Há quase 28 anos antes, mais precisamente no mês de julho de 1989 nascia, no município de Minaçu, extremo norte de Goiás, a pequena Gabriela Monteiro, filha de Glória e Ivan Monteiro. Os pais de Gabriela desejaram muito aquela criança. Por um problema de saúde de Glória, ela havia sofrido dois abortos e depois de uma gravidez complicada, finalmente sua bebê nascera. Os pais de Gaby eram muito próximos do casal Alice e Pedro Leão, pais do pequeno Alberto Leão, de dois anos. As mães eram melhores amigas desde a infância. Tão amigas que se casaram juntas. Eram duas lindas noivas, conduzidas por seus pais no altar, se cansando com dois grandes amigos
Românticas e sonhadoras as amigas planejaram ter filhos juntas e juraram manter suas famílias sempre unidas. Porém o destino quis, por algum motivo, mudar os planos e Glória foi a escolhida para sofrer as consequências. Contudo as amigas inseparáveis não desistiram de manter suas famílias unidas e fizeram uma promessa: se aquele bebê sobrevivesse e fosse menina, um dia se casaria com o pequeno Beto. Além da promessa de casamento, prometeram também dar seus filhos uma para outra em batismo, de maneira que os pais de Gaby eram padrinhos de Beto e os pais de Beto, se tornaram padrinhos de Gaby.
Beto e Gaby cresceram ouvindo os pais dizerem que eles eram predestinados, que deviam se casar e dar continuidade àquela família. Na infância, andavam de mãozinhas dadas. Ele sempre cuidando dela e ela dele. Toda a cidade se encantava com o zelo de Beto para com Gaby e faziam muito gosto na união do futuro casal.
Fred, vizinho deles, completava o trio de amigos inseparáveis.
Na adolescência, o cuidado e carinho continuavam presentes. Beto a viu deixar a boneca de lado e desabrochar em uma linda jovem. Foi o dono do primeiro beijo e se divertia com as bochechas vermelhas dela quando ficava envergonhada. Para Gaby, ele era seu mundo e ela o mundo dele.
Não demorou muito com a explosão de hormônios, Beto foi querendo mais. Mais de Gaby e mais de outras meninas. Gaby se preservava, pois tinha em mente a ideia romântica de sua mãe e de sua madrinha de que eles eram predestinados e que aquele momento deveria ser especial e muito esperado. Mas Beto não se preservava. Era homem e justificava isso com a ideia do instinto masculino.
Como a cidade era pequena e todos sabiam da vida de todos, ele se juntava a seu amigo Fred para “pegarem” garotas na cidade vizinha, chamada Campinaçu. Lá Beto era livre, enquanto em Minaçu se sentia vigiado por toda uma população.
Fred não se importava em que cidade estava, pois não tinha compromisso com ninguém e não se preocupava nenhum pouco com as vizinhas fofoqueiras. Mas como amigo fiel que era, encobria as escapadas de Beto.
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Frederico Martins era alguns meses mais novo que Beto. Os três eram amigos desde infância e Fred acompanhou toda a história de Beto e Gaby. Assim como Beto, Fred viu Gaby desabrochar de menina à mulher. E ela ficara linda! Fred era encantado com Gaby e se policiava para não demonstrar seu encantamento, pois além de Gaby ser comprometida, Beto era seu melhor amigo.
Fred via o amigo aprontar horrores pelas costas de Gaby desde a adolescência e chegava até a dar alguns puxões de orelha nele. Não entendia o porquê Beto fazia aquilo com uma garota tão bacana como Gaby, que além de linda tinha um coração ainda mais lindo que sua aparência.
Fred considerava Beto um grande sortudo de ter uma garota como ela lhe esperando para um dia desposá-la.
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A família Pacheco mudou-se para Minaçu no ano de 2003 atraída pelo boom econômico gerado pelo início das operações das usinas hidrelétricas e pela promissora possibilidade de investir na área de hospedagem, visando o crescimento do turismo local com as inundações que deram origem aos Lagos Serra da Mesa e Cana Brava. O Sr. Paulo Pacheco, vendeu tudo que tinha no interior de são Paulo, juntou a família e desembarcou em Minaçu, onde comprou uma grande casa e abriu uma pousada. Seus filhos, Luiz Gustavo e Janecelly foram matriculados na mesma escola que Gaby e suas amigas inseparáveis Flávia e Cida.
