De volta ao escritório, Zelda mergulhou em suas tarefas. Estava concentrada quando Dália entrou furiosa.— O que aconteceu? Quem te irritou assim? — perguntou Zelda, surpresa ao ver a normalmente calma Dália tão agitada.— As pessoas são tão estúpidas e fofoqueiras! Estão espalhando por aí que você só conseguiu a licitação porque agradou o Bento. E ainda tem quem diga que... que você é amante dele! Esses idiotas! Eu não vou deixar barato! — Dália estava tão irritada que andava em círculos pelo escritório.Zelda levantou as sobrancelhas, achando graça.— Só isso? — disse, com um leve sorriso. — A vida já é tão entediante, um pouco de diversão não faz mal.Dália parou e a encarou, surpresa.— Você não está irritada?— É só fofoca. Quando os resultados aparecerem, essas pessoas vão calar a boca. — Zelda respondeu, os lábios curvando-se levemente. — Não vale a pena se aborrecer, eles não passam de tolos. — Com os olhos semicerrados, Zelda pensou em Ada, um brilho frio passando por seu olh
Zelda, usando uma camisola de alças finas, havia deixado uma das tiras escorregar durante o sono agitado.Seus olhos, ainda confusos e adoravelmente perdidos, emanavam uma certa doçura e tentação involuntária. O olhar de Vicente estava carregado de autocontrole, enquanto ele apertava a revista em suas mãos.Zelda seguiu o olhar dele e percebeu o deslize.— Como você entrou aqui? — perguntou, irritada, rapidamente puxando a alça de volta e cobrindo os ombros com o cobertor.— A porta não estava trancada. — Vicente respondeu, com indiferença, enquanto fechava a revista e a colocava na mesa ao lado.Zelda franziu os lábios, uma expressão de sarcasmo brilhando em seus olhos.— Este é meu quarto privado. Sr. Vicente, entrando sorrateiramente, realmente não combina com sua reputação.A provocação clara fez o olhar de Vicente endurecer. Ele deu alguns passos à frente, ficando acima de Zelda, e com a voz baixa e grave disse:— Levante-se e vá se arrumar, vou te levar a um lugar.— Não vou. —
Zelda viu Ada parada diante do túmulo, curvando-se com respeito três vezes, e franziu as sobrancelhas.Por que ela chegou aqui?Vicente, surpreso, também não esperava encontrar Ada ali. Seu semblante se fechou.Zelda observou Ada, que parecia profundamente respeitosa, e não pôde deixar de soltar um sorriso irônico. Que atriz.— Vicente... — Ada notou a presença dele e, imediatamente, sua expressão se suavizou, exibindo um ar de timidez. — Você veio? — Sua voz doce e delicada contrastava com os olhos ligeiramente inchados de chorar, que a faziam parecer vulnerável.Desde o incidente no hospital, Ada tentou várias vezes se aproximar de Vicente, sem sucesso. E agora, com Zelda de volta e morando com ele, a inveja e insegurança estavam prestes a consumi-la. Ao descobrir que Vicente sempre vinha ao cemitério nesse dia, ela decidiu se antecipar e estar lá também.Mas, para sua decepção, Vicente a ignorou completamente, sua voz fria como gelo ao perguntar:— O que você está fazendo aqui?
