Dorotéia
— Sente-se! — Manda — para que você possa entender o que eu fiz, você precisa primeiro compreender meus motivos. — Ele fala com a voz calma, muito passivo para quem está sendo vigiado por uma câmera.
Por essa eu não esperava, e então, concluo que foi por isso que Maribel ficou tão tranquila quando eu e meu pai estávamos discutindo lá na sala. Indiretamente ela vai saber o que se passa neste escritório, e isso só reforça que, seja lá o que meu pai esconde, Maribel está se aproveitando de alguma forma.
— Estou esperando... — profiro, impaciente.
— Quando eu conheci sua mãe, éramos jovens, muito jovens, aliás. Ela era a coisa mais linda que meus olhos tinham visto, assim como você, a única diferença que ela era branquinha, e iss
João PauloEu e Henrique estávamos a caminho da casa de seu pai quando a madrasta dele ligou, avisando que Doti havia acabado de se trancar no escritório e que ambos estavam exaltados. A primeira coisa que pensei foi que ela tinha perdido a paciência com o pai e foi confrontá-lo diretamente.Depois de um tempo, Dorotéia saiu do escritório e quase vi ela se desfazendo em lágrimas. Para que ninguém a visse em seu momento frágil, num impulso, agarrei seu corpo e o trouxe para juntá-lo ao meu depois de tanto tempo. O contato foi suficiente para em vez de sossegar a saudade, aumentar, chegando a me deixar sufocado.Agora que chegamos da casa do pai de Dorotéia, ando de um lado para o outro no apartamento. Medo e ciúmes me corroem por dentro, especialmente depois de ver o olhar frio que Dorotéia destinou a mim quando saiu da casa do
DorotéiaMais uma vez, desligo o celular no intuito de ter um pouco de paz e sossego. Sei que eu deveria falar com o João, mas eu ainda me sinto oca por dentro desde o dia da conversa com meu pai. Desde o dia que confirmei minhas suspeitas as quais ele não deu o mínimo crédito.No fundo, eu não sei como reagiria quando ele se declarasse ou qualquer coisa do tipo, porque no nível de sofrimento interno que eu estou, tenho quase certeza que eu desabarei só em mirar nos seus olhos.Maria já encheu minha paciência, incontáveis vezes para eu atendê-lo, para deixá-lo subir, no entanto, não é o momento. Também não é infantilidade nem drama. Acontece que eu preciso de muita calma, pulso firme e frieza para seguir em frente com o plano de pegar a pessoa responsável pelos roubos na empresa. Embora eu aind
DorotéiaJoão levanta-se da cama e eu aproveito para secar a lágrima que escorreu pelo canto do olho. Ele gira o corpo, me fita por um segundo ou dois e pergunta:— Nós podemos tomar um café?— Sim. Claro. — Respondo rindo e ele sorri de volta.— Ótimo! Te espero lá fora. — João passa pela porta antes de eu contestá-lo e sugerir outro momento para sairmos.Me jogo de volta na cama mais confusa do que nunca. Eu que sempre fui uma mulher segura, audaciosa e que não me deixava levar pelas coisas do coração. Hoje, a cada minuto destinado a refletir sobre meus problemas, metade dele, me imagino com João novamente.Há alguns meses, eu não me permitia sentir, chego até me lembrar com exatidão as palavras que eu disse para Fabi e André quando estávam
DorotéiaJoão chega devagar, passo a passo, como um felino prestes a abater sua presa. Eu continuo firme, tentando achar uma brecha e sair daqui. Dou um passo para o lado e ele me acompanha.Estala a língua, passa a pontinha levemente pelos lábios.— Você não vai fugir de mim, Do.ro.té.i.a. — soletra meu nome ao mesmo tempo que me prende entre a parede e o muro de músculos que é seu peito.Tento afastá-lo, mas ele apenas sorri com minha tentativa ridícula.— Deixe-me passar, João — imploro olhando para os lados com medo de sermos pegos por algum curioso, afinal, não quero ser acusada de Ato Obsceno em Público. — Podemos conversar em outra hora.— Parece que você gosta de ser prensada contra a parede, minha diaba! — articula baixinho, bem próximo a
João PauloAssim que eu e Renata voltamos para o restaurante, após ter um momento a sós com Dorotéia — o qual foi interrompido pela minha prima que, graças aos céus, vai embora me deixando em paz —, começo a pensar em uma forma de fazê-la baixar a guarda.A verdade, é que quando estou com Dorotéia ou mesmo penso em tê-la novamente, fico pisando em ovos. É como se minha capacidade racional fosse totalmente anulada pela imponência que ela deixa transparecer e nem percebe.E veja bem, não é só eu que fico assim, não. Quando ela se levantou para ir ao banheiro, notei vários olhares em sua direção, o que diretamente afetou meu ego, ciúmes e tudo mais.Porra! Eu tenho uma sensação de posse sobre aquela mulher, mas tudo vai por água abaixo quando el
DorotéiaEu sabia que uma hora ou outra, Renata ia fazer uso das falsas imagens que ela tinha contra mim. Também sabia que ela estava muito quieta, na verdade, ela havia sumido por mais de três meses. Entretanto, agora ela reaparece com sua cara de anjo e ações inofensivas na frente dos outros.Contudo, eu reconheço uma vadia a quilômetros de distância — elas têm o mesmo “cheiro”, cara inocente, fala mansa, carinhosa e muito delicadinha.E aí que está o problema. Eu realmente acreditei que ela ia embora para sempre e deixar de infernizar minha vida — Contudo, estou muito enganada, não? — Vi isso quando ela foi me afrontar no banheiro daquele restaurante.“Oras! Estamos falando da Renata, Doti. Ela já te acusou antes.”Recordo o momento em que ela me acusou de tê-la jogad
João PauloHoras antes...— Cara, é a última vez que te ajudo, hein?!Henrique, insiste na ideia ridícula de fazer ciúmes à sua irmã.— Não sei, não — minha voz é hesitante — Acho melhor esperar ela tomar seu tempo, ou seja, esperar — respondo, pensativo e, ao mesmo tempo, medroso.— Ou seja, você se tornou um bunda mole... — dou de ombros para seu achismo, afinal, só tenho que aguardar. — Vou te esperar lá fora, caso contrário, eu mesmo encho isso aqui de mulher.Termino minha bebida e levanto-me já me sentindo um pouco tonto. Sigo para meu quarto para tomar um banho com a ideia fixa que enfim prosseguirei com essa maldita farsa.Uma hora mais tarde, adentramos em uma badalada boate de São Paulo. As luzes me cegam por alg
DorotéiaO final de semana passou mais rápido do que eu imaginei. O sábado foi regado a raiva, vontade de matar, e depois, sexo, namoro e amor.Fiquei louca da vida quando vi aquelas mulheres na casa do João e ele, deitado, jogado de bruços no sofá.Quando a porta foi aberta, a ruiva de pernas compridas me olhou de cima a baixo, estreitou os olhos e perguntou:— Quem é você? — Ela mastigou um chiclete de lado, o que me deu vontade de fazê-la engoli-lo.— A esposa daquele canalha ali — menti, apontando com o queixo para João. Ela riu debochadamente e continuou:— Ele não disse que era casado. — Dei um passo para dentro do apartamento e ela fez o mesmo — Você não pode entrar aqui.— Vocês têm menos de cinco minutos para cair fora daqui senão, n&