Amélia Alder
Fico olhando para o homem a minha frente e espero ele dar risada do que acabou de dizer, mas a risada nunca vem, então eu mesmo dou risada.
– É uma piada, não é? – digo ainda rindo e ele apenas continua olhando atentamente para mim.
– Não é uma piada.
– Tem que ser. Meu pai não faria algo tão desumano assim. O meu pai, ele me amava demais para fazer algo assim, por isso não acredito em você nem por um minuto.
– Ah, você acha? – ele pergunta sarcástico antes de se afastar. Ele anda tranquilamente pelo lugar e volta a se sentar na enorme poltrona atrás da mesa de escritório. Eu não sei o nome dele, mas ele é bem presunçoso e se acha o centro das atenções.
– Eu acho, ele não tinha motivos para fazer isso – ergo meu queixo e faço questão de ser firme nas minhas palavras, mas ele continua a me olhar da mesma forma sarcástica.
– Bem, você diz que ele não tinha motivos e isso não me importa. O que importa aqui é que ele fez isso e esse documento prova o que estou dizendo – ele abre uma gaveta, retira uma pasta e j**a na minha direção. – Leia tudo e vai saber que não estou tentando te dar nenhum golpe.
Pego-a sem pretensão alguma e começo a ler. É como ler uma história de terror cheia de coisas que não fazem sentido, a diferença é que a protagonista dessa história de terror sou eu e me recuso a aceitar a situação. No final de cada folha, há a assinatura inconfundível do meu pai, o que só serve para provar tudo que ele disse para mim até agora.
– Eu sou maior de idade, meu pai não pode assinar por mim. Esse documento não vale de nada – digo jogando o documento de volta para ele e tentando manter o desespero sob controle, mas é difícil.
– Isso foi assinado quando você tinha 15 anos, então sim, seu pai pode assinar por você – a informação me pega desprevenida e nós dois ficamos nos encarando pelo que parece um longo tempo até que eu decido quebrar nosso contato visual.
– Não me importa o que o meu pai fez ou deixa de fazer, ele está morto agora e eu não preciso obedecer você e muito menos ele, não preciso obedecer ninguém já que sou totalmente independente e tenho idade para tomar minhas próprias decisões. Não vou me casar com você, arranje outra noiva para os seus acordos malucos – aviso e dou meia volta na intenção de ir embora.
– Seu pai morreu a quanto tempo? Um mês? – paro na porta e me viro para ele, que ainda está sentado confortavelmente, as pernas cruzadas e uma expressão tranquila no rosto. – Sim, acho que estou certo em relação ao tempo. Ele morreu a um mês e eu presumo que o seu dinheiro esteja acabando, as coisas estão prestes a ficar difíceis para você já que não consegue um emprego e podem ficar ainda mais difíceis se você não vier comigo.
Como ele sabe de todas essas coisas?
– Você está me ameaçando? – pergunto sem acreditar.
– Leve como quiser, estou apenas te aconselhando. Sua vida pode ser muito mais fácil se você ficar ao meu lado, afinal era isso que o seu pai queria, que você tivesse uma vida fácil.
– Ser uma escrava sexual não consta como ter uma vida fácil. Eu duvido que o meu pai soubesse o que estava fazendo quando assinou esse documento. Tenho uma impressão de que ele foi coagido a isso e não teve escolha – acuso e ele arqueia a sobrancelha.
– Então você acha que eu sou um bandido? Escrava sexual? Eu não preciso disso.
– Quando eu disse isso? – rebato de forma sarcástica sobre ele ser bandido.
– Você acabou de dizer. Pois saiba você que se eu fosse um bandido, eu já teria ido atrás de você assim que chegou a maioridade, mas eu não fiz isso porque eu tinha um acordo com o seu pai e eu sempre cumpro minhas promessas. Se eu fosse um bandido, eu nem mesmo conversaria com você, eu só te levaria para a minha casa sem me importar com o resto, portanto, não me chame de bandido nunca mais – ele parece ameaçador e pela primeira vez está sério.
– Que tipo de acordo?
– Não posso te contar.
– Por que não? Todas as coisas têm um porque e se ele queria que eu me casasse com você, eu deveria saber os motivos, você não acha? Tem que ter um motivo para ele ter feito isso – estou um pouco desesperada agora. Por mais que eu pense sobre isso, não consigo encontrar um bom motivo para o meu pai ter feito isso.
– Eu não posso te dar a resposta que você quer. Eu sinto muito.
– Se você sentisse, você me contaria. Tudo bem, se você não pode me contar, eu também não posso me casar com você.
– Você está dificultando as coisas para si própria, não deveria fazer isso.
– Você está me ameaçando novamente.
