Início / Romance / Maldita Promessa / PARTE 1 - Cap. 3 - O golpe de Jane
PARTE 1 - Cap. 3 - O golpe de Jane

Julho de 2007 – Aniversário de 18 anos de Gaby

Finalmente o grande dia de Gaby havia chegado. Naquele dia, tudo para ela estava sendo mágico. Logo pela manhã foi surpreendida com uma faixa enorme amarrada no portão de sua casa com a frase: “VOCÊ É A MULHER DA MINHA VIDA! PARABÉNS! TE AMO!  ETERNAMENTE SEU, BETO.”

Em seguida, recebeu Beto carregando uma linda cesta de café da manhã e um urso de pelúcia quase do tamanho dela com um coração vermelho de onde se lia a frase “EU TE AMO!”.

Ela o abraçou com todo seu amor e agradeceu dizendo que também o amava. Além do urso ele lhe presenteou com uma linda gargantilha de ouro com pingente escrito “Love” e disse:

—Este será o símbolo do nosso amor! Gaby ficou encantada com o carinho e cuidado dele. Mais uma vez teve a certeza de que aquele era o homem de sua vida.

O dia dela foi cheio de atividades: massagem, manicure, pedicure, cabeleireiro... Queria estar linda numa das noites mais especiais de sua vida.

O jantar de noivado do casal seria na casa de Beto, pois os pais dele fizeram questão. Os pais de Gaby passaram o dia ajudando os compadres com os preparativos.

—*—

Jane havia planejado tudo. Escolheu suas roupas mais sedutoras e maquiou-se para o crime. Quase na hora do jantar, foi para a casa de Beto e entrou escondida no quarto dele. Ouviu o barulho do chuveiro e agradeceu ao “destino” por lhe facilitar as coisas, já que ele estava no banho. Como imaginara, encontrou o celular dele sobre a escrivaninha, pegou-o e digitou uma mensagem de SMS para Gaby.

—*—

Gaby estava ansiosa. Aquele era um dia muito importante para ela, pois marcava a passagem para a vida adulta, além de ser o dia em que ficaria oficialmente noiva do homem de sua vida. Nascera com aquela destinação, crescera se preparando para aquilo e se tudo desse certo, eles se casariam em breve, pois estes eram os planos. O casal já havia ganhado a casa dos pais de ambos que, juntaram suas economias para esta finalidade. Beto tinha um bom emprego na maior empresa de extração de amianto e já cursava o segundo ano do curso de contabilidade. Mais uns dois anos e meio estaria se formando. Beto escolhera a profissão por influência do pai que era um renomado Contador na cidade. Seu destino profissional já estava decido, uma vez que trilharia os caminhos do pai.

Gaby Estava pronta! Olhou-se no espelho e gostou do que viu. Vestia um vestido na cor marsala, estilo vestido de boneca, com parte superior estruturado e justo, decote em “V” de alcinhas fininhas e saia em godê. Era o vestido perfeito para representar sua fase “menina mulher”, pois a parte de cima com decote acentuado dava ideia de “mulher” e a saia em godê estilo boneca, dava ideia de menina. As sandálias eram de salto douradas com detalhes em strass. Ela escolhera um salto tamanho 7 cm para valorizar o vestido e aumentar sua estatura de 1,56 cm perante os 1,82 cm de Beto.

Os cabelos castanhos-escuros de tamanho médio, ela optou por deixar soltos, porém a cabeleireira fez mechas para iluminar e finalizou as pontas com babyliss. Gaby também inovou na maquiagem que habitualmente usava suave. Desta vez ela optou por uma maquiagem mais forte, acentuando seu lado mulher. Nos lábios, colocou batom vermelho, o que valorizou seus lábios grossos e bem desenhados. Estava linda! No pescoço usava a gargantilha que ele lhe dera naquela manhã. Tinha certeza de que Beto iria gostar.

Finalizou a produção com uma fragrância marcante e sedutora que comprou especialmente para aquela ocasião. De repente ouviu o som de vibração típico de mensagem recebida em seu celular. Foi até a escrivaninha e pegou-o, abriu e leu a mensagem de Beto:

B: Amor, venha aqui que tenho uma surpresa para você!

G: Aqui onde?

B: No meu quarto, pode entrar sem bater. Estarei te esperando.

—*—

Jane concluiu a troca de mensagens com Gaby e recolocou o celular onde o pegou. Tirou suas roupas e foi jogando propositadamente as peças no quarto, fazendo um caminho com elas. Primeiro a saia, depois a blusa, o soutien e a calcinha. Por último, deixou os sapatos scarpin. Não se esqueceu de colocar uma música romântica que além de ajudar a atrair Gaby, ajudaria Beto a não ouvir Gaby chamar, caso ela o fizesse. O que aumentaria as chances de Gaby ver exatamente o que Jane queria que visse.

No banheiro, Beto estava de costas de olhos fechados embaixo do chuveiro. Ela entrou no box e o abraçou por trás, surpreendendo-o, disse:

—Seu presente de noivado chegou! – riu sedutoramente.