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Jane era alta, esguia, lábios grossos e pequenos, com traços acentuados e nariz fino, levemente levantado. Dona de olhos verdes esbugalhados, possuía uma beleza exótica.Gaby tinha uma beleza delicada. Era baixinha, o tipo mignon. Coxas grossas, bumbum levemente arrebitado, pele clara e acetinada. Lábios carnudos, porém, proporcionais e harmônicos ao seu rosto. Seus olhos eram castanho-esverdeados e seu olhar era doce.Gaby tinha uma personalidade alegre e bondosa. Era uma excelente aluna e a queridinha de todos os professores, assim como da maioria da população da cidade. Predicados que incomodaram Jane e lhe despertaram a inveja. Por este conjunto de razões, Jane decidiu se dedicar em destruir o castelo de sonhos de Gaby e fez o que pôde para prejudicá-la. Sempre que tinha oportunidade, Jane tentava, dissimuladamente, manchar a imagem de Gaby diante de professores e dos moradores da pequena cidade.Gaby, Flávia e Cida, tinham a mesma idade, estudavam juntas e eram amigas confidentes
Julho de 2007 – Aniversário de 18 anos de Gaby Finalmente o grande dia de Gaby havia chegado. Naquele dia, tudo para ela estava sendo mágico. Logo pela manhã foi surpreendida com uma faixa enorme amarrada no portão de sua casa com a frase: “VOCÊ É A MULHER DA MINHA VIDA! PARABÉNS! TE AMO! ETERNAMENTE SEU, BETO.” Em seguida, recebeu Beto carregando uma linda cesta de café da manhã e um urso de pelúcia quase do tamanho dela com um coração vermelho de onde se lia a frase “EU TE AMO!”. Ela o abraçou com todo seu amor e agradeceu dizendo que também o amava. Além do urso ele lhe presenteou com uma linda gargantilha de ouro com pingente escrito “Love” e disse: —Este será o símbolo do nosso amor! Gaby ficou encantada com o carinho e cuidado dele. Mais uma vez teve a certeza de que aquele era o homem de sua vida. O dia dela foi cheio de atividades: massagem, manicure, pedicure, cabeleireiro... Queria estar linda numa das noites mais especiais de sua vida. O jantar de noivado do casal ser
Fred seguiu dirigindo sem rumo e acabou por levá-la para os lados do lago, onde parou o carro. Ela o olhou buscando entender o motivo de ele ter parado. Fred percebeu a indagação estampada em seu rosto e imediatamente, respondeu:—Você pediu para ir para o inferno. Como não sei onde fica, achei melhor parar aqui. Quem sabe a gente encontra o caminho. – sorriu tentando fazer graça.Gaby o olhou por alguns minutos processando a fala dele. Em seguida, olhou para a imensidão do lago, abriu a porta e disse descendo do carro:—Aqui já tá bom!Fred então, a conduziu até um banco que havia em frente a orla do lago e a fez sentar-se.—Espere um minuto. – disse calmamente.Fred atravessou a rua, entrou na distribuidora de bebidas em frente e comprou cerveja. Ao voltar para o banco em que ela estava sentada, ele abriu uma cerveja e lhe entregou. Ela olhou para a cerveja e em seguida o olhou confusa. Ainda havia lágrimas eu seu rosto.—Você já completou 18 anos, já pode beber! – sorriu sem graça,
Fred parou o carro na esquina da casa de Gaby. Não quis arriscar parar em frente, pois Beto morava na casa ao lado. Seria mais prudente ele não os ver juntos.—Te espero aqui. – disse ele enquanto ela se afastava em direção a casa. Ela entrou pé ante pé, segurando as sandálias nas mãos. Foi até seu quarto, escovou os dentes, limpou a maquiagem borrada, lavou o rosto e amarrou os cabelos em um rabo de cavalo. Pegou uma mala e colocou nela o que pôde. Trocou de roupa, vestiu jeans e camiseta. Pegou uma sacola e colocou o vestido, as sandálias e tudo que havia ganhado de presente de Beto nos últimos anos. De posse de seu celular, viu que havia mais de 20 ligações de Beto para ela e outras tantas de seus pais. Na sala, deixou um bilhete se despedindo dos pais dizendo que os amava, mas que diante dos acontecimentos da noite anterior, não poderia mais viver naquela cidade. Saiu da casa levando sua mala, a sacola com tudo que representava seu relacionamento e o ursão que Beto havia lhe dado
Goiânia – 2007 A 2015Ao chegar em Goiânia, ela se hospedou em uma pequena pensão ao lado da Rodoviária de Goiânia. Ligou para os pais e disse que não voltaria nunca mais para Minaçu e que iria se estabelecer em Goiânia. A mãe tentou argumentar, mas Gaby estava decidida. Pediu ainda, para os pais não contarem para ninguém onde ela estava, pois ela não queria que Beto fosse atrás dela.Após falar com a mãe comprou outro chip, pois Beto não parava de ligar. Avessa as ligações do ex, nem percebeu que Fred havia ligado.Circulando pelas lojas do shopping viu um anúncio de emprego e pediu informações sobre a vaga.Aquela noite não conseguiu dormir, pois o acontecido ainda lhe perturbava. Era doloroso demais! Era difícil aceitar que Jane teria participado de tamanha traição. Logo ela que nos últimos meses havia se tornado sua confidente.—*—No dia seguinte, Gaby participou do processo seletivo e foi selecionada. Alguns dias depois conseguiu alugar uma quitinete nas proximidades da Rodoviár
Minaçu – 2007 A 2015:Jane seguiu inabalável. Sentia-se vitoriosa, pois provara a todos que contos de fadas não existem. Continuou sua vida livre, saindo com um e outro ao seu bel prazer.—*—Os pais de Beto ainda tinham alguma esperança em um retorno de Gaby e na oportunidade do filho se redimir. Aquele episódio fora deplorável para todos. Os pais não pouparam Beto pelo ato vergonhoso e desleal com Gaby e sua família.Na cidade a notícia logo se espalhou. Pior é que Beto aprontou o que aprontou e nem com Jane ficou. Depois do ocorrido e do esbregue dos pais, andou largado pela cidade de bar em bar por cerca de 3 meses.Até Fred que era amigo dele se afastou. Estava magoado com Beto por dois motivos: pelo que fizera com Gaby e por ter ficado com Jane sabendo do interesse dele. Depois de 3 meses de esbornia, Beto se deu conta de que a vida continuava e que se um dia reencontrasse Gaby, queria estar bem para tentar reconquistá-la.Em 2010, Beto concluiu o curso de contabilidade e seguiu
Desde sua conversa com Fred sobre Gaby no réveillon de 2012, Beto havia passado a procurá-la. Aquilo tinha se tornado uma obsessão. Ainda mais por ter percebido que Fred nutria algum tipo de sentimento por Gaby. Notara seu carinho ao falar nela e o fato dele ter a acolhido em seu momento de desespero e fragilidade o incomodava. Desconfiava que algo mais tivesse acontecido entre eles, pois Fred era livre e possuía um certo charme com as mulheres. Beto sempre fora muito competitivo, principalmente quando o objeto da competição envolvia seu amigo Fred e sempre havia sido difícil aceitar a vitória dele. Talvez por isto tenha sido fácil para ele se envolver com Jane, já que Fred nutria algum sentimento por ela.Sobre o que descobrira da armação de Jane, na época foi tirar satisfações e ela nem se abalou. Apenas riu em sua cara e lhe disse que ao menos tinham passado momentos gostosos e ainda sugeriu repetir a dose, coisa que Beto não rejeitou. Ela era impossível! E se deitava com quem bem
Ao chegar em Goiânia, Beto se instalou em um hotel no centro da cidade e foi direto ao banco, onde montou campana a espera de sua amanda. No fim do dia ele a viu saindo do trabalho. Viu também quando um homem loiro, de estatura mediana, vestindo terno azul marinho a abraçou e a beijou nos lábios. Sentiu ciúme! Seu desejo era ir lá e socar aquele folgado que ousava beijar sua prometida, mas ele se segurou.No dia seguinte, ao vê-la sair para almoçar com uma amiga, seguiu-as. No restaurante a abordou dizendo que a amava e Gaby quase entrou em choque quando o viu. A dor e a raiva voltaram com tudo, ela o maltratou e o deixou falando sozinho. Na manhã seguinte, ele a abordou na entrada do trabalho e ela pediu que ele se afastasse e disse que tinha namorado.—Não importa. Você vai voltar para mim! E você sabe o porquê. – deu uma pausa e depois completou: —Esse é o seu destino! Você nasceu para mim e para mais ninguém!Irritada com o ocorrido e com a menção daquela promessa idiota, deixou-o