– Eu não ameaço as pessoas, eu só faço o que precisa ser feito.
– Você não consegue convencer nem a si próprio. Abra a porta antes que eu arrombe essa merda – peço e ouço o barulho da porta sendo desbloqueada. Antes de sair, dou-lhe um último olhar – Não quero ver você nunca mais, então não venha atrás de mim. Vou chamar a polícia se fizer isso.
Não espero uma resposta da parte dele e saio da sala, passo direto pelos seguranças e vou direto para o camarim. Lá, troco de roupa, retiro a maquiagem e saio do cassino tão invisível quanto entrei.
Do lado de fora, fico olhando para o enorme edifício. Apenas algumas horas ali dentro e a minha vida nunca mais será a mesma.
Enquanto caminho o mais rápido que posso na direção de casa, eu me recordo dos conselhos que o meu pai me deu quando fiz quinze anos.
“Sob hipótese alguma entre naquele cassino. Lá não é lugar para garotas inocentes como você”.
Agora eu entendo porque ele não queria que eu entrasse lá.
Maximus SilverCruzo as pernas e fico olhando para a porta pela qual Amélia acabou de passar. A personalidade dela me intriga mais a cada segundo.– Você deixou ela ir embora? Devo ir atrás e trazê-la? – John questiona entrando na sala e eu nego.– Não precisa, apenas deixei ela ir embora.– Mas, Sr. agora ela sabe de tudo. Você não tem medo que ela fuja?– Nem um pouco – digo balançando a minha perna. Estou me sentindo muito confortável.– Perdoe-me dizer, mas desse jeito, como planeja conquistá-la? Do jeito que a vi sair, é certo que não virá até você em hipótese alguma – olho para John e ele parece mesmo convencido do que está dizendo, então eu lhe dirijo um sorriso.– Eu vou dar um jeito dela precisar de mim, não se preocupe – respondo calmamente.– Que tipo de jeito? – ele pergunta interessado.– Você vai ver.Amélia Alder– Ué, cade a água? – franzo a testa e abro a água, mas nem uma gota desce. Tento novamente e o resultado é o mesmo. Uma irritação começa a crescer dentro de mi
Amélia Alder– Você é o novo dono do prédio? POR QUE? – grito e me arrependo imediatamente. Eu nunca fui uma mulher desequilibrada e raramente me sentia inquieta com algo, agora até estou gritando com as pessoas como se não tivesse modos.– Certamente você não vai querer conversar sobre isso aqui no corredor, não é? – ele diz e passa por mim para dentro do meu apartamento sem permissão alguma.– Não temos nada para conversar e além disso, não cabe todas essas pessoas aqui dentro. O espaço é muito pequeno – digo apontando para os homens do lado de fora.– Não se preocupe, vamos conversar só nós dois, então feche a porta – ele diz se sentando no sofá velho como se fosse dono do lugar. Fico tão chocada ao vê-lo cruzar as pernas confortavelmente que eu apenas faço o que ele pede e fecho a porta.Apenas um olhar denuncia que ele não pertence a esse ambiente, suas roupas caras e sapatos de marca não combinam em nada com os móveis velhos e a residência humilde. – Você não vai se sentar? – e
Maximus SilverEstou acostumado a conquistar grandes coisas desde pequeno, foi assim que eu cresci, mas devo confessar que ver Amélia entrando no meu carro e aceitando minhas condições foi como comprar um iate novo. Eu estava convicto de que ela aceitaria os meus termos, afinal eu fiz tudo para que ela não tivesse saída alguma. Acabei com todas as chances de emprego dela em toda a Las Vegas, cortei sua água e sua luz e eu sabia que ela não tinha dinheiro algum além do dinheiro que mandei para ela, que por acaso ela não usou por puro orgulho, ou seja, tudo que eu precisava era esperar o momento propício para ir atrás dela e esse momento chegou tão rapidamente como eu planejei. Agora, estamos indo para a minha mansão em Henderson e Amélia não disse uma palavra desde que entrou no carro, ela apenas está se resignando em olhar pela janela.– Eu posso ler o contrato que meu pai assinou? – ela pergunta subitamente se virando para mim. Sua expressão dura não combina nada com a sua voz fofa.
