Julho de 2007 – Aniversário de 18 anos de Gaby
Finalmente o grande dia de Gaby havia chegado. Naquele dia, tudo para ela estava sendo mágico. Logo pela manhã foi surpreendida com uma faixa enorme amarrada no portão de sua casa com a frase: “VOCÊ É A MULHER DA MINHA VIDA! PARABÉNS! TE AMO! ETERNAMENTE SEU, BETO.”
Em seguida, recebeu Beto carregando uma linda cesta de café da manhã e um urso de pelúcia quase do tamanho dela com um coração vermelho de onde se lia a frase “EU TE AMO!”.
Ela o abraçou com todo seu amor e agradeceu dizendo que também o amava. Além do urso ele lhe presenteou com uma linda gargantilha de ouro com pingente escrito “Love” e disse:
—Este será o símbolo do nosso amor! Gaby ficou encantada com o carinho e cuidado dele. Mais uma vez teve a certeza de que aquele era o homem de sua vida.
O dia dela foi cheio de atividades: massagem, manicure, pedicure, cabeleireiro... Queria estar linda numa das noites mais especiais de sua vida.
O jantar de noivado do casal seria na casa de Beto, pois os pais dele fizeram questão. Os pais de Gaby passaram o dia ajudando os compadres com os preparativos.
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Jane havia planejado tudo. Escolheu suas roupas mais sedutoras e maquiou-se para o crime. Quase na hora do jantar, foi para a casa de Beto e entrou escondida no quarto dele. Ouviu o barulho do chuveiro e agradeceu ao “destino” por lhe facilitar as coisas, já que ele estava no banho. Como imaginara, encontrou o celular dele sobre a escrivaninha, pegou-o e digitou uma mensagem de SMS para Gaby.
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Gaby estava ansiosa. Aquele era um dia muito importante para ela, pois marcava a passagem para a vida adulta, além de ser o dia em que ficaria oficialmente noiva do homem de sua vida. Nascera com aquela destinação, crescera se preparando para aquilo e se tudo desse certo, eles se casariam em breve, pois estes eram os planos. O casal já havia ganhado a casa dos pais de ambos que, juntaram suas economias para esta finalidade. Beto tinha um bom emprego na maior empresa de extração de amianto e já cursava o segundo ano do curso de contabilidade. Mais uns dois anos e meio estaria se formando. Beto escolhera a profissão por influência do pai que era um renomado Contador na cidade. Seu destino profissional já estava decido, uma vez que trilharia os caminhos do pai.
Gaby Estava pronta! Olhou-se no espelho e gostou do que viu. Vestia um vestido na cor marsala, estilo vestido de boneca, com parte superior estruturado e justo, decote em “V” de alcinhas fininhas e saia em godê. Era o vestido perfeito para representar sua fase “menina mulher”, pois a parte de cima com decote acentuado dava ideia de “mulher” e a saia em godê estilo boneca, dava ideia de menina. As sandálias eram de salto douradas com detalhes em strass. Ela escolhera um salto tamanho 7 cm para valorizar o vestido e aumentar sua estatura de 1,56 cm perante os 1,82 cm de Beto.
Os cabelos castanhos-escuros de tamanho médio, ela optou por deixar soltos, porém a cabeleireira fez mechas para iluminar e finalizou as pontas com babyliss. Gaby também inovou na maquiagem que habitualmente usava suave. Desta vez ela optou por uma maquiagem mais forte, acentuando seu lado mulher. Nos lábios, colocou batom vermelho, o que valorizou seus lábios grossos e bem desenhados. Estava linda! No pescoço usava a gargantilha que ele lhe dera naquela manhã. Tinha certeza de que Beto iria gostar.
Finalizou a produção com uma fragrância marcante e sedutora que comprou especialmente para aquela ocasião. De repente ouviu o som de vibração típico de mensagem recebida em seu celular. Foi até a escrivaninha e pegou-o, abriu e leu a mensagem de Beto:
B: Amor, venha aqui que tenho uma surpresa para você!
G: Aqui onde?
B: No meu quarto, pode entrar sem bater. Estarei te esperando.
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Jane concluiu a troca de mensagens com Gaby e recolocou o celular onde o pegou. Tirou suas roupas e foi jogando propositadamente as peças no quarto, fazendo um caminho com elas. Primeiro a saia, depois a blusa, o soutien e a calcinha. Por último, deixou os sapatos scarpin. Não se esqueceu de colocar uma música romântica que além de ajudar a atrair Gaby, ajudaria Beto a não ouvir Gaby chamar, caso ela o fizesse. O que aumentaria as chances de Gaby ver exatamente o que Jane queria que visse.
