29.
Apesar da reação brusca, Hank observou que ela parecia incapaz de relacionar Gavin com o sumiço dos corais! A resposta era tão óbvia e estava tão na frente dela, que parecia ridículo Juliet não perceber!
− Então? Você se importa?
Hank não havia entendido.
− Ahn?
Ela repetiu a pergunta, parada na porta da cozinha:
− Eu disse que eu não tenho taças! Quero saber se você se importa!
− Ah, não! É claro que não!
Deixou Gavin e os corais de lado e foi até a cozinha. Quando sentou numa das cadeiras, Juliet procurou se concentrar no que fazia, evitando olhar para ele.
A simples presença daquele homem na sua cozinha, tornava tudo ao redor, inclusive seus imãs de geladeira, totalmente cafona...! Ele era tão bonito, que qualquer coisa parecia horrorosa: os im&ati
31.Hank subiu ao quarto de Juliet, mas não entrou. Encostou-se no batente da porta, camisa aberta, calça desabotoada, o pau duro ressaltado através do tecido.Ela estava de braços cruzados, fitando-o fixamente. Justiça seja feita, pensou. O homem era maravilhoso! E não seria, mesmo, nenhum tormento, transar com ele. Mas aquele exemplar forjado diretamente no Olimpo, apenas a encarava. Não fazia nada. Não falava nada. E certamente permaneceria naquela porta pelo resto da vida, se ela não fizesse alguma coisa!− V-você não vem...? − balbuciou.− E você quer que eu vá...? − ele redarguiu, com a voz embargada.Juliet abaixou a cabeça. Droga! Por que ele não acabava com aquilo de uma vez?! Por que Hank tinha que ser tão... tão... bonito?!− Você quer. − ela sussu
33.Hank estacionou o jipe do outro lado do hotel. Desceu do carro e bateu a porta. Correu os olhos pela praia e se deteve nas tochas iluminando a noite. Era o luau. Tinha certeza de que Gavin Kimball estava no meio daquela gente, pouco se importando, ou até comemorando, o estrago que havia feito em sua vida!Precipitou-se para a escada de pedra. Estava determinado a arrebentar aquela cara suína e só pararia de bater quando o porco estivesse coberto de sangue!− Doutor Caruzzo! Que bom que veio ao luau!Hank estreitou os olhos. O novo mergulhador, o queridinho de Marcy, o tal Duane, havia se materializado à sua frente. E como já não gostava mesmo dele, sequer parou de andar para retrucar:− Vai se fuder, garoto!O rapaz se colocara em seu caminho! E agora prensava as mãos espalmadas em seu peito.− Calma aí, Doutor! O senhor não vai a lu
35.Quando a manhã de domingo o encontrou, Hank estava nadando seus costumeiros seis quilômetros. Tinha o coração partido e a alma em frangalhos. Mas havia encerrado a história com Juliet Blair. Era adulto e tinha vivido o suficiente para saber que as feridas cicatrizariam e um dia, quando menos esperasse, se apaixonaria de novo.De volta ao navio, descobriu que não estava disposto a passar o domingo enclausurado. A equipe estava de folga desde o sábado, porque era certo que cairiam na esbórnia durante o luau! Se quisesse, encontraria um milhão de coisas para fazer. O problema é que não queria.Não bastasse a tristeza, havia a luta titânica contra a esperança. Parte dele ansiava por um telefonema de David... ou um contato de Mac’Allister. Qualquer coisa mínima, boba, que servisse de justificativa para ir atrás de Juliet... de novo!
37.Hank subiu a colina de moto.Quando desligou o motor, olhou longamente para o bangalô de Juliet. Estava tão magoado, tão machucado, que não conseguia pensar em nada, a não ser em dar um fim na própria dor, mesmo que isso custasse a dor dela!Fez tudo o que precisou, com gestos lentos e calculados. Retirou o capacete... colocou-o no guidom da moto.... abaixou-se... olhou no retrovisor... ajeitou os cabelos... caminhou até a varanda.Quando girou a maçaneta, viu que a porta não estava trancada.− Pra quê trancar a porta, não é Doutora? − disse baixinho, com um sorriso perverso na boca. − Quem é que viria aqui te molestar...?Entrou na casa. Deteve-se no meio da sala, para ouvir os barulhos que vinham do andar de cima. Eram passos femininos, andando de um lado para o outro. Depois... silêncio. Por fim, o barulho de uma ducha.