Amélia Alder Entrar naquela casa enorme foi surreal, mas não tanto quanto ouvir que eu terei que dividir a cama com Maximus. – Não podemos dormir na mesma cama – anuncio tentando ser firme, mas tudo que Maximus faz é me olhar com a sobrancelha arqueada e caminhar pelo quarto livremente como se fosse o dono do lugar. Ah, ele realmente é dono do lugar. – Suponho que a seguir você vai me dizer um motivo muito bom para o seu argumento, estou certo? – ele diz passando por uma porta e eu o sigo. – Sim, você está certo. Não podemos dormir juntos porque não somos casados. – Esse é o único motivo que você tem? Porque eu posso resolvê-lo rapidinho e podemos nos casar amanha se você quiser. – De jeito nenhum! Não foi isso que eu quis dizer – digo balançando os braços e ele para no meio do cômodo e põe as mãos na cintura, o que o deixa estranhamente sexy. Espere, sexy? Quando foi que comecei a achá-lo sexy? Ele não pode ser nada mais que uma criatura odiosa que preciso aturar. – Então o q
Amélia Alder Estou perdida e tenho quase certeza que não vou encontrar a saída tão cedo. Já andei por tantos corredores e não me recordo como faço para chegar ao andar de baixo. A casa de Maximus além de bonita, é bem diferente das outras de um modo bem imprevisível e tenho certeza que foi planejada especialmente para ele, de toda forma, ela me lembra muito o Casino. Estou olhando um dos inúmeros quadros ali quando ouço passos. – Senhorita, eu estava te procurando – me viro e dou de cara com a governanta, Grace. Eu estava muito chocada com o ambiente para cumprimentá-la quando cheguei a casa. Ela se aproxima rapidamente de mim e sorri. – Em contrapartida, você está linda. As roupas serviram muito bem em você. Venha, é por aqui, o Sr. Silver está esperando. – Desculpe, eu me perdi tentando chegar ao andar de baixo, mas por algum motivo não conseguia encontrar as escadas e fiquei admirando alguns quadros e esculturas e… esqueça. Eu me perdi – murmuro envergonhada andando lado a lado
Maximus Silver A sensação que Maximus sentiu ao acordar foi que a cama estava mais quente do que o normal, o que o fez abrir os olhos imediatamente, mas ele suspirou aliviado ao perceber que tudo aquilo se devia a Amélia, que estava dormindo profundamente muito próxima a ele. Observá-la dormir se mostrou um passatempo muito agradável para ele, já que ela estava dormindo não havia como reclamar ou perguntar os motivos dele olhar para ela atentamente. Maximus sabia que Amélia era uma mulher difícil de lidar e que faria muitas perguntas quando tivesse a oportunidade, o que ele não sabia era que ela começaria a fazê-las no primeiro dia em sua nova casa, o que o aborreceu além da conta. A última coisa que Maximus desejava era que Amélia soubesse sobre o seu passado, por isso seus planos para hoje consistem em ir para a empresa e fingir que nada aconteceu, até que ela esqueça. Em silêncio, Maximus decide se levantar e ir para a empresa mais cedo. Não se sente pronto para encarar os olhos
Maximus SilverIr até a empresa foi fácil, difícil foi trabalhar. Maximus não conseguiu se concentrar totalmente em nada que tentou fazer e acabou indo conferir outros empreendimentos além do Casino para não se sentir inútil e voltar para casa, é claro que andar tanto acabou fazendo com que as suas costas doessem. Na adolescência, quando ele se divertia em festas e não perdia nenhum evento, entre uma aventura e outra ele acabou escorregando numa lata que estava no chão, o que o levou diretamente ao ar e ele caiu de costas. As costas de Maximus nunca mais foram as mesmas depois desse dia, qualquer dia mais puxado de trabalho é suficiente para ele sentir dor a noite inteira, o que normalmente lhe deixa muito rabugento, afinal ninguém gosta de sentir dor.– Esse é o último? – Maximus pergunta olhando para o prédio em pedaços pela janela assim que o carro para.– Sim senhor, depois desse pode encerrar e ir para casa – John diz abrindo a porta para ele. Maximus sai do carro e abotoa o palet
Amélia AlderAcordar e sentir a sensação macia da seda em sua pele foi como estar num sonho de verão, aqueles onde a gente não quer acordar nunca e quer ficar dormindo para sempre, mas como todo sonho bom, ele acaba um dia. Felizmente (ou talvez infelizmente?), o meu sonho de verão não tinha data para acabar, o que eu definitivamente não sei se é bom ou ruim.– Eu deveria me acostumar com essa vista? – murmuro me sentando na cama e olhando pela janela de vidro a cidade a frente. A imagem é realmente bonita.Fico sentada na cama e presto atenção para ver se ouvi algum barulho, mas nada pode se ouvir, o que me faz constatar que Maximus não está aqui. Pela altura do sol, já está bem tarde.Passo a mão no lugar dele e o sinto frio, então faz muito tempo desde que ele saiu da cama. Essa foi a minha primeira noite dividindo a cama e eu não tenho absolutamente nada a declarar, a cama é tão grande que eu simplesmente esqueci que ele existia e ele também não tocou em mim a noite inteira, o que