Zelda não esperava que Vicente aparecesse. Ao vê-lo parado na porta, sem qualquer expressão, ela levantou as sobrancelhas levemente."Ele ouviu? Ele sabe que a mulher que ele sempre quis proteger na verdade é uma pessoa cruel? Ele descobriu que a mulher daquela noite era eu" pensou Zelda, enquanto o ambiente na sala ficava subitamente pesado e tenso.Ada também ficou completamente desorientada. Ela odiava a si mesma por ter revelado o segredo daquela noite, tudo por querer atingir Zelda. — Vicente, você... há quanto tempo você está aqui? — perguntou Ada, tentando manter a voz suave e o olhar cuidadoso."Ele não pode ter ouvido!" Ada se consolava, pensando que o destino não seria cruel com ela. Vicente não poderia ter escutado. Mas antes que esse pensamento tomasse forma por completo, Vicente lançou-lhe um olhar gélido, como se estivesse afundando-a em um abismo. — O que você acabou de dizer? Repete isso — ele ordenou, sua voz fria como o gelo.Ada sentiu um frio percorrer sua
Ada chorava copiosamente, sua fragilidade tinha aquele apelo irresistível que sempre mexia com os homens. Zelda, por outro lado, assistia friamente àquela encenação, soltando um riso sarcástico. "No fim, sempre a mesma coisa. Que nojo" pensou ela.Naquele instante, ela percebeu que a verdade sobre o que aconteceu no passado já não importava mais. Quem confia em você, te protege naturalmente. Quem não confia, por mais que você explique ou prove, só traz mais frustração.— Que seja... — Zelda suspirou, abaixando os olhos. Ela pegou sua bagagem e começou a caminhar em direção à porta. No entanto, mal deu dois passos, sentiu uma mão firme segurando seu pulso. Ela se virou e encontrou o olhar de Vicente, um misto de emoções indecifráveis. — Não vá. — Sr. Vicente, por favor, solte minha mão — disse Zelda, com um brilho de impaciência nos olhos.Ela girou o pulso com firmeza, livrando-se do aperto de Vicente, e sem dizer mais nada, continuou caminhando em direção à saída, com
Zelda não tinha interesse no que poderia ter acontecido entre Vicente e Ada.Ela saiu do hospital e viu o carro de Bento estacionado na porta. Ela apenas sorriu e olhou para Dália. — O carro já está a caminho — Dália entendeu logo. Quando Zelda estava prestes a entrar no carro, uma mão forte agarrou seu pulso. — Zelda, precisamos conversar — disse Vicente, fixando o olhar nela, seu rosto carregado de complexas emoções. Zelda olhou para a mão que a segurava, seu rosto franzido em desconforto. — Solte-me. Você está me machucando — disse ela, com a voz baixa, mas repleta de frieza. Dália, percebendo a tensão crescente entre os dois, ficou preocupada. Tinha medo de que jornalistas estivessem por perto e tirassem fotos, o que poderia causar problemas para Zelda. Então, tentou intervir: — Sr. Vicente, embora Zelda tenha recebido alta, ela ainda está fraca. Se houver algo a tratar, por favor, fale comigo, sou a assistente dela. Embora sua atitude fosse respeitosa, Vicente a ig
— Não diga mais nada — a voz grave de Vicente transbordava dor contida.— Já não consegue mais ouvir? Vicente, vamos nos divorciar. Assim, ambos ficamos livres — Zelda sorriu, mas o sorriso era frio como gelo.A palavra "divorciar" fez os punhos de Vicente se apertarem ao lado do corpo. — Hoje, eu vou sair daqui — Zelda insistiu, determinada, o que deixou o olhar de Vicente ainda mais sombrio.Quando ela passou por ele, caminhando em direção à porta, os lábios de Vicente se comprimiram em uma linha rígida. Pouco antes de Zelda alcançar a saída, ele falou, quase sem conseguir se conter: — Fique aqui por três meses. Depois disso, eu concordo com o divórcio e vou facilitar todo o processo.A proposta de Vicente fez Zelda franzir as sobrancelhas. Confusa, ela se virou lentamente, estreitando os olhos. — Vicente, eu não quero jogar esses joguinhos emocionais. Diga claramente o que você quer.O olhar sombrio e profundo de Vicente continha uma mistura de ironia e amargura. — Se você