—Uauu! Delícia!

—*—

Gaby, ao concluir a troca de mensagens, saiu de sua casa e foi até a casa dele. A casa de Beto ficava ao lado da sua. Era a casa mais linda da cidade e uma das poucas que possuíam 2 andares. Isso devido ao sucesso profissional de seu padrinho Pedro Leão.

Gaby abriu a porta, entrou na sala e chamou a madrinha, mas ninguém apareceu. Ao longe ouvia-se a voz de pessoas conversando na varanda dos fundos, onde aconteceria a festa. Na certa, seus padrinhos e pais ainda estavam finalizando os detalhes do jantar. Como Beto havia dado instruções para subir, ela as seguiu. Subiu as escadas e acessou o corredor que dava para o quarto dele. Bateu na porta, e ele não respondeu. Lembrou-se que ele havia dito que era para entrar sem bater. Pegou na maçaneta e abriu a porta. Ouviu uma música romântica tocando.

—Amor! – chamou-o.

Ele não respondeu. Aproximou-se da cama e viu roupas de mulher jogadas no chão fazendo um trieiro: saia, blusa, soutien e calcinha... sapatos de salto. Seu coração falhou uma batida. Suas pernas amoleceram com medo do que iria encontrar. Seu coração pediu para virar as costas ir embora, contudo seu cérebro lhe mandava prosseguir para ver.

Gaby ouviu gemidos altos de mulher e a voz ofegante de Beto:

—Vai gostosa!

A porta do banheiro estava aberta e ela entrou pé ante pé e viu... O chuveiro estava desligado, Jane estava de costas com o corpo levemente inclinado e as mãos espalmadas na parede. Beto estava atrás dela distraído no auge do seu prazer. Gaby ficou estática olhando a cena, visivelmente em choque. Irada pegou a primeira coisa que viu na frente: o aparelho de barbear elétrico dele que estava sobre a pia.

—D-E-S-G-R-A-Ç-A-D-O!!!!!!!!!!!!!! – Gaby gritou com fúria.

Jogou o aparelho de barbear no vidro do box que se espatifou. O estrondo foi tamanho e chegou a ser ouvido pelos padrinhos que se encontravam no andar térreo.

Assustado, Beto olhou e a viu enfurecida.

—Gaby!!!!!! Oh, meu Deus! – disse afastando-se de Jane.

Ela saiu correndo com Beto atrás dela. De volta ao quarto, Gaby pegou os scarpins de Jane e atirou um pé no espelho, vendo-o se espatifar. Em seguida começou a quebrar o que viu pela frente: abajur, criados, decorações, notebook, etc.

Ele fez menção de segurá-la e ela atirou nele o outro pé do sapato de Jane, mas o desgraçado se abaixou. Jane que vinha logo atrás rindo da situação, levou uma sapatada na cara. Gaby, então, saiu do quarto apressada. Beto nu, foi atrás dela. Seus pais e padrinhos haviam subido as escadas e assistiam a cena estarrecidos.

—Gaby, eu te amo! – gritou Beto.

Ela estava decidida a deixar a casa, entretanto lembrou-se da gargantilha, virou-se para trás, arrancou a gargantilha do pescoço e atirou nele gritando: — Eu te odeio!!!

Passou pelos pais e padrinhos como um furacão e saiu a rua chorando. Estava estraçalhada por dentro. Cega de ódio e desespero, não viu que Fred estava a encostar o carro na porta da casa de Beto e a viu passar enfurecida. Andava apressada, pois os saltos altos e finos a impediam de correr. Não sabia para onde iria, só sabia que queria morrer.

 Fred viu que ela estava transtornada e saiu com o carro atrás dela. Alcançou-a ainda na esquina, abriu a janela e disse:

—Gaby, onde vai?

—Para o inferno! – gritou ela.

Ele viu as lágrimas e o ódio nos olhos dela. Abriu a porta e desceu.

—Eu te levo! – disse segurando-a pelo braço.

Gaby virou-se e o olhou indignada.

—Para o inferno? – ela gritou a pergunta em meio as lágrimas.

—Para onde você quiser. – disse Fred firme e decidido a ir com ela onde quer que ela fosse.

Imediatamente, conduziu-a para o carro, abriu a porta e a fez sentar-se. Fred arrancou com o carro sem rumo. Não sabia sequer para onde era o inferno, só sabia que não a deixaria ir sozinha. Ele foi um grande amigo naquele momento. Respeitou o momento de ira dela. Não a julgou e não fez perguntas tolas.

Olhava-a de soslaio e não deixou de notar como ela estava linda com aquele vestido e a maquiagem, mas nada disse. Temia que ela pudesse interpretar de forma errada e ficar ainda mais irada, ou até pudesse pensar que ele quisesse lhe faltar com o respeito, afinal, ela era a noiva do melhor amigo dele, além de sua amiga de infância.

—*—

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo