— Não diga mais nada — a voz grave de Vicente transbordava dor contida.— Já não consegue mais ouvir? Vicente, vamos nos divorciar. Assim, ambos ficamos livres — Zelda sorriu, mas o sorriso era frio como gelo.A palavra "divorciar" fez os punhos de Vicente se apertarem ao lado do corpo. — Hoje, eu vou sair daqui — Zelda insistiu, determinada, o que deixou o olhar de Vicente ainda mais sombrio.Quando ela passou por ele, caminhando em direção à porta, os lábios de Vicente se comprimiram em uma linha rígida. Pouco antes de Zelda alcançar a saída, ele falou, quase sem conseguir se conter: — Fique aqui por três meses. Depois disso, eu concordo com o divórcio e vou facilitar todo o processo.A proposta de Vicente fez Zelda franzir as sobrancelhas. Confusa, ela se virou lentamente, estreitando os olhos. — Vicente, eu não quero jogar esses joguinhos emocionais. Diga claramente o que você quer.O olhar sombrio e profundo de Vicente continha uma mistura de ironia e amargura. — Se você
— Eu aceito — Zelda finalmente respondeu após pensar por um longo tempo. Para Vicente, aqueles poucos segundos pareceram uma eternidade. Quando ouviu a resposta dela, sentiu uma estranha e inesperada onda de emoção. — Se precisar de algo, é só pedir. Eu vou providenciar — disse ele, mantendo uma expressão calma, sem mostrar qualquer sinal de emoção.Zelda o olhou de relance, com indiferença. — Preciso do meu celular. Quero ligar para a Lídia, preciso pedir algumas coisas a ela. Vicente sabia que Lídia cuidava de Filippo, então não pensou muito e devolveu o celular de Zelda. — Mais alguma coisa? — Sim, que você saia — respondeu Zelda, apontando para a porta com um olhar frio.Dessa vez, Vicente não hesitou. Virou-se e saiu do quarto.Sozinha no quarto, Zelda soltou um suspiro de alívio. Embora tivesse concordado em ficar, sua desconfiança em relação a Vicente permanecia intacta. Ela trancou a porta e ligou para Lídia. Logo ouviu a voz calorosa e carinhosa de Lídia atr
Ao sentir que as coisas haviam se acalmado, Ester aproveitou a escuridão da noite para ir até a mansão de Ada. — Srta. Ada, você disse que me ajudaria a encontrar uma solução. Como está a situação da Zelda agora? — perguntou Ester, ansiosa.Ada, ao ver Ester, quase perdeu o controle de sua fachada. Só de pensar que Zelda havia sido levada para a mansão de Vicente, como lhe haviam contado, a deixava furiosa. — Se não fosse por você, o Vicente teria ido salvar a Zelda? Eles teriam voltado a se falar? Você só serve para estragar tudo, sua idiota! — Ada gritou, apontando para Ester com as mãos tremendo de raiva.Ester sabia que, naquele momento, Ada era sua única aliada. Mesmo com as palavras duras, ela permaneceu em silêncio, sem contestar. Depois de desabafar, Ada finalmente sentiu-se um pouco mais aliviada. Vendo que Ada havia se acalmado, Ester suspirou discretamente e, com um sorriso bajulador, aproximou-se: — Ainda bem que o incidente do incêndio já passou. Aqueles dois h
No exterior, em um hospital particular, dentro da sala de cirurgia.— Tesoura... — Pinça... — Pressão arterial do paciente? — perguntou o médico, com uma expressão séria, enquanto realizava os procedimentos com habilidade. A enfermeira verificou o monitor e, com um semblante igualmente grave, respondeu: — Pressão normal, mas o batimento cardíaco está acelerando. Ao ouvir isso, o médico franziu as sobrancelhas e acelerou os movimentos. O tempo passava lentamente, e a tensão dentro da sala de cirurgia aumentava. A enfermeira mantinha os olhos fixos nos aparelhos, monitorando tudo cuidadosamente.Do lado de fora, Jonas não conseguia tirar os olhos da porta da sala de cirurgia, sua preocupação era evidente. Sempre tão calmo, agora ele andava de um lado para o outro, com as mãos inquietas. — Fofinha, você precisa ser forte. Eu prometo, se você superar essa, vou realizar todos os seus desejos... — Jonas rezava silenciosamente. Lembrando-se do jeito carinhoso com que Fofinha