No banheiro, Beto estava de costas de olhos fechados embaixo do chuveiro. Ela entrou no box e o abraçou por trás, surpreendendo-o, disse:
—Seu presente de noivado chegou! – riu sedutoramente.
—Uauu! Delícia!
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Gaby, ao concluir a troca de mensagens, saiu de sua casa e foi até a casa dele. A casa de Beto ficava ao lado da sua. Era a casa mais linda da cidade e uma das poucas que possuíam 2 andares. Isso devido ao sucesso profissional de seu padrinho Pedro Leão.
Gaby abriu a porta, entrou na sala e chamou a madrinha, mas ninguém apareceu. Ao longe ouvia-se a voz de pessoas conversando na varanda dos fundos, onde aconteceria a festa. Na certa, seus padrinhos e pais ainda estavam finalizando os detalhes do jantar. Como Beto havia dado instruções para subir, ela as seguiu. Subiu as escadas e acessou o corredor que dava para o quarto dele. Bateu na porta, e ele não respondeu. Lembrou-se que ele havia dito que era para entrar sem bater. Pegou na maçaneta e abriu a porta. Ouviu uma música romântica tocando.
—Amor! – chamou-o.
Ele não respondeu. Aproximou-se da cama e viu roupas de mulher jogadas no chão fazendo um trieiro: saia, blusa, soutien e calcinha... sapatos de salto. Seu coração falhou uma batida. Suas pernas amoleceram com medo do que iria encontrar. Seu coração pediu para virar as costas ir embora, contudo seu cérebro lhe mandava prosseguir para ver.
Gaby ouviu gemidos altos de mulher e a voz ofegante de Beto:
—Vai gostosa!
A porta do banheiro estava aberta e ela entrou pé ante pé e viu... O chuveiro estava desligado, Jane estava de costas com o corpo levemente inclinado e as mãos espalmadas na parede. Beto estava atrás dela distraído no auge do seu prazer. Gaby ficou estática olhando a cena, visivelmente em choque. Irada pegou a primeira coisa que viu na frente: o aparelho de barbear elétrico dele que estava sobre a pia.
—D-E-S-G-R-A-Ç-A-D-O!!!!!!!!!!!!!! – Gaby gritou com fúria.
Jogou o aparelho de barbear no vidro do box que se espatifou. O estrondo foi tamanho e chegou a ser ouvido pelos padrinhos que se encontravam no andar térreo.
Assustado, Beto olhou e a viu enfurecida.
—Gaby!!!!!! Oh, meu Deus! – disse afastando-se de Jane.
Ela saiu correndo com Beto atrás dela. De volta ao quarto, Gaby pegou os scarpins de Jane e atirou um pé no espelho, vendo-o se espatifar. Em seguida começou a quebrar o que viu pela frente: abajur, criados, decorações, notebook, etc.
Ele fez menção de segurá-la e ela atirou nele o outro pé do sapato de Jane, mas o desgraçado se abaixou. Jane que vinha logo atrás rindo da situação, levou uma sapatada na cara. Gaby, então, saiu do quarto apressada. Beto nu, foi atrás dela. Seus pais e padrinhos haviam subido as escadas e assistiam a cena estarrecidos.
—Gaby, eu te amo! – gritou Beto.
Ela estava decidida a deixar a casa, entretanto lembrou-se da gargantilha, virou-se para trás, arrancou a gargantilha do pescoço e atirou nele gritando: — Eu te odeio!!!
Passou pelos pais e padrinhos como um furacão e saiu a rua chorando. Estava estraçalhada por dentro. Cega de ódio e desespero, não viu que Fred estava a encostar o carro na porta da casa de Beto e a viu passar enfurecida. Andava apressada, pois os saltos altos e finos a impediam de correr. Não sabia para onde iria, só sabia que queria morrer.
Fred viu que ela estava transtornada e saiu com o carro atrás dela. Alcançou-a ainda na esquina, abriu a janela e disse:
—Gaby, onde vai?
—Para o inferno! – gritou ela.
Ele viu as lágrimas e o ódio nos olhos dela. Abriu a porta e desceu.
—Eu te levo! – disse segurando-a pelo braço.
Gaby virou-se e o olhou indignada.
—Para o inferno? – ela gritou a pergunta em meio as lágrimas.
—Para onde você quiser. – disse Fred firme e decidido a ir com ela onde quer que ela fosse.