39.Andrew Mac’Allister esticou os olhos pela janela do bangalô. O lugar era ótimo. Ficava na orla, há coisa de um quarteirão do hotel e do Centro de Preservação da Vida Marinha. Tinha uma vista privilegiada do cais e da movimentação em torno do navio de pesquisas Karista I.Com a quantidade de turistas circulando pela ilha, interessados na expedição chefiada por Hank Forbes, não causava nenhum estranhamento o furgão de escuta, estacionado em frente ao bangalô e, menos ainda, o entra e sai de agentes à paisana.Brad Wilson deu duas batidas na porta do quarto e entrou. Andrew desviou os olhos da janela, pois o agente lhe estendia duas folhas impressas. Ele pegou os papeis, mas não leu. Nem precisou. A expressão de Brad era muito mais incisiva do que qualquer documento escrito. Apesar dos curativos, seu rosto estava feliz. − S&
41.A equipe de pesquisas já estava na sala de reuniões, à espera de Hank. Marcy preferiu esperar por ele no corredor. Planejava interpelá-lo ali mesmo, antes que ele entrasse.Sabia do seu encontro com a Doutora Blair. Mas não sabia o que havia acontecido. Só intuía que deveria ter sido um encontro terrível porque ele voltara bêbado, com as roupas imundas e completamente encharcadas.Também era um mistério insondável como é que ele tinha conseguido pilotar a lancha e voltar inteiro para o navio!De certo, havia apenas o fato de que Hank estava correndo dela como o diabo da cruz! Pulara cedo da cama e se envolvera nos mais ínfimos detalhes da expedição. Xereteara até na ponte, com um sorriso de comercial de pasta de dentes totalmente idiota! Todas as vezes que tentara falar com ele, Hank estendera as mãos diante do corpo e
43.Juliet Blair estacionou o jipe de frente ao hotel. Ficou tão mal estacionado que dois hóspedes olharam dela para o meio fio, na expectativa de que ela iria corrigir. Ela sequer respondeu ao olhar...! Desceu “chutada” do veículo e entrou no hotel como uma bala.Foi recebida pela recepcionista, que lhe dirigiu um sorriso amistoso.− Boa tarde, Doutora!− Gavin já chegou?!A moça ergueu as sobrancelhas, num pedido mudo de desculpas. Desde cedo a Doutora Blair estava indo ao hotel, na expectativa de se encontrar com o senhor Kimball. Mas seu patrão parecia ter tomado chá de sumiço. A ausência dele só piorava o mau humor da Doutora, pois a mulher estava com o diabo no corpo e a cada vez que voltava, voltava pior!− Sinto muito... mas o senhor Kimball realmente não apareceu hoje.− Carla, você sabe se ele tem ou
45.Tereza Velásquez adorava seu trabalho. Apesar dos arroubos e dos palavrões da Doutora Blair, se divertia muito com ela. Também gostava dos técnicos do laboratório e, é claro, de seu pai, responsável por patrulhar o perímetro náutico da ilha. Por todos estes motivos nunca tivera problemas em ficar sozinha no Centro de Preservação da Vida Marinha.Porém... naquela tarde, ela estava com uma sensação muito ruim.Os técnicos haviam ido embora. Bastara a Doutora liberar o expediente, que tinham praticamente evaporado! Convenhamos que sair mais cedo numa segunda feira quente, era um presente de natal antecipado! Não iria ficar amuada com ninguém...! Se havia protocolos de segurança a serem cumpridos, eles já tinham feito seu trabalho. E agora que todos haviam saído, cabia a ela fazer sua parte. Não era diferente