Lívia
— Mari, avise ao Demétrio e ao meu pai, por favor. — minhas palavras saíram quase inaudível. A dor estava quase insuportável e eu sentia sangue escorrendo.
— Eu farei isso quando chegarmos ao hospital. Agora tenho que dar atenção a você, vai dar tudo certo.
— E se não der? Por favor Maria, se algo acontecer com meus filhos eu não vou superar nunca. — as lágrimas insistiam em cair, não elas não insistiam, eu queria chorar e muito.
Eu estava grata por Maria estar comigo, no entanto, tudo que mais queria era Demétrio ao meu lado.
— Lívia, os seus filhos vão ficar bem. — Marcos disse, me dando força também.
Naquele momento eu não me importei com o que ele fez, ele estava sendo gentil, me colocou no carro e nos ajudou.
Ele olhou para mim no momento que o olhei e franziu as sobrancelhas.
— Não feche os olhos. Converse co
LíviaEu sabia que precisava ter calma, mas era difícil quando meus filhos estavam correndo risco, ninguém me disse nada mas eu sabia, se eles estivessem bem estariam aqui no meu colo ou rapidamente me confortariam com a notícia.— A senhorita perdeu muito sangue, e isso prejudicou um de seus bebês. A menina. — o médico foi falando calmamente enquanto uma dor crescia dentro de mim e eu soluçava — O menino está saudável, porém como são prematuros, precisam ganhar mais peso e aprenderem a respirar sozinhos. Estão na incubadora.Ao mesmo passo que eu estava aliviada pelo meu menino, estava preocupada pela minha menina.
Lívia— Eu sinto muito. — disse o doutor.Eu ainda não podia acreditar no que estava acontecendo. Meu bebê, meu anjo que eu gerei com tanto amor, o fruto do amor da minha vida. Minha princesa se foi.Era a pior dor do universo. Se eu imaginei algum dia ter conhecido o sofrimento, estava totalmente enganada... Sofrimento era perder uma parte de você.— Eu quero segurá-la. — Demétrio pediu, chorando.O médico pegou a bebê e entregou a Demétrio, ela ainda estava corada, mas tão pequena, parecia estar dormindo.Demé
LíviaDois meses se passaram. Eu tive alta nos primeiros dias, mas os bebês não, pois precisavam de mais tempo em observação, mas estavam ganhando peso e estavam saudáveis. Me recusei a ir para casa, então o quarto do hospital particular virou quase minha casa e de Demétrio, visto que ele também não quis ir embora, apenas ia buscar o necessário na fazenda e voltava.Meu pai e Maria vieram nos visitar várias vezes e quando contei que seu neto se chamaria Heitor ele chorou de felicidade e orgulho. No mês anterior meu irmãozinho nasceu, de parto normal, muito saudável.Aquele era um dia muito especial. Meus filhos estavam fazendo dois meses e iríamos levá-los para casa.Ao chegarmos na fazenda, Maria e meu pai juntamente com Sônia e Fredéric haviam preparado uma comemoração de boas-vindas pa
Alguns anos depois...— Linda, chegaremos atrasados. — Demétrio chamou sua esposa, que se olhava pela décima vez no espelho — Já coloquei as crianças no carro.— Espera, já vou, preciso estar bem na minha formatura. — Lívia falou e Demétrio sorriu.— Você está maravilhosa com essa roupa e também estava com todas as outras dez que você experimentou.Lívia sorriu e girou para ele que estava na porta.— Estou pronta. — ela disse e Demétrio soltou um suspiro de alívio.— Você está simplesmente maravilhosa. — elogiou a esposa.— Obrigada. — ela sorriu para ele — Pegou a cobertinha roxa da Sofia?— Sempre. A última vez que me esqueci, me arrependi amargamente, ela não dorme sem esse cobertor. A menina é brava.&mdash
— Rápido! Aqui! Alguém me ajude, minha esposa desmaiou! — Demétrio gritou entrando no hospital, desesperado.Os enfermeiros correram para ele empurrando uma maca e ele colocou-a sobre ela.— Senhor, precisamos que aguarde aqui sua esposa passar pelos primeiros socorros. — uma enfermeira informou antes de desaparecer com sua esposa pelo corredor.Demétrio estava tremendo, com tanto medo de que fosse algo grave. Lívia era tão forte, já era adulta mas para ele, ainda era sensível e que precisava de seus cuidados. Após meia hora, Demétrio andava de um lado para o outro preocupado passando as mãos pelos seus cabelos.— Senhor, sua esp
LíviaOlhei aflita para o relógio pela décima vez. Já era meio dia e quarenta e três. Meu pai havia me dito que viria me buscar ao meio dia, e eu estava contando os segundos com a ansiedade a ponto de me enlouquecer. Minhas coisinhas, que não eram muitas, estavam arrumadas há algumas horas em uma mala velha que peguei escondido no quarto de Mariana, minha mãe.Eu estava grata que ela nem o namorado estavam em casa e também muito ansiosa e feliz por finalmente sair daquele lugar, com eles estando presente, eu não poderia ao menos sorrir de alívio, visto que até meu sorriso incomodava a mulher que me deu a luz.Conforme os minutos se passavam e meu pai não chegava, era inev
LíviaDurante o caminho conversamos sobre muitas coisas, inclusive mais uma vez tocamos no assunto do tempo em que ficamos separados por culpa de Mariana que escondeu de ambos nossa existência.Foi o dia de mais euforia da minha vida quando eu estava limpando em cima do guarda roupas da minha mãe que havia ordenado que eu faxinasse toda a casa naquele dia, e encontrei uma caixa velha e empoeirada, não resistindo a curiosidade, olhei dentro. Acabei encontrando fotos dela com um homem que imediatamente lembrou-me de mim mesma, por tamanha semelhança.Eles pareciam jovens, acho que tinham minha idade, dezessete anos. Também havia um número de telefone rabiscado atrás da foto. Imediatamente soube que era meu p
DemétrioAbri os olhos num susto, como se meu corpo estivesse me acordando automaticamente por causa da rotina criada por mim há anos. Busquei meu aparelho celular e verifiquei que horas eram.— Porra, estou atrasado. — exclamei, levantando-me da cama, com raiva —Essa porcaria de despertador não está funcionando! — levei a mão ao pequeno aparelho e o joguei na parede.Passei as mãos pelo rosto, exasperado, sentindo minha cabeça latejar. Ainda meio zonzo da quantidade de álcool que bebi na noite anterior, fui para o banheiro. Tomei um banho rápido, escovei os dentes e me vesti. Peguei meu chapéu e fui em direção ao quarto do meu irmão.