros e esculturas e… esqueça. Eu me perdi – murmuro envergonhada andando lado a lado
Maximus Silver A sensação que Maximus sentiu ao acordar foi que a cama estava mais quente do que o normal, o que o fez abrir os olhos imediatamente, mas ele suspirou aliviado ao perceber que tudo aquilo se devia a Amélia, que estava dormindo profundamente muito próxima a ele. Observá-la dormir se mostrou um passatempo muito agradável para ele, já que ela estava dormindo não havia como reclamar ou perguntar os motivos dele olhar para ela atentamente. Maximus sabia que Amélia era uma mulher difícil de lidar e que faria muitas perguntas quando tivesse a oportunidade, o que ele não sabia era que ela começaria a fazê-las no primeiro dia em sua nova casa, o que o aborreceu além da conta. A última coisa que Maximus desejava era que Amélia soubesse sobre o seu passado, por isso seus planos para hoje consistem em ir para a empresa e fingir que nada aconteceu, até que ela esqueça. Em silêncio, Maximus decide se levantar e ir para a empresa mais cedo. Não se sente pronto para encarar os olhos
Maximus SilverIr até a empresa foi fácil, difícil foi trabalhar. Maximus não conseguiu se concentrar totalmente em nada que tentou fazer e acabou indo conferir outros empreendimentos além do Casino para não se sentir inútil e voltar para casa, é claro que andar tanto acabou fazendo com que as suas costas doessem. Na adolescência, quando ele se divertia em festas e não perdia nenhum evento, entre uma aventura e outra ele acabou escorregando numa lata que estava no chão, o que o levou diretamente ao ar e ele caiu de costas. As costas de Maximus nunca mais foram as mesmas depois desse dia, qualquer dia mais puxado de trabalho é suficiente para ele sentir dor a noite inteira, o que normalmente lhe deixa muito rabugento, afinal ninguém gosta de sentir dor.– Esse é o último? – Maximus pergunta olhando para o prédio em pedaços pela janela assim que o carro para.– Sim senhor, depois desse pode encerrar e ir para casa – John diz abrindo a porta para ele. Maximus sai do carro e abotoa o palet
Amélia AlderAcordar e sentir a sensação macia da seda em sua pele foi como estar num sonho de verão, aqueles onde a gente não quer acordar nunca e quer ficar dormindo para sempre, mas como todo sonho bom, ele acaba um dia. Felizmente (ou talvez infelizmente?), o meu sonho de verão não tinha data para acabar, o que eu definitivamente não sei se é bom ou ruim.– Eu deveria me acostumar com essa vista? – murmuro me sentando na cama e olhando pela janela de vidro a cidade a frente. A imagem é realmente bonita.Fico sentada na cama e presto atenção para ver se ouvi algum barulho, mas nada pode se ouvir, o que me faz constatar que Maximus não está aqui. Pela altura do sol, já está bem tarde.Passo a mão no lugar dele e o sinto frio, então faz muito tempo desde que ele saiu da cama. Essa foi a minha primeira noite dividindo a cama e eu não tenho absolutamente nada a declarar, a cama é tão grande que eu simplesmente esqueci que ele existia e ele também não tocou em mim a noite inteira, o que
Amélia Alder Maximus fecha a porta do closet e eu fico encarando a mesma por alguns segundos sem entender. O cara vai simplesmente se trancar no closet assim, subitamente? Ele é um pouco estranho as vezes. Ando para o banheiro o mais rápido que posso e antes de tomar banho, lavo as mãos com bastante sabonete e esfrego bem na esperança de tirar a sensação de formigamento que estou sentindo. Maximus me pegou desprevenida ao pedir para darmos as mãos e eu senti como se o meu coração fosse sair pela boca de tão nervosa que fiquei ao estar tão próxima dele. Agora, sabendo que precisamos fingir na frente dos funcionários, estarei pronta da próxima vez. Tomo um banho rápido e assim que passo no espelho do banheiro tomo um pequeno susto ao olhar meu reflexo. Agora entendo porque Maximus falou sobre o sol, minhas bochechas estão muito vermelhas e o meu corpo bem bronzeado de forma que é possível ver a marca do biquíni. Passei tanto tempo na água e no sol que nem mesmo percebi que estava fica