João Paulo
Horas antes...
— Cara, é a última vez que te ajudo, hein?!
Henrique, insiste na ideia ridícula de fazer ciúmes à sua irmã.
— Não sei, não — minha voz é hesitante — Acho melhor esperar ela tomar seu tempo, ou seja, esperar — respondo, pensativo e, ao mesmo tempo, medroso.
— Ou seja, você se tornou um bunda mole... — dou de ombros para seu achismo, afinal, só tenho que aguardar. — Vou te esperar lá fora, caso contrário, eu mesmo encho isso aqui de mulher.
Termino minha bebida e levanto-me já me sentindo um pouco tonto. Sigo para meu quarto para tomar um banho com a ideia fixa que enfim prosseguirei com essa maldita farsa.
Uma hora mais tarde, adentramos em uma badalada boate de São Paulo. As luzes me cegam por alg
DorotéiaO final de semana passou mais rápido do que eu imaginei. O sábado foi regado a raiva, vontade de matar, e depois, sexo, namoro e amor.Fiquei louca da vida quando vi aquelas mulheres na casa do João e ele, deitado, jogado de bruços no sofá.Quando a porta foi aberta, a ruiva de pernas compridas me olhou de cima a baixo, estreitou os olhos e perguntou:— Quem é você? — Ela mastigou um chiclete de lado, o que me deu vontade de fazê-la engoli-lo.— A esposa daquele canalha ali — menti, apontando com o queixo para João. Ela riu debochadamente e continuou:— Ele não disse que era casado. — Dei um passo para dentro do apartamento e ela fez o mesmo — Você não pode entrar aqui.— Vocês têm menos de cinco minutos para cair fora daqui senão, n&
DorotéiaTudo pareceu pequeno demais quando repasso em minha mente o que Geraldo disse.Filha. Meu avô teve uma filha. Deus! Quem será, o que faz e por onde essa mulher deve estar?Ao mesmo tempo, que estou feliz, sinto-me devastada. Parece que é a primeira vez que estou saindo ao mundo, como uma criança que aos poucos olha ao seu redor e começa a desbravar o ambiente, as pessoas e sensações.Desabo na cadeira assim que a tontura me atinge, uma onda nauseante tomando conta de minhas entranhas.— Senhora — ouço o segurança chamar, miro seu rosto preocupado — vou chamar a Maria.Aquiesço, sentindo os olhos arderem. Ainda é inacreditável.Como eu nunca soube? Meu pai. Meu pai deve saber.Começo a vasculhar os documentos em busca de qualquer coisa que me indique quem é a f
João PauloO dia não poderia amanhecer mais bonito. Acordar com Dorotéia só não me deixava mais feliz porque, daqui a pouco, voltaríamos para nossa vida. Nossa rotina corrida de preocupações e trabalhos exaustivo.Minha vontade neste momento, era arrumar nossas malas — a minha pelo menos, já que ela está aqui desde a sexta à noite —, e viajarmos para longe. Ficarmos reclusos de tudo. Só nós dois, vivendo intensamente o amor que nos uniu.— Eu sei que você é lindo com essa cara de bobo apaixonado quando acorda, mas, infelizmente, temos que nos levantar — Dorotéia me tira da ilusão fantástica de uma viagem a uma ilha paradisíaca, com sua voz rouca e sexy.Rolo na cama para cima dela, apoio o peso do corpo nos braços enquanto admiro a mulher mais linda de tod
Dorotéia— João, o que está acontecendo? Quem são essas pessoas? — Grito até mesmo antes dele dizer alguma coisa, expressando todo o meu medo.— Vai ficar tudo bem — afirma, tentando me tranquilizar, mas, tudo vem por água abaixo quando o pneu do carro é furado por causa dos tiros — a polícia já está vindo e... — Derrapamos pela pista assim que sofremos com mais uma chuva de tiros. Abro a boca para dizer a João que amo ele, que sempre estarei ao seu lado mesmo depois que partir. Que eu farei questão de assombrar sua vida se ele se casar com a Renata. Entretanto, o ar foge de meus pulmões quando sinto uma dor excruciante em minha barriga, deixo o aparelho cair, olho para baixo e vejo o sangue brotar do meu corpo preso pelo cinto de segurança.— Geraldo — chamo num sussurro.
João PauloPaz. Enfim, paz.Os últimos vinte e cinco dias foram de puro desgaste físico e mental. Na verdade, foram desesperadores. Eu fui testado de todas as formas possíveis.Por pouco, não vi a mulher da minha vida morrer em meus braços. Depois, com intenção de saber o que tinha realmente acontecido, deixei Maria com Henrique no hospital onde Doti se encontrava na UTI e me encaminhei até a delegacia onde já tínhamos ido antes. Lembrei-me com perfeição o delegado nos afirmando que Renata não nos faria mal. Entretanto, bastou três dias para ela passar por cima das determinações judiciais e tentar matar Dorotéia. Como se já não bastasse a barra que ela tinha que enfrentar por causas das revelações de sua família, ainda tinha que ficar numa cama por conta da louca da
DorotéiaEm algum momento vou me reerguer emocionalmente. Sei que não seria fácil, mas conseguirei. Esse era o mantra que eu repetia todos os dias para mim quando acordava, me olhava no espelho ou lembrava de tudo o que me esconderam.Já passou um mês e quinze dias do acidente e nada de explicações. Nem Maria, meu pai, Henrique ou Maribel. Nada. Também não posso reclamar, afinal eu resolvi ficar reclusa no apartamento do João para me recuperar totalmente. Fui em minha casa uma única vez e, essa vez, não me fez bem. No fundo, eu estou muito machucada, me sentindo enganada.Eu só precisava de mais uns dias lambendo minhas feridas. Literalmente.— Você está bem? — João pergunta baixinho, enquanto ainda estamos deitados.Esse tempo todo ele foi meu pilar. Me apoia em tudo. Desde o banho, comid
DorotéiaEspero pacientemente meu pai se acomodar. Eu também procuro um lugar confortável e acabo optando pelo sofá à sua frente. Coloco os envelopes do lado e falo:— Pode começar, senhor Alfredo.Ele anui, engole e faz careta diante a minha frieza quando falo seu nome. Pigarreia e começar a contar o que tanto quero saber.— Tudo que falei da outra vez, é verdade. — Levanto a sobrancelha para ele em um gesto debochado. — Na verdade, eu me senti tão traído quanto você. Não é fácil para um pai saber que sua filha amada não é dele, e sim, sua irmã.— Olhando por esse lado, eu entendo, mas não justifica muitas coisas.— Pense comigo, Dorotéia. Eu estava esperando uma menina, muito amada, e embora sua mãe estivesse doente, sempre fize
DorotéiaJoão espera ansiosamente minha resposta, eu, no entanto, não pensei que ele fosse me pedir em casamento tão repentinamente.Para não o deixar parecendo idiota — que no caso, só faltou a aliança e ele estar de joelhos em um restaurante cheio de gente —, resolvo brincar e desfazer a tensão entre nós.— O quê? Você já disse o eu te amo, só falta o jantar romântico. — Arqueio a sobrancelha dando ênfase ao meu ponto.Ele ri, provavelmente lembrando da mesma situação em que tivemos há alguns meses.— Ok, ok! Isso foi só um teste — põe o carro em movimento tentando disfarçar a decepção por eu não ter dito sim imediatamente.— Claro que foi.— Você não perde por esperar, Do