Visão de Julia
Na minha entrevista para o emprego, não tive a oportunidade de conhecer o meu chefe, só sabia o seu nome, Erick Prattes. Imaginava-o um homem mais velho, acima dos 40 anos, e simpático. Porém, o homem à minha frente não é nada disso, é jovem para o cargo, aparentemente arrogante e temível. Meu chefe se senta atrás de sua mesa, começa a mexer em alguns papéis. Olho para todos os lados da sala. É um local bonito. As paredes de um tom cinza e branco. A mesa dele fica do lado esquerdo com duas poltronas à frente. Do lado direito, um lindo sofá de cor marrom, da mesma cor das poltronas e com uma mesa de centro, na qual contém um lindo arranjo de flores brancas... lindo! Ele continua a mexer em seus papéis. Começo a ficar incomodada com essa situação. Seu olhar em mim é esquisito. Baixo o meu olhar sentindo meu rosto esquentar. Tenho a impressão de que eu já o vi antes, só não me lembro de onde. Por que ele não fala nada? Minhas mãos começam a suar, e os batimentos do coração aumentam. - Srtª Smith, por que será que estou com a sensação de que não foi uma boa ideia te contratar? - O quê? Eu... eu não... Gaguejo sem saber o que falar. Ele dá um sorriso torto com o canto da boca e balança a cabeça. - Tudo bem, preciso que você analise estes documentos e faz uma relação com todos os nossos novos clientes, pois vou precisar ligar para alguns deles, assim que retornar da reunião. Saio da sala e vou para a minha mesa, ligo o computador e começo a minha busca pelas informações. Nem tive tempo de conhecer o ambiente onde estava e já fui sendo bombardeada assim, cadê o “bem-vinda”? Será que ele é sempre assim mal-humorado? Mal respiro e o telefone da mesa toca. - Srtª. Smith... sei que não é sua obrigação, mas poderia me trazer um café? - Agora mesmo Senhor. Desligo e vou até a cozinha preparar o café. A copa fica no lado direito da imensa sala ampla. Os móveis e eletrodomésticos são pretos, combinando com todo o ambiente. Penso em qual será sua preferência? Café puro, com ou sem açúcar? com ou sem creme? Vou ter que arriscar. - Minha nossa Senhora das secretárias aflitas permita que eu não erre, preciso muito desse emprego. – Falo em pensamento. Não que eu seria demitida logo no meu primeiro dia e por não acertar o café dele, mas vai saber né, meu chefe não parece uma pessoa que deixa passar um erro, mesmo que seja simples como esse. Por fim, faço puro e sem açúcar. Entro na sala e coloco o café na mesa. - Mais alguma coisa, Senhor? – Pergunto. Ele toma um gole do café. - Como você soube de como eu gosto do café? Que alívio, que bom que acertei. - Só um palpite senhor, acho que todos os homens preferem assim. - Sério? - Ele diz me olhando com aquele sorriso torto novamente. - Sim, bem... é... Acho que sim. Gaguejo e dou um sorriso me sentindo tímida e ele continua me olhando. - Se não tiver mais algo que eu possa ajudar senhor, vou voltar para minha mesa e começar o meu trabalho. - Digo olhando diretamente nos seus olhos, dessa vez falo firme e sem vacilar. Mas que olhos meu Deus! Um azul lindo, escuro da cor do céu. - Sim senhorita Smith, vamos voltar ao trabalho. - Diz isso bem devagar, mas não desvia seu olhar do meu. Volto à minha mesa com a sensação do seu olhar ainda em mim. Sento-me virada de costas para a sua sala. Aqueles olhos azuis encantadores e ao mesmo tempo intimidadores. E o sorriso? A imagem dele perto de mim, a sua boca deslizando pelo meu pescoço e sussurrando em meu ouvido, faz meu corpo arrepiar. Tento afastar essas imagens da minha mente. Por que estou pensando nisso? Por que estou tendo fantasias com meu chefe? Para com isso Júlia, o que deu em você? – Me recrimino em pensamento. Alguns minutos mais tarde, a porta da sala do meu chefe se abre, ele passa por mim e apenas menciona que está indo para a reunião no último andar. Sei que o último andar, é onde fica o escritório do CEO desta empresa, Patrick Prattes. Que por sinal, é irmão do meu chefe e que também é meu chefe. Ah! Que confusão, ambos são meu chefe. O período da manhã passou rápido, Erick já havia saído para o almoço, fiquei no escritório para estudar alguns arquivos, analisar algumas pastas e a agenda dele. Quero ficar por dentro de tudo. A tarde passa sem grandes acontecimentos. Sr. Prattes permaneceu na sala até o final do expediente, recebeu algumas ligações e não me solicitou nada. Até agradeci por isso, mas também fiquei preocupada, para um primeiro dia de trabalho, isso não é um bom sinal. Chego em casa, vou direto para o banheiro tomar um banho, depois vou até a cozinha procurar algo para comer. Minha cozinha é pequena. Tem um balcão dividindo a sala da cozinha. Apesar de pequeno, é aconchegante e arejado. Tem um corredor estreito, com dois quartos e um banheiro. Consegui alugar assim que terminei a universidade e resolvi vir morar em Seattle, a cidade onde nasci e morei até os seis anos. Meus pais tinham uma reserva de dinheiro no banco, justamente pensando nos estudos tanto meu, quanto do meu irmão. Além do dinheiro da venda da casa onde nós morávamos. Quando atingimos a maioridade, tudo foi dividido entre nós dois. Terminei o ensino médio e saí da casa da minha tia, fui morar com uma amiga e passamos a dividir um apartamento. Foi por pouco tempo, somente nas férias de verão, pois logo fui aceita na universidade de Washington. Consegui uma bolsa integral, graças à influência de meu pai, que era professor universitário nesta mesma universidade. Passei a morar nas residências oferecidas pela universidade.Visão de Erick Nos últimos quatro meses minha vida se tornou em um inferno. Nunca acreditei que Kate fizesse o que fez. Eu a conheci na faculdade, nos apaixonamos e nos tornamos namorados desde então. Quando nós nos formamos, nossa relação também esfriou e acabamos cada um indo para um lado. Depois de um tempo nos aproximamos novamente. Ela apareceu pedindo minha ajuda para indicar a uns amigos em um escritório de designer de interiores ou ajudá-la a montar seu próprio escritório, pois na sua cidade, estava tendo dificuldades. Assim, com essa reaproximação, acabamos reatando o namoro. Sempre tive uma vida livre, me envolvia com diversas mulheres e nunca passou pela minha cabeça ter algo mais sério com nenhuma delas. Quando reatei o namoro com Kate, ela me pressionava tanto para eu assumir um compromisso, que eu acabei concordando. Ficamos noivos, mudei meus hábitos para ela, mas para quê? Para ela jogar meu amor e atenção pelo ralo como fez? E depois de tudo, ainda ficar me import
Visão de Erick Minha nova assistente me seguiu e ficou em pé a minha frente sem nada dizer. Está completamente perdida. Levo alguns minutos analisando uns documentos e por um instante finjo que a esqueci ali. Ela observa minha sala. Parece encantada com tudo. Levanto a cabeça e a olho. Sua expressão tem uma mistura de admiração, apreensão, frustração e nervosismo. Aproveito que ela está distraída e analiso seu corpo. Muito bonito por sinal. Curvilíneo. Cintura fina, seios firmes e avantajados. Está vestida com uma saia azul escuro na linha do joelho e uma blusa de seda branca com os dois primeiros botões abertos. Vejo que não é tão recatada, pelo menos não é daquelas que escondem o corpo. Sinto que sua presença aqui não vai ser muito legal para mim. Ficar olhando para ela todos os dias vai me desconcertar. Já me sinto totalmente atraído por essa garota. Que merda! - Srtª Smith, por que será que estou com a sensação de que não foi uma boa ideia te contratar? Ela me olha co
Visão de Júlia No dia seguinte, chego ao trabalho antes do horário previsto, não quero ser repreendida novamente. Conforme a agenda do meu chefe, não há nenhuma reunião agendada para hoje e nenhum trabalho externo, portanto, ele vai ficar o dia todo no escritório. Ao chegar, Erick me cumprimenta com um sorriso. - Bom dia Srtª Smith. Também o cumprimento e ele segue para sua sala. Seu humor hoje está bem melhor do que ontem. Talvez ele não seja um mal chefe. Erick é um homem lindo. Alto. Mesmo atrás de terno e gravata, percebe-se que seu corpo possui músculos bem distribuídos, de quem malha ou pratica algum esporte. Seu sorriso é lindo, seus olhos, seus cabelos... Fecho os olhos e novamente fico imaginando seu corpo colado ao meu, sua boca deslizando pelo meu pescoço e sussurrando no meu ouvido.... Por que esses pensamentos agora? Solto a respiração devagar e olho em direção a outra sala, Erick está me observando através do vidro. Meu coração dá um salto e imediatamente aba