Zelda estava prestes a perguntar mais detalhes para Fofinha quando viu Vicente se aproximando da mesa de jantar. Ela ficou tensa. "Maldição, desde quando ele está aqui?" Zelda pensou, nervosa, enquanto se apressava em terminar a ligação com a filha. — Desculpe, querida, eu preciso resolver uma coisa agora. Ligo para você mais tarde, tá bom? — disse ela, suavemente, antes de desligar rapidamente o celular, com medo de que Vicente percebesse algo. — Com quem você estava falando? — perguntou Vicente, em um tom que parecia casual, mas carregado de curiosidade. O sorriso radiante que Zelda mostrava no telefonema tinha despertado nele um ciúme inesperado, uma pontada de inveja em relação à pessoa do outro lado da linha. Zelda arrancou um pedaço do pão e respondeu friamente: — Não preciso relatar minhas conversas ao Sr. Vicente, preciso? Sua voz era distante e fria. Vicente franziu a testa, visivelmente incomodado. — Nós precisamos continuar nos tratando assim? — questionou e
Escritório, Grupo Montenegro. Ada andava de um lado para o outro, agitada, com uma mistura de ansiedade e expectativa. Marilia, percebendo seu nervosismo, aproximou-se e a puxou para sentar. — Você agora é a pessoa no comando da empresa, Ada. Precisa manter a calma e mostrar sabedoria para todos. Não pode perder a compostura — lembrou Marilia, com uma expressão de leve preocupação.Ada agarrou o braço de Marilia, quase desesperada. — Vicente vai chegar a qualquer momento. Como posso não estar nervosa? Desde que saímos do hospital, ele não atende minhas ligações. Tenho tanto medo que ele me ignore... Finalmente, ele está vindo hoje — a voz de Ada estava cheia de empolgação.Marilia deu um leve tapinha nas costas de Ada, tentando acalmá-la. — Vá para a sala de reuniões. Talvez o Sr. Vicente já esteja te esperando lá — sugeriu Marilia, com suavidade.Ada assentiu rapidamente e saiu do escritório com passos apressados. Quando chegou à sala de reuniões, Vicente ainda não tinha ap
Zelda percebeu o rosto sombrio de Vicente pelo canto dos olhos, fingiu não notar. — Até logo, Sr. Bento, nos falamos em breve — disse ela, educadamente, antes de desligar o celular.Vicente se aproximou, olhando diretamente para ela. Zelda manteve seu olhar firme, encontrando o dele sem hesitar. Vicente apertou os punhos, soltou-os em seguida, mas, no fim, não disse nada. — O escritório já foi preparado para você. Se precisar de mais alguma coisa, pode me ligar diretamente — sua voz saiu calma, sem nenhuma emoção aparente.— Obrigada, Sr. Vicente — respondeu Zelda com tranquilidade, logo em seguida e saindo.Sr. Vicente? Vicente ficou parado, os lábios apertados em uma linha tensa....Zelda não se importava com o que Vicente pensava. Toda sua atenção estava voltada para o Grupo Montenegro. Assumir uma posição ali era o primeiro passo para o sucesso. Rapidamente, encontrou seu novo escritório. Com um olhar rápido ao redor, notou que estava satisfeita com a decoração e
No escritório, Zelda observava as duas mulheres à sua frente. — Quero que imprimam todos os documentos relacionados ao Grupo Montenegro do último ano e os entreguem na minha mesa. Vocês têm meia hora — disse Zelda com uma voz calma, mas carregada de autoridade.Uma das mulheres se aproximou, visivelmente contrariada. — Srta. Zelda, não é muita coisa para imprimir? Um ano inteiro de documentos? — disse, com uma pontada de insatisfação na voz.Zelda arqueou uma sobrancelha, olhando para ela com firmeza. — Se vocês querem trabalhar aqui, farão o que eu mando. Caso contrário, podem voltar para a Ada. Não preciso de assistentes desobedientes — sua voz era firme e inquestionável.As duas trocaram olhares e saíram do escritório. O tempo foi passando e, ao fim da meia hora, elas ainda não haviam voltado. Apenas uma hora depois, apareceram carregando algumas pastas.Zelda franziu levemente as sobrancelhas ao ver a quantidade de documentos. — Srta. Zelda, a copiadora da empresa está q