João Paulo
Assim que eu e Renata voltamos para o restaurante, após ter um momento a sós com Dorotéia — o qual foi interrompido pela minha prima que, graças aos céus, vai embora me deixando em paz —, começo a pensar em uma forma de fazê-la baixar a guarda.
A verdade, é que quando estou com Dorotéia ou mesmo penso em tê-la novamente, fico pisando em ovos. É como se minha capacidade racional fosse totalmente anulada pela imponência que ela deixa transparecer e nem percebe.
E veja bem, não é só eu que fico assim, não. Quando ela se levantou para ir ao banheiro, notei vários olhares em sua direção, o que diretamente afetou meu ego, ciúmes e tudo mais.
Porra! Eu tenho uma sensação de posse sobre aquela mulher, mas tudo vai por água abaixo quando el
DorotéiaEu sabia que uma hora ou outra, Renata ia fazer uso das falsas imagens que ela tinha contra mim. Também sabia que ela estava muito quieta, na verdade, ela havia sumido por mais de três meses. Entretanto, agora ela reaparece com sua cara de anjo e ações inofensivas na frente dos outros.Contudo, eu reconheço uma vadia a quilômetros de distância — elas têm o mesmo “cheiro”, cara inocente, fala mansa, carinhosa e muito delicadinha.E aí que está o problema. Eu realmente acreditei que ela ia embora para sempre e deixar de infernizar minha vida — Contudo, estou muito enganada, não? — Vi isso quando ela foi me afrontar no banheiro daquele restaurante.“Oras! Estamos falando da Renata, Doti. Ela já te acusou antes.”Recordo o momento em que ela me acusou de tê-la jogad
João PauloHoras antes...— Cara, é a última vez que te ajudo, hein?!Henrique, insiste na ideia ridícula de fazer ciúmes à sua irmã.— Não sei, não — minha voz é hesitante — Acho melhor esperar ela tomar seu tempo, ou seja, esperar — respondo, pensativo e, ao mesmo tempo, medroso.— Ou seja, você se tornou um bunda mole... — dou de ombros para seu achismo, afinal, só tenho que aguardar. — Vou te esperar lá fora, caso contrário, eu mesmo encho isso aqui de mulher.Termino minha bebida e levanto-me já me sentindo um pouco tonto. Sigo para meu quarto para tomar um banho com a ideia fixa que enfim prosseguirei com essa maldita farsa.Uma hora mais tarde, adentramos em uma badalada boate de São Paulo. As luzes me cegam por alg
DorotéiaO final de semana passou mais rápido do que eu imaginei. O sábado foi regado a raiva, vontade de matar, e depois, sexo, namoro e amor.Fiquei louca da vida quando vi aquelas mulheres na casa do João e ele, deitado, jogado de bruços no sofá.Quando a porta foi aberta, a ruiva de pernas compridas me olhou de cima a baixo, estreitou os olhos e perguntou:— Quem é você? — Ela mastigou um chiclete de lado, o que me deu vontade de fazê-la engoli-lo.— A esposa daquele canalha ali — menti, apontando com o queixo para João. Ela riu debochadamente e continuou:— Ele não disse que era casado. — Dei um passo para dentro do apartamento e ela fez o mesmo — Você não pode entrar aqui.— Vocês têm menos de cinco minutos para cair fora daqui senão, n&
DorotéiaTudo pareceu pequeno demais quando repasso em minha mente o que Geraldo disse.Filha. Meu avô teve uma filha. Deus! Quem será, o que faz e por onde essa mulher deve estar?Ao mesmo tempo, que estou feliz, sinto-me devastada. Parece que é a primeira vez que estou saindo ao mundo, como uma criança que aos poucos olha ao seu redor e começa a desbravar o ambiente, as pessoas e sensações.Desabo na cadeira assim que a tontura me atinge, uma onda nauseante tomando conta de minhas entranhas.— Senhora — ouço o segurança chamar, miro seu rosto preocupado — vou chamar a Maria.Aquiesço, sentindo os olhos arderem. Ainda é inacreditável.Como eu nunca soube? Meu pai. Meu pai deve saber.Começo a vasculhar os documentos em busca de qualquer coisa que me indique quem é a f
João PauloO dia não poderia amanhecer mais bonito. Acordar com Dorotéia só não me deixava mais feliz porque, daqui a pouco, voltaríamos para nossa vida. Nossa rotina corrida de preocupações e trabalhos exaustivo.Minha vontade neste momento, era arrumar nossas malas — a minha pelo menos, já que ela está aqui desde a sexta à noite —, e viajarmos para longe. Ficarmos reclusos de tudo. Só nós dois, vivendo intensamente o amor que nos uniu.— Eu sei que você é lindo com essa cara de bobo apaixonado quando acorda, mas, infelizmente, temos que nos levantar — Dorotéia me tira da ilusão fantástica de uma viagem a uma ilha paradisíaca, com sua voz rouca e sexy.Rolo na cama para cima dela, apoio o peso do corpo nos braços enquanto admiro a mulher mais linda de tod
Dorotéia— João, o que está acontecendo? Quem são essas pessoas? — Grito até mesmo antes dele dizer alguma coisa, expressando todo o meu medo.— Vai ficar tudo bem — afirma, tentando me tranquilizar, mas, tudo vem por água abaixo quando o pneu do carro é furado por causa dos tiros — a polícia já está vindo e... — Derrapamos pela pista assim que sofremos com mais uma chuva de tiros. Abro a boca para dizer a João que amo ele, que sempre estarei ao seu lado mesmo depois que partir. Que eu farei questão de assombrar sua vida se ele se casar com a Renata. Entretanto, o ar foge de meus pulmões quando sinto uma dor excruciante em minha barriga, deixo o aparelho cair, olho para baixo e vejo o sangue brotar do meu corpo preso pelo cinto de segurança.— Geraldo — chamo num sussurro.
João PauloPaz. Enfim, paz.Os últimos vinte e cinco dias foram de puro desgaste físico e mental. Na verdade, foram desesperadores. Eu fui testado de todas as formas possíveis.Por pouco, não vi a mulher da minha vida morrer em meus braços. Depois, com intenção de saber o que tinha realmente acontecido, deixei Maria com Henrique no hospital onde Doti se encontrava na UTI e me encaminhei até a delegacia onde já tínhamos ido antes. Lembrei-me com perfeição o delegado nos afirmando que Renata não nos faria mal. Entretanto, bastou três dias para ela passar por cima das determinações judiciais e tentar matar Dorotéia. Como se já não bastasse a barra que ela tinha que enfrentar por causas das revelações de sua família, ainda tinha que ficar numa cama por conta da louca da
DorotéiaEm algum momento vou me reerguer emocionalmente. Sei que não seria fácil, mas conseguirei. Esse era o mantra que eu repetia todos os dias para mim quando acordava, me olhava no espelho ou lembrava de tudo o que me esconderam.Já passou um mês e quinze dias do acidente e nada de explicações. Nem Maria, meu pai, Henrique ou Maribel. Nada. Também não posso reclamar, afinal eu resolvi ficar reclusa no apartamento do João para me recuperar totalmente. Fui em minha casa uma única vez e, essa vez, não me fez bem. No fundo, eu estou muito machucada, me sentindo enganada.Eu só precisava de mais uns dias lambendo minhas feridas. Literalmente.— Você está bem? — João pergunta baixinho, enquanto ainda estamos deitados.Esse tempo todo ele foi meu pilar. Me apoia em tudo. Desde o banho, comid