— Eu aceito — Zelda finalmente respondeu após pensar por um longo tempo. Para Vicente, aqueles poucos segundos pareceram uma eternidade. Quando ouviu a resposta dela, sentiu uma estranha e inesperada onda de emoção. — Se precisar de algo, é só pedir. Eu vou providenciar — disse ele, mantendo uma expressão calma, sem mostrar qualquer sinal de emoção.Zelda o olhou de relance, com indiferença. — Preciso do meu celular. Quero ligar para a Lídia, preciso pedir algumas coisas a ela. Vicente sabia que Lídia cuidava de Filippo, então não pensou muito e devolveu o celular de Zelda. — Mais alguma coisa? — Sim, que você saia — respondeu Zelda, apontando para a porta com um olhar frio.Dessa vez, Vicente não hesitou. Virou-se e saiu do quarto.Sozinha no quarto, Zelda soltou um suspiro de alívio. Embora tivesse concordado em ficar, sua desconfiança em relação a Vicente permanecia intacta. Ela trancou a porta e ligou para Lídia. Logo ouviu a voz calorosa e carinhosa de Lídia atr
Ao sentir que as coisas haviam se acalmado, Ester aproveitou a escuridão da noite para ir até a mansão de Ada. — Srta. Ada, você disse que me ajudaria a encontrar uma solução. Como está a situação da Zelda agora? — perguntou Ester, ansiosa.Ada, ao ver Ester, quase perdeu o controle de sua fachada. Só de pensar que Zelda havia sido levada para a mansão de Vicente, como lhe haviam contado, a deixava furiosa. — Se não fosse por você, o Vicente teria ido salvar a Zelda? Eles teriam voltado a se falar? Você só serve para estragar tudo, sua idiota! — Ada gritou, apontando para Ester com as mãos tremendo de raiva.Ester sabia que, naquele momento, Ada era sua única aliada. Mesmo com as palavras duras, ela permaneceu em silêncio, sem contestar. Depois de desabafar, Ada finalmente sentiu-se um pouco mais aliviada. Vendo que Ada havia se acalmado, Ester suspirou discretamente e, com um sorriso bajulador, aproximou-se: — Ainda bem que o incidente do incêndio já passou. Aqueles dois h
No exterior, em um hospital particular, dentro da sala de cirurgia.— Tesoura... — Pinça... — Pressão arterial do paciente? — perguntou o médico, com uma expressão séria, enquanto realizava os procedimentos com habilidade. A enfermeira verificou o monitor e, com um semblante igualmente grave, respondeu: — Pressão normal, mas o batimento cardíaco está acelerando. Ao ouvir isso, o médico franziu as sobrancelhas e acelerou os movimentos. O tempo passava lentamente, e a tensão dentro da sala de cirurgia aumentava. A enfermeira mantinha os olhos fixos nos aparelhos, monitorando tudo cuidadosamente.Do lado de fora, Jonas não conseguia tirar os olhos da porta da sala de cirurgia, sua preocupação era evidente. Sempre tão calmo, agora ele andava de um lado para o outro, com as mãos inquietas. — Fofinha, você precisa ser forte. Eu prometo, se você superar essa, vou realizar todos os seus desejos... — Jonas rezava silenciosamente. Lembrando-se do jeito carinhoso com que Fofinha
Zelda estava prestes a perguntar mais detalhes para Fofinha quando viu Vicente se aproximando da mesa de jantar. Ela ficou tensa. "Maldição, desde quando ele está aqui?" Zelda pensou, nervosa, enquanto se apressava em terminar a ligação com a filha. — Desculpe, querida, eu preciso resolver uma coisa agora. Ligo para você mais tarde, tá bom? — disse ela, suavemente, antes de desligar rapidamente o celular, com medo de que Vicente percebesse algo. — Com quem você estava falando? — perguntou Vicente, em um tom que parecia casual, mas carregado de curiosidade. O sorriso radiante que Zelda mostrava no telefonema tinha despertado nele um ciúme inesperado, uma pontada de inveja em relação à pessoa do outro lado da linha. Zelda arrancou um pedaço do pão e respondeu friamente: — Não preciso relatar minhas conversas ao Sr. Vicente, preciso? Sua voz era distante e fria. Vicente franziu a testa, visivelmente incomodado. — Nós precisamos continuar nos tratando assim? — questionou e