Ada, temendo que Vicente fosse atrás de Zelda, segurou com força o braço dele, quase desesperada.— O que você quer dizer? — Vicente perguntou, sua voz fria e os olhos sombrios, sem esconder a irritação.— Vicente, eu sei que você está chateado comigo, que me culpa pela mentira, mas... eu realmente te amo. Por favor, me perdoa. Olhe para todos esses anos em que estive ao seu lado. — Ada olhou para ele com expectativa, tentando captar qualquer sinal de suavização em sua expressão.Ao ver o rosto impassível de Vicente, a preocupação de Ada cresceu. Forçando-se a chorar, ela deixou que as lágrimas escorressem por suas bochechas, tentando apelar para o lado emocional dele, algo que sempre funcionava no passado.— Quando seus pais faleceram, eu estive com você, Vicente, lembra? — Ela o observava atentamente, temendo que ele se lembrasse de que, na verdade, não fora ela quem cuidou dele naquele momento doloroso.Ela percebeu que a frieza nos olhos de Vicente parecia diminuir um pouco. Um v
Como Ada esperava, Vicente a segurou. Ada, cheia de alegria, abaixou a cabeça e fingiu estar envergonhada:— O chão está muito escorregadio, tive medo de cair. Vicente, será que você poderia me segurar, como nos velhos tempos, quando eu cuidava de você?Para sua surpresa, no instante seguinte, Vicente a afastou. Seus olhos, profundos e frios como um lago gelado, fixaram-se nela.— Ada, você está escondendo mais alguma coisa de mim? — Vicente perguntou, com um tom sério que fez o coração de Ada dar um salto.Por que ele estava perguntando isso de repente? Pensamentos confusos passaram por sua cabeça, mas ela reagiu rapidamente, balançando a cabeça com firmeza.— Vicente, já me arrependi tanto de ter escondido aquilo de você. Como poderia esconder mais alguma coisa? Eu juro que não tenho mais nada para esconder! — respondeu ela.Vicente a encarou, o olhar gelado.— Se eu descobrir que você mentiu de novo, não vou perdoar.O tom ameaçador e os olhos sombrios de Vicente a deixaram em pâ
No dia seguinte, Zelda chegou cedo à empresa. Dália, carregando os materiais prontos, seguiu Zelda até a sala de reuniões.Ada já estava lá, sentada com postura ereta de um lado da mesa. Zelda a olhou de relance e, sem dar muita importância, sentou-se com Dália do outro lado. Assim, as duas ficaram em lados opostos da mesa de reuniões.Mesmo com a distância, os outros acionistas podiam sentir o clima tenso entre as duas, uma frieza que deixava claro que nenhuma das duas estava disposta a ceder. Ada pegou a xícara de café que Marilia preparou especialmente para ela, com um sorriso de triunfo.Ela tinha planejado meticulosamente sua aparição no cemitério no dia anterior e, como esperado, conseguiu o perdão de Vicente. Agora, sentia-se confiante, sem considerar Zelda como uma ameaça. O olhar de Ada, cheio de desprezo, lançou-se sobre Zelda."Conseguir um contrato... e daí?" Ada pensou. "Se Vicente não estiver satisfeito, derrubá-la seria questão de minutos."Dália, percebendo o olha
— Amanhã eu vou com você para a inspeção. — Ada propôs. — Sou a presidente interina. Um projeto tão grande assim, é minha obrigação estar presente.O que acha?— Faça o que quiser. — Zelda respondeu, sem dar muita importância, pegou suas coisas e saiu da sala de reuniões....No escritório.Marilia, que havia voltado antes, ao ver a expressão de desgosto no rosto de Ada, se aproximou rapidamente e a conduziu ao sofá com carinho.— Não correu bem? — perguntou, preocupada.Ada, visivelmente irritada, olhou para Marilia com frustração.— Por que você me mandou aquela mensagem dizendo que eu deveria ir à inspeção com aquela mulher desprezível? — O olhar de Ada transbordava insatisfação. Ela não entendia por que Marilia insistia para que ela fosse junto com Zelda na viagem de inspeção. Ela mal conseguia suportar a ideia de olhar para Zelda, muito menos passar tanto tempo com ela.A lembrança de Zelda dizendo com indiferença “faça o que quiser” só alimentava o ódio em seu coração. Era como
Entrada da mansão Barros.— Amanhã às nove, nos encontramos diretamente no porto. — Zelda disse a Dália. — Não se atrase.— Sei! Ah, lembre-se de que vamos ficar um tempo mais longo dessa vez. A ilha tem uma diferença grande de temperatura entre manhã e noite, então leve roupas mais quentes. E não se esqueça dos remédios! Leve remédio para gripe, febre, diarreia e, claro, aqueles para o estômago que você sempre toma. — Dália brincava, contando nos dedos, como se fosse uma pequena lista.Vendo o gesto divertido da amiga, Zelda teve um breve vislumbre do rosto adorável de Fofinha. "Será que minha pequena já está dormindo?" Fazia um tempo que não ouvia a voz da filha, e Zelda percebeu o quanto estava negligenciando seu papel de mãe.— Já sei, minha pequena governanta! Vai com cuidado, nos vemos amanhã. — respondeu, com um sorriso.Dália fez um gesto de "OK" com a mão antes de entrar no carro e partir.Zelda subiu diretamente para o quarto. Após uma rápida rotina de cuidados, pegou o te