Visão de Erick Minha saída para beber ontem à noite me fez bem. Não bebi muito, claro. Por ser segunda-feira não encontrei nenhum dos meus amigos, mas em compensação, fiquei com uma mulher que não parava de me olhar e lançar sorrisos em minha direção. Eu estava no bar observando o movimento quando me deparei com o seu olhar. Ela estava na companhia de um casal. O homem se dividia entre as duas mulheres, ora beijando os lábios de uma, ora da outra. As duas se esfregava nele sem nenhum pudor. A mão do homem estava no meio de suas pernas e ela rebolava nos seus dedos. Seu olhar parecia estar me convidando para me juntar a eles. Eu já participei muitas vezes desse tipo de brincadeira. Aqui no meu clube rola de tudo. Fiz menção para ela vir até mim. A danada nem se despediu dos seus acompanhantes e veio em minha direção. Segurei em sua cintura a puxando de encontro a mim, esfregando minha ereção em sua virilha. Ela gemeu já toda entregue. Segurei em sua mão a levando para o andar de
Visão de Júlia Duas semanas se passaram. Eu estou adorando o meu trabalho. Passei a me envolver mais nas atividades da empresa. Na minha segunda semana, já participei de uma reunião com os gerentes executivos da empresa, pois a assistente do Sr. Patrick Prattes precisou se ausentar por motivos de doença, por isso, fui requisitada para tomar nota de tudo que acontecia. Acostumei-me com o humor do meu chefe que variava a cada dia. Um dia estava tranquilo, sorridente e atencioso, em outro, parecia nervoso, triste e preocupado. Erick é um homem muito legal, eu gosto de vê-lo e de conversar com ele. Até sinto a sua falta quando não está no escritório. Seu jeito de falar, seu sorriso, seus olhares em mim, que me deixa envergonhada. Será que estou fantasiando coisas? Nunca me senti amada por ninguém. Nunca estive realmente apaixonada. Na faculdade tinha uns carinhas que queriam ficar comigo, mas nada sério. E teve Tyler, meu primo. Meu primeiro beijo e minha primeira paixonite de
Visão de Júlia No final do expediente, saio do escritório e vou ao supermercado, preciso fazer umas compras para casa. Ao chegar no meu apartamento, ouço o toque do meu celular. Procuro-o na bolsa e atendo imediatamente, imaginando que seria minha amiga Maya. A última vez que nos falamos foi há uma semana. Atendo no maior entusiasmo. – Hei, olá! - Se soubesse que a minha ligação a deixaria tão feliz, tinha ligado antes. – A voz do outro lado não é de Maya. Meu coração acelera, eu conheço essa voz... Tentando fazer meu coração desacelerar um pouco, finjo não reconhecer a sua voz. – Quem é? Seu sorriso largo surgi no meu ouvido e ele fala em um sussurro. – Júlia... Você sabe quem é. Ouvir meu nome em sua voz, conciliada com sua respiração suave ao telefone, fez um frio seguir do meu estomago até minha virilha. Minha tentativa de acalmar foi por água abaixo. Senti minhas pernas fraquejarem e me apoiei no balcão da cozinha para não cair. - Sr. Prattes, posso te ajudar em a
Visão de Erick Meus finais de semana costumavam ser bem agitados. Festa, balada, bebidas e mulheres. Mesmo namorando a Kate, não deixava de aproveitar com meus amigos. Na maioria das vezes ela estava presente, mas sempre demonstrava insatisfação. Depois do seu acidente, minhas saídas nos finais de semana diminuíram. Fiquei ao seu lado, cuidando e lhe dando atenção. Não só por ela, mas porque esse acidente trouxe mais complicações em minha vida que agora estou pagando caro. Deixei de lado meus amigos e algumas mulheres que insistiam em sair comigo. Fiquei com algumas, claro, pois a necessidade de sexo estava me deixando estressado. Pensei em ir a boate novamente, beber e apreciar um bom sexo. Mas não, hoje quero fazer algo diferente, mas tranquilo. A imagem de Júlia vem em minha mente. Decido convidá-la para sair, será que ela vai aceitar? Pego o telefone e ligo para ela. Não preciso esperar muito, ela atende no segundo toque. A sua voz risonha e meiga preenche os meus ouvidos
ErickFico em frente ao prédio de Júlia ainda por alguns minutos reorganizando os pensamentos. Meu celular começa a tocar, é Kate. Deixo de lado, deixando a ligação cair. Ele toca novamente. Atendo sem a menor vontade de falar com ela. - O que foi Kate? – Minha voz sai alterada. - Oi Erick é Elizabeth. Porra! Por que a mãe de Kate está me ligando? E a essa hora? Sua voz parece um tanto chorosa. Fico apreensivo pelo que ela tem a me dizer. - Preciso da sua ajuda, minha filha... a Kate... ela.... Ah! Erick vem logo para cá. – Começa a chorar. Ligo o carro e saio o mais rápido que posso. Ainda com Elizabeth no telefone tento saber o que realmente aconteceu. - Calma Lisa, o que houve? O que aconteceu com a Kate? - Erick, ela está no hospital nesse momento. Minha filhinha... não sei o que fazer Erick. Não sei por que ela fez isso, parecia que estava bem nesses últimos dias. Elizabeth recomeça a chorar, dá para ouvir seus soluços ao telefone. – Estou indo, fique calma. Não sei e