Imediatamente, conduziu-a para o carro, abriu a porta e a fez sentar-se. Fred arrancou com o carro sem rumo. Não sabia sequer para onde era o inferno, só sabia que não a deixaria ir sozinha. Ele foi um grande amigo naquele momento. Respeitou o momento de ira dela. Não a julgou e não fez perguntas tolas.
Olhava-a de soslaio e não deixou de notar como ela estava linda com aquele vestido e a maquiagem, mas nada disse. Temia que ela pudesse interpretar de forma errada e ficar ainda mais irada, ou até pudesse pensar que ele quisesse lhe faltar com o respeito, afinal, ela era a noiva do melhor amigo dele, além de sua amiga de infância.
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Fred seguiu dirigindo sem rumo e acabou por levá-la para os lados do lago, onde parou o carro. Ela o olhou buscando entender o motivo de ele ter parado. Fred percebeu a indagação estampada em seu rosto e imediatamente, respondeu:—Você pediu para ir para o inferno. Como não sei onde fica, achei melhor parar aqui. Quem sabe a gente encontra o caminho. – sorriu tentando fazer graça.Gaby o olhou por alguns minutos processando a fala dele. Em seguida, olhou para a imensidão do lago, abriu a porta e disse descendo do carro:—Aqui já tá bom!Fred então, a conduziu até um banco que havia em frente a orla do lago e a fez sentar-se.—Espere um minuto. – disse calmamente.Fred atravessou a rua, entrou na distribuidora de bebidas em frente e comprou cerveja. Ao voltar para o banco em que ela estava sentada, ele abriu uma cerveja e lhe entregou. Ela olhou para a cerveja e em seguida o olhou confusa. Ainda havia lágrimas eu seu rosto.—Você já completou 18 anos, já pode beber! – sorriu sem graça,
Fred parou o carro na esquina da casa de Gaby. Não quis arriscar parar em frente, pois Beto morava na casa ao lado. Seria mais prudente ele não os ver juntos.—Te espero aqui. – disse ele enquanto ela se afastava em direção a casa. Ela entrou pé ante pé, segurando as sandálias nas mãos. Foi até seu quarto, escovou os dentes, limpou a maquiagem borrada, lavou o rosto e amarrou os cabelos em um rabo de cavalo. Pegou uma mala e colocou nela o que pôde. Trocou de roupa, vestiu jeans e camiseta. Pegou uma sacola e colocou o vestido, as sandálias e tudo que havia ganhado de presente de Beto nos últimos anos. De posse de seu celular, viu que havia mais de 20 ligações de Beto para ela e outras tantas de seus pais. Na sala, deixou um bilhete se despedindo dos pais dizendo que os amava, mas que diante dos acontecimentos da noite anterior, não poderia mais viver naquela cidade. Saiu da casa levando sua mala, a sacola com tudo que representava seu relacionamento e o ursão que Beto havia lhe dado
Goiânia – 2007 A 2015Ao chegar em Goiânia, ela se hospedou em uma pequena pensão ao lado da Rodoviária de Goiânia. Ligou para os pais e disse que não voltaria nunca mais para Minaçu e que iria se estabelecer em Goiânia. A mãe tentou argumentar, mas Gaby estava decidida. Pediu ainda, para os pais não contarem para ninguém onde ela estava, pois ela não queria que Beto fosse atrás dela.Após falar com a mãe comprou outro chip, pois Beto não parava de ligar. Avessa as ligações do ex, nem percebeu que Fred havia ligado.Circulando pelas lojas do shopping viu um anúncio de emprego e pediu informações sobre a vaga.Aquela noite não conseguiu dormir, pois o acontecido ainda lhe perturbava. Era doloroso demais! Era difícil aceitar que Jane teria participado de tamanha traição. Logo ela que nos últimos meses havia se tornado sua confidente.—*—No dia seguinte, Gaby participou do processo seletivo e foi selecionada. Alguns dias depois conseguiu alugar uma quitinete nas proximidades da Rodoviár
Minaçu – 2007 A 2015:Jane seguiu inabalável. Sentia-se vitoriosa, pois provara a todos que contos de fadas não existem. Continuou sua vida livre, saindo com um e outro ao seu bel prazer.—*—Os pais de Beto ainda tinham alguma esperança em um retorno de Gaby e na oportunidade do filho se redimir. Aquele episódio fora deplorável para todos. Os pais não pouparam Beto pelo ato vergonhoso e desleal com Gaby e sua família.Na cidade a notícia logo se espalhou. Pior é que Beto aprontou o que aprontou e nem com Jane ficou. Depois do ocorrido e do esbregue dos pais, andou largado pela cidade de bar em bar por cerca de 3 meses.Até Fred que era amigo dele se afastou. Estava magoado com Beto por dois motivos: pelo que fizera com Gaby e por ter ficado com Jane sabendo do interesse dele. Depois de 3 meses de esbornia, Beto se deu conta de que a vida continuava e que se um dia reencontrasse Gaby, queria estar bem para tentar reconquistá-la.Em 2010, Beto concluiu o curso de contabilidade e seguiu
Desde sua conversa com Fred sobre Gaby no réveillon de 2012, Beto havia passado a procurá-la. Aquilo tinha se tornado uma obsessão. Ainda mais por ter percebido que Fred nutria algum tipo de sentimento por Gaby. Notara seu carinho ao falar nela e o fato dele ter a acolhido em seu momento de desespero e fragilidade o incomodava. Desconfiava que algo mais tivesse acontecido entre eles, pois Fred era livre e possuía um certo charme com as mulheres. Beto sempre fora muito competitivo, principalmente quando o objeto da competição envolvia seu amigo Fred e sempre havia sido difícil aceitar a vitória dele. Talvez por isto tenha sido fácil para ele se envolver com Jane, já que Fred nutria algum sentimento por ela.Sobre o que descobrira da armação de Jane, na época foi tirar satisfações e ela nem se abalou. Apenas riu em sua cara e lhe disse que ao menos tinham passado momentos gostosos e ainda sugeriu repetir a dose, coisa que Beto não rejeitou. Ela era impossível! E se deitava com quem bem
Ao chegar em Goiânia, Beto se instalou em um hotel no centro da cidade e foi direto ao banco, onde montou campana a espera de sua amanda. No fim do dia ele a viu saindo do trabalho. Viu também quando um homem loiro, de estatura mediana, vestindo terno azul marinho a abraçou e a beijou nos lábios. Sentiu ciúme! Seu desejo era ir lá e socar aquele folgado que ousava beijar sua prometida, mas ele se segurou.No dia seguinte, ao vê-la sair para almoçar com uma amiga, seguiu-as. No restaurante a abordou dizendo que a amava e Gaby quase entrou em choque quando o viu. A dor e a raiva voltaram com tudo, ela o maltratou e o deixou falando sozinho. Na manhã seguinte, ele a abordou na entrada do trabalho e ela pediu que ele se afastasse e disse que tinha namorado.—Não importa. Você vai voltar para mim! E você sabe o porquê. – deu uma pausa e depois completou: —Esse é o seu destino! Você nasceu para mim e para mais ninguém!Irritada com o ocorrido e com a menção daquela promessa idiota, deixou-o
Fred, estava vivendo um bom momento. Seus negócios iam bem, apesar da economia local ter sido um pouco abalada com a possibilidade de paralização da extração de amianto na região. Com sua decisão de investir cada dia mais no comércio local e na diversificação dos investimentos, ele estava conseguindo gerar emprego e contribuir para o giro da economia nas áreas que não estavam diretamente ligadas a extração do amianto.Fred tinha um bom tino comercial que herdara do avô, um imigrante português que viera tentar a vida no Brasil, vindo parar no Estado de Goiás. Do pai, Sr. Durval, Fred herdara o amor pela terra e pelos animais. Por esta razão escolhera a profissão de Agrônomo, pois pensava em ajudar Sr. Durval a cuidar do pequeno sítio da família, tornando-o cada dia mais rentável.—*—A Família Pacheco, que há 14 anos havia se estabelecido na cidade com uma pequena pousada, viveu seus momentos de apogeu e derrocada. Há alguns anos havia expandido os negócios passando a dominar o ramo de
Gaby e BetoBeto passou o fim de semana na casa de Gaby e após anos de distância, ele a teve nos braços. "Finalmente pôde tomar posse do que sempre lhe pertenceu e outro havia se aproveitado." Com Gaby em seus braços, Beto teve a certeza de algo que ele sempre soube, ela o amava.Para Gaby, fazer amor com Beto foi diferente de Rubens, pois Beto tinha uma urgência que Rubens não tinha. Mas nenhum fora tão arrebatador como Gaby imaginara ser durante tantos anos de sua vida.“Talvez tivesse criado expectativas demais para aquele momento, tanto que não se sentia completa." Pensou que talvez o ato entre um homem e uma mulher fosse só aquilo mesmo e as pessoas supervalorizavam e romantizavam a coisa toda. Com Rubens havia um pouco de romantismo e com Beto havia urgência e satisfação carnal dele, dela não.Confusa, Gaby estava deitada em sua cama tendo Beto adormecido com o braço atravessado sobre o corpo dela como se ela fosse um objeto que lhe pertencesse. Beto a tratava pura